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ENSINO COM FUTURO

JUSTIÇA CONSTITUCIONAL

Efeitos da Declaração de Inconstitucionalidade

Licenciatura em Direito 4º ano

Discente: Anastância Virgílio Chaleca Ussalo

Docente:

Xai-Xai, Março De 2023

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Índice

1. Introdução ...............................................................................................................................3
1.1 Objectivo geral..............................................................................................................3
1.2 Objectivos específicos ...................................................................................................3
2. Noção da fiscalização da constitucionalidade ..........................................................................4
2.1. Principais conceitos ..........................................................................................................4
2.2. Evolução histórica da Fiscalização da constitucionalidade .............................................4
2.3 Fiscalização da constitucionalidade ....................................................................................5
2.4 Processos de fiscalização da constitucionalidade e da legalidade em Moçambique .............6
2.5 Tipos de Fiscalização da constitucionalidade .....................................................................7
2.5.1 Fiscalização abstrata da constitucionalidade ................................................................8
2.6. Fiscalização abstrata sucessiva .................................................................................... 12
2.10. Fiscalização da constitucionalidade e da legalidade dos referendos ............................ 17
2.11. Fiscalização da inconstitucionalidade por omissão ..................................................... 18
3. Conclusão ............................................................................................................................. 19
4. Referências bibliográfica ....................................................................................................... 20

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1. Introdução

O presente é subordinado ao tema: os efeitos da declaração de inconstitucionalidade.


Inconstitucionalidade é a desconformidade de normas infraconstitucionais com normas
constitucionais que lhes servem de fundamento.

Diante da inconstitucionalidade, para garantia da eficácia da Constituição a justiça constitucional


se manifesta por meio de três grandes modelos que obtiveram sua estruturação de acordo com a
vivência política e ideológica de cada sociedade em determinado momento histórico sendo:
sistema francês revolucionário operado pelo Parlamento, O sistema americano – judicial review e
sistema austríaco (Kelsiano) ou europeu.

Em Moçambique a garantia da constituição e assegurada fundamentalmente por dois meios


destintos previstos na Lei n.º 6/2006 De 2 de Agosto sendo: fiscalização preventiva e Sucessiva.
A estrutura do presente trabalho contém os seguintes elementos: Introdução (objectivos geral,
específicos e metodologia usada), Contextualização (Principais conceitos, Noção da Fiscalização
da Constitucionalidade, Evolução histórica, Tipos de Fiscalização da constitucionalidade e efeitos
da fiscalização da conclusão), a conclusão e referências bibliográfica.

1.1 Objectivo geral

 Desertar sobre os efeitos da declaração de inconstitucionalidade

1.2 Objectivos específicos

 Identificar os tipos de fiscalização da constitucionalidade


 Analisar os tipos de fiscalização da constitucionalidade
 Indicar o impacto da fiscalização da constitucionalidade
Para elaboração do presente trabalho recorreu se à pesquisa, bibliográfica cuja cingiu-se na leitura,
compreensão, seleção do conteúdo e posterior compilação da matéria cuja as respetivas referências

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estão devidamente apresentadas. Na mesma senda efetuou-se pesquisa em varias plataformas
virtuais com conteúdos que versam sobre matéria de direito.

2. Noção da fiscalização da constitucionalidade


2.1. Principais conceitos

Constituição é a lei fundamental e suprema de uma nação, ondem contem normas de formação de
poderes públicos, forma de governo, distribuição das competências, direitos e deveres dos
cidadãos.

Fiscalização consiste em examinar uma atividade para comprovar se cumpre com as normas em
vigor.

Norma jurídica é uma declaração que contém direitos ou obrigações para pessoas em um
determinado território.

2.2. Evolução histórica da Fiscalização da constitucionalidade

O sistema de fiscalização da constitucionalidade é um sistema bastante complexo, que vai ter uma
evolução ao longo da história. Nos termos de direito comparado destaca-se 3 sistemas de
fiscalização:

2.2.1. O sistema francês revolucionário operado pelo Parlamento

O presente sistema consiste em um caso em que a fiscalização da constitucionalidade é unicamente


exercida por um órgão político – legislativo; o Parlamento. Tratando-se assim de um sistema de
controle político. Tal sistema vigorou no ordenamento jurídico português até a Constituição de
1911, com execpção de um curto período, a partir da década de 90 do século XIX, em que começa
a existir fiscalização jurisdicional entre nós;

