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UNIÃO DE ENSINO SUPERIOR DA PARAÍBA

FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS DE


NATAL

GRADUAÇÃO EM DIREITO
NOME DA DISCIPLINA PROFESSOR
JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL E CONTROLE Anderson Mário Trajano da
DE CONSTITUCIONALIDADE Silva
CARGA HORÁRIA: ANO/SEMESTRE: 2022.2
80h/a CURSO: Graduação em
Direito
REVISÃO
Roteiro de Aula 02 (Controle de Constitucionalidade:
Constitucionalidade e Inconstitucionalidade)

1.0-Conceitos de Constituição:
a) Constituição material: Instrumento formado pelas regras que disciplinam a
criação das normas essenciais do Estado, organizam os entes estatais e
consagram o procedimento legislativo.

b) Constituição formal: Conjunto de regras promulgadas com a observância de um


procedimento especial e que está submetido a uma forma especial de revisão.

c) Konrad Hesse: Ordem jurídica fundamental da sociedade, contendo as linhas


básicas do Estado e estabelecendo diretrizes e limites ao conteúdo da legislação
vindoura.

d) Constituição escrita (Canotilho):Não se limita a estabelecer os baldrames a


organização estatal e os fundamentos da ordem jurídica da comunidade, mas
desempenha relevante papel como instrumento de estabilidade, de
racionalização do poder do poder e de garantia da liberdade. Não se trata a
evidência, de um sistema isento de lacunas. E de certo modo, é essa ausência de
regulamentação minudente que assegura a abertura constitucional (Offenheit)
necessário ao amplo desenvolvimento do processo político.

2.0- Sistemas de Controle de Constitucionalidade: Conforme o ordenamento


constitucional analisado, é possível reconhecer três distintos sistemas de controle de
constitucionalidade: político, jurisdicional e misto.

a) Controle político aquele que é feito por órgão que não faz parte do Poder
Judiciário, podendo integrar o Executivo, o Legislativo ou ser órgão
especialmente voltado a promover a fiscalização da validade das leis sem
integrar nenhum dos Poderes do Estado. Na França, por exemplo, o controle de
constitucionalidade é feito pelo Conselho Constitucional, órgão não vinculado à
estrutura orgânica dos demais Poderes. No Brasil, há manifestação de controle
político quando o Presidente da República veta projeto de lei por
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inconstitucionalidade ou quando a Comissão de Constituição e Justiça de alguma


das Casas Legislativas rejeita uma proposição por inconstitucionalidade.

b) Controle jurisdicional, como o próprio nome indica, é feito pelo Poder


Judiciário, a partir da análise de casos concretos. Esse modelo foi criado pelos
Estados Unidos e representa a escolha da maioria das Constituições
contemporâneas, inclusive a nossa Constituição de 1988.

c) Controle misto é aquele em que a Constituição do Estado separa a competência


para a fiscalização de algumas normas a um órgão político e outras normas ao
Judiciário. É o caso da Suíça, por exemplo, em que leis nacionais sofrem
controle político e leis locais se submetem a controle jurisdicional.

3.0- Modelos de Controle de Constitucionalidade:

a) O controle difuso de constitucionalidade (também chamado aberto) surgiu nos


Estados Unidos da América, em 1803, a partir do famoso caso Marbury versus
Madison. É caracterizado por atribuir competência de fiscalização da validade
das leis a todos os órgãos do Poder Judiciário, Juízes e Tribunais, uma vez que
qualquer lei, para ser aplicada, precisa guardar compatibilidade com a
Constituição.

b) O controle concentrado (ou reservado) de constitucionalidade surgiu na Áustria,


em 1920, a partir do pensamento defendido por Hans Kelsen, segundo o qual um
único órgão deve ser encarregado de interpretar a Constituição com
definitividade. A análise da norma não parte de casos concretos, mas da própria
norma, em abstrato. Na Áustria, foi criado o Tribunal Constitucional Austríaco,
com função exclusiva de promover o controle de constitucionalidade das leis.

