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Universidade Rovuma

Extensão de Cabo Delgado


Filosofia da Educação
Docente: dra. Estefânia Francisco Joaquim
Selemane Chale1

Pensamento educacional na antiguidade grega romana

Na Educação grega a Educação era a oportunidade para o desenvolvimento individual.


Como resultado dessa característica surge um novo conceito de Educação, a Educação
Liberal, uma educação que habilitava o indivíduo a tirar proveito da sua liberdade ou
dela fazer uso.

Na Educação grega deu-se mais oportunidade para o desenvolvimento individual e os


ideais gregos eram: liberdade política e moral, desenvolvimento intelectual, e
racionalidade. Contudo, os privilégios do desenvolvimento intelectual eram limitados
aos homens livres.

Segundo Piletti (1993), os ideais da Educação grega foram resultado de uma lenta
evolução podendo-se destacar os seguintes períodos:

A Educação no Período Homérico (900-750 a.C.) – onde os ideais de Educação


apareciam nos poemas Ilíadas e Odisseia. A Educação teve um carácter eminentemente
poético;

A Educação Espartana (750-600 a.C.) – o objectivo da Educação era dar a cada


indivíduo um nível de perfeição física, coragem e hábito de obediência às leis que
tornassem um soldado ideal. Esta era controlada pelo Estado;

A Educação Ateniense (600-450 a.C.) – o ideal era a formação completa do Homem


(física e intelectual). O Estado assegurava a liberdade pessoal, criando as condições
vantajosas para a Educação;

A Educação Sofista (450-400 a.C.) – o termo sofista designa uma nova classe de
professores que surgiram devido a falta de meios para ministrar uma Educação que
proporcionasse ao indivíduo condições de êxito pessoal impostas pela sociedade. Esta
classe de professores recebia, em troca das aulas que ministravam, elevados valores
monetários. Portanto, nos seus ensinamentos, os sofistas, acentuavam de forma
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Estudante do 3º Ano curso de Filosofia
exagerada o valor da individualidade. É destes que surge o termo de Pitágoras, “o
Homem é a medida de todas as coisas”.

O Período dos Grandes Filósofos (400-300 a.C.) – as deficiências do sistema ateniense


de Educação fez com que se repensasse na Educação de modo a resolver o problema
que consistia em formular um ideal educativo que pudesse satisfazer as necessidades
institucionais e o bem do colectivo, para promover o desenvolvimento completo da
personalidade.

Neste período destacam-se filósofos como:

Sócrates (470-399 a.C.) – com o slogan “conhece-te a ti mesmo” afirma que é na


consciência individual que se deve procurar os elementos determinantes da finalidade
da vida e da Educação. Este, desenvolveu o método socrático “a ironia” – que consistia
em perguntar fingindo ignorar –, e “maiêutica” – que consistia em fazer outras
perguntas para levar o interlocutor a descobrir a verdade.

Platão (428-348 a.C.) – concordava com Sócrates sobre a necessidade de se procurar


uma nova base moral para a vida, a qual deveria se encontrar em ideias e na verdade
universal. Para ele, a Educação é um processo do próprio educando mediante o qual são
dadas à luz as ideias que fecundam a mente. Dai que, o papel do educador consistia em
promover no educando o processo de interiorização através do qual o educando podia
sentir a presença das ideias. Eram conteúdos da Educação: os exercícios corporais, a
cultura estética e moral, a formação científica e filosofia.

Aristóteles (384-322 a.C.) – ao contrário de Platão e Sócrates, afirmava que a virtude


está na conquista da felicidade e do bem, enquanto que para os primeiros estava na
posse do conhecimento pelo indivíduo. Aristóteles, desenvolveu seu conceito de
Educação partindo da ideia de imitação. Segundo ele, o Homem se educa na medida em
que copia a forma de viver dos adultos. É conhecido como o maior sistematizador, visto
que vem dele a ideia de que a Educação deve compreender um plano metódico.

Os povos romanos também influenciaram em grande parte a Educação da Antiguidade


Clássica, pois, o seu ideal de Educação visava a concepção de direitos e deveres, daí que
esta tinha uma finalidade prática e procurava alcançar resultados concretos adaptando os
meios aos fins. A característica fundamental do método da Educação romana era a
imitação. Portanto, cabia a Educação desenvolver aptidões nos indivíduos para cumprir
os seus deveres como cidadãos romanos.

A Educação estava centralizada na formação do carácter moral das pessoas daí que a
família desempenhava um papel importante.

Tal como a Educação grega, o desenvolvimento da Educação romana também foi


gradual. Numa primeira fase era dada praticamente no lar e mais tarde, com a expansão
do império romano, surgiram as escolas elementares que passaram a ministrar a leitura,
a escrita e a conta.

