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CURSO DE PEDAGOGIA
TEÓFILO OTONI - MG
2023
Nome: Pioneiros na educação: métodos e história.
AVALIAÇÃO: O seminário que será apresentado terá como produto final a revisão sobre os
períodos da educação no qual se foi estudado, dando destaque aos nomes de pedagogos,
pensadores e filósofos de cada período que influenciou e fora de suma importância para a evolução
social da educação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
JOÃO AMÓS COMÊNIO, Didática magna: tratado da arte universal de ensinar tudo a todos.
Lisboa, Calouste Gulbenkian, 1966.
PIONEIROS DA EDUCAÇÃO: MÉTODO E HISTÓRIA.
Platão imagina, portanto, um lugar que não existe, mas que deve ser o modelo da
cidade, em que são eliminadas a propriedade e a família, e todas as crianças
recebem educação do Estado. A educação deve ser ministrada de acordo com as
diferenças que certamente existem entre as pessoas, a fim de ocuparem suas
posições na sociedade, o que é feito por meio de seguidas seleções. Até os 20
anos, a educação é a mesma para todos. O primeiro corte identifica aqueles que
têm a alma de bronze, ou seja, uma sensibilidade grosseira que os qualifica para a
agricultura, o artesanato e o comércio. A eles seria confiada a subsistência da
cidade. Os outros continuam na escola por mais dez anos. Com o segundo corte,
aqueles que têm a coragem dos guerreiros de “alma de prata” interrompem os
estudos a fim de constituir a guarda do Estado, como soldados encarregados da
defesa da cidade. Desses sucessivos cortes sobram os mais notáveis, que, por
terem “alma de ouro”, serão instruídos na arte de dialogar. Aprendem, então, a
filosofia, capaz de elevar a alma até o conhecimento mais puro, fonte de toda a
verdade. Aos 50 anos, aqueles que passaram com sucesso por essa série de
provas estarão aptos a ser admitidos no corpo supremo dos magistrados. Cabe-lhes
o exercício do poder, pois apenas eles têm a ciência da política. Note-se que Platão
desenvolve ideias avançadas para seu tempo: o Estado assume a educação; a
educação da mulher é semelhante à do homem; os estágios superiores dependem
do mérito de cada um e não da riqueza; valorização da educação intelectual,
coroada pelo estudo das ciências (com especial destaque para a matemática) e pela
dialética, processo que eleva a alma das aparências sensíveis às ideias.
Platão defendia uma ideia que, embora utópica em seu tempo, é sustentada por
grande parte da pedagogia atual e fora defendida com veemência por pensadores
renomados como Paulo Freire em sua obra pedagogia da Autonomia, não é possível ou
desejável transmitir conhecimentos aos alunos, mas, antes, levá-los a procurar respostas,
eles mesmos, a suas inquietações, influenciando a curiosidade do educando. Por isso, o
filósofo rejeitava métodos de ensino autoritários. Ele acreditava que se deveria deixar os
estudantes, sobretudo as crianças, à vontade para que pudessem se desenvolver
livremente. Nesse ponto, a pedagogia de Platão se aproxima de sua filosofia, em que a
busca da verdade é mais importante do que dogmas incontestáveis.
Nos séculos seguintes, em especial na idade média o modelo pedagógico de platão se
tornou ainda mais longínquo, com o mundo voltando a ser dominado pela perspectiva
religiosa, a educação se torna extremamente restrita, a educação agora seria mediada pela
fé cristã na tradição europeia, numa parte desse período a educação passa a ser um
privilégio exclusivo dos clérigos em mosteiros afastados da população comum que era
instruída apenas aos assuntos religiosos. Até o surgimento da burguesia como potência
social. Com o desenvolvimento do comércio, as necessidades eram outras, e os burgueses
procuraram uma educação que atendesse aos objetivos da vida prática. No século XII,
procurava-se ampliar os estudos de filosofia, teologia, leis e medicina, a fim de atender às
solicitações de uma sociedade cada vez mais complexa, com isso o surgimento das
universidades foram impulsionados. Os nomes de destaque da vez, fora Santo Agostinho e
Santo Tomás. O cristão Agostinho adaptou essa explicação à teoria da iluminação. O ser
humano receberia de Deus o conhecimento das verdades eternas, o que não significa
desprezar o próprio intelecto, pois, como o Sol, Deus ilumina a razão e torna possível o
pensar correto. O saber, portanto, não é transmitido pelo mestre ao aluno, já que a posse
da verdade é uma experiência que não vem do exterior, mas de dentro de cada um. Isso é
possível porque “Cristo habita no homem interior”. Toda educação é, dessa forma, uma
autoeducação, possibilitada pela iluminação divina. Por exemplo, diz Santo Tomás: “Parece
que só Deus ensina e deve ser chamado Mestre”. Para Santo Tomás, a educação é uma
atividade que torna realidade aquilo que é potencial. Assim, nada mais é do que a
atualização das potencialidades da criança, processo que o próprio educando desenvolve
com o auxílio do mestre. Os séculos seguintes foram de grande modificação na Europa,
com o período de transição entre a idade média e o renascentismo, a educação modificou
junto com a sociedade, passando pela reforma e contrarreforma religiosa, a educação
jesuítica nas colônias, o século XVII dá o ar das graças. Conhecido como o século do
método, a filosofia volta a ser o tema central dos pensadores. O pensamento da Idade
Moderna se direciona a um denominador comum: se há método para conhecer
corretamente, deverá haver para ensinar de forma mais rápida e mais segura. Foi isso que
Comenius defendeu em toda sua vida.
João Amós Comênio, Didática magna: tratado da arte universal de ensinar tudo a
todos. Lisboa, Calouste Gulbenkian, 1966, p. 139 e 140; 145 e 146; 307; 455.
4. Dos 15 aos 20 (quinze aos vinte) anos compreende-se o quarto período em que o
homem floresce para a vida moral, religiosa e social.
Este é, pois, o modelo básico de educação proposto por Rousseau para substituir a
educação tradicional que, em nome da civilização e do progresso, obriga os homens a
desenvolverem na criança a formação apenas do intelecto em detrimento da educação
física, do caráter moral e da natureza própria de cada indivíduo."
Já no Brasil, passados anos obscuros para a educação, onde a igreja Católica foi a
principal