OBS: Com efeito, o controle de constitucionalidade de normas pode ocorrer pela


via incidental (de defesa, de exceção) e pela via principal (abstrata). A via
incidental é aquela que se materializa a partir de uma situação concreta levada
ao conhecimento do Poder Judiciário, na qual o objeto da ação não é a
declaração de inconstitucionalidade da norma, mas o reconhecimento do direito
pleiteado pelo autor a partir do afastamento de uma determinada lei ao caso
concreto. Dito de outra forma, o pedido de declaração de inconstitucionalidade
de lei não é o principal, mas tão somente acessório, é um incidente no processo.
Na via incidental, o autor da ação peticiona direito subjetivo fundamentado num
pedido acessório de declaração de inconstitucionalidade da lei que versa sobre o
assunto. A parte suscita o incidente de inconstitucionalidade, de modo que o
órgão julgador fica vinculado à análise da constitucionalidade da lei antes de
julgar o pedido principal. Destarte, esse controle é feito por qualquer juiz ou
Tribunal em qualquer tipo de processo, porque todas as normas jurídicas
extraem a sua validade da Constituição.
Por outro lado, na via principal, o pedido do autor é objetivo e recai sobre ato
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normativo, em tese, para resguardar a supremacia da Constituição. Questiona-se


a lei, em abstrato. O pedido é de declaração de inconstitucionalidade da norma.
OBS 2: No Brasil, o controle de constitucionalidade realizado pelo Poder
Judiciário tanto se dá pela via principal quanto pela via incidental. Todos os
juízes e Tribunais, diante de casos concretos fazem controle de
constitucionalidade e afastam a aplicação de leis inconstitucionais. Qualquer
pessoa interessada (ou prejudicada) poderá levar o seu caso concreto ao
conhecimento do Judiciário (estadual, federal, trabalhista, eleitoral, militar) e
incidentalmente suscitar controvérsia constitucional.
Na via principal, o órgão de cúpula do Poder Judiciário (o STF) aprecia a
constitucionalidade da norma, em tese. Apenas aqueles que foram autorizados
expressamente pela Constituição Federal têm legitimidade ativa para
impulsionar o controle abstrato.
Tomando-se por parâmetro a Constituição Federal, tão somente o Supremo
Tribunal Federal pode realizar o controle abstrato. Agora, se o parâmetro for a
Constituição estadual, o controle abstrato será feito pelo Tribunal de Justiça.

4.0- O controle abstrato é instaurado perante o Supremo Tribunal Federal por meio de
cinco distintas ações:
✓ Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI);
✓ Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO);
✓ Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC);
✓ Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF);
✓ Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva (ADI Interventiva).

5.0- Controle de Constitucionalidade feito pelo Poder Legislativo:

a) A Comissão de Constituição e Justiça (existente na Câmara dos Deputados e no


Senado Federal) aponta a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade de uma
proposição (artigo 53, III, do RI da Câmara e artigo 101, I, do RI do Senado).

b) O Congresso Nacional, por decreto legislativo, susta os atos do Executivo que


exorbitaram do poder regulamentar (decreto regulamentar) ou que extrapolaram
os limites da delegação (lei delegada), nos termos do artigo 49, V, da
Constituição Federal. Nos dois casos, o decreto legislativo produzirá efeito ex
nunc, porque o Legislativo não está declarando a inconstitucionalidade do ato do
Executivo, mas apenas promovendo a sua inaplicabilidade (a sustação da
eficácia). Vale dizer que o decreto legislativo utilizado para sustar o ato do
Executivo poderá ser objeto de questionamento ao Supremo Tribunal Federal
por meio de ação direta de inconstitucionalidade.

c) Rejeição, por inconstitucionalidade, de medidas provisórias editadas pelo


Presidente da República (artigo 62 da CF/88).

6.0- Controle de Constitucionalidade feito pelo Poder Executivo:


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a) O Presidente da República veta um projeto de lei por inconstitucionalidade


(artigo 66, § 1º, da CF/88).

b) O Presidente da República se recusa a cumprir lei que ele considera


inconstitucional e determina que os seus órgãos da Administração Pública
deixem de aplicar a norma (ADI -MC 221/DF).

c) O Presidente da República, para zelar pelo cumprimento da Constituição


Federal, nos casos autorizados pela Lei Maior, tem competência privativa para
decretar a intervenção federal nos Estados e no Distrito Federal (artigo 84, X, da
CF/88).

7.0-Inconstitucionalidade originária e superveniente: O primeiro ponto que devemos


deixar claro é o seguinte: nem tudo o que contraria a Constituição é inconstitucional. A
definição de uma lei ou ato normativo como inconstitucional pressupõe a observância
do elemento contemporaneidade, uma vez que não se adota no Brasil a teoria da
inconstitucionalidade superveniente.

8.0- Inconstitucionalidade material e formal: A inconstitucionalidade, diferente do que


se aplica à teoria da recepção ou da revogação do direito préconstitucional, pode ser
material ou formal (na aplicação da teoria da recepção, interessa apenas a
compatibilidade material).
A inconstitucionalidade material (ou nomoestática) é o descompasso entre o conteúdo
da lei e o conteúdo da Constituição. Por outro lado, a inconstitucionalidade formal (ou
nomodinâmica) é a desobediência ao processo legislativo estabelecido pela Constituição
Federal quando da criação da norma.

