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1. Introdução
Assim, caso uma norma infraconstitucional, que é produzida por processo legislativo mais simples,
atente contra as normas constitucionais, ela será inconstitucional, devendo ser excluída do
ordenamento jurídico por meio do mecanismo do controle de constitucionalidade.
Além da rigidez, a Constituição é suprema e situa-se no topo da pirâmide normativa, razão pela qual é
fundamento de validade para produção de todas as demais espécies normativas.
2. Considerações sobre o controle de constitucionalidade
Observa-se que nada adiantaria ter uma Constituição intitulada de cidadã, que contempla inúmeros
direitos fundamentais, sem um eficiente mecanismo para manutenção de seus próprios dispositivos.
Com efeito, o controle de constitucionalidade destina-se a evitar a supressão de direitos e garantias
fundamentais previstos no texto constitucional.
Nos Estados em que a Constituição é rígida, como vimos acima, para efeito de garantir a compatibilidade
vertical, a adequação das normas jurídicas à Lex Fundamentalis, e resguardar o princípio da hierarquia,
observada a supremacia da Constituição, há necessidade de ser estabelecido um mecanismo de controle
da constitucionalidade. Eduardo García de Enterría expõe que uma Constituição, sem um Tribunal
Constitucional que imponha sua interpretação e a efetividade da mesma nos casos questionados, é uma
Constituição ferida de morte, que liga a sua sorte à do partido que estiver no poder, o qual impõe,
nesses casos, por simples maioria fática, a interpretação que, neste momento, a ele convém.
O controle da constitucionalidade das leis está intimamente relacionado com o princípio da hierarquia
normativa, da supremacia da Constituição. Onde a Constituição não é rígida, mas flexível, não se
exigindo nenhum requisito especial para a sua reforma, podendo o Legislativo alterá-la ou emendá-la
com a mesma facilidade e da mesma forma com que se fazem ou revogam as leis ordinárias, não se
pode falar de controle da constitucionalidade, pela simples razão de não haver gradação entre a norma
constitucional e a lei ordinária, e o exemplo expressivo é a Inglaterra, onde o sentimento que empolga é
o da supremacia do Parlamento, não havendo lugar para uma fiscalização de constitucionalidade.
Destarte, é evidente que o controle da constitucionalidade é uma necessidade permanente dos Estados
em que vigoram a sistemática das Constituições rígidas, que são dotadas de hierarquia constitucional,
servindo como escudo protetor das normas fundamentais.
Haverá necessidade de atuação do controle de constitucionalidade toda vez que forem editadas normas
ordinárias e emendas constitucionais confrontantes com os dispositivos da Carta Magna. Logo, nos
Estados em que inexistir a possibilidade de instaurar-se o controle de constitucionalidade das normas,
mesmo que as Constituições sejam formalmente denominadas de rígidas, na prática, elas são flexíveis,
porque o legislador possuirá amplos poderes para modificá-las aos seus bel-prazeres, sem necessidade
de respeitar as proibições e os limites previstos.
Ora, a inconstitucionalidade pode ser material ou formal. Aquela ocorre nos casos de incompatibilidade
entre o conteúdo de uma norma com a Constituição, e esta nos casos em que a norma é elaborada em
desobediência às regras constitucionalmente estabelecidas para o processo legislativo.
Assim, se nos Estados em que vigoram Constituições flexíveis for elaborada alguma norma que
desobedeça ao processo legislativo ordinário, é perfeitamente possível o controle de
constitucionalidade para afastar do ordenamento jurídico essa norma formalmente inconstitucional.
Não será objeto desse tópico exaurir todos os métodos (tipos) de controle de constitucionalidade
existentes nos mais diferentes ordenamentos jurídicos, ficando o estudo limitado à análise dos aspectos
subjetivo e formal do controle jurisdicional de constitucionalidade.
Voltando ao estudo da verificação dos tipos de controle de constitucionalidade, com relação ao aspecto
subjetivo, ou seja, tendo em vista os órgãos judiciários incumbidos da fiscalização da
constitucionalidade, ele divide-se nas formas difusa e concentrada.
