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Controle de constitucionalidade

1. Introdução

Nos países dotados de constituições escritas do tipo rígidas, a alteração do


texto constitucional exige um procedimento especial, estabelecido pelo próprio
constituinte originário.

É importante esclarecer que existe o que se chama presunção de


constitucionalidade das leis, ou seja, como a lei emana do povo, presume-se que
essas leis estejam em conformidade com a Constituição.

2. Espécies de inconstitucionalidades

Inconstitucional é, pois, a ação ou omissão que ofende, no todo ou em


parte, a Constituição.

No entanto, é importante salientar que as normas constitucionais


originárias não estão sujeitas ao controle de constitucionalidade.

2.1. Inconstitucionalidade por ação e por omissão

A inconstitucionalidade por ação se dá quando o desrespeito à CF resulta


de uma conduta comissiva, positiva, praticada por algum órgão estatal. Exemplo
de uma lei elaborada pelo legislador ordinário que afronta a constituição.

Já a inconstitucionalidade por omissão, como o próprio termo assim o diz,


é quando o legislador ordinário queda-se omisso, em face de um preceito
constitucional que determine a elaboração de norma regulamentando suas
disposições.

Essa modalidade omissiva ocorre diante das normas constitucionais de


eficácia limitada, onde a constituição exige que a lei (infraconstitucional) determine
de maneira mais específica o que a constituição assegura de forma geral, mais
abrangente. Importante destacar, que ainda que haja a proteção ou determinação
constitucional, em se tratando de norma de eficácia limitada, ou seja, sem a lei
completando o texto constitucional não há efetividade. Por isso fala-se em
inconstitucionalidade, pois a norma constitucional carece de efetividade por conta
da omissão do legislador em completar com a lei ordinária, aquilo que a CF
determina de forma geral.

A omissão pode ser total ou parcial, será total quando o legislador


simplesmente não elaborar a lei requerida pelo texto constitucional, deixando a
norma totalmente ineficaz. O exemplo mais notório dessa omissão é o direito de
greve dos servidores públicos (art. 37, VII), da mesma forma que o imposto sobre
grandes fortunas (art. 153, VII).

Será parcial a omissão quando o legislador produz a norma, mas o faz de


modo insatisfatório, não atendendo integralmente aquilo que o texto constitucional
preconizava.

2.2. Inconstitucionalidade material e formal

A inconstitucionalidade material se dá quando o conteúdo da norma


infraconstitucional contraria a constituição. Por exemplo, nos dias de hoje
legislador ante o clamor público editasse uma norma que introduzisse a pena de
morte em casos normais. Inconstitucionalidade material, pois afronta o art. 5º
XLVII.

A inconstitucionalidade formal ocorre quando há um desrespeito à CF no


tocante ao processo de elaborar a norma, podendo alcançar tanto o requisito
competência, quando o procedimento legislativo em si.

Por exemplo, padecerá de inconstitucionalidade formal orgânica uma lei


estadual que disponha sobre direito processual, haja vista se tratar de matéria da
competência legislativa privativa da União (art. 22, I CF). Outro exemplo é a
aprovação de uma lei complementar por maioria simples, quando se sabe que as
leis complementares serão aprovadas por maioria absoluta (art. 69 CF).

2.3. Inconstitucionalidade total e parcial

A inconstitucionalidade pode alcançar toda a lei, ou seja, todo o ato


normativo, ou apenas uma parte dele.

Será total quando toda a lei está e desconformidade com o texto


constitucional. Poderá, no entanto ser declarado inconstitucional apenas um artigo,
parágrafo, inciso. Dessa forma não resta prejudicada toda a lei, mas apenas aquele
trecho que ofende a Constituição.

2.4. Inconstitucionalidade direta e indireta

A inconstitucionalidade direta é o confronto entre uma norma


infraconstitucional e a Constituição. Casos recorrentes fazem parte de nosso
cotidiano, onde uma norma é criada em total desacordo com a Carta Política.
Importante salientar que essa contrariedade por ser da norma em si, ou
simplesmente em seu processo de criação. Ressalte-se que em ambos os casos há
violação da constituição de forma direta, seja na norma propriamente dita, seja em
seu processo de formação. Por isso podemos afirmar que a inconstitucionalidade
direta pode ser tanto formal como material.

