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4 Ano
Rosário Mauaua
4 Ano
Tutor:
Rosário Mauaua
Índice
1. Introdução.........................................................................................................................................2
2. Objectivos.........................................................................................................................................2
2.1. Objectivos gerais......................................................................................................................2
2.2. Objectivos específicos..............................................................................................................2
3. Efeitos da declaração de inconstitucionalidade................................................................................3
4. Modulação dos efeitos da decisão no controle abstracto de constitucionalidade.............................4
4.1. O efeito erga omnes..................................................................................................................5
4.2. O efeito no tempo.....................................................................................................................5
4.3. O efeito retroactivo ou ex tunc.................................................................................................5
4.4. O efeito prospectivo ou ex nunc...............................................................................................6
4.5. O efeito prospectivo ou pro futuro...........................................................................................7
4.6. O efeito repristinatório..............................................................................................................7
5. Restrição dos efeitos.........................................................................................................................7
6. Restrição de efeitos e isonomia........................................................................................................8
7. Restrição de efeitos e expectativa de direito e direito expectativo...................................................8
8. Conclusão.........................................................................................................................................9
9. Bibliografia.....................................................................................................................................10
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1. Introdução
O presente trabalho, faz parte do módulo de Justiça Constitucional, e aborda como tema:
Efeitos da declaração de inconstitucionalidade. Portanto,os efeitos da declaração de
inconstitucionalidade no ato administrativo em face da isonomia dos administrados e
investiga quais as consequências produzidas pela decisão de procedência da acção directa em
relação à expectativa de direito e ao direito expectado. Inicialmente, são abordados aspectos
ligados à supremacia da Constituição, sua origem e influência no ordenamento jurídico
moçambicano. Portanto, a declaração de inconstitucionalidade de lei in abstracto não tem
como consequência imediata a nulidade de todos os actos administrativos. Em muitos casos,
situações jurídicas não podem mais ser desconstituídas, e outras, considerando o tratamento
isonômico, devem ser constituídas, sob pena de nova inconstitucionalidade decorrente da
negação na aplicação de outros princípios de igual hierarquia.
2. Objectivos
2.1. Objectivos gerais
Descrever os Efeitos da declaração de inconstitucionalidade.
“... A Corte Warren, por exemplo, nos anos cinquenta, adoptou em várias
decisões um posicionamento que ia além da mera declaração de
inconstitucionalidade; assumia ademais um carácter prospectivo, indicando
linhas positivas a serem seguidas para a realização em profundidade da
Constituição, em particular para garantia dos direitos fundamentais e para a
luta contra a discriminação racial. Expressamente, a Suprema Corte rejeitou a
tese do desfazimento extunc dos efeitos do ato inconstitucional. No caso
Linkletter v. Wallker (1965), é citada a afirmação do Justice Cardozo, de que “a
Constituição nem proíbe nem reclama o efeito retroativo (retrospectiveeffec)”. E
no caso Stavall v. Denno (1967) é dito que a questão da retroatividade ou da
irretroatividade da desconstituição é uma opção de policy”.1
De acordo Manoel Gonçalves, no mesmo texto, informa ainda que Rui Barbosa difundiu no
Brasil a doutrina de Marshall e seus seguidores, na qual está presente a tese da nulidade do ato
inconstitucional. Sobre esse tema, o grande constitucionalista assim se expressa:
1
Ferreira Filho, Manoel Gonçalves. O valor do ato inconstitucional em face do direito positivo brasileiro.
Revista de Direito Administrativo nº 230, out./dez., 2002, pág. 220.
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“Um ato ou uma lei inconstitucional é um ato ou uma lei inexistente; uma
lei inconstitucional é lei apenas aparentemente, pois que, de fato ou na
realidade, não o é. O ato ou lei inconstitucional nenhum efeito produz,
pois que inexiste de direito ou é para o Direito como se nunca houvesse
existido.”
Assim, para Manoel Gonçalves Ferreira Filho, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal
não diverge da doutrina, sendo constante nas suas decisões a tese de que o ato inconstitucional
é nulo, e, uma vez declarada tal situação, consequência lógica é o desfazimento retroactivo de
seus efeitos em todo o tempo de sua vigência. No entanto, no direito brasileiro, por inexistir o
instituto do staredecisis, que torna inaplicável uma lei declarada inconstitucional próprio do
sistema norte-americano, a declaração de inconstitucionalidade somente atinge as partes
litigantes, resultando na possível continuidade de aplicação de uma norma inconstitucional.
Pode-se definir o efeito erga omnes ou contra todos como a eficácia geral da coisa julgada
que bloqueia a renovação processual da matéria, aplicável ao controle abstracto, quando o
Supremo Tribunal Federal declarar inconstitucional ato jurídico, impedindo que a mesma
questão seja outra vez submetida à Corte, eliminando do ordenamento a norma incompatível
com a Constituição. Esse efeito decorre do princípio da nulidade do ato inconstitucional, pois
este já nasce morto, e a declaração de inconstitucionalidade apenas reconhece essa situação.