9.0- Inconstitucionalidade total ou parcial: Conforme o alcance da declaração, a


inconstitucionalidade poderá ser total ou parcial. Na primeira hipótese, como o próprio
nome sugere, a declaração de inconstitucionalidade alcança todo o ato normativo e, na
segunda hipótese, apenas parte dele.
Merece destaque a declaração parcial de inconstitucionalidade, porque diferente daquilo
que se aplica ao veto, poderá recair não apenas em artigos, incisos, alíneas e parágrafos,
mas também em pedaços de incisos, trechos isolados de artigos e até mesmo em
palavras isoladas.
A declaração parcial de inconstitucionalidade pode ocorrer com ou sem redução de
texto. Na primeira hipótese, a parte da lei declarada inconstitucional desaparece do
ordenamento jurídico. Na segunda hipótese, nenhuma palavra é suprimida do texto da
norma, mas a aplicação em relação a determinadas pessoas, entes e circunstâncias é
reconhecida inconstitucional, fato que gera a inaplicabilidade da lei para uns a
aplicabilidade para outros.

9.1- Exemplos:
O artigo 14 da EC 20/1998 disciplinou o limite máximo para o valor dos
benefícios do regime geral de previdência social e trouxe a seguinte redação:
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“O limite máximo para o valor dos benefícios do regime geral de previdência


social de que trata o art. 201 da Constituição Federal é fixado em R$ 1.200,00
(um mil e duzentos reais), devendo, a partir da data da publicação desta Emenda,
ser reajustado de forma a preservar, em caráter permanente, seu valor real,
atualizado pelos mesmos índices aplicados aos benefícios do regime geral de
previdência social.”

O Supremo Tribunal Federal, ao julgar procedente a ADI 1.946, declarou que o


teto dos benefícios do regime geral de Previdência Social não abrange o salário da
licença-gestante, que pode ultrapassar esse limite. Perceba: a limitação continua válida
para outros benefícios, mas não se aplica ao benefício do salário maternidade (licença-
gestante), que deve ser pago sem subordinação ao teto e sem prejuízo do emprego e do
salário, conforme o art. 7º, XVIII, da Constituição Federal. Note que não foi afastada
apenas uma interpretação possível do dispositivo, mas ocorreu a retirada da norma do
ordenamento jurídico no que tange ao salário maternidade, isto é, foi declarada a
inconstitucionalidade do artigo, embora o dispositivo continue válido em relação a
outros benefícios.
O Supremo Tribunal Federal, por vezes, em razão do princípio da presunção de
constitucionalidade das leis, também utiliza a técnica da interpretação conforme a
Constituição. Isso acontece quando uma norma é polissêmica, isto é, admite mais de
uma possibilidade interpretativa, sendo que uma delas é compatível com a Constituição.
Assim, o STF afasta as interpretações incongruentes com a Constituição e
indica aquela que se compatibiliza com a Lei Maior. Foi o que ocorreu, por exemplo, no
julgamento da ADI 4.277, na qual o STF deu interpretação conforme a Constituição ao
artigo 1.723 do Código Civil, para reconhecer as uniões homoafetivas como entidades
familiares.

“É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a


mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida
com o objetivo de constituição de família.”

Observe que o dispositivo não impede expressamente (de modo claro) a união
entre pessoas do mesmo sexo, mas permite interpretação duvidosa, de modo que o
tribunal apontou qual deve ser a interpretação adequada, à luz da Constituição Federal.
Perceba que, na declaração de inconstitucionalidade sem redução de texto,
ocorre a declaração de inconstitucionalidade da norma, embora o texto permaneça no
ordenamento jurídico. Por outro lado, na interpretação conforme a Constituição, a
norma é declarada constitucional. Com efeito, caso seja utilizada a declaração parcial de
inconstitucionalidade sem redução de texto, será preciso respeitar a cláusula da Reserva
de Plenário prescrita no artigo 97 da Constituição Federal, segundo a qual a declaração
de inconstitucionalidade depende de decisão da maioria absoluta do Plenário ou do
Órgão Especial.
Por outro lado, na interpretação conforme a Constituição, não há necessidade de
provocação do Plenário ou Órgão Especial, porque esta forma de solução de
controvérsia constitucional é técnica de hermenêutica que visa a preservar o texto
questionado por meio da declaração de sua constitucionalidade.
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No controle de constitucionalidade concentrado, quando o STF aplica a


interpretação conforme a Constituição, a ADI é julgada improcedente, uma vez que a
regra é reputada constitucional; já na declaração de inconstitucionalidade parcial sem
redução de texto, a ADI é julgada procedente, em parte.
A declaração parcial de inconstitucionalidade sem redução de texto e a
interpretação conforme a Constituição são técnicas autônomas de controle de
constitucionalidade. Na primeira, há a subtração de alguma situação jurídica abrangida
pelo texto normativo, na segunda, o apontamento da interpretação que se compatibiliza
com a Constituição Federal. Ambas podem ser aplicadas no controle difuso e no
controle concentrado de constitucionalidade.

