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Origem da pedagogia e do ideal de cultura

Os sofistas foram considerados os fundadores da ciência da


educação. Com efeito, estabeleceram os fundamentos da
pedagogia, que ainda hoje vemos grande parte da formação
intelectual trilhando, os mesmos caminhos.

O sofista mediano dava-se por satisfeito em transmitir a


sabedoria. Um dos seus principais propósitos é o humanista, que
consiste na ordenação da educação humana por sobre todo o
reino da técnica, separando o poder e o saber teórico e a cultura
propriamente dita converte-se no fundamento do humanismo.

Para os sofistas é decisivo a ideia consciente da educação como


tal, tornando-se assim muito natural que os sofistas tenham
vinculado o ideal da educação às antigas criações do espírito
grego e as tenham considerado como conteúdo próprio dele.

São também os sofistas que criaram a consciência cultural em que


o espírito grego alcançou o seu telos (fase final, ápice ) e a íntima
segurança da sua própria forma de orientação.

Adquirir consciência é uma grandeza, mas é a grandeza da


posterioridade. É este um outro aspecto do fenômeno sofístico.
Foi precisamente com os sofistas que ganhamos íntima
consciência de que a “continuidade” dos estágios primitivos na
estrutura histórica da cultura não é uma palavra vazia, pois não
podemos afirmar e admirar os novos estágios sem que neles
estejam assumidos os primeiros. Só a partir dos fundamentos
teóricos da sua educação é que podemos estudar. Tem
importância essencial para o nosso objetivo a sua íntima ligação
da elaboração consciente do ideal de educação com a execução
consciente do processo educativo.

A natureza humana geralmente está apta para o bem. O homem


desgraçado ou inclinado ao mal constitui exceção.
A prática educativa e o mundo das idéias dos sofistas surgem nele
numa grande unidade histórica, e revelam-se da maneira
incontestável os seus pressupostos políticos e sociais.

É digno de nota que os sofistas nunca tenham propugnado


(defendido, sustentado, lutado) a oficialização da educação
embora esta exigência esteja muito próxima do ponto de vista de
Protágoras.

O jovem é mais tarde levado à escola de ginástica, onde


os paidotribes lhe fortalecem o corpo, para que seja servo fiel de
um espírito vigoroso e para que o homem nunca fracasse na vida
por culpa da debilidade do corpo.

Protágoras limita-se ao ensino elementar do conteúdo da poesia


que, como vimos, não se dirige à forma, ao ritmo e à harmonia do
espírito, mas sim à regra moral e ao exemplo histórico.

A lei já não é uma descoberta de antigos e notáveis legisladores,


mas sim uma criação de circunstâncias.

De qualquer modo, é certo que no tempo de Platão pensava-se


que a sofística era uma arte intimamente vinculada às condições
políticas do tempo.

Plutarco juntou às interações sofísticas doutrinas posteriores à


sofística. Assim, procede talvez de Platão o conceito da
plasticidade da alma juvenil; e a bela idéia de que a arte
compensa as deficiências da natureza provém de Aristóteles,
embora tenham ambas antecedentes sofísticos.

A união da pedagogia com a filosofia da cultura, atribuída pela


tradição aos sofistas e principalmente a Protágoras, correspondia
a uma necessidade interior.

Infelizmente, é extraordinariamente deficiente o nosso


conhecimento destas grandes realizações dos sofistas. Perderam-
se os seus escritos gramaticais; mas os gramáticos posteriores,
peripatéticos e alexandrinos, os reelaboraram.

O sistema grego de educação superior, tal como os sofistas o


estruturaram, impera atualmente em todo o mundo civilizado.

Não sabemos em que sentido orientaram os sofistas o ensino da


Matemática. Uma objeção capital da crítica pública contra esse
aspecto da educação sofista era a inutilidade das matemáticas
para a vida prática.

Foi pelo valor teórico que apreciaram a Matemática e a


Astronomia, ainda que na maior parte dos casos não tenham sido
investigados fecundos e originais.

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