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Universidade Aberta ISCED

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

Curso de Licenciatura em Administração Pública

A inconstitucionalidade da Lei em Moçambique

Amizade João Tanieque

Nampula, Setembro , 2023


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Universidade Aberta ISCED

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

Curso de Licenciatura em Administração Pública

A inconstitucionalidade da Lei em Moçambique

Amizade João Tanieque

Curso: Licenciatura em Administração Publica.


Disciplina: Direito Constitucional
Ano de Frequência: 1º Ano

Nampula, Setembro , 2023


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Índice
Introdução ................................................................................................................................... 4

1. A Inconstitucionalidade .......................................................................................................... 5

2. O vício de inconstitucionalidade ............................................................................................ 6

3. A inconstitucionalidade da Lei em Moçambique ................................................................... 6

Conclusão ................................................................................................................................... 8

Referências Bibliográficas .......................................................................................................... 9


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Introdução

O presente trabalho da disciplina de Direito Constitucional. Tem como tema: A


inconstitucionalidade da Lei em Moçambique. Neste trabalho falar-se-á sobre a
inconstitucionalidade, o vício de inconstitucionalidade assim como a inconstitucionalidade da
Lei em Moçambique. Destaca-se como objectivo principal do trabalho: Compreender a
inconstitucionalidade da Lei em Moçambique a partir o vício de inconstitucionalidade.
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1. A Inconstitucionalidade

O termo "constitucional" não é unívoco e, pois, deve-se distinguir-lhes os sentidos.


"Constitucional" pode significar os valores essenciais que dão unidade à sociedade. São
aqueles encontrados na Constituição, que serão chamados constitutivos, para evitar a
ambiguidade; a qualidade que outro valor tem de ser conforme a valores constitutivos.

“A inconstitucionalidade é uma relação contrária de valores e é para nós um valor. É valor


porque a rejeitamos, desejamos que ela não exista. E sendo para nós um valor, implica o seu
valor contrário, pois os valores são polares” (Serejo, 2015).

“A inconstitucionalidade é um fenómeno social, consistente numa valoração


ordinária oposta a valores essenciais, oposição que implica um valor polar
preterido. Os problemas suscitados pela inconstitucionalidade no direito
positivo de um país devem ser solucionados a partir da observação do que é
efectivamente oposição à Constituição e do que a realiza, e em que
intensidade. O Direito extrai as notas jurídicas desse fenómeno e insere-o
como um desvalor em seu ordenamento. O controle de constitucionalidade
vai buscar precisamente sancionar esse desvalor” (Serejo, 2015)..

A inconstitucionalidade para nós é um valor negativo (desvalor) e, portanto, não deve ser. A
ela corresponde o que deve ser, isto é, a constitucionalidade, para nós um valor positivo e em
si uma relação coincidente de valores. Queremos realizar nossos valores constitutivos e
impedir que sejam violados.

Para Serejo (2015) a inconstitucionalidade é vista como unidade (externamente), é um valor


negativo para nós e implica uma constitucionalidade que desejamos; vista como relação
(internamente) o valor contrário aos valores constitutivos, que constitui um de seus termos, é
também um desvalor que implica o seu contrário, isto é, um valor possível harmónico com
aqueles valores essenciais e não actualizado (em potência).

A inconstitucionalidade ocorre porque houve uma opção, uma escolha, o que é necessário,
porque os termos de sua relação são valores. Ora, onde há opção, há preferência e há
preterição. Realmente, pode-se descrever a inconstitucionalidade como a actualização, pela
preferência do agente, de um valor contrário aos valores constitutivos e simultaneamente a
preterição de um valor coincidente com eles.
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2. O vício de inconstitucionalidade

De acordo com Caldeira (2010), a doutrina distingue entre vícios formais e vícios materiais.
São vícios formais aqueles que incidem sobre o acto normativo em si, independentemente do
seu conteúdo, mas atendendo apenas ao processo seguido para a sua expressão externa. Está-
se em presença destes quando os procedimentos adoptados para a elaboração de um acto se
chocam com a Constituição.