10- Inconstitucionalidade direta e indireta:

A inconstitucionalidade é direta quando uma lei ou um ato normativo primário


contraria dispositivo contido na Constituição, seja no conteúdo ou na forma.
A inconstitucionalidade é indireta (ou reflexa) quando o vício se dá em relação a
uma espécie normativa primária e não em face de norma constitucional diretamente. No
caso brasileiro, nos termos da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a ofensa a
normas primárias e ao texto constitucional apenas indiretamente não é tratada como
inconstitucionalidade, mas apenas como ilegalidade.
Exemplo: suponha que o Presidente da República tenha editado decreto para
regulamentação de uma lei, mas ao fazê-lo, acabou extrapolando o poder regulamentar e
inovando o ordenamento jurídico. Essa extrapolação, ainda que afronte dispositivo da
Constituição, não será resolvida no campo do controle de constitucionalidade, mas no
âmbito do controle de legalidade. Note que o decreto estava vinculado à uma lei e não
diretamente à Constituição.

11- Inconstitucionalidade por ação e por omissão:


É preciso ter em mente, ainda, que a inconstitucionalidade pode ser decorrente
de ação (inconstitucionalidade positiva) ou de omissão (inconstitucionalidade negativa)
do Poder Público.
A inconstitucionalidade por ação resulta de uma conduta comissiva praticada por
um órgão ou autoridade do Estado. É o que acontece, por exemplo, quando o Congresso
Nacional elabora lei contrária à Constituição, ou quando o Presidente da República edita
medida provisória incompatível com a Lei Maior.
A inconstitucionalidade por omissão, por outro lado, é fruto de uma omissão do
legislador, de um não agir. Há normas constitucionais que dependem de regulamentação
para produzir todos os seus efeitos jurídicos, de modo que quando os órgãos estatais
deixam de elaborar a norma regulamentadora (omissão total) ou o faz
insatisfatoriamente (omissão parcial), o texto constitucional fica prejudicado.

12- Inconstitucionalidade circunstancial, chapada e derivada:

a) A inconstitucionalidade circunstancial é uma técnica de controle de


constitucionalidade que permite preservar a legislação cuja
inconstitucionalidade seja apenas circunstancial. Trata-se de um
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reconhecimento de inconstitucionalidade que é apenas momentâneo, em


razão de circunstâncias fáticas excepcionais e não do conteúdo da norma.

Exemplo: O Partido Progressista, em março de 2020, ingressou com ação direta


de inconstitucionalidade, para requerer a suspensão por trinta dias do prazo para filiação
partidária, domicílio eleitoral e desincompatibilização para as eleições de 2020, em
razão da pandemia da Covid-19 (ADI 6.359). Na inicial, o partido alegou que a
manutenção do prazo viola os princípios do Estado Democrático de Direito, da
soberania popular e da periodicidade do pleito previstos na Constituição Federal.
Perceba: a fixação de prazo em si não traz nenhuma ofensa à norma constitucional, mas
segundo o PP, dadas as circunstâncias trazidas pela pandemia, a sua manutenção feriria
normas constitucionais. Note: haveria uma momentânea inconstitucionalidade. Vale
ressaltar que o STF negou o pedido formulado na inicial, mas de toda forma, fica o
exemplo para ilustrar a chamada inconstitucionalidade circunstancial.

Roteiro de Aula 03 (CONTROLE DIFUSO DE


CONSTITUCIONALIDADE)

