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DIREITO CONSTITUCIONAL

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

A doutrina brasileira acatou a teoria da nulidade ao se declarar a inconstitucionalidade


de lei ou ato normativo (Afetando o plano da validade e sequer chegando ao plano da
eficácia). Trata-se, então, de ato declaratório que reconhece um vício pretérito (efeito
ex tunc), do nascimento do ato normativo. Portanto, ao ser declarado inconstitucional,
o ato normativo será nulo e, assim, desprovido de força vinculativa.

MODULAÇÃO DOS EFEITOS DA DECISÃO: Ao declarar a inconstitucionalidade de um ato


normativo ou lei, tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional
interesse social, poderá o STF, por maioria de 2/3 dos seus membros, restringir os efeitos
daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em
julgado ou de outro momento em que venha a ser fixado.

ESPÉCIES DE INCONSTITUCIONALIDADE

A inconstitucionalidade pode ser por ação ou por omissão, decorrente da inércia


legislativa na regulamentação de normas de eficácia limitada.

A inconstitucionalidade por ação pode ser caracterizada pelos seguintes vícios:

° Formal
° Material
° De Decoro Parlamentar

VÍCIO FORMAL: Verifica-se quando a lei ou ato normativo infraconstitucional possui


algum vício em seu processo de formação (Em seu processo de formação ou em razão
de sua elaboração por autoridade incompetente).
VÍCIO MATERIAL: Vício pertinente ao conteúdo do ato normativo, à matéria. Assim, o
ato normativo que afrontar qualquer princípio ou preceito da Lei Maior deverá ser
declarado inconstitucional por vício material.

VÍCIO DE DECORO PARLAMENTAR: Ocorre quando há corrupção no processo


legislativo, caracterizando assim um vício na formação da vontade no procedimento
legislativo.

ESTADO DE COISAS INCONSTITUCIONAL

Quadro de violação massiva e persistente de direitos fundamentais decorrente de falhas


estruturais e falência de políticas públicas cuja modificação depende de medidas
abrangentes de natureza normativa, administrativa e orçamentária (Exemplo: sistema
penitenciário nacional).

MOMENTO DE CONTROLE

O controle constitucional pode ser realizado antes de o projeto de lei virar lei (controle
preventivo ou controle prévio), impedindo a inserção no sistema normativo de
padeçam de vícios ou sobre a lei, geradora de efeitos potenciais ou efetivos (controle
repressivo ou controle posterior).

CONTROLE PREVENTIVO: Pode ser exercido:

° pelo Legislativo – quando o projeto é apreciado pela CCJ


° pelo Executivo – quando o Presidente veta o projeto de lei
° pelo Judiciário – quando um parlamentar impetra um mandado de segurança
preventivo alegando violação ao devido processo legislativo.

O controle preventivo pela impetração de MS só poderá ser exercido por Parlamentar


que seria o único a demonstrar o direito líquido e certo ao processo legislativo hígido.

CONTROLE POSTERIOR: É exercido pelo Judiciário e excepcionalmente exercido pelo


Legislativo (quando, por exemplo, não aprova um MP por entendê-la inconstitucional).
Em situações muito particulares, o STF vem admitindo que o Executivo, por sua chefia e
no âmbito administrativo, determine a seus órgãos subordinados que deixem de aplicar
administrativamente leis ou atos com força de lei que considerem inconstitucionais.

Órgãos administrativos autônomos de controle (TCU, CNJ, CNMP...) não exercem


controle concentrado ou difuso. Podem afastas a aplicação de lei ou ato normativo
violador da CF, mas isto não representa controle de constitucionalidade, e sim a mera
recusa à conferência de aplicabilidade a tais normas.

SISTEMAS E VIAS DE CONTROLE JUDICIAL

O controle judicial de constitucionalidade pode ser difuso ou concentrado.

CONTROLE DIFUSO: Aqui, qualquer juiz ou tribunal, observadas as regras de


competência, realizará o controle de constitucionalidade, sempre de modo incidental.
Surgiu em um julgamento da Suprema Corte dos EUA, onde o juiz John Marshall decidiu
que havendo conflito entre a aplicação de uma lei em um caso concreto e a
Constituição, prevalecerá a Constituição.

No tribunal competente, ao arguir a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do


poder público, o relator, após ouvir Ministério Público e partes, submeterá a questão ao
referido órgão fracionário, que poderá:

1. Rejeitar a arguição – o julgamento então prosseguirá;


2. Acolher a arguição – A questão será submetida ao plenário do tribunal ou ao seu
órgão especial, onde houver, de modo que somente pelo voto da maioria
absoluta de seus membros poderá o tribunal declarar a inconstitucionalidade.
Este acontecimento é denominado cláusula de reserva de plenário.

CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO: A decisão de órgão fracionário de Tribunal que,


embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do
Poder Público, afasta sua incidência, no todo ou em parte. Cisao funcional de competência
no plano horizontal –> Câmara
se depara com questão de
inconstitucionalidade, mas,
A cláusula, contudo, não vem sendo exigida nas seguintes hipóteses: por conta da reserva de
plenário

° Se o Tribunal mantiver a constitucionalidade do ato normativo;


° Nos casos de normas pré-constitucionais;
° Quando o Tribunal utilizar a técnica da interpretação conforme a Constituição;
° Nas hipóteses de decisão em sede de medida cautelar;
° Em relação às turmas recursais dos juizados especiais;
° Ao juízo monocrático de primeira instância.

EFEITOS DA DECISÃO
Uma vez declarada a inconstitucionalidade da lei, seus efeitos serão:

INTER PARTES: A decisão está limitada às partes do processo. Contudo, parte da


doutrina defende a mutação constitucional do Art. 52, X, propondo que, uma vez
declarada a inconstitucionalidade de uma lei, mesmo que no controle difuso, no caso
concreto, a declaração, quando implementada pelo Pleno do STF, já produz efeitos erga
omnes, sem a necessidade da edição da resolução pelo Senado Federal (como era antes
entendido), cumprindo este apenas o papel de dar publicidade à decisão.

EX TUNC: Consagra-se a regra da nulidade. Se a lei ou ato normativo é inconstitucional,


trata-se de vício congênito. O STF, no entanto, já entendeu que, mesmo no controle
difuso, é possível dar efeito ex nunc, tendo em vista razões de segurança jurídica ou
excepcional interesse social (Modulação dos efeitos da decisão).

CONTROLE DIFUSO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA


A ação civil pública não poderá ser ajuizada como sucedâneo de ação direta de
inconstitucionalidade. Somente poderá haver a fiscalização incidental, pela via difusa,
de quaisquer leis ou atos normativos do Poder Público, desde que nesse processo
coletivo, a controvérsia constitucional não se identifique como objeto único da
demanda, qualificando-se simplesmente como mera questão prejudicial, indispensável
à resolução do litígio principal.

CONTROLE CONCENTRADO: Neste sistema, por sua vez, como o nome sugere, o
controle se concentra ou no STF ou no STJ, vez que é competência originária dos
referidos tribunais. Implementa-se, por regra, pela via principal. Recebe esse nome pois
se concentra em um único tribunal.

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - ADI

Diferentemente do que ocorre no controle difuso, no controle concentrado busca-se


controlar o ato normativo em tese, em abstrato. Aqui a declaração de
inconstitucionalidade é o objeto principal da lide. A competência para processar e julgar
dependerá do objeto da ação. Vejamos:

° Lei ou ato normativo federal ou estadual que viole a Constituição: Competência


do STF
° Lei ou ato normativo estadual ou municipal que viola a Constituição:
Competência do TJE
° Lei ou ato normativo municipal que viola a Constituição: Por falta de previsão
constitucional, inexistirá controle concentrado e originário por ADI. Este
fenômeno se chama silêncio eloquente. Caberá o controle difuso e ainda o
concentrado, mas não por ADI e sim por ADPF. Cabe ainda o controle
concentrado estadual apenas nas hipóteses de norma de reprodução obrigatória
(que decorrem de caráter compulsório da norma constitucional superior) da CF
na CE, através da interposição de recurso extraordinário. Esta análise de
constitucionalidade, embora se dê pelo STF, não se dará de forma originária.
É possível a propositura de ADI no TJ local, tendo por objeto lei ou ato normativo
estadual ou municipal, quando confrontados em face de três hipóteses:
1. Norma de reprodução obrigatória da CF expressamente copiada na
CE – Cabe RE para o STF;
2. Norma de reprodução obrigatória da CF mesmo que não tenha sido
expressamente reproduzida na CE;
3. Normas de imitação (Adesão voluntária do constituinte a uma
determinada disposição constitucional) – Aqui não cabe RE para o
STF. A norma então ficará confinada no TJ local.
LEGITIMADOS
A ADI pode ser proposta pelos seguintes legitimados:

I. Presidente da República
II. Mesa do Senado Federal
III. Mesa da Câmara dos Deputados
IV. Mesa da Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal
causalidade entre a propositura
temática, ou seja, nexo de
Precisam ter pertinência

V. Governador de Estado ou do Distrito Federal


da ADI e sua finalidade
institucional.

VI. Procurador-Geral da República


VII. Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil
VIII. Partido Político com representação no Congresso Nacional (No mínimo 1
Deputado Federal Eleito ou 1 Senador da República – Afere-se no momento
de ajuizamento da ação. Não importa se depois perca a representação)
IX. Confederação Sindical (Constituída por no mínimo 3 federações sindicais) ou
entidade de classe de âmbito nacional (Aquela organizada em pelo menos 9
Estados)

O Ministro Luis Roberto Barroso resumiu a jurisprudência da Corte: “Entidade de classe


é o grupo de pessoas ligadas por uma mesma atividade econômica, profissional ou pela
defesa de interesses de grupos vulneráveis e/ou minoritários cujos membros as
integrem.”

Apenas os partidos políticos e as confederações sindicais necessitam de advogado para


a propositura da ADI, devendo a procuração constar a outorga de poderes específica
para atacar a norma impugnada, indicando-a.