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2.2.2. O sistema americano – judicial review, desde 1803:

Este sistema é o sistema difuso em que cada juiz (sistema de controle jurisdicional) tem autoridade
para fiscalizar a constitucionalidade das leis em casos concretos à sua jurisdição submetidos. Ou
seja, o poder de fiscalização é atribuído a todos os órgãos judiciais, tirando da aplicação no caso
em concreto a norma considerada inconstitucional, e existindo a possibilidade de recurso para o
mais alto tribunal com jurisdição no caso em apreço. Este sistema foi consagrado a partir da
renomada sentença do juiz Marshall, em 1803, onde se extraiu a ideia de que cada juiz poderia cao
averiguar da conformidade da lei com a Constituição;

2.2.3. O sistema austríaco (Kelsiano) ou europeu

Sistema hoje generalizado na Europa: o sistema austríaco (também de controle jurisdicional) é um


sistema concentrado, onde a apreciação é atribuída a uma só instância jurisdicional, um órgão
constitucional próprio, um tribunal constitucional, jurisdição especializada e de nível único, não
relevando de caso concreto em juízo, como na judicial review americana. Este sistema foi
consagrado na Constituição da Áustria de 1920, daí o seu nome, e em cuja elaboração teve um
papel crucial Hans Kelsen.

2.3 Fiscalização da constitucionalidade

A fiscalização da constitucionalidade, todavia entende-se como sendo a intenção de controlar o


cumprimento ou acatamento da constituição. O fundamento da análise de constitucionalidade
encontra-se fundada na ideia da supremacia da Constituição escrita, da existência de uma “lei
maior” que se sobrepõe a todas as demais normas jurídicas existentes no país, bem como da ideia
de que por sua vez existe a necessidade de se prevenir a violação.

A instituição da fiscalização da constitucionalidade das leis e demais actos normativos do Estado


constitui, nos modernos estados constitucionais democrático, um dos mais relevantes instrumentos
de controlo do cumprimento e observância das normas constitucionais.

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A Constituição estabelece limites de atuação para o Estado, ou seja, todo e qualquer ato do Estado
deve estar conforme com a Constituição, sob pena de serem declarados inconstitucionais.

De acordo com (SILVA & ALVES,2016) a inconstitucionalidade e tida como sendo a


“desconformidade de uma norma ou de um ato praticado por órgãos do poder político com o texto
da Constituição”.

Inconstitucionalidade é a desconformidade de normas infraconstitucionais com normas


constitucionais que lhes servem de fundamento, sendo a ilegalidade a desconformidade de normas
infra legais com normas legais. Ibidem

2.4 Processos de fiscalização da constitucionalidade e da legalidade em Moçambique

Processos de fiscalização da constitucionalidade e da legalidade constam dos artigos 48 à 53 da


Lei 6/2006 sendo:

2.4.1. Recebimento e admissão

O pedido de apreciação da constitucionalidade ou da legalidade dos actos normativos dos órgãos


do Estado é dirigido ao Presidente do Conselho Constitucional e deve especificar, além das normas
cuja apreciação se requer, as normas ou princípios constitucionais violados.

No caso de falta, insuficiência ou manifesta obscuridade das indicações a que se refere o número
anterior, o Presidente notifica o autor do pedido para suprir as deficiências, após o que os autos
lhes são novamente conclusos para decidir sobre a sua admissão.

A decisão do Presidente que admite o pedido não afasta a possibilidade de o Conselho


Constitucional vir, a rejeitar, em definitivo.

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2.4.2. Não admissão do pedido

O pedido não deve ser admitido quando formulado por pessoa ou entidade sem legitimidade ou
quando as deficiências que apresentar não tiverem sido supridas. Se o Presidente entender que o
pedido não deve ser admitido, submete os autos ao plenário ao Conselho Constitucional, mandando
simultaneamente entregar as cópias do requerimento aos restantes juízes Conselheiros. A decisão
que não admita o pedido é notificada à entidade requerente.

2.4.3. Desistência do pedido

não é admitida a desistência do pedido, Audição do autor da norma, Admitido o pedido, o


Presidente notifica o órgão de que tiver emanado a norma impugnada para, querendo, se pronunciar
sobre ele no prazo de vinte dias ou, sendo o caso de fiscalização preventiva, no prazo de cinco
dias.