Pelo meio difuso todos os juízes integrantes do Poder Judiciário podem efetuar a investigação da
constitucionalidade das leis, desde que isso seja levado ao crivo do magistrado como questão incidental,
inerente à causa de pedir e necessária à decisão do pedido. Haverá controle incidental de
constitucionalidade toda vez que o justo e escorreito deslinde de uma demanda depender da análise da
constitucionalidade das normas em discussão.
Destacar que, na Áustria, a fiscalização difusa de constitucionalidade somente pode ser exercida por
juízes integrantes dos tribunais de segunda instância, ao passo que no Brasil mencionada atribuição está
difundida entre todos os juízes, inclusive entre os membros de primeira instância.
Sob o aspecto formal, que é aquele que traduz o modo como a constitucionalidade das leis pode ser
levada ao conhecimento do Poder Judiciário, existem os meios incidental (exercitável por via de defesa)
e principal (via de ação direta).
Nesse passo, no método incidente, o controle da constitucionalidade é uma questão acessória, sendo
exercido de forma incidental a uma questão de mérito e, no meio principal, o controle é desenvolvido
via ação principal, porque seu objeto é justamente a verificação em tese da compatibilidade das normas
ordinária e constitucional.
O objeto das ações diretas é realizar um exame rigoroso da adequação vertical, sob os aspectos formal e
material, da norma guerreada com a Constituição, não existindo um caso concreto que fundamente seus
ajuizamentos. Por consequência, a discussão a ser deduzida nas ações do controle abstrato de
constitucionalidade ficará limitada ao cotejo da norma com a Constituição, excluída a análise de um
determinado caso concreto.
Assim, como o objeto das ações diretas é somente examinar a compatibilidade das normas com a
Constituição, inexiste uma lide intersubjetiva que fundamente o controle abstrato, motivo pelo qual não
há partes litigantes, sendo o processo de índole marcadamente objetiva.
A ação direta de inconstitucionalidade tem por objetivo defender a ordem jurídica como um todo, fazer
prevalecer o princípio da supremacia constitucional. Suscita-se uma questão de direito. O que se
pretende é verificar a compatibilidade da própria norma legal, cotejando-a com a regra ou o princípio
constitucional. Efetua-se, afinal, um juízo de conformidade, adequação ou harmonia da lei ou ato
normativo com o paradigma, que é o Texto Magno.
Os requerentes, a rigor, não estão defendendo um interesse próprio, ou procurando tutelar direitos
subjetivos, como já dissemos, sendo o seu escopo o de proteger a Constituição, preservar sua dignidade,
garantir sua supremacia, em nome da segurança do ordenamento jurídico[6]. Grifo nosso
Dessarte, o controle abstrato de constitucionalidade, que se destina à proteção das próprias regras e
princípios constantes do texto constitucional, na petição inicial de suas ações não se demonstrará a
existência de lesão a direitos próprios ou alheios, mas apenas a incompatibilidade formal e/ou material
do dispositivo legal com a Constituição, possuindo o processo natureza objetiva.
4. Conclusões
Em razão da rigidez, a Constituição somente pode ser alterada mediante processo legislativo mais
dificultoso e solene do que aquele previsto para edição das normas infraconstitucionais, o que faz com
que eventuais investidas de normas ordinárias contra o texto constitucional devam ser retiradas do
ordenamento jurídico por meio do controle de constitucionalidade.
Além disso, devido à supremacia constitucional, a Constituição está alocada no cume do sistema
jurídico, sendo o fundamento de validade para todos os outros atos normativos, motivo pelo qual
qualquer desrespeito às suas prescrições por parte de normas infraconstitucionais não possuem
validade, devendo, por conseguinte, serem excluídas do ordenamento jurídico pelo controle de
constitucionalidade.
Assim, como o controle de constitucionalidade, que pode ser exercido como questão principal ou
incidental, objetiva a preservação da Constituição, é valioso instrumento de defesa dos direitos e
garantias fundamentais, pois impede quaisquer lesões às suas prescrições.
5. Referências bibliográficas
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