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judiciária
oficina da intelectualidade em sua expressão oralizada. Além
da praça pública, a muitos interessava o domínio da linguagem
(pense-se que os discursos forenses eram encomendados a
homens que se incumbiam de escrevê-los para serem lidos
perante os juízes – este é o trabalho dos logógraphoi) para
estar diante da tribuna, perante os magistrados.
• As palavras tornaram-se o elemento primordial para a
definição do justo e do injusto. A técnica (techné)
argumentativa faculta ao orador, por mais difícil que
seja sua causa jurídica, suplantar as barreiras dos
preconceitos sobre o justo e o injusto e demonstrar
aquilo que aos olhos vulgares não é imediatamente
visível.
judiciária
apreciação imediata.
• Isso favorece o desenvolvimento do discurso
judiciário, pois, conquanto que bem articulado, pela
força da expressão oral, e bem defendido perante os
magistrados, o efeito a ser produzido pode favorecer
aquele que deseja por ele ver-se beneficiado.
• No lugar desses, para os sofistas, surgia o relativo, o provável, o possível,
o instável, o convencional. Um dos destaques na proliferação de ideias e
pensamentos acerca da relatividade das coisas foi Protágoras. A
assunção dessa posição diante dos fatos e valores desencadeou, no
plano da reflexão acerca do justo e do injusto, a relativização da justiça.
Isso porque, no debate entre o prevalecimento da natureza das leis
(phýsis) e o prevalecimento da arbitrariedade das leis (nómos), os
Justiça a
sofistas optaram, em geral, pela segunda hipótese, sobretudo os
partidários das teses históricas acerca da evolução humana; a lei
(nómos) seria responsável pela libertação humana dos laços da barbárie.
serviço dos
Isso porque, coerentemente com seus princípios, diziam ser o homem o
princípio e a causa de si mesmo, e não a natureza.
• Ora, deliberar sobre qual será o conteúdo das leis é atividade
interesses
preponderantemente humana, e nisso não há nenhuma intervenção da
natureza, como admitido pela tradição literária e filosófica grega. A
natureza (phýsis) faria com que as leis fossem idênticas em todas as
partes, tendo-se em vista que o fogo arde em todas as partes da mesma
forma, como posteriormente dirá Aristóteles. No entanto, pelo contrário,
o que se vê é que homens de culturas diferentes vivem legislações e
valores jurídicos diferentes, na medida em que se encontra em seu poder
definir o que é o justo e o que é o injusto
• Muitos dos cultores do movimento
sofístico, embasados em tal dicotomia,
advogaram a ideia de que existiria uma
oposição intrínseca entre a lei da natureza
(phýsis), o que equivale a dizer a lei do
mais forte sobre o mais fraco, e a lei
Justiça a convencionada pelo homem (nómos), lei
esta que seria artificial e que atentaria
serviço dos contra a ordem natural das coisas.
Destarte, preconizavam que os homens
interesses deveriam submeter-se ao poder daquele
que ascendesse ao controle da cidade por
meio da força; a justiça é vantagem para
aquele que domina e não para aquele que
é dominado (Trasímaco).
• Com isso, a noção de justiça é relativizada, na medida
em que seu conceito é igualado ao conceito de lei; o
que é o justo senão o que está na lei? O que está na lei
é o que está dito pelo legislador, e é esse o começo, o
meio e o fim de toda justiça. Nesse sentido, se a lei é
relativa, se se esvai com o tempo, se é modificada ou
substituída por outra posterior, então com ela se
encaminha também a justiça.
Justiça a • Em outras palavras, a mesma inconstância da
legalidade (o que é lei hoje poderá não ser amanhã)
serviço dos passa a ser aplicada à justiça (o que é justo hoje poderá
não ser amanhã). Nada do que se pode dizer absoluto