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Disciplina: Meios de Impugnação das Decisões Judiciais no Processo Constitucional

Professora: M.e Raquel de Paula Mendonça Ano: 2023


Material 07 - Controle da Constitucionalidade das Normas.

1. Controle da Constitucionalidade das Normas


O controle de constitucionalidade pressupõe a existência de rigidez constitucional, e, por consequência, de
supremacia jurídica da constituição em face das demais espécies normativas que compõem o ordenamento
jurídico estatal. O controle de constitucionalidade consiste justamente na fiscalização da adequação (da
compatibilidade vertical) das leis e demais atos normativos editados pelo Poder Público com os princípios e
regras existentes em uma constituição rígida, para que se garanta que referidos diplomas normativos respeitem,
tanto no que se refere ao seu conteúdo, quanto à forma como foram produzidos, os preceitos hierarquicamente
superiores ditados pela carta magna.

1.1 Objeto do controle de constitucionalidade


- Leis ou atos normativos federais, estaduais, distritais (desde que trate de matéria estadual), art. 102, I, “a” da
CF/88.
- Lei, em sentido amplo, é todo o preceito escrito, emanado do poder competente de cada uma das pessoas
políticas, dotado de imperatividade e coerção estatal, e que para fins de controle de constitucionalidade, deve
ter por características, abstração (lei trata de situação hipotética), generalidade, (diz respeito ao alcance da lei)
e a autonomia (ausência de subordinação da lei a qualquer outra lei, mas apenas à própria constituição).
- São leis para fins de controle de constitucionalidade, as diversas espécies normativas explicitadas no artigo
59 da constituição (emendas à constituição, leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas
provisórias, decretos legislativos e resoluções).
- Atos normativos são todos os demais atos editados pelo Poder Público, revestidos de indiscutível conteúdo
normativo (dotados de abstração, generalidade e autonomia). Ex. Regimento interno dos Tribunais, os quais
têm fundamento no próprio texto constitucional, conforme redação do artigo 96, I, “a”, da Carta Magna.
- Tratados internacionais (convenções) são incorporados ao ordenamento interno com status de lei ordinária.
2. Normas não sujeitas ao controle de Constitucionalidade
- Normas constitucionais editadas pelo constituinte originário: o STF afasta a possibilidade de controle de
constitucionalidade de normas constitucionais instituídas pelo constituinte originário repelindo, assim, a
denominada “teoria das normas constitucionais inconstitucionais”.
- Normas infraconstitucionais anteriores à Constituição: estas são automaticamente revogadas pela nova ordem
jurídica estabelecida, ocorrendo a denominada não recepção das normas infraconstitucionais incompatíveis
com o novo texto constitucional.
- Normas Secundárias: são subordinadas a outras normas infraconstitucionais, e se ferirem a Constituição, o
farão de forma reflexa, e não direta (aqui é caso de ilegalidade, e não de inconstitucionalidade).

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- Súmulas dos tribunais: editadas para fins de uniformização de jurisprudência, referidas súmulas não são
dotadas de imperatividade, já que podem deixar de ser observadas pelos juízes de instancias inferiores, nos
casos que lhe são submetidos a julgamento (não têm, portanto, força normativa).
- Atos estatais não revestidos de abstração e generalidade: é o caso, por exemplo, dos diversos atos normativos
de efeitos concretos e individuais, que devem ser impugnados, conforme o caso, por ação popular ou mandado
de segurança.
- Normas revogadas: o Poder Judiciário somente exerce a prestação jurisdicional quando houver efetivo
interesse jurídico, não podendo funcionar como mero órgão de consulta histórica.

2.1 Não podem ser objeto de Ação Direta de Inconstitucionalidade:


a) as súmulas de jurisprudência, pois não possuem o grau de normatividade qualificada (obrigatoriedade);
b) regulamentos de execução ou decreto (ato normativo do Executivo), pois não têm autonomia - trata-se de
questão de legalidade e não de constitucionalidade;
c) Norma decorrente de poder constituinte originário;
d) lei municipal, pois a Constituição Federal só previu para federal e estadual;
e) lei distrital: O Distrito Federal acumula a competência dos Estados e Municípios, assim se tratar de matéria
municipal não será objeto de ADIN, mas se, tratar de matéria estadual será objeto de ADIN. Ex: lei distrital
tributária tratava na primeira parte de ICMS e na segunda de ISS, só a primeira parte é objeto de ADIN.
Todavia no caso de regulamento ou decreto autônomo será objeto de Ação Direta de Inconstitucionalidade,
podendo, até mesmo, ser objeto de controle repressivo no Poder Legislativo, quando importar em abuso de
poder regulamentar.

3. Parâmetro de controle de constitucionalidade


Também conhecido por paradigma constitucional, ou, ainda, bloco de constitucionalidade, refere-se à norma
ou ao conjunto de normas constitucionais que são utilizados como referência para a análise da adequação de
algum diploma normativo aos preceitos constitucionais. No caso da Constituição brasileira, podem ser utilizados
como parâmetro de constitucionalidade todos os princípios e regras inseridos no texto constitucional, mesmo
que implícitos, porém inequivocamente decorrentes das normas existentes na Carta Magna.

4. Espécies de inconstitucionalidade
- Inconstitucionalidade material: é a incompatibilidade do conteúdo (da matéria) de uma lei ou ato normativo
editado pelo Poder Público com preceitos constitucionais.
- Inconstitucionalidade formal: é o desrespeito, na elaboração da lei ou ato normativo às normas
constitucionais relativas ao processo legislativo, ou seja, Às regras procedimentais, fixadas pela Constituição,
para a edição das diversas espécies normativas.
4.1 Inconstitucionalidade por Ação ou por Omissão
- Inconstitucionalidade por Ação: é a decorrente da ação do Estado, que edita uma lei ou ato normativo de
alguma maneira (material ou formalmente) incompatível com os preceitos albergados pela Constituição.