Já a inconstitucionalidade indireta ou reflexa, não decorre de direta


violação da norma constitucional. Assim, se determinado decreto regulamentar,
expedido para a fiel execução da lei, extrapola os limites desta, ainda que
supostamente essa extrapolação tenha implicado, também, flagrante desrespeito a
determinada norma constitucional, não será hipótese de inconstitucionalidade
direta. Isso porque o fundamento de validade do decreto regulamentar não é
diretamente a Constituição, mas sim a lei regulamentada, em função da qual tenha
expedido.
Importante salientar que para o STF essa inconstitucionalidade indireta
por não estar diretamente ligada ao texto constitucional refere-se uma mera
ilegalidade.

Não devemos confundir a inconstitucionalidade indireta com a derivada.


A derivada ou consequente é aquela em que a norma primária é declarada
inconstitucional, portanto as demais normas que decorrem desta lei primária serão
consideradas inconstitucionais, pois derivam da norma primária viciada.

3. Sistemas de controle

No Brasil, o controle de constitucionalidade é realizado nas Casas


Legislativas, pelas Comissões de Constituição e Justiça, é exemplo de controle
político. Também é controle político de constitucionalidade o veto do chefe do
Poder Executivo a projeto de lei, com fundamento em inconstitucionalidade da
proposição legislativa (veto jurídico).

A maioria das Constituições contemporâneas tem adotado o sistema


judicial para a fiscalização das leis, inclusive a Constituição de 1988.

4. Modelos de controle

Os ordenamentos constitucionais preveem dois modelos distintos de


controle judicial de constitucionalidade: o controle difuso (sistema americano) e o
controle concentrado (sistema austríaco).

No âmbito do controle difuso, qualquer juiz pode fazer o juízo de


constitucionalidade das leis.

No âmbito do sistema concentrado, a competência para a realização do


controle de constitucionalidade recai apenas a um órgão de natureza jurisdicional.
Esse órgão poderá exercer, simultaneamente, as atribuições de jurisdição e de
controle de constitucionalidade das leis, ou, então, exclusivamente esta última
tarefa.

5. Vias de ação

Essas vias de ação correspondem ao modo de impugnação de uma lei


perante o Poder Judiciário, em outras palavras, busca-se responder à seguinte
indagação: de que forma uma lei poderá ser impugnada perante o Poder
Judiciário?

Existem duas vias: incidental (de defesa ou de exceção) e a via principal


(abstrata ou de ação direta).

O exercício da via incidental dá-se diante de uma controvérsia concreta,


submetida à apreciação do Poder Judiciário, em que uma das partes requer o
reconhecimento da inconstitucionalidade de uma lei, com o fim de afastar a sua
aplicação ao caso concreto de seu interesse. É importante ressaltar aqui, que a
inconstitucionalidade da lei não é o ato principal, mas sim o pedido incidente, ou
seja, a controvérsia jurídica do caso concreto. Daí que, uma vez declarada a
inconstitucionalidade, terá efeito entre partes, ou seja, no âmbito da controvérsia, e
não erga omnes.

Pela via principal, o pedido do autor da ação é a própria questão de


constitucionalidade do ato normativo. O autor requer, por meio de uma ação
judicial especial, uma decisão sobre a inconstitucionalidade, em tese, de uma lei,
com o fim de resguardar a harmonia do ordenamento jurídico.

6. Momento do controle

O controle poderá ser preventivo ou repressivo.

Preventivo será o controle de constitucionalidade de uma lei que ainda não


foi publicada, de uma lei que ainda não existe, no entanto a fiscalização e o
controle incide sobre o projeto de lei existente. Esse projeto é atacada, pois em tese
contém conteúdo contrário à ordem constitucional. A função do controle
preventivo tem por fim a não produção de normas inconstitucionais. No Brasil,
exemplos de controle preventivo de constitucionalidade são as atividades de
controle dos projetos e proposições exercidas pelas Comissões de Constituição e
Justiça das Casas do Congresso Nacional e o veto do chefe do Poder Executivo
fundamentado na inconstitucionalidade do projeto de lei (veto jurídico). Há
também, uma hipótese de controle preventivo realizado pelo Poder Judiciário, nos
casos de mandado de segurança impetrado por parlamentar com o objetivo de
sustar a tramitação de proposta de emenda à Constituição ou de projeto de lei
ofensivos à constituição.