2.4.4. Poder de cognição

O Conselho Constitucional só pode declarar a inconstitucionalidade ou a ilegalidade de normas


cuja apreciação tenha sido requerida, mas pode fazê-lo com fundamento em violação de normas
ou princípios constitucionais diversos daqueles cuja violação foi invocada.

2.4.5. Registo de Accordão

Dos Acórdãos do Conselho Constitucional em que se declare a inconstitucionalidade ou


ilegalidade de uma norma é lavrado o registo em livro próprio e guardada a cópia, autenticada pelo
secretário, no arquivo do Conselho Constitucional.

2.5 Tipos de Fiscalização da constitucionalidade

A fiscalização dos actos normativos violadores das normas e princípios constitucionais reconduz-
se à fiscalização da inconstitucionalidade por acção que é a fiscalização típica exercida pelos

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órgãos de fiscalização, este tipo de fiscalização ocorre quando as produções de atos normativos
contrariem a Constituição, por motivos formais e por motivos materiais e inconstitucionalidade
por omissão, a que surge da falta de reação legislativa na regulamentação de constitucionais de
eficácia limitada porém não muito frequente no plano comparativo constitucional.

Fiscalização por Acção – pode ser fiscalização abstrata ou fiscalização concreta.

2.5.1 Fiscalização abstrata da constitucionalidade

A fiscalização abstrata consiste no poder de requerer ao Tribunal Constitucional a apreciação da


constitucionalidade ou da legalidade de normas jurídicas. Visa sobretudo a defesa da Constituição
e do princípio da constitucionalidade através da eliminação de actos normativos contrários à
Constituição. Por sua vez, esta classifica-se em:
 Fiscalização abstrata preventiva;
 Fiscalização abstrata sucessiva;

2.5.1.1 Fiscalização abstrata preventiva

Trata-se de uma fiscalização que se reflete sobre a eventual inconstitucionalidade de normas, e que
atua numa fase prévia à respetiva entrada em vigor, ou seja, é uma modalidade de fiscalização
prévia que intervém antes de a norma em causa ser promulgada ou ratificada.

De acordo com (MIRANDA, 2008) este mecanismo constitucional vai impedir com que violações
grosseiras e quiçá inequívocas da Constituição possam chegar a entrar em vigor.

A fiscalização preventiva desempenha duas funções bem distintas. Por um lado, impedir a entrada
em vigor de normas presumivelmente inconstitucionais, evitando assim a produção de efeitos, por
outro lado, afastar ou diminuir as reservas que tenham sido levantadas ou que presumivelmente
viriam a ser levantadas quanto à constitucionalidade do diploma e que poderiam enfraquecer a sua
legitimidade e, até, a sua eficácia.

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2.5.2. Pressupostos processuais

Das linhas traçadas já se pode verificar que a fiscalização preventiva de constitucionalidade é um


instrumento de alcance reduzido, tendo um corpo bem delimitado pelas leis constitucionais. Desta
forma, existem diversos requisitos que precisam estar presentes para que se verifique a ocorrência
da análise jurisdicional prévia de constitucionalidade, são os denominados pressupostos
processuais.

Em relação ao controle prévio é possível destacar quatro pressupostos que podem ser divididos em
categorias referentes ao tribunal, ao sujeito e ao processo.

2.5.3. Órgão Competente para Apreciação da inconstitucionalidade

Este pressuposto processual, de enquadramento relacionado ao tribunal, diz respeito à competência


constitucional atribuída, de modo que é necessário verificar a quem a lei destinou a tarefa de
praticar determinado ato, isto é, trata-se de analisar qual órgão é competente para exercer a tarefa
de fiscalizar preventivamente a constitucionalidade das normas.

De acordo com a Constituição da Republica de Moçambique (CRM), o Conselho Constitucional


tem como competências, entre outras, apreciar e declarar, com força obrigatória geral, a
inconstitucionalidade das leis e a ilegalidade dos actos normativos dos órgãos do Estado. O Nº 2
do artigo 245 da CRM estabelece quem pode solicitar a declaração de inconstitucionalidade das
leis e ilegalidade dos actos normativos dos órgãos do Estado, permitindo-o, entre outros, a dois
mil cidadãos.

