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2° Ano Licenciatura em Direito.

Nome: Acub Mamud Varinde

Cadeira: Direito constitucional

INCONSTITUCIONALIDADE

Primeiramente para falarmos de Inconstitucionalidade teremos de definir o que e


Constitucionalidade.
Constitucionalidade É uma relação que se estabelece entre a Constituição e um
comportamento que lhe está conforme e que tem nela o seu referencial. Tem um caráter
normativo e valorativo, ou seja, o cumprimento ou não de certa norma jurídica conforme a
Constituição.
Agora Inconstitucionalidade entendemos como resultado do confronto de uma norma ou de
um ato com a Constituição, correspondem a atributos que tal comportamento recebe em face
de cada norma constitucional. A relação entre o comportamento ou entre a norma e a
Constituição deve ser uma relação direta, uma relação que afeta um ato ou uma omissão, ou
uma norma que esteja ou venha a estar em relação direta com a Constituição.
É uma relação de desconformidade, e não apenas de incompatibilidade.

Podemos ter como Tipos de Inconstitucionalidade


Inconstitucionalidade Material ou Interna – Quando atinge o conteúdo da norma – valorativa;

Inconstitucionalidade Formal ou Externa – Deficiência na formação ou exteriorização do ato


jurídico, quando atinge a forma;

Inconstitucionalidade Orgânica – Quando atinge uma norma de competência;

Inconstitucionalidade Superveniente – Se uma nova norma constitucional surge e com ela se


torna desconfortante uma norma preexistente, só pode ser material porque tempus regit actum
– as normas posteriores revogam as anteriores quando incompatíveis).
Há autores que defendem que em matéria constitucional, se pode distinguir entre a
inexistência relativamente aos atos para os quais faltem os requisitos considerados essenciais
pela Constituição, e nulidade ipso jure no que respeita aos atos que contradigam formal ou
substancialmente a Constituição, quando essa contradição não resulte da falta de um requisito
próprio da existência do ato. Sem entrar na discussão doutrinária profunda sobre a matéria,
pode dizer-se que a consequência necessária da inconstitucionalidade das leis é a nulidade
absoluta, pois é princípio fundamental na maioria das legislações, incluindo a moçambicana,
a prevalência das normas hierarquicamente superiores sobre as inferiores.

A regra geral estabelecida no nº 1 do artigo 66 da Lei nº 6/2006 de 2 de Agosto (Lei Orgânica


do Conselho constitucional) é que a declaração de inconstitucionalidade ou ilegalidade
produz efeitos desde a entrada em vigor da norma declarada inconstitucional ou ilegal e
determina a repristinação das normas revogadas. Contudo, uma exceção importante é a do nº
4 deste dispositivo legal que permite que o Conselho Constitucional fixe aos efeitos da
declaração de inconstitucionalidade ou ilegalidade alcance mais restritivo, desde que assim o
exijam a segurança jurídica, razões de equidade ou de interesse público.

A inconstitucionalidade pode também dividir-se em inconstitucionalidade por Acão, quando


se pratica um ato contrário à Constituição e por omissão, quando o poder político deixa de
pôr em vigor uma norma exigida por aquela.
A inconstitucionalidade pode ser total ou parcial, originária (quando a norma é oposta à
Constituição vigente), ou superveniente, quando o ato normativo era constitucional, mas a
alteração da Constituição tornou aquela incompatível com esta.
No que respeita aos sistemas de controlo da constitucionalidade, normalmente há referência
ao controlo judicial, quando é feito pelo judiciário, controlo político e controlo misto. O
sistema moçambicano aproxima-se do controle judiciário.

Nos sistemas de controlo judiciário distinguem-se o controle difuso, em que vários órgãos
realizam esse controlo e o controlo concentrado, em que um ou poucos órgãos têm
competências relativas à constitucionalidade dos actos. Moçambique segue o modelo do
controlo concentrado. Quanto ao momento de controlo, este pode ser preventivo, quando se
pretende evitar que determinada norma inconstitucional entre para o ordenamento jurídico, e
repressivo, quando se pretende verificar se uma norma, já em vigor, está ou não de acordo
com a Constituição

A inconstitucionalidade perante as Constituições flexíveis


Se o conceito ora proposto tem a pretensão de adequar-se a qualquer ordenamento jurídico, é
preciso que se preste também àqueles cuja Constituição é flexível. Note-se que a Constituição
flexível, antes de ser flexível, é Constituição: nisso se iguala às Constituições rígidas. Sempre
haverá valores essenciais à sociedade politicamente organizada e condutas contrárias a eles.
Por esse modo de ver, não há como negar a existência de inconstitucionalidade face a
Constituições flexíveis. Costuma-se tratar diferentemente, com relação às Constituições
flexíveis, as inconstitucionalidades material e formal. As inconstitucionalidades materiais
seriam insuscetíveis de ocorrer face às Constituições flexíveis, pelo argumento de Lourival
Vilanova, segundo o qual em vez de haver inconstitucionalidade, o Estado se constituiria de
modo diverso cada vez que se legislasse sobre matéria constitucional. Mas as
inconstitucionalidades não se verificam somente em relação a leis ou a omissões do Poder
Legislativo, senão ainda relativamente a normas ou omissões das autoridades administrativas.
E se se compreende a inconstitucionalidade de modo amplo, como fato social, há
inconstitucionalidade numa conduta qualquer (atualização de um valor) contrária à
Constituição, o que não significa que poderá ser sempre objeto de controlo, pois aquela não
implica este necessariamente. Nos países de Constituição flexível o controle será muito mais
político do que jurídico. Com relação à inconstitucionalidade formal, menos controvertida, o
desatendimento a normas de produção de outras normas é também um desvalor. Como
choque axiológico, o fenômeno aqui se dá igualmente ao verificado na inconstitucionalidade
material. A diferença entre inconstitucionalidade formal e material, sob esse especto, é
irrelevante. A repulsa à aceitação da possibilidade de inconstitucionalidades ocorrerem
relativamente a Constituições flexíveis dá-se pela fluidez dos valores postos nestas
Constituições, somada à confusão que se faz entre inconstitucionalidade e o controle dela. O
problema do controle da constitucionalidade não é o mesmo do conceito de
inconstitucionalidade e a aparente volubilidade dos valores das Constituições flexíveis não
significa obviamente que não existam valores constantes ou Constituição.

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