Importante salientar que através do controle preventivo não é declarada a


inconstitucionalidade da lei, pois na realidade ela não existe.

O controle repressivo incide sobre uma norma vigente, aqui em tese,


opera-se o controle de constitucionalidade judicial brasileiro.

7. Jurisdição constitucional

No Brasil o controle de constitucionalidade é predominantemente exercido


pelo Poder Judiciário, que pode atuar na via incidental ou na via abstrata. Dessa
forma podemos afirmar que todos os órgãos do Poder Judiciário pode exercer
jurisdição constitucional, seja na via incidental (controle difuso) onde qualquer juiz
pode atuar, e na via abstrata (controle concentrado) onde apenas o STF pode atuar.

Importante salientar que o STF exerce o controle concentrado em face da


Constituição Federal, ao passo que o controle concentrado pode ser ecercido pelo
Tribunal de Justiça de cada Estado em face à Constituição Estadual e da Lei
Orgânica respectivamente.
8. Fiscalização não jurisdicional

Como vimos, o Poder judiciário exerce jurisdição sobre o controle de


constitucionalidade, seja na via do controle difuso, onde qualquer magistrado pode
atuar, seja na via do controle concentrado, onde apenas o STF exerce.

8.1. Poder Legislativo

Partindo da concepção já estudada da separação dos poderes, cabe ao


legislativo a produção das leis. Logo apregoar que este poder elabore e controle a
validade das leis, segundo clássica teoria da separação dos poderes seria
incompatível.

Pois bem, segundo a doutrina, com a vigência da Constituição de 1988, o


Poder Legislativo dispõe de certas competências que, irrefutavelmente,
consubstanciam juízo sobre constitucionalidade das leis.

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) é considerada como uma


fiscalização de constitucionalidade. Segundo a doutrina, a fiscalização do CCJ
consubstancia controle político preventivo de constitucionalidade, tendo por objeto
evitar que ingresse no ordenamento jurídico espécie normativa com algum vício de
constitucionalidade.

Outro juízo de constitucionalidade exercido pelo Poder Legislativo é o


previsto no art. 49, V da CF.

O Poder Legislativo poderá sustar os atos do Poder executivo, quando este


exorbitarem do poder regulamentar ou dos limites da delegação legislativa. Esse
poder se denomina o “veto do legislativo”. Aqui estamos no caso de uma Lei
Delegada pelo Chefe do Executivo. As leis delegadas são elaboradas a partir de
uma autorização dada pelo Congresso Nacional ao Presidente da República para
legislar sobre determinada matéria, nos termos do art. 68 da CF.
Caso o Presidente extrapole os limites da lei delegada, poderá o Congresso
Nacional, sustar os efeitos da lei delegada exorbitante.

Outra possibilidade é a apreciação de Medidas Provisórias, que também


recai a um juízo de constitucionalidade por parte do legislativo.

Por fim temos a possibilidade de o Senado Federal suspender a execução


de lei declarada inconstitucional em decisão definitiva do STF, pode ser submetida
à apreciação do Poder Judiciário.

Convém sublinhar essa afirmação “pode ser submetida à apreciação do


poder judiciário”, pois todas as medidas de contenção por parte do Poder
Legislativo podem ser submetidas ao crivo do Poder Judiciário.

8.2. Poder Executivo

Segundo a doutrina existem três possibilidades de fiscalização de


constitucionalidade das leis por parte do Executivo.

A primeira diz respeito ao poder de veto com fundamento na


inconstitucionalidade total ou parcial da lei, com base no art. 66, §1º da CF.

A segunda hipótese é a de inexecução pelo Chefe do Executivo de lei por


ele considerada inconstitucional.

Essa hipótese é delicada, no entanto entende a jurisprudência do STF que o


Chefe do Executivo (Presidente, Governador e Prefeito) podem determinar aos
seus subordinados que deixem de aplicar administrativamente as leis ou atos com
força de lei que considere inconstitucionais.