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- Inconstitucionalidade por Omissão: é a decorrente de omissão do Estado, que deixa de editar leis ou atos
normativos indispensáveis à aplicabilidade de normas constitucionais que dependam de complementação
legislativa.
5. Modalidade de controle quanto ao momento da realização e quanto ao órgão que o realiza
5.1 Quanto ao órgão que realiza
- Político: Realizado por órgão distinto do Poder Judiciário.
- Jurisdicional: Realizado pelo Poder Judiciário
- Misto: Realizado, concomitantemente, pelo Judiciário e outros Poderes.
5.2 Quanto ao momento da realização
- Preventivo: realizado antes de a lei ou ato normativo ser promulgado e publicado, ou seja, antes da conversão
do projeto de lei em lei e visa impedir que um ato inconstitucional ingresse ao ordenamento jurídico brasileiro.
- Repressivo: Realizado após a lei ou ato normativo ser promulgado ou publicado.

6. Controle de Constitucionalidade Político no Brasil


6.1 Controle Político pelo Executivo
- Preventivo: através do veto jurídico (artigo 66, § 1º, CF/88).
- Repressivo: somente o Chefe do Executivo, quando se deparar com lei manifestamente inconstitucional. Edita
um ato administrativo determinando que a referida lei não seja observada por seus subordinados até que o
caso seja decido pelo Poder Judiciário.
6.2 Controle Político pelo Legislativo
- Preventivo: Através das Comissões de Constituição e Justiça, ou do plenário de ambas as Casas, antes de
o projeto ser votado.
- Repressivo: Análise de medidas provisórias.

7. Controle Judicial
- Preventivo: Se dará em uma única hipótese: caso de impetração de mandado de segurança, por parlamentar,
perante o Supremo Tribunal Federal, por parlamentares, contra o simples processamento de propostas de
emenda à Constituição cujo conteúdo viole alguma das cláusulas pétreas do art. 60, § 4º. E em mais de uma
decisão, a corte reconheceu a possibilidade de fiscalização jurisdicional da constitucionalidade de propostas de
emenda à Constituição que veicularem matéria vedada ao poder reformador do Congresso Nacional.

-Repressivo: sucessivo ou a posteriori é aquele realizado quando a lei já está em vigor, e destina-se a paralisar
sua eficácia. Em regra exercido pelo Poder Judiciário. O controle judicial no Brasil poderá ser difuso ou
concentrado. Vejamos:

a) Controle difuso (ou por via de exceção ou defesa): criado pelos norte-americanos, permite a qualquer
juiz ou tribunal realizar, no julgamento de um caso concreto, a análise incidental da constitucionalidade
de uma lei ou ato normativo.

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b) O controle concentrado (ou por via de ação direta): realizado pela Corte Suprema de um país, e que
tem por objeto a análise da constitucionalidade ou inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, em tese
independentemente da existência de casos concretos em que a constitucionalidade esteja sendo
discutida.
Questões

1) O veto oposto pelo chefe do Executivo a projeto de lei:


a) será político quando versar sobre a juridicidade do projeto.
b) pode ser uma forma de controle prévio de constitucionalidade, a depender de seu teor.
c) é admitido quando tratar-se de veto tácito, e importa na devolução do projeto ao Poder Legislativo.
d) poderá incidir sobre trechos ou palavras de artigos ou parágrafos.
e) devolve a matéria vetada ao Legislativo, que poderá rejeitar o veto pelo voto da maioria absoluta dos
Deputados e Senadores, em escrutínio secreto.

2) São mecanismos de controle preventivo de constitucionalidade existentes no Direito brasileiro:


a) Sanção e veto; súmula vinculante; e ação civil pública.
b) comissões parlamentares de constituição e justiça; arguição de descumprimento de preceito fundamental; e
ação civil pública.
c) sanção e veto; arguição de descumprimento de preceito fundamental; e ação civil pública.
d) comissões parlamentares de constituição e justiça; sanção e veto; e mandado de segurança contraproposta
de emenda constitucional questionada em face de cláusula pétrea.
e) sanção e veto; súmula vinculante e mandado de injunção.

Gabarito Comentado

Questão 01
Letra B – Pode ser uma forma de controle prévio por acontecer antes da promulgação da referida
Lei. Existem dois tipos de vetos do presidente.
A) Político = É o veto por motivo de contrariedade ao interesse público.
B) Jurídico = Veto por motivo de inconstitucionalidade do projeto de lei.
Questão 02
Letra D – Todas os mecanismos ocorrem antes da promulgação da lei.

Referências Bibliográficas

DANTAS. Paulo Roberto. Direito Processual Constitucional. 11º. ed. rev. Ampl. São Paulo: Foco, 2022.
DINAMARCO. Cândido Rangel. Instituições de Direito processual Civil, Volume III. 7ª. Ed. São Paulo. Ed. Malheiros. 2017.
SIQUEIRA JR. Paulo Hamilton. Direito Processual Constitucional . 11. ed. São Paulo: Saraiva. 2018.
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. São Paulo: Saraiva.2020.
MEDINA. Paulo Roberto de Gouvêa. Direito Processual Constitucional. 7. ed. São Paulo: Forense, 2018.

Não andeis ansiosos por coisa alguma; antes em tudo sejam os vossos pedidos conhecidos diante de Deus
pela oração e súplica com ações de graças; e a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará
os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus. Filipenses 4:6-7

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