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O Direito na Grécia Antiga

Professor Rodrigo Martins


Uma Breve História da Grécia

 Na
Na Grécia
Grécia Antiga
Antiga desenvolveram-se
desenvolveram-se as
as primeiras
primeiras especulações
especulações de
de caráter
caráter
eminentemente
eminentemente filosófico
filosófico de
de que
que se
se tem
tem notícia.
notícia. Sabe-se
Sabe-se que
que o
o legado
legado das
das
gentes
gentes da
da Hélade
Hélade àà formação
formação do
do Pensamento
Pensamento Ocidental
Ocidental éé de
de difícil
difícil
mensuração.
mensuração. No
No campo
campo da
da política,
política, Atenas
Atenas foi
foi a
a responsável
responsável imediata
imediata
por
por ter
ter presenteado
presenteado oo mundo
mundo com
com o
o germe
germe da
da democracia.
democracia.


OO legado
legado de
de pensadores
pensadores gregos
gregos da
da estirpe
estirpe de
de Sócrates,
Sócrates, Platão
Platão ee Aristóteles
Aristóteles
se
se tornaram,
tornaram, por
por assim
assim ser,
ser, aa referência
referência intelectual
intelectual para
para as
as gerações
gerações
vindouras.
vindouras. Nesse
Nesse sentido,
sentido, deve-se
deve-se desde
desde logo
logo admitir
admitir que
que aa inquietação
inquietação
pelo
pelo saber
saber marcou
marcou profundamente
profundamente o
o espírito
espírito dessa
dessa civilização.
civilização.


AA busca
busca apaixonada
apaixonada pelo
pelo conhecimento
conhecimento assinalou
assinalou sobremaneira
sobremaneira aa
orientação
orientação cultural
cultural da
da nação
nação helênica.
helênica. Não
Não por
por acaso,
acaso, os
os gregos
gregos se
se achavam
achavam
superiores
superiores aos
aos demais
demais povos,
povos, os
os quais
quais eram
eram rotulados
rotulados de
de “bárbaros”.
“bárbaros”.
Uma Breve História da Grécia

 Todavia, não se deve jamais perder de vista o fato de que o universo helênico era composto por inúmeras cidades-estado (poleis)

independentes. A formação do cosmopolitismo grego é o resultado direto de um processo lento e gradual de sedentarização

surgido em função da desintegração dos sistemas clânicos. Do Período Micênico (1500-1100 a.C.) pouco se sabe, exceto que a

povoação dos Bálcãs coincide com a Idade do Bronze no Oriente Próximo.

 Os mais antigos habitantes da Grécia foram os aqueus, cários, jônios e dórios. Estes últimos penetraram nas terras da Lacedemônia

durante o final do terceiro e início do segundo milênio antes de Cristo.


O Direito na Grécia Antiga
 São escassas as informações sobre o Direito grego em períodos distantes.

Fustel de Coulanges, porém, realizou um feito digno de nota ao estudar as

percepções jurídicas de romanos e gregos em tempos imemoriais. A

princípio, trata-se de um direito essencialmente consuetudinário,

ritualístico, fundado no culto aos antepassados e desenvolvido no seio da

própria família.

 Na literatura, bem como nos escritos filosóficos, a palavra grega que se

aproxima da ideia de “Direito” é dikáion, que está etimologicamente

associada a diakaiosúne, que pode ser traduzida como “justiça”.

 Os gregos desenvolveram também a consciência da existência de uma lei

eterna, imutável, a reger o homem indistintamente. Ora, trata-se de uma ideia

embrionária do que convencionamos chamar hoje de “direito natural”.


O Direito na Grécia Antiga
 Desse modo, quando se trata de estudar o “Direito grego”, não se

pode jamais perder de vista o fato de que inúmeras cidades-estado

helênicas eram regidas por um ordenamento jurídico próprio, uma

vez que elas gozavam de plena soberania. O “universo grego”, pois,

contava com unidades políticas completamente independentes umas

das outras. As cidades-estado, nessa conjuntura, só se prestavam

a estreitar suas relações em função da formação de alguma

aliança estratégica (anfictionia).