Por óbvio que esse descumprimento é válido enquanto não haja decisão
judicial sobre a inconstitucionalidade ou constitucionalidade da lei. Se houver
decisão considerando a lei válida, não poderá opor-se a ela o Chefe do Executivo,
pois nesse caso caberá intervenção, nos termos do art. 34, VI e 35, IV da CF.
Por fim, o Poder Executivo observa a obediência à CF por meio do
processo de intervenção, haja vista que este funciona como meio excepcional de
controle de constitucionalidade, como medida última para o restabelecimento da
observância da CF por um ente federado.

8.3. TCU

Segundo a jurisprudência do STF, os Tribunais de contas, no desempenho


de sua atribuições constitucionais, possuem competência para realizar o controle
de constitucionalidade das leis e atos normativos do Poder Público, podendo
afastar a aplicação daqueles que entenderem constitucionais.

Segundo a Súmula 347 do STF: “O TCU, no exercício de suas atribuições


pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público”.

E o fundamento constitucional reside no art. 97 da Carta que admite por


maioria absoluta de votos declará-la inconstitucional, afastando a sua aplicação ao
caso concreto.

9. Ações perante o STF em face do controle abstrato de


constitucionalidade

Obs: por razões tempo precisamos fazer recortes na matéria. O controle de


constitucionalidade por sua complexidade e riqueza merecia um semestre inteiro,
no entanto como não temos essa possibilidade precisamos recortar aquilo que
consideramos mais importante. Por essa razão não faremos o estudo
pormenorizado do controle difuso de constitucionalidade, pois explicamos de
maneira muito simplificada. Nos deteremos agora ao estudo das ações
constitucionais em sede de controle abstrato de constitucionalidade.

As ações são:

a) Ação direta de inconstitucionalidade genérica –ADI;


b) Ação de inconstitucionalidade por omissão –ADO;
c) Ação declaratória de constitucionalidade –ADC;
d) Arguição de descumprimento de preceito fundamental –ADPF.

Existe ainda a ADI interventiva, em ação interventiva, uma ação direta de


competência exclusiva do STF, mas que possui objeto específico e concreto, qual
seja, a fiscalização do processo de intervenção federal no caso de ofensa aos
princípios constitucionais sensíveis.

9.1. Ação direta de inconstitucionalidade ADI


9.1.1. Conceito

Diferente do controle difuso, aqui não se pleiteia a inconstitucionalidade à


luz do caso concreto. O objeto da ADI é a própria lei que afronta a Constituição.
Por isso diz-se que a função precípua da ADI é a defesa da ordem constitucional,
possibilitando a extirpação da lei ou ato normativo inconstitucional do sistema
jurídico.

9.1.2. Legitimação ativa

Os legitimados são as figuras do art. 103 da CF (ler o art.)

Importante salientar que as figuras do inc. VII e IX precisam de advogado


para ingressarem com a ADI, as demais podem ingressar diretamente.

É importante salientar que entre os legitimados temos:

Os legitimados universais: aqueles que podem impugnar em ADI qualquer


matéria, sem necessidade de demonstrar nenhum interesse específico.

São estes: o Presidente da República, as Mesas da Câmara e do Senado, o


PGR, o Conselho Federal da OAB e os partidos políticos com representação no
Congresso Nacional.
Os legitimados especiais: aqueles que somente poderão impugnar em ADI matérias
em relação às quais seja comprovado o seu interesse de agir, isto é, a relação de pertinência
entre o ato impugnado e as funções exercidas pelo órgão ou entidade.

São estes: as confederações sindicais, as entidades de classe de âmbito


nacional, as Mesas das Assembleias Legislativas estaduais ou da Câmara
Legislativa do DF e os Governadores dos estados-membros e do DF.

Quando nos referimos à pertinência temática entenda-se que a lei


questionada afeta os seus interesses.

OBS: só pode ser objeto de ADI perante o STF leis e atos normativos
federais, estaduais ou do DF, neste último caso desde que editados no desempenho
de sua competência estadual.

Portanto é requisito cumulativo para ADI: a) ter sido editada na vigência da


atual Constituição; b) ser dotada de abstração, generalidade ou normatividade; c) possuir
natureza autônoma (não meramente regulamentar); d) estar em vigor.