1.0- Origens: O controle difuso de constitucionalidade surgiu nos Estados Unidos,


em 1803, a partir da análise do famoso caso Marbury versus Madison. John
Adams, Presidente dos Estados Unidos, derrotado nas urnas por Thomas
Jefferson, resolveu, antes de deixar o cargo, nomear William Marbury como juiz
federal. Embora tenha tomado a decisão, Adams deixou de formalizar o ato
(entregar a "comissão").
Jefferson, ao assumir o governo, nomeou Madison como Secretário de
Estado e determinou que este não efetivasse a nomeação de Marbury. O caso foi
parar na Suprema Corte. O impasse foi o seguinte: a Constituição dos Estados
Unidos não dava ao Tribunal a competência para julgar a matéria
originariamente, mas apenas como recurso. Por outro lado, a lei dava ao
Tribunal a competência. Então, teria a lei revogado dispositivo da Constituição?
Ficou decidido que havendo conflito entre a aplicação de uma lei em um caso
concreto e a Constituição, deve prevalecer a Constituição, que é norma de maior
hierarquia.
Do julgado histórico acima relatado, nasceu o controle difuso de
constitucionalidade, também conhecido como sistema americano de controle. A
principal característica desse modelo é o reconhecimento de que qualquer órgão
do Judiciário, ao analisar caso concreto, pode fazer o controle de
constitucionalidade e afastar a aplicação de uma determinada lei, a fim de primar
pela supremacia da Constituição.
No Brasil, o controle difuso foi consagrado desde a Constituição de 1891.
Por esse sistema, qualquer juiz ou Tribunal, dentro do limite de sua atuação,
pode declarar ao caso concreto, a inconstitucionalidade de uma norma. No
controle difuso, a solução do caso concreto depende da análise da
compatibilidade da norma que o fundamenta com a Constituição. O autor da
ação, quando procura o Judiciário, não o faz para obter uma declaração de
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inconstitucionalidade de lei, mas para requerer direito próprio, cujo fundamento


é a Constituição.
A arguição de inconstitucionalidade da norma que está sendo aplicada ao
caso concreto é apenas um incidente no processo, é um pedido acessório, razão
pela qual esse controle de constitucionalidade é também conhecido como
incidental.
Não há uma ação específica no controle difuso destinada a impulsionar
uma atividade do Judiciário.
Como a arguição de inconstitucionalidade é apenas um incidente no
processo, nas ações anulatórias, nas obrigações de fazer, nas ações penais, nas
reclamações trabalhistas, nos remédios constitucionais, nos recursos, dentre
outras possibilidades, será possível requerer o afastamento de lei contrária à
Constituição.
Como o controle de constitucionalidade de norma não é o pedido
principal e as ações podem ser múltiplas, qualquer juiz ou Tribunal,
evidentemente, cada um no âmbito de sua competência, poderá declarar a
inconstitucionalidade de lei e, por consequência, afastar a sua aplicação àquele
caso concreto.

2.0- Legitimação ativa:

A pretensão formulada em juízo se dá por meio de um processo


constitucional subjetivo, cuja legitimidade ativa é atribuída a qualquer pessoa
que teve seu direito violado em um caso concreto.
Como o controle difuso de constitucionalidade se dá pela via incidental,
qualquer das partes do processo, os eventuais terceiros interessados e o
Ministério Público, na qualidade de fiscal da lei, têm legitimidade para provocar
o Judiciário e requerer, no caso concreto, a declaração de inconstitucionalidade
de uma norma.
Cabe ressaltar que juízes e Tribunais poderão, de ofício, declarar a
inconstitucionalidade de uma lei, afastando-a do caso concreto.
Note: no controle difuso, os Tribunais e os juízes poderão, sem que as
partes tenham requerido expressamente, declarar a inconstitucionalidade de uma
norma, porque é dever desses órgãos zelar pela supremacia da Constituição.

3.0- Norma parâmetro e objeto da ação:

Todas as normas formalmente constitucionais, ainda que já revogadas,


desde que vigentes à data do fato, poderão ser utilizadas como parâmetros de
controle difuso de constitucionalidade. Os dispositivos contidos em tratados
internacionais sobre direitos humanos, aprovados pelo Congresso Nacional em
dois turnos, em cada Casa, com quórum de três quintos, têm valor de emendas
constitucionais e também são parâmetros de controle de constitucionalidade.
O objeto da ação pode ser qualquer ato emanado do poder público,
independentemente de ser primário ou secundário; normativo ou não normativo;
da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios.
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O direito pré-constitucional também poderá ser questionado ao


Judiciário. Basta que, no momento do fato, o ato praticado tenha violado
dispositivo da Constituição e, consequentemente, direito subjetivo. Assim, na
vigência da Constituição de 1988, poderia ser questionado um ato praticado em
1980 e que não guardou compatibilidade com a Constituição de 1967/69.