2.5.4 Processos de fiscalização preventiva

2.5.4.1. Verificação preventiva da constitucionalidade

A requerimento do Presidente da República, o Conselho Constitucional aprecia preventivamente


a constitucionalidade de qualquer diploma que lhe tenha sido enviado para promulgação.

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2.5.4.2. Prazo para Verificação preventiva da constitucionalidade

De modo a finalizar o estudo acerca dos pressupostos processuais que rodeiam a fiscalização
preventiva de constitucionalidade, faz-se necessário abordar o requisito temporal que permeia a
matéria. Nos termos do artigo 54, nº 2,3,4,5 Lei n.º 6/2006 De 2 de Agosto a interposição de um
pedido de fiscalização está previamente delimitado, elucidando que: A apreciação preventiva da
constitucionalidade deve ser requerida no prazo de 30 dias a contar da recepção do diploma para
promulgação.

Requerida a apreciação da constitucionalidade, interrompe- -se o prazo de promulgação.


Caso o Conselho Constitucional se pronuncie pela inexistência da inconstitucionalidade, o novo
prazo de promulgação começa a correr a partir do conhecimento pelo Presidente da República do
acórdão do Conselho Constitucional.

Se o Conselho Constitucional se pronunciar pela inconstitucionalidade, o Presidente da República


veta e devolve o diploma à Assembleia da República.

2.5.4.3. Supressão de deficiências

Afim de se assegurar a devida admissão do pedido para fiscalização preventiva da norma, quando
feito por entidade com legitimidade, na falta, insuficiência ou manifesta obscuridade das
indicações das normas que se requer à apreciação e concomitantemente as normas constitucionais
violadas. É de cinco dias o prazo para o autor do pedido suprir deficiências, quando notificado.

O artigo 55 da Lei n.º 6/2006 De 2 de Agosto. Porém, deve-se ter em conta que, o pedido não
deverá ser admitido caso as deficiências supracitadas não tiverem sido devidamente supridas. Não
deverá ser admitido também, quando tiver sido formulado por pessoa ou entidade sem legitimidade
ou quando tiver sido apresentado fora do prazo previsto noa artigo supracitado.

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2.5.4.4. Admissão do pedido

Admitido o pedido, o Presidente do Conselho Constitucional notifica o órgão autor da norma para,
querendo, se pronunciar no prazo de cinco dias, artigo 56 da Lei n.º 6/2006 De 2 de Agosto. E feito
isso, o órgão autor da norma deverá então enviar a sua resposta à secretaria do Tribunal
Constitucional para que seja remetido então ao relator. De acordo com (MIRANDA.2017), esta
observância do contraditório surge em nome da procura objetiva da garantia da constitucionalidade
e da legalidade e em paralelo com o pluralismo presente no procedimento legislativo.

2.5.4.5. Distribuição

A distribuição é feita no prazo de um dia após o despacho de admissão do pedido. O processo é


imediatamente concluso ao relator, o qual tem o prazo de dez dias para elaborar o projecto de
acórdão, devendo, para o efeito, ser-lhe comunicada, logo que recebida, a resposta do órgão de
que emanou o diploma. Uma vez distribuído o processo, são entregues cópias do pedido aos
restantes juízes Conselheiros, do mesmo modo se procede com a resposta e o projecto de acórdão.

2.5.4.6. Decisão

Entregue o projecto de acórdão pelo relator, o processo é concluso ao Presidente do Conselho


Constitucional, para inscrição em tabela na sessão a realizar no prazo de dois dias, e são
distribuídas cópias do projecto de acórdão por todos os Juízes Conselheiros. Concluída a discussão,
o processo é concluso ao relator para elaboração do acórdão, ou, no caso de ficar vencido, ao Juiz
Conselheiro que o substituir, devendo ser adoptado pelo plenário no prazo de cinco dias.

2.5.4.7. Decisão e seus efeitos

Nos processos de fiscalização preventiva, para além das decisões de natureza processual
nomeadamente, de não conhecimento do pedido, o Tribunal Constitucional profere dois tipos de
decisões: pronuncia-se pela inconstitucionalidade (total ou parcial) ou não se pronuncia pela
inconstitucionalidade de cada norma submetida a juízo. O Presidente do Conselho Constitucional,

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após deliberação do plenário, notifica, de imediato, o Presidente da República, do acórdão
proferido quanto à existência ou inexistência de inconstitucionalidade, artigo 59 da Lei n.º 6/2006
De 2 de Agosto.