Por influência da cultura grega, houve alterações substanciais que alteraram a Educação
romana. Surgiram novas instituições de Educação que passaram a ministrar novos
conteúdos como gramática, retórica e mais tarde direito e filosofia. Foi a partir destas
instituições que se tornou possível o surgimento das universidades.

Marco Fábio Quintiliano (40-118)

Quintiliano nasceu em Calahorra, situada na Península Ibérica, na época província


romana da Hispânia, onde atualmente se localiza a Espanha, no século I, d.C. tendo sido
ainda jovem atraído para Roma, Capital do império, onde foi discípulo de Palêmon,
gramático de Roma que gozou de grande reputação no século I e de Domício Áfer, um
orador latino. Dessa forma Quintiliano tinha uma grande formação pessoal, dominando
a gramática e a oratória,   sendo um dos mais respeitados pedagogos romanos, além de
ser um jurista, tendo lecionado na escola retórica, fundada em Roma (O Império
Romano teve grandes vultos, muitos deles famosos pela eloqüência empregada nos
discursos, com destaque para os juristas e os membros da classe política)

Durante o reinado do imperador Vespasiano, obteve o cargo de professor. Após deixar o


ensino, Quintiliano redige o De Institutione Oratoria, verdadeiro tratado de educação
intelectual e moral, com ênfase na pessoa do mestre que deverá ser uma pessoa de
caráter, retidão e de ciência, na medida em que as suas atitudes e conduta influenciarão
de forma determinante o desenvolvimento do aluno (VASCONCELOS, 2002).

De Institutione Oratoria é composto por doze volumes, numerados de I a XII, e propõe-


se a formar o orador, através da exposição pormenorizada dos objetivos da educação,
dos programas e das metodologias a adotar. O volume I é consagrado à educação da
criança na família e na casa do gramático, onde permanece até cerca dos dezesseis anos
de idade, altura em que é guiado até aos cuidados do professor de retórica.

Quintiliano opõe-se à preceptoria particular e considera que a criança deverá começar


a frequentar a escola o mais cedo possível.

Quintiliano alerta para a necessidade de se identificarem os talentos nas crianças e


coloca a problemática das diferenças individuais (no que se refere às capacidades e ao
caráter) e das formas de procedimento a adotar perante elas, devendo o mestre observar
cada criança individualmente, respeitando-a e avaliando sua índole a fim de estabelecer
o  tipo e grau de complexidade das tarefas que deveriam ser  apresentadas.
Para Quintiliano os infantes eram  em sua grande maioria, talentosas para falar devendo
esse talento ser estimulado.

Assim sendo, ficava comprovada a importância de se preocupar com a formação


oratória da criança desde cedo, para que seu talento não viesse a desaparecer por falta de
estímulos.

Sugere que os alunos sejam distribuídos por classes logo a partir da escola primária,
além disso, que a educação das crianças não devia ser realizada de forma a impor-lhes
tarefas, cuidando principalmente dos mais jovens, incutindo neles o amor aos estudos, o
estudo deveria ser para eles, então, como um divertimento; tinham de ser questionados e
elogiados quando fizessem um bom trabalho. Por outro lado, quando estivessem
desestimulados, era necessário criar um clima de competição entre os alunos, fazendo
com que acreditassem que seus amigos eram melhores, a fim de serem instigado a dar o
melhor de si nas atividades propostas pelo mestre. Refere ainda a importância do
aproveitamento da memória do aluno como peça-chave do processo educativo. 

Quintiliano via a leitura como algo que deveria ser apresentada gradativamente as


crianças, a fim de que elas absorvessem informações com facilidade e fossem capazes
de formularem questões. Quintiliano acrescenta que os alunos necessitariam de
intervalos destinados ao descanso, Aconselha, todavia, que haja uma medida para os
descansos, pois estes, se negados, criam ódio aos estudos, e, se oferecidos em demasia,
o hábito da ociosidade.

Para Quintiliano, o estudo deve ser então, uma atividade prazerosa. O autor condena
também os castigos corporais, os quais eram fortemente empregados tanto na educação
grega quanto na romana como forma de o mestre firmar sua autoridade. Considera os
castigos inúteis e, além disso, afirma que se os mestres efetivamente conduzissem as
crianças a cumprirem suas obrigações, não haveria necessidade de castigá-las.

A pedagogia de Quintiliano visa como ele mesmo afirma, à formação de um aluno que


seja ele mesmo capaz de buscar o conhecimento.
Referências bibliográficas

VASCONCELOS, B. A. “Quatro princípios de educação oratória


segundo Quintiliano”, in: Phaos - Revista de Estudos Clássicos, vol. 2, 2002.

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