4.0- Espécies de ações e competência:

Como no controle difuso a via de atuação é incidental, qualquer ação


judicial poderá impulsioná-lo, independentemente da natureza (cível, penal,
administrativa, trabalhista, eleitoral) ou do rito (comum ou especial).
Até mesmo os remédios constitucionais e a ação civil pública poderão ser
utilizados como instrumentos idôneos capazes de impulsionar o controle de
constitucionalidade das leis, desde que o façam incidentalmente. Por certo, essas
ações não poderão ser utilizadas para requerer, em abstrato, a declaração de
inconstitucionalidade de leis, não poderão ser utilizadas para questionar lei em
tese.
No controle difuso de constitucionalidade, qualquer juiz ou Tribunal, no
âmbito de sua competência, poderá declarar a inconstitucionalidade de uma lei,
para afastar a sua aplicação ao caso concreto. Nos Tribunais, será preciso
respeitar a cláusula da reserva de plenário, insculpida no artigo 97 da
Constituição Federal.

5.0- Efeitos da decisão:

No controle difuso, a decisão que afasta a aplicação de uma norma ao


caso concreto só alcança as partes do processo (eficácia inter partes), de modo
que a lei atacada continua a existir no ordenamento jurídico e a produzir os seus
efeitos para terceiros. Note: a decisão só fará coisa julgada para as partes do
processo.
A decisão, em regra, produz efeitos retroativos desde a origem (ex tunc),
uma vez que a norma declarada inconstitucional é nula. Entretanto, mesmo sem
previsão legal expressa, o Supremo Tribunal Federal admite a modulação de
efeitos da decisão também em controle difuso, de modo que por decisão de dois
terços de seus membros, em situações excepcionais, tendo em vista razões de
segurança jurídica ou relevante interesse social, o efeito ex tunc poderá ser
modulado para ex nunc (efeito prospectivo) ou algum outro definido pelo
Tribunal.
No controle difuso, a decisão não produz efeito vinculante em relação
aos demais órgãos do Judiciário e a Administração Pública, até porque a lei
atacada continua a produzir efeitos e deixa de ser aplicada apenas às partes do
processo.

6.0- Controle difuso feito pelo STF:


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O Supremo Tribunal Federal, órgão de cúpula do Poder Judiciário,


guardião da Constituição Federal, não faz apenas controle concentrado de
constitucionalidade, mas também controle difuso.
Nas ações da competência originária do Tribunal, bem como em sede de
recurso ordinário ou de recurso extraordinário, o STF promove a declaração de
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, incidentalmente, por provocação
ou de ofício.
Ponto de discussão a respeito da competência do Supremo Tribunal
Federal no controle difuso de constitucionalidade é quanto aos efeitos de sua
decisão. Teria também a decisão a eficácia apenas para as partes do processo?
A doutrina tradicional aponta que sim, uma vez que o artigo 52, X, da
Constituição Federal, confere ao Senado Federal a competência para "suspender
a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão
definitiva do Supremo Tribunal Federal."
A interpretação tradicional da doutrina orienta que qualquer decisão em
sede de controle difuso de constitucionalidade, ainda que proferida pelo STF,
tem eficácia inter partes e só passará a ter efeitos para todos (erga omnes) após a
publicação de resolução do Senado, para suspender a aplicação da lei.
Com efeito, por essa visão, caberia ao STF, ao declarar a
inconstitucionalidade de uma lei ou de um ato normativo, comunicar ao Senado,
para que este, caso entenda necessário, a fim de evitar um volume muito grande
de ações judiciais a respeito da mesma matéria, afaste a aplicação da lei. Daí
teríamos a decisão do STF com efeitos inter partes e ex tunc e a resolução do
Senado com efeitos erga omnes e ex nunc.
Por outro lado, outros doutrinadores e alguns Ministros do Supremo
Tribunal Federal, têm desde muito tempo, indicado uma nova interpretação ao
artigo 52, X, da CF/88. Essa corrente defende a ocorrência de uma verdadeira
mutação constitucional do dispositivo (mudança na interpretação sem alterar o
texto), a partir do que se chama "abstrativização do controle difuso". Significa
dizer que decisões do Supremo
Tribunal Federal, no controle difuso de constitucionalidade, têm, assim
como funciona no controle abstrato, eficácia contra todos (efeito erga omnes) e
não dependem da resolução do Senado.
Para essa corrente doutrinária, a competência do Senado para suspender a
execução de lei declarada definitivamente inconstitucional pelo STF só tinha
sentido quando o controle abstrato era reduzido, era iniciado apenas pelo
Procurador-Geral da República e não contemplava o direito municipal. Hoje, a
ação direta de inconstitucionalidade pode ser proposta por mais de uma centena
de pessoas e seu rol de legitimados ativos contempla todos os seguimentos da
sociedade, fato que por si só demonstra a democratização do controle
concentrado. Some-se que a arguição de descumprimento de preceito
fundamental possibilitou que as leis e os atos normativos municipais fossem
levados diretamente ao Supremo Tribunal Federal por meio do controle abstrato.
Por todo o exposto, constata-se que uma norma tanto poderá chegar ao
STF por meio de um instrumento do controle difuso quanto por meio do controle
concentrado, de modo que não faz sentido uma decisão produzir efeito erga
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omnes e outra produzir efeito inter partes apenas porque o meio processual foi
distinto, mas o órgão julgador foi o mesmo, inclusive respeitando-se a exigência
da reserva de plenário.
Outro aspecto que ajuda a reforçar a tese da abstrativização do controle
difuso é a criação da Súmula Vinculante, nos termos do artigo 103A da
Constituição Federal. Ora, a Constituição autoriza que o STF, após reiteradas
decisões sobre uma determinada matéria, por decisões de dois terços de seus
membros, aprove súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial,
vincule aos demais órgãos do Poder Judiciário e a toda a Administração Pública.
Assim, fica claro que o Tribunal não depende da resolução do Senado para que
suas decisões produzam eficácia contra todos e efeito vinculante.
O tema que já havia sido enfrentado pelo STF na Reclamação 4335/AC,
voltou à baila a partir do julgamento conjunto de duas ações diretas de
inconstitucionalidade (3406/RJ e 3470/RJ), em 2017, nas quais se discutiu
norma do Rio de Janeiro que proibia a extração de amianto. Embora em sede de
ação direta de inconstitucionalidade, foi declarada também, incidentalmente, de
ofício, a inconstitucionalidade do artigo 2º da Lei federal 9.055/1995, com efeito
vinculante e “erga omnes” (Informativo 886).
Percebe-se no julgamento das ações que o Supremo Tribunal Federal
revisitou a sua jurisprudência e passou a admitir a mutação constitucional do
artigo 52, X, da Constituição Federal, de modo que é possível afirmar o
seguinte:

EMENTA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI Nº 3.579/2001


DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.
SUBSTITUIÇÃO PROGRESSIVA DA PRODUÇÃO E DA COMERCIALIZAÇÃO
DE PRODUTOS CONTENDO ASBESTO/AMIANTO. LEGITIMIDADE ATIVA AD
CAUSAM. PERTINÊNCIA TEMÁTICA. ART. 103, IX, DA CONSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA. ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL POR
USURPAÇÃO DA COMPETÊNCIA DA UNIÃO. INOCORRÊNCIA.
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA CONCORRENTE. ART. 24, V, VI E XII, E §§ 1º A
4º, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. CONVENÇÕES NºS 139 E 162 DA OIT.
CONVENÇÃO DE BASILEIA SOBRE O CONTROLE DE MOVIMENTOS
TRANSFRONTEIRIÇOS DE RESÍDUOS PERIGOSOS E SEU DEPÓSITO.
REGIMES PROTETIVOS DE DIREITOS FUNDAMENTAIS. INOBSERVÂNCIA.
ART. 2º DA LEI Nº 9.055/1995. PROTEÇÃO INSUFICIENTE. ARTS. 6º, 7º, XXII,
196 E 225 DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. CONSTITUCIONALIDADE
MATERIAL DA LEI FLUMINENSE Nº 3.579/2001. IMPROCEDÊNCIA.
DECLARAÇÃO INCIDENTAL DE INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 2º DA
LEI Nº 9.055/1995. EFEITO VINCULANTE E ERGA OMNES .
1. Legitimidade ativa ad causam da Confederação Nacional dos Trabalhadores na
Indústria - CNTI (art. 103, IX, da Constituição da República). Reconhecimento da
pertinência temática com o objeto da demanda, em se tratando de confederação sindical
representativa, em âmbito nacional, dos interesses dos trabalhadores atuantes em
diversas etapas da cadeia produtiva do amianto. 2. Alegação de inconstitucionalidade
formal por usurpação da competência da União. Competência legislativa concorrente
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(art. 24, V, VI e XII, e §§ 1º a 4º, da CF). A Lei n° 3.579/2001, do Rio de Janeiro, que
dispõe sobre a progressiva substituição da produção e do uso do asbesto/amianto no
âmbito do Estado, veicula normas incidentes sobre produção e consumo, proteção do
meio ambiente, controle da poluição e proteção e defesa da saúde, matérias a respeito
das quais, a teor do art. 24, V, VI e XII, da CF, compete à União, aos Estados e ao
Distrito Federal legislar
concorrentemente. 3. No modelo federativo brasileiro, estabelecidas pela União as
normas gerais para disciplinar a extração, a industrialização, a utilização, a
comercialização e o transporte do amianto e dos produtos que o contêm, aos Estados
compete, além da supressão de eventuais lacunas, a previsão de normas destinadas a
complementar a norma geral e a atender as peculiaridades locais, respeitados os critérios
da preponderância do interesse local, do exaurimento dos efeitos dentro dos respectivos
limites territoriais e da vedação da proteção insuficiente. Ao assegurar nível mínimo de
proteção a ser necessariamente observado em todos os Estados da Federação, a Lei nº
9.055/1995, na condição de norma geral, não se impõe como obstáculo à maximização
dessa proteção pelos Estados, ausente eficácia preemptiva da sua atuação legislativa, no
exercício da competência concorrente. A Lei nº 3.579/2001 do Estado do Rio de Janeiro
não excede dos limites da competência concorrente suplementar dos Estados,
consentânea a proibição progressiva nela encartada com a diretriz norteadora da Lei nº
9.055/1995 (norma geral), inocorrente afronta ao art. 24, V, VI e XII, e §§ 2º, 3º e 4º, da