De acordo com (COSTA apud JERCIA 2020) as decisões do Tribunal Constitucional em sede de
fiscalização preventiva são verdadeiras e próprias para desencadear uma determinada eficácia
vinculativa, e não simples «pareceres». Inseridas como estão, porém, no próprio processo
legislativo, neste se esgota, por assim dizer, essa sua eficácia”.

Quando o Tribunal se pronuncia pela inconstitucionalidade, o Presidente da República ou o


Representante da República são obrigados a vetar o correspondente diploma e a devolvê-lo ao
órgão que o aprovou, tendo este último de se conformar com a decisão do Tribunal. Se o diploma
for alterado pelo órgão que o aprovou e expurgada a norma ou normas entendidas como
inconstitucionais, ou, no caso de se tratar da Assembleia da República ou das Assembleias
Legislativas das regiões autónomas, o diploma for confirmado por maioria qualificada de dois
terços, apesar do julgamento de inconstitucionalidade, o Presidente da República ou o
Representante da República têm a faculdade de o promulgar ou assinar. Tal não impede que o
Tribunal Constitucional venha mais tarde a julgar inconstitucionais essas normas, no âmbito das
outras formas de fiscalização da constitucionalidade.

Quando o Tribunal não se pronuncia pela inconstitucionalidade, o Presidente da República ou o


Representante da República, consoante o caso, devem promulgar ou assinar o diploma, podendo,
no entanto, exercer o direito de veto político, contando-se o respectivo prazo desde a publicação
da decisão do Tribunal Constitucional.

2.6. Fiscalização abstrata sucessiva

Fiscalização sucessiva consiste na observância de normas aplicadas ou desaplicadas nos processos,


ou seja, fiscalização abstrata sucessiva incide sobre normas jurídicas já em vigor. Este modelo de
fiscalização ocorre depois da publicação e tem por objecto normas já pertencentes à ordem jurídica
e a sua função é eliminá-las, ou pelo menos, afastar a sua aplicação.

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Para (CANOTILHO, 2002) a fiscalização sucessiva é definida como sendo “O controlo abstrato
sucessivo, também chamado controlo em “via principal”, em “via de acção” ou em “via direta”,
existe quando, independentemente de um caso concreto, se averigua da conformidade de quaisquer
normas com o parâmetro normativo-constitucional.

2.6.1. Processos de fiscalização sucessiva

O Conselho Constitucional aprecia e declara, com força obrigatória geral, a inconstitucionalidade


das leis e a ilegalidade dos demais actos normativos dos órgãos do Estado, em qualquer momento
da sua vigência (artigo 60.1). Para o efeito, o Tribunal Constitucional exercerá o papel de defensor
da Constituição, relativo ao legislador bem como órgão de garantia da hierarquia normativa da
ordem constitucional.

Podem requerer esta fiscalização o Presidente da República; O Presidente da Assembleia da


República; Um terço, pelo menos, dos Deputados da Assembleia da República; O Primeiro-
Ministro; O Procurador-Geral da República; O Provedor da justiça. O pedido de declaração da
inconstitucionalidade ou de ilegalidade submetido por deputados ou por cidadão deve ser instruído
nos termos do numero 1 e 2 do artigo 62 da LOTC.

6.6.2. Prazos e tramitação

Os pedidos de declaração de inconstitucionalidade ou de ilegalidade, podem ser apresentados a


todo o tempo. (, nº 1, do artigo 62º da Lei n.º 6/2006 De 2 de Agosto). O procedimento inicia-se
com a entrega de um requerimento dirigido ao Presidente do Tribunal Constitucional,
especificando as normas cuja apreciação se requer e as normas ou princípios constitucionais
violados.

Recebido o pedido, o Presidente do Conselho Constitucional tem precisamente 5 dias para autuar
e apresentar o pedido ao Presidente do Tribunal Constitucional, e este por sua vez tem o prazo de
10 dias para decidir sobre sua admissão, ou quiçá em caso de necessidade notificar o autor do

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pedido para que possa suprir as deficiências existentes relativamente à indicação das normas
constitucionais consideradas violadas. Nº 2 do artigo 62
Sendo notificado o autor, este terá igualmente o prazo de 10 dias para suprir as deficiências
constante no requerimento, nº 2 do art.º 62.º Lei n.º 6/2006 De 2 de Agosto.