O efeito pro futuro não pode ser confundido com o efeito exnunc, pois, enquanto este tem
eficácia a partir da publicação da decisão que declara inconstitucional o ato administrativo,
aquele tem, eficácia em outro momento no tempo, diverso da publicação da decisão, sendo
fixado pelo TS, constituindo inovação trazida pelo art. 27, da Lei 9.868/99 - quando a decisão
for proferida na acção declaratória de constitucionalidade e na acção declaratória de
inconstitucionalidade, e pelo art. 11, da Lei 9.882/99, quando for prolatada decisão na
arguição de preceito fundamental. Ambos os dispositivos autorizam o STF, observado o
quorum e por razões de segurança jurídica ou excepcional interesse social, a decidir o início
da eficácia no momento em que venha a estabelecer, sendo mais uma excepção ao princípio
da nulidade em todo o tempo – extunc.
O efeito repristinatório está expressamente previsto no art. 11, §2º, da Lei 9.868/99, na
hipótese de deferimento cautelar.
Segundo Olavo Alves Ferreira, “a doutrina entende que o mesmo é a regra das decisões de
mérito nas acções de controleabstracto.” Ainda, o referido autor ensina que: “Quanto às
decisões de mérito proferidas na acçãodirecta de inconstitucionalidade e na acção declaratória
de constitucionalidade, não há dúvida da existência do efeito em estudo como regra.
Entendemos que apenas têm efeitos repristinatórios, as decisões prolatadas neste último
instrumento, que reconheçam o descumprimento de preceito fundamental por parte de
determinado ato normativo, uma vez que o efeito repristinatório é aplicável apenas aos actos
normativos, e não a todo e qualquer ato do Poder Público.”
Também pode ser reconhecido valor ao ato inconstitucional, resultando estar a salvo os
efeitos já produzidos, não se desconstituindoextunc, conservando sua aptidão para produzir
efeitos para o futuro e mantendo sua eficácia, importando, novamente, numa convalidação. A
segunda restrição, sendo temporal, significa a possibilidade de ser fixado momento distinto, a
partir do qual o ato declarado inconstitucional deixa de produzir efeitos no mundo jurídico,
que pode ser com o trânsito em julgado da decisão ou outro que venha a ser fixado, no
passado ou no futuro.
O princípio da isonomia pode ser conceituado como aquele que determina que todos devem
receber o mesmo tratamento por parte da lei, sendo proibidas as discriminações carentes de
bom-senso e arbitrárias, sendo este um princípio universal de justiça. Aplicada ao presente
estudo, a isonomia deve ser observada pelo Supremo Tribunal Federal ou pela justiça de
maneira geral, ao declarar um ato nulo, sob pena de nova injustiça ser feita. Em especial,
quando declarado inconstitucional ato jurídico, legislativo ou administrativo, sendo possível
modular os efeitos dos actos nulificados restringindo os seus efeitos, há de se aplicar o
princípio da igualdade jurídica de todos perante a lei, pois, tanto o administrador operador do
direito quanto o administrado objecto do direito, presume que a norma entrou no mundo
jurídico observando o princípio constitucional da legalidade.
Declarada inconstitucional uma norma, dúvidas podem surgir com relação aos efeitos, em
face de situações existentes que poderão estar consumadas ou não. Aquelas situações já
consumadas, onde todos os actos ocorreram por preencherem os requisitos legais na vigência
da norma incompatível com a Constituição, não mais poderão ser alcançadas pela protecção
ao direito adquirido e ato jurídico perfeito.A expectativa de direito pode ser caracterizada
como uma sequência de elementos constitutivos, cuja aquisição vai ocorrendo
gradativamente, formando-se, até constituir-se, quando o último elemento o integrar, no
direito. Portanto, será expectativa, enquanto todos os requisitos necessários não estiverem
preenchidos.
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8. Conclusão
Como conclusão deste trabalho com tema acima arrolado, pode – se perceber que a
supremacia da ordem constitucional reflecte o carácter eminentemente rígido das normas
constantes do estatuto fundamental. Neste contexto, a autoridade normativa da Constituição é
decisiva na limitação da actividade estatal, sendo seu fundamento de validade e existência, o
que resulta na eficácia dos actos administrativos e legislativos, donde nenhum destes pode
contrariar seus princípios ou regras sob pena de serem invalidados.
Neste contexto, em sendo a lei inconstitucional, é uma lei anulável ou revogável com efeito
retroactivo e, nesse sentido, nula, mas esta norma foi válida até sua anulação, e a decisão. Por
sua nulidade, tem carácter constitutivo. Portanto, relativamente à questão da desconstituição
do ato inconstitucional, onde sustenta que a tese tradicional colocaria a inconstitucionalidade
no plano da existência, mas, para ele, ela se situaria no plano da invalidade, afirmando que o
ato jurídico deve ser situado no plano da existência, em que o fato jurídico, inclusive a regra
como fato, é ou não é; no da validade, em que o facto jurídico vale ou não vale; e no da
eficácia, que é o da irradiação do fato jurídico, concluindo que o ato inconstitucional entrou
no mundo do ser, existe, embora invalidamente e, para ser desconstituído, pode e deve ser
retroactivamente, mas não pode ser considerado como se não tivesse existido.
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9. Bibliografia
ÁVILA, Marcelo Roque Anderson Maciel. (2000), A garantia dos direitos fundamentais
frente às emendas constitucionais. Ciência Jurídica ad litteraset verba, v.14, n.93, maio/Junho.
BANDEIRA DE MELLO, Celso António. (1996), Curso de direito administrativo. 8ª ed., São
Paulo: Malheiros.