PROCEDIMENTO
A ADI será proposta por um dos legitimados, no STF, tendo por objeto principal a lei ou
ato normativo federal ou estadual que violar a Constituição Federal.

Relator Pede informações aos Ouvidos: Manifestação


órgãos que emanaram a i. AGU
lei ou ato 15 dias cada
30 dias ii. PGR

Quando julgar indispensável,


ouvirá no prazo de:
3 dias
Relator lança relatório
com cópia a todos os
Ministros e pede dia para
ir a julgamento

*O Relator pode admitir a manifestação de outros órgãos ou entidades. Essa decisão é


irrecorrível. O prazo para tal corre até a data em que o relator liberar o processo para a
pauta.

A declaração de inconstitucionalidade será proferida pelo voto da maioria absoluta dos


membros do STF (Ao menos 6 Ministros), desde que presentes pelo menos 8 dos 11
Ministros (Quórum mínimo).

Pode ainda ocorrer a modulação dos efeitos da decisão desde que haja a manifestação
de pelo menos 8 ministros (2/3), desde que presentes ao menos 8.

REGRAS MARCANRES DO PROCESSO OBJETIVO NA ADI


° A regra do prazo em dobro para o MP, Advocacia Pública e Defensoria Pública
não se aplica;
° Inexiste prazo prescricional ou decadencial;
° Não admite assistência jurídica a qualquer das partes e nem envolvimento de
terceiros, salvo amicus curiae;
° Não é possível desistir, uma vez proposta a ação direta;
° É irrecorrível, salvo em três situações:
1. Embargos declaratórios
2. Agravo Interno contra decisão do Relator que indeferir petição
inicial inepta, não fundamentada e manifestamente improcedente
3. Recurso extraordinário contra acórdão do TJ em ADI
° Não cabe ação rescisória;
° Não vincula à tese jurídica (Pedido deve ser certo e determinado);
° Inexiste impedimento ou suspeição (O Ministro, porém, pode firmar a sua não
participação por razões de foro íntimo).
EFEITOS DA DECISÃO
As decisões da ADI têm eficácia contra todos (erga omnes) e efeito vinculante (Se
descumprido pelos demais órgãos, cabe Reclamação Constitucional), bem como possui
efeito retroativo ex tunc (ato passa a ser nulo; sai do ordenamento jurídico).

A decisão não atinge o Poder Legislativo na função típica de legislar.

MODULAÇÃO DOS EFEITOS DA DECISÃO: Considerando razões de segurança jurídica e


excepcional interesse social, ao declarar a inconstitucionalidade, o STF, por maioria
qualificada (Ao menos 2/3 de seus membros; 8 de 11 Ministros), pode restringir os
efeitos da decisão ou determinar que só tenha eficácia após o trânsito em julgado ou
outro momento mais oportuno.

*Havendo a perda da vigência ou sobrevindo revogação, durante o curso da ADI,


ocorrerá a prejudicialidade da ação por perda de objeto, exceto nas hipóteses de fraude
processual ou singularidade do caso.

Importante ressaltar que a revogação de ato normativo o qual tenha revogado outro ato
normativo, leva ao reestabelecimento do ato anteriormente por ela revogado (Efeito
repristinatório). Por isso, o autor da ADI deve indicar toda a cadeia ou complexo
normativo que possam vir a ser atingidos pela declaração de inconstitucionalidade.

MEDIDA CAUTELAR
Será concedida pela decisão de maioria absoluta (8/11) dos membros do Tribunal, os
quais devem se pronunciar em 5 dias, salvo no período de recesso, quando a apreciação
da cautelar se dará pelo Ministro Presidente do STF e não pelo Relator! A medida
cautelar será dotada de efeito ex nunc, salvo se o tribunal entender que deva lhe
conceder eficácia retroativa. A concessão da medida cautelar vincula.

Em face da relevância da matéria e de seu especial significado para a ordem social e a


segurança jurídica, poderá o relator:
Relator Pede informações aos Ouvidos: Submeter o
órgãos que emanaram a i. AGU processo
lei ou ato diretamente ao
10 dias ii. PGR Tribunal, que
terá a faculdade
5 dias cada de julgar
Quando julgar indispensável,
definitivamente
ouvirá no prazo de:
a ação
3 dias

AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE - ADC

Ação por meio da qual busca-se declarar a constitucionalidade de uma lei ou ato
normativo federal. A competência para apreciar a ADC é do STF.

LEGITIMADOS
Os mesmos da ADI.

EFEITOS DA DECISÃO
° Eficácia contra todos (erga omnes);
° Ex tunc;
° Vinculante

MEDIDA CAUTELAR
O STF, por maioria absoluta de seus membros poderá deferir o pedido de medida
cautelar na ADC, consistindo na determinação de que os Tribunais e juízes suspendam
o julgamento dos processos que envolvam a aplicação da lei ou ato normativo objeto da
ação até seu julgamento definitivo. A cautelar terá eficácia por 180 dias.

ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL – ADPF

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