O vício formal que ocorre com mais frequência é o vício de iniciativa, no qual o projecto de
lei sobre matéria privativa ou reservada a uma determinada autoridade é proposto por pessoa
que não tem a competência exigida. Ex: parlamentar que propõe lei de competência privativa
do governador do Estado. “São vícios materiais aqueles que dizem respeito ao conteúdo do
acto, quando este conteúdo é contrário à chamada Lei-Mãe” (Caldeira, 2010).

3. A inconstitucionalidade da Lei em Moçambique

Há autores que defendem que em matéria constitucional, se pode distinguir entre a


inexistência relativamente aos actos para os quais faltem os requisitos considerados essenciais
pela Constituição, e nulidade, no que respeita aos actos que contradigam formal ou
substancialmente a Constituição, quando essa contradição não resulte da falta de um requisito
próprio da existência do acto. Sem entrar na discussão doutrinária profunda sobre a matéria,
pode dizer-se que a consequência necessária da inconstitucionalidade das leis é a nulidade
absoluta, pois é princípio fundamental na maioria das legislações, incluindo a moçambicana, a
prevalência das normas hierarquicamente superiores sobre as inferiores.

“A regra geral estabelecida no nº 1 do artigo 66 da Lei nº 6/2006 de 2 de Agosto (Lei


Orgânica do Conselho constitucional) é que a declaração de inconstitucionalidade ou
ilegalidade produz efeitos desde a entrada em vigor da norma declarada
inconstitucional ou ilegal e determina a repristinação das normas revogadas. Contudo,
uma excepção importante é a do nº 4 deste dispositivo legal que permite que o
Conselho Constitucional fixe aos efeitos da declaração de inconstitucionalidade ou
ilegalidade alcance mais restritivo, desde que assim o exijam a segurança jurídica,
razões de equidade ou de interesse público” (Caldeira, 2010).

Esta prerrogativa foi usada pelo Conselho Constitucional no caso CCLJ que adiante se
descreve. A inconstitucionalidade pode também dividir-se em inconstitucionalidade por
acção, quando se pratica um acto contrário à Constituição e por omissão, quando o poder
político deixa de pôr em vigor uma norma exigida por aquela.
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A inconstitucionalidade pode ser total ou parcial, originária (quando a norma é oposta à


Constituição vigente), ou superveniente, quando o acto normativo era constitucional, mas a
alteração da Constituição tornou aquela incompatível com esta (Neves, 1988).

No que respeita aos sistemas de controlo da constitucionalidade, normalmente há referência


ao controlo judicial, quando é feito pelo judiciário, controlo político e controlo misto. O
sistema moçambicano aproxima-se do controle judiciário.

De acordo com a Constituição da República de Moçambique (CRM), o Conselho


Constitucional tem como competências, entre outras, apreciar e declarar, com força
obrigatória geral, a inconstitucionalidade das leis e a ilegalidade dos actos normativos dos
órgãos do Estado.

O Nº 2 do artigo 245 da CRM estabelece quem pode solicitar a declaração de


inconstitucionalidade das leis e ilegalidade dos actos normativos dos órgãos do Estado,
permitindo-o, entre outros, a dois mil cidadãos. Seguem alguns exemplos de apreciação de
inconstitucionalidade e ilegalidade, trazendo um caso em que foi negado provimento ao
pedido de declaração de inconstitucionalidade, outro em que esse pedido foi aceite, e um
terceiro em que foi reconhecido haver ilegalidade, mas não inconstitucionalidade.
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Conclusão

Na realização deste trabalho teve como tema: A inconstitucionalidade da Lei em


Moçambique. No entanto podemos concluir que toda inconstitucionalidade deve ser excluída
do ordenamento jurídico, porque representa uma negação dele; e quando é necessária para o
ordenamento é sinal de que não é inconstitucional.
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Referências Bibliográficas

Caldeira, J. M. (2010). Inconstitucionalidade na Ordem Jurídica Moçambicana.


Moçambique.

Neves, M.(1988). Teoria da inconstitucionalidade das leis. São Paulo: Saraiva.

Serejo, P. (2015). Conceito de Inconstitucionalidade. São Paulo.

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