 Assim, nessa perspectiva, o Direito costumeiro da belicosa

Esparta é muito diferente da sofisticação das leis escritas de

Atenas, cidade-estado de efervescência cultural ímpar.


O Direito na Grécia Antiga
 Entretanto, não é devido esperar dos gregos uma espécie de culto à lei similar àquele que angariou espaço em Roma.

Destarte, não se deve requerer das gentes da Hélade uma apreciação sistemática, precisa e dogmática do fenômeno

jurídico. O Direito era tão somente parte do regime de governo da cidade e, na visão grega, tão somente nisso

residia sua utilidade. Isso não quer dizer que os gregos vivessem alheios às questões legais como um todo.

O costume de aprender de cor (recitando em forma poética) alguns textos


Segundo José Reinaldo de Lima Lopez... jurídicos, assim como os poemas de Homero. As leis de Sólon eram
ensinadas como poemas, de modo que o ateniense bem educado terminava
por conhecer sua tradição político-jurídica comum. A literatura jurídica
era fonte de instrução e prazer. Em geral no tempo da filosofia socrática
sabia-se ler. As técnicas propriamente jurídicas eram próprias do
logógrafo, o redator de discursos forenses: pedidos, defesas etc. O direito,
presumia-se, devia ser aprendido vivenciando-o. As leis deveriam fazer
parte da educação do cidadão. As discussões sobre a justiça são
discussões sobre a justiça na cidade, entre os cidadãos e iguais. As leis
menores não importavam para discussão pública
Atividade Legislativa na Grécia Antiga

 Atividade
Atividade legislativa,
legislativa, ao
ao contrário
contrário do
do que
que muitos
muitos acreditam,
acreditam, foi
foi extremamente
extremamente profícua
profícua na
na
Grécia
Grécia Antiga.
Antiga. A
A partir
partir do
do início
início do
do século
século VII
VII a.C.,
a.C., essa
essa tendência
tendência nas
nas cidades-estado
cidades-estado
torna-se
torna-se mais
mais significativa,
significativa, principalmente
principalmente com
com aa transição
transição dos
dos mores
mores para
para aa lei
lei escrita.
escrita.
As
As constituições
constituições embrionárias
embrionárias passaram
passaram aa ser
ser oo símbolo
símbolo garantidor
garantidor da
da estabilidade
estabilidade das
das
instituições
instituições políticas
políticas do
do Estado.
Estado.


AA ausência
ausência desse
desse corpo
corpo de
de regras
regras chegava
chegava aa causar
causar estranheza
estranheza entre
entre os
os filósofos,
filósofos, conforme
conforme se
se
pode
pode perceber
perceber na
na crítica
crítica de
de Aristóteles
Aristóteles sobre
sobre os
os cretenses:
cretenses: “A
“A dispensa
dispensa da
da prestação
prestação de
de
contas
contas ee a
a perpetuidade
perpetuidade são
são prerrogativas
prerrogativas muito
muito acima
acima de
de seus
seus méritos.
méritos. A
A falta
falta de
de leis
leis que
que
possam
possam servir-lhes
servir-lhes de
de regra
regra para
para julgar
julgar oo caráter
caráter arbitrário
arbitrário de
de seus
seus julgamentos
julgamentos não
não dá

nenhuma
nenhuma segurança
segurança aos
aos réus”.
réus”.