CF. 4. Alegação de inconstitucionalidade formal dos arts. 7º e 8º da Lei nº 3.579/2001
do Estado do Rio de Janeiro por usurpação da competência privativa da União (arts. 21,
XXIV, e 22, I e VIII, da CF). A despeito da nomenclatura, preceito normativo estadual
definidor de limites de tolerância à exposição a fibras de amianto no ambiente de
trabalho não expressa norma trabalhista em sentido estrito, e sim norma de proteção do
meio ambiente (no que abrange o meio ambiente do trabalho), controle de poluição e
proteção e defesa da saúde (art. 24, VIII e XII, da Lei Maior), inocorrente ofensa aos
arts. 21, XXIV, e 22, I, da Constituição da República. A disciplina da rotulagem de
produto quando no território do Estado não configura legislação sobre comércio
interestadual, incólume o art. 22, VIII, da CF. 5. Alegação de inconstitucionalidade
formal do art. 7º, XII, XIII e XIV, da Lei nº 3.579/2001 do Estado do Rio de Janeiro,
por vício de iniciativa (art. 84, II e VI, “a”, da CF). Não se expõe ao controle de
constitucionalidade em sede
abstrata preceito normativo cujos efeitos já se exauriram. 6. À mesma conclusão de
ausência de inconstitucionalidade formal conduz o entendimento de que
inconstitucional, e em consequência nulo e ineficaz, o art. 2º da Lei nº 9.055/1995, a
atrair por si só a incidência do art. 24, § 3º, da Lei Maior, segundo o qual “inexistindo
lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena”.
Afastada, também por esse fundamento, a invocada afronta ao art. 24, V, VI e XII, e §§
1º a 4º, da CF. 7.
Constitucionalidade material da Lei fluminense nº 3.579/2001. À luz do conhecimento
científico acumulado sobre a extensão dos efeitos nocivos do amianto para a saúde e o
meio ambiente e à evidência da ineficácia das medidas de controle nela contempladas, a
tolerância ao uso do amianto crisotila, tal como positivada no art. 2º da Lei nº
9.055/1995, não protege adequada e suficientemente os direitos fundamentais à saúde e
ao meio ambiente equilibrado (arts. 6º, 7º, XXII, 196, e 225 da CF), tampouco se alinha
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aos compromissos internacionais de caráter supralegal assumidos pelo Brasil e que


moldaram o conteúdo desses direitos, especialmente as Convenções nºs 139 e 162 da
OIT e a Convenção de Basileia. Inconstitucionalidade da proteção insuficiente.
Validade das iniciativas legislativas relativas à sua regulação, em qualquer nível
federativo, ainda que resultem no banimento de todo e qualquer uso do amianto. 8.
Ação direta de inconstitucionalidade julgada improcedente, com declaração incidental
de inconstitucionalidade do art. 2º da Lei nº 9.055/1995 a que se atribui efeitos
vinculante e erga omnes (ADI 3.470/RJ).

Em resumo tal Decisão afirma que:

1. O Supremo Tribunal Federal admite a ocorrência de mutação constitucional do artigo


52, X, da Constituição Federal, de modo que decisões do Tribunal em sede de controle
difuso de constitucionalidade têm eficácia contra todos e feito vinculante,
independentemente de manifestação do Senado.
2. A resolução do Senado tem efeito meramente declaratório, é utilizada tão somente
para dar publicidade à decisão judicial.
3. O controle difuso feito por outros tribunais e juízes tem eficácia inter partes e efeito
ex tunc. (Inteiro teor do acórdão pode ser consultado no campo destaques da
jurisprudência).

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