Importante destacar que de forme recorrente falamos de


inconstitucionalidade de leis que são anteriores ao texto constitucional. Pois bem,
da mesma forma que a separação dos poderes na verdade não são poderes mas
sim órgãos, neste caso em particular, ao tratarmos de ordenamentos jurídicos
anteriores a Constituição o que temos é: a recepção ou revogação do texto anterior
à Constituição, ou caso por uma ADPF, ação de descumprimento de preceito
fundamental ataca-se o texto normativo. Ainda é possível em sede de controle
difuso de constitucionalidade à luz do caso concreto.

9.1.3. Síntese do procedimento da ADI

Uma vez declarada inconstitucional a lei ou ato normativo, a decisão terá


os seguintes efeitos:
a) Ex tunc, retroativo como consequência do dogma da nulidade, que por
ser inconstitucional, torna-se nula, por isso perde seus efeitos jurídicos.
b) Erga omnes, será sempre oponível contra todos.
c) Vinculante, relaciona-se aos órgãos do Poder Judiciário e à
Administração Pública Federal, Estadual e Municipal. Uma vez
decidida procedente a ação dada pelo STF, sua vinculação será
obrigatória em relação a todos os órgãos do Poder Judiciário e do
Executivo, que daí por diante deverá exercer as suas funções de acordo
com a interpretação dada pelo STF. Esse efeito vinculante aplica-se
também ao legislador, pois esse não poderá mais editar nova norma
com preceito igual ao declarado inconstitucional.
d) Represtinatório, em princípio vai ser restaurada uma lei que poderia
ser revogada.

Caso o juiz desconsiderar a decisão dada como inconstitucional pelo STF


em sede de ADI, caberá reclamação constitucional para o próprio STF que é um
instrumento constitucional que busca a preservação da competência e garantir a
autoridade da decisão do STF (art. 102, I CF).

9.2. Ação direta de inconstitucionalidade por omissão ADO

Como o próprio nome bem o diz, resulta da omissão. Enquanto a ADI


reside numa lei ou ato normativo contrário ao texto constitucional, na ADO o que
temos é justamente o contrário, ou seja, a omissão do legislador em dar a
complementariedade necessário para que determinada norma tenha eficácia
constitucional plena no mundo fático.

Dessa forma a ADO consiste numa incompatibilidade entre a conduta


positiva exigida pela Constituição e a conduta negativa do Poder Público omisso,
que resulta na chamada inconstitucionalidade por omissão.
Os mecanismos usados para evitar a inércia do Poder Público são o
Mandado de Injunção na via difusa e a ação direta de inconstitucionalidade por
omissão na via concentrada.

Os legitimados e o procedimento aqui adotado é o mesmo da ADI.

Ao declarar a ADIN por omissão, o STF deverá dar ciência ao Poder ou


órgão competente para, se for um órgão administrativo, adotar as providências
necessárias em 30 dias. Caso seja o Poder Legislativo, deverá fazer a mesma coisa
do órgão administrativo, mas sem prazo preestabelecido. Uma vez declarada a
inconstitucionalidade e dada a ciência ao Poder Legislativo, fixa-se judicialmente a
ocorrência da omissão, com seus efeitos.

Os efeitos retroativos da ADIN por omissão são ex tunc e erga omnes,


permitindo-se sua responsabilização por perdas e danos, na qualidade de pessoa
de direito público da União Federal, se da omissão ocorrer qualquer prejuízo.

Por fim, na ADO a decisão tem caráter obrigatório ou mandamental, pois o


que se pretende constitucionalmente é a obtenção de uma ordem judicial dirigida a
outro órgão do Estado.

9.3. Ação direta de inconstitucionalidade interventiva

A representação interventiva é uma medida excepcionalíssima prevista no


art. 34, VII da CF e fundamenta-se na observância dos Princípios Sensíveis.

Dessa maneira, toda vez que o Poder Público, no exercício de sua


competência venha a violar um dos princípios sensíveis, será passível de controle
concentrado de constitucionalidade, pela via da ação interventiva.

Quem decreta a intervenção é o Chefe do Executivo, mas depende da


requisição do STF, o qual se limitará a suspender a execução do ato impugnado, se
essa medida bastar para o restabelecimento da normalidade.
Esse tipo de ADI pode ser espontânea ou provocada. A espontânea é
aquela que é decretada por vontade própria . Já a provocada se dá por impulso de
algum Órgão ou Poder

A representação interventiva é uma ação que possui natureza (finalidade)


jurídico-politica. Ao ser violado o princípio sensível pelo governo e o STF
processar e julgar procedente a representação interventiva, o Presidente da
República fica obrigado a expedir o decreto interventivo, sustando os efeitos da lei,
para que deixe de utilizá-lo por ser inconstitucional.