2.6.3. Debate preliminar e distribuição

Junta a resposta do órgão de que emanou a norma, ou decorrido o prazo fixado para o efeito sem
que esta haja sido recebida, entregue, no prazo de quinze dias, cópia dos autos a cada um dos Juizes
Conselheiros, acompanhada de um memorando onde são formuladas pelo Presidente do Conselho
Constitucional as questões prévias e às de fundo a que o Conselho Constitucional tem que
responder, bem como de quaisquer elementos documentais reputados de interesse.

Decorridos, pelo menos, vinte dias, sobre a entrega do memoram: o, o mesmo é submetido ao
debate e fixada a orientação do Conselho Constitucional.O processo é distribuído a um relator
designado por sorteio ou, se o Conselho Constitucional assim o entender, pelo seu Presidente.

2.6.4. Pedidos com objecto idênticos

Admitido um pedido, quaisquer outros com objecto idêntico que venham a ser igualmente
admitidos são incorporados no processo respeitante ao primeiro. Sendo que o órgão de que emanou
a norma deverá então ser notificado da apresentação dos pedidos subsequentes, porém o Presidente
do Tribunal ou o relator poderão dispensar a sua audição sobre os mesmos, julgando desnecessário.
Ademais, se julgar-se necessário uma nova audição é concedida então 15 dias, ou prorrogado por
10 dias o prazo inicial se porventura ainda não estiver esgotado.

2.6.5. Formação do acórdão

Concluso o processo ao relator, é por este elaborado no prazo de quarenta dias um projecto de
acórdão de harmonia com a orientação fixada pelo Conselho Constitucional. A Secretaria distribui
por todos os Juízes Conselheiros cópias do projecto e conclui o processo ao Presidente do Conselho

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Constitucional, para inscrição em tabela na sessão do Conselho Constitucional que se realiza
decorridos, pelo menos Vinte dias, sobre a distribuição das cópias.

Quando ponderosas razões o justifiquem, pôde o Presidente do Conselho Constitucional, ouvido


o Conselho Constitucional, encurtar até metade os prazos referidos nos números anteriores.
Havendo solicitação fundamentada do requerente na apreciação prioritária, o Presidente do
Conselho Constitucional, ouvido o Conselho Constitucional, decide sobrei a atribuição de
prioridade à apreciação e decisão do processo.

2.6.6. Efeitos da declaração

No que tange aos efeitos da fiscalização da constitucionalidade abstrata sucessiva podemos nos
referir de modo geral que, A declaração de inconstitucionalidade ou de legalidade com força
obrigatória geral produz efeitos desde a entrada em vigor da norma declarada inconstitucional ou
ilegal e determina a repristinação das normas revogadas, nº 1 do Artigo 66 da Lei n.º 6/2006 De 2
de Agosto. Nesta senda, prof. José Cardoso Costa, entende que diante da fiscalização sucessiva
verifica-se uma diferença fundamental, conforme o Tribunal Constitucional se pronuncia pela
inconstitucionalidade de uma norma – decisões de acolhimento do pedido – ou em sentido
contrário – decisões de rejeição do pedido.

Ademais, Tratando-se, porém, de inconstitucionalidade ou de ilegalidade por infracção de norma


constitucional ou legal posterior, a declaração só produz efeitos desde a entrada em vigor da norma
posterior. Nestes termos, estabelece se uma eficácia retroactiva observando se um limite,
porquanto os casos julgados ficam ressalvados, salvo decisão em contrário do Conselho
Constitucional, quando a norma respeitar a matéria penal ou disciplinar e for de conteúdo menos
favorável ao arguido. De acordo professor José Cardoso Costa, “não são porém atingidos pela
declaração de inconstitucionalidade os efeitos jurídicos produzidos pela norma inconstitucional,
ou abrigo dela, que hajam entretanto constituído caso julgado, salvo se o Tribunal decidir
diversamente, quando esteja em causa uma norma punitiva menos favorável ao arguido.

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A decisão de não declaração de inconstitucionalidade não faz caso julgado, pelo que o Tribunal
não fica impedido, em sede de fiscalização abstracta ou de fiscalização concreta, de voltar a
apreciar e decidir no sentido da inconstitucionalidade de uma norma anteriormente não declarada
inconstitucional.