 Muitos,
Muitos, afinal,
afinal, foram
foram os
os legisladores
legisladores que
que pontilharam
pontilharam oo universo
universo helênico.
helênico. Os
Os mais
mais famosos
famosos
foram
foram Drácon,
Drácon, Sólon
Sólon ee Péricles,
Péricles, de
de Atenas,
Atenas, ee também
também Licurgo,
Licurgo, de
de Esparta.
Esparta. Mas
Mas também
também
se
se pode
pode falar
falar de
de Zaleuco
Zaleuco (Lócria),
(Lócria), Carondas
Carondas (Catânia),
(Catânia), Filolau
Filolau (Tebas),
(Tebas), Androdamas
Androdamas
(Régio),
(Régio), Hipódomo
Hipódomo (Mileto)
(Mileto) ee Onomácrito
Onomácrito (Lócris).
(Lócris).
Direito Internacional na Grécia Antiga
 A Grécia Antiga conheceu largamente o

desenvolvimento de uma espécie embrionária de

Direito Internacional.

 É justamente no universo da Hélade que surgem os

elementos políticos providenciais que pugnam pelo

estabelecimento de uma evidenciada tradição de

base consuetudinária no terreno das relações

internacionais. É certo, pois, que o fato de cada

cidade-estado ser completamente soberana

contribuiu favoravelmente para a gradual

construção de um efetivo ideal internacionalista

entre os gregos.
Direito Internacional na Grécia Antiga

 Por
Por conseguinte,
conseguinte, diversas
diversas instituições
instituições próprias
próprias ao
ao Direito
Direito das
das Gentes
Gentes vão
vão sendo
sendo
progressivamente
progressivamente delimitadas,
delimitadas, uma
uma vez
vez que
que aa constância
constância da
da beligerância
beligerância entre
entre as
as
cidades-estado
cidades-estado acaba
acaba por
por exigir
exigir novas
novas formas
formas de
de cooperação
cooperação entre
entre os
os envolvidos
envolvidos nos
nos
conflitos.
conflitos. Assim,
Assim, oo estado
estado de
de guerra
guerra quase
quase sempre
sempre permanente
permanente entre
entre os
os gregos
gregos
(principalmente
(principalmente aa partir
partir do
do século
século IV)
IV) viabilizou
viabilizou aa celebração
celebração de
de tratados
tratados internacionais
internacionais
que
que tinham
tinham os
os mais
mais diferentes
diferentes objetos.
objetos.


OO historiador
historiador Tucídides
Tucídides retratou
retratou com
com riqueza
riqueza de
de detalhes
detalhes oo contexto
contexto de
de tantos
tantos
célebres
célebres embates
embates do
do mundo
mundo antigo,
antigo, bem
bem como
como aa conclusão
conclusão de
de pactos
pactos contendo
contendo
interessantes
interessantes cláusulas
cláusulas de
de não
não agressão
agressão entre
entre cidades-estado
cidades-estado da
da importância
importância de
de Atenas
Atenas ee
Esparta.
Esparta.


AA obra
obra máxima
máxima do
do referido
referido pensador
pensador grego
grego –– História
História da
da Guerra
Guerra do
do Peloponeso
Peloponeso ––
confirma
confirma também
também aa profícua
profícua diplomacia
diplomacia realizada
realizada por
por intermédio
intermédio de
de embaixadores
embaixadores
designados
designados para
para tanto,
tanto, apesar
apesar de
de inexistirem.
inexistirem.
Direito Internacional na Grécia Antiga
 Um fenômeno típico do universo helênico consistiu na formação de ligas políticas entre as cidades-estado

lideradas por alguma potência hegemônica como Atenas ou Esparta, chamadas de anfictionias.

 Essas ligas eram entidades confederadas norteadas por interesses políticos comuns, notadamente a defesa mútua e a

religião.

 Para Seara Vázquez, elas significavam muito mais do que isso: as ligas anfictiônicas eram modelos embrionários

representativos das modernas organizações internacionais, cujo grande legado, na visão de Julio Linares, seria a

humanização do conflito.
As principais, no entanto, foram a Liga do A mais antiga delas parece ter sido a Liga da
Peloponeso (550 a.C.), liderada por Beócia (século VI a.C.), que tinha a sua
Esparta frente a cidade de Tebas

A Liga de Delos (478-477 a.C.), Uma das últimas anfictionias, senão a


capitaneada por Atenas última delas, foi a de Corinto (338 a.C.)

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