A legitimidade para propositura da ação direta de inconstitucionalidade


interventiva, está prevista no art. 36, III da CF.

9.4. Ação declaratória de constitucionalidade (ADC)

Essa modalidade de ação na modalidade de controle concentrado tem a


finalidade de afastar a incerteza jurídica e evitar as diversas interpretações e
contrastes que estão sujeitos ao texto normativo.

Da mesma forma que a ADI, uma vez proposta a ação, não caberá
desistência e nem intervenção de terceiros. A decisão será irrecorrível em todos os
casos, admitindo-se apenas interposição de embargos declaratórios.

Constitui pressuposto para o ajuizamento da ADC uma grande


controvérsia judicial que esteja pondo em risco a presunção de constitucionalidade
da lei ou ato normativo.

Ao falarmos em judicial, frise-se que uma controvérsia doutrinária não


será objeto de ADC, é necessário que esteja tramitando no judiciário.

9.5. Arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF)

Sua previsão legal está no art. 102, §1º da CF e foi regulamentada pela Lei
9882/99, que em seu §1º sustenta que a ADPF terá a finalidade de “evitar ou
reparar lesão a preceito fundamental, resultante de ato do poder público”. Pode-se
entender que preceitos fundamentais são decisões políticas e rol de direitos e
garantias fundamentais.

Assim, a ADPF tem duas finalidades que são a preventiva e repressiva, de


evitar ou reparar lesão não só a preceito fundamental, mas também de ato do
poder público seja este normativo ou administrativo.

A doutrina se utiliza duas espécies de ADPF, que são:

a) Arguição autônoma- pode ser inserida no artigo 1o da lei em questão, por


ter como objetivo prevenir ou reprimir lesão a algum preceito fundamental,
resultante de ato do poder público. Logo, essa espécie tem como pressuposto a
inexistência de qualquer outro tipo de meio eficaz que possa evitar a lesividade.

b) Arguição incidental- essa espécie enquadra-se no inciso I do artigo e lei


anteriormente citados. A arguição incidental, ou por equiparação em relação ao
seu objeto, é mais restrita e exigente. Isso se justifica pelo fato de que para propô-la
deve existir controvérsia de extrema relevância a lei ou ato normativo federal,
estadual, ou municipal e também as anteriores a atual constituição.

Nas duas espécies de ADPF, compete ao Supremo Tribunal Federal


processar e julgar a ação de acordo com os procedimentos corretos. Essa ação é
proposta perante o STF, o qual irá apreciar a questão para posteriormente, caso
ache procedente, processar e julgar.

De acordo com o artigo 2º, I da lei, pode ajuizar uma ADPF os mesmos
legitimados para a ADIN, onde estes são os que estão previstos no artigo 103 da
CF. Os legitimados têm que se ater a alguns requisitos como capacidade
postulatória, legitimação universal e a relação de pertinência temática.
O teor do princípio da subsidiariedade (que é visto por muitos como uma
regra) está inserido no artigo 4o parágrafo 1o da lei 9882/99. Desse artigo pode-se
entender que ele possui requisitos extremamente específicos, que torna essa regra
tão importante que com a ausência dele, não poderia ser proposta uma ADPF.

Como regra geral, o juízo da subsidiariedade, há de ter em vista a


verificação da exaustão de todos os meios eficazes de afastar a lesão no âmbito
judicial.

É através desse princípio que torna-se possível a utilização de ADPF,


quando não existir nenhum outro meio de caráter objetivo, apto a acabar, de uma
vez por todas, a controvérsia constitucional relevante, de forma ampla, imediata e
geral.

O fato primordial é a solução que esse princípio é capaz de produzir, por


ter uma natureza objetiva, seu caráter é vinculante e contra todos.

Com isso, a subsidiariedade desse princípio deve ser invocada para casos
estritamente objetivos. Onde a realização jurisdicional possa ser um instrumento
disponível capaz de sanar, de maneira eficaz a lesão causada a direitos básicos, de
valores essenciais e preceitos fundamentais contemplados no texto da CF.

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