Quando a segurança jurídica, razões de equidade ou de interesse público de excepcional relevo,


que deve ser fundamentado, o exigirem, pode o Conselho Constitucional fixar os efeitos da
inconstitucionalidade ou da ilegalidade com alcance mais restritivo, nº4 do artigo 66 da Lei n.º
6/2006 De 2 de Agosto.

2.7. Fiscalização concreta da constitucionalidade e da legalidade

A fiscalização Concreta Difusa - traduz a consagração do Direito (e dever) de fiscalização dos


juízes relativamente a normas a aplicar a um caso concreto. É aquela que, na prática, preenche de
forma mais intensa a actividade do Tribunal Constitucional, ou seja, para que surja, é necessário
decorrer um processo num tribunal judicial ou administrativo (ALVES e LOPES, 2017).

Uma norma em desconformidade material, formal ou procedimental com a Constituição é nula,


devendo o juiz, antes de decidir qualquer caso concreto de acordo com esta norma, examinar se
ela viola as normas e princípios da Constituição.

Segundo (MIRANDA, 2008) Se houver uma conexão entre a questão objecto de causa e a questão
de constitucionalidade da norma aplicável, o juiz deverá decidi-la e não sustar o andamento do
processo. Da decisão caberá, depois, recurso, observados certos requisitos, para o Tribunal
Constitucional, que, por seu turno, decidirá também em concreto.

2.8. Recursos

O recurso tem por objecto decisões judiciais que recusem a aplicação de qualquer norma com base
na sua inconstitucionalidade; ou apreciação abstrata da constitucionalidade ou da legalidade de
qualquer norma, cuja aplicação tenha sido recusada, com justificação de inconstitucionalidade ou

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ilegalidade, por decisão judicial insuscetível de recurso interposto pelo Procurador-Geral da
República ou o Ministério Público artigo 67 Lei n.º 6/2006 De 2 de Agosto. De acordo com
(ALVES e LOPES, 2017) O recurso aos tribunais por partes das pessoas (físicas ou colectivas)
tem como finalidade o dirimir de pelo menos um conflito de interesses, para a extinção ou
modificação de uma relação jurídica.

2.10. Fiscalização da constitucionalidade e da legalidade dos referendos


2.10.1. Sujeição

Após a publicação da deliberação da Assembleia da República propondo a convocação de


referendo, se o Presidente da República pretender usar da competência referida na alínea c) do
artigo 159 da Constituição, submete ao Conselho Constitucional o texto do decreto Presidencial
ordenando a realização do referendo, acompanhado de cópia da deliberação da Assembleia da
República, para que o Conselho Constitucional proceda a verificação prévia da sua
constitucionalidade (artigo 76 Lei n.º 6/2006 De 2 de Agosto).

2.10.2. Prazo para apreciação

O Conselho Constitucional procede à fiscalização da constitucionalidade e da legalidade do


referendo no prazo de vinte dias, o qual pode ser encurtado, até um mínimo de dez dias, por
solicitação do Presidente da República por motivo de urgência.

2.10.3. Admissão do pedido

É de um dia o prazo do Presidente do Conselho Constitucional para admitir o pedido, verificar


qualquer irregularidade processual e convidar o Presidente da República para a suprir.

2.10.3. Distribuição

A distribuição é feita no prazo de um dia, constado a partir da data da admissão do pedido pelo
Presidente do Conselho Constitucional. O processo é imediatamente concluso ao relator, para no

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prazo de cinco dias, elaborar uma proposta de acórdão contendo o enunciado das questões sobre
as quais o Conselho Constitucional se deve pronunciar, bem como, a proposta de solução com
indicação sumária dos respectivos fundamentos, cabendo à Secretaria a remessa da resposta do
órgão de que emanou o diploma, logo que recebida.

Distribuído o processo, são entregues cópias do pedido a todos os Juízes Conselheiros, do mesmo
modo se procede com a resposta e a proposta do acórdão, logo que recebidos pela Secretaria.

2.10.4. Formação do acórdão

Com a entrega ao Presidente do Conselho Constitucional da proposta de acórdão, é para este


concluso o respectivo processo para o inscrever na ordem do dia da sessão plenária a realizar no
prazo de oito dias. Concluída a discussão e tomada a decisão pelo Conselho Constitucional, é o
processo concluso ao relator ou, no caso de este ficar vencido, ao juíz Conselheiro que deva
substituí-lo para elaboração do acórdão. O acórdão em que o Conselho Constitucional se pronuncie
pela inconstitucionalidade em processo de fiscalização preventiva impede, a título definitivo, a
respectiva decretação, salvo nos casos em que haja nova formulação de proposta referendária por
parte da assembleia da república.

2.11. Fiscalização da inconstitucionalidade por omissão

Este mecanismo de fiscalização destina-se a verificar a inexistência de medidas legislativas


necessárias para tornar exequíveis certos preceitos constitucionais. Trata-se, pois, de uma
pretensão que assenta não na existência de normas jurídicas inconstitucionais, mas na violação da
lei constitucional pelo silêncio legislativo. Este mecanismo é apenas alerta o legislador para ter
que legislar porém não previsto no ordenamento Jurídico Moçambicano.

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3. Conclusão

Feita abordagem sobre os efeitos da inconstitucionalidade constatou-se que no ordenamento


jurídico Moçambicano, a fiscalização da constitucionalidade pode ser de três tipos, sendo: abstrata
preventiva quando feita antes da norma jurídica entrar em vigor. Para (MIRANDA, 2008) este
mecanismo constitucional vai impedir com que violações grosseiras e quiçá inequívocas da
Constituição possam chegar a entrar em vigor.

Abstrata sucessiva a que incide sobre normas jurídicas já em vigor. Nos termos do artigo 62 da
LOTC os pedidos de declaração de inconstitucionalidade ou de ilegalidade, podem ser
apresentados a todo o tempo e a fiscalização concreta Difusa é aquela que surge no processo da
aplicação das normas jurídica diante de um caso concreto.
Ora, da análise do impacto da fiscalização da constitucionalidade observou-se ainda que quando
descoberta a inconstitucionalidade antes da norma jurídica entrar em vigorar o Presidente da
República ou o Representante da República veta a sua publicação e a devolvê-a ao órgão que o
aprovou. Pra sua revisão.

Ademais, a declaracao de inconstititucionalidade na fiscalização sucessiva determina a revogação


das normas juridicas e revisão da norma em causa, porém, no que concerne aos casos julgado
mediante a referida norma aplicar-se-a o principio da retroativiadade das normas juridicas.

No que tange a fiscalização concreta (JORGE MIRANDA, 2008) elucida que diante de um caso
concreto pesembora o juiz constate certa desconformidade seja material, formal ou procedimental
com a Constituição deverá decidi-la e não sustar o andamento do processo. Da decisão caberá,
depois, recurso, observados certos requisitos, para o Tribunal Constitucional, que, por seu turno,
decidirá também em concreto.

Outrossim, se o Conselho Constitucional der provimento ao recurso, ainda que só parcialmente,


os autos baixam ao tribunal de onde provieram, para reformar a decisão em conformidade com o
julgamento sobre a questão da inconstitucionalidade; e no caso de não provimento do recurso faz
caso julgado no processo quanto à questão da inconstitucionalidade suscitada.

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4. Referências bibliográfica

1. CANOTILHO, Jorge. Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 6ª Ed. Coimbra:


Almedina. 2002
2. LOPES, José Augusto Silva. ALVES, Dora Resende. Sobre a fiscalização da
constitucionalidade.2012
3. Miranda, J. Manual De Direito Constitucional – Inconstitucionalidade E Garantia Da
Constituição, Tomo Vi, 4ª Ed. 2013
4. MIRANDA, Jorge. A Fiscalização Da Constitucionalidade Uma Visão Panorâmica. Revista Do
Ministério Público. Rio De Janeiro: L¼Prj, N. 27, Jan./Mar. 2008 101-117
5. MIRANDA, J. Fiscalização Da Constitucionalidade. 2ª Ed. Almedina, S.A. 2017
6. ROCHA, Jércia Vanessa Carlos Da. Fiscalização Abstrata Da Constitucionalidade.
Universidade Lusófona De Humanidades E Tecnologias Faculdade De Direito.Lisboa.2020.
7. SILVA, Maria. & ALVES, Dora. Noções De Direito Constitucional E Ciência Política, 3ª
Edição. 2016

Legislação usada
1. Constituição da Republica de Moçambique
2. Lei n.º 6/2006 De 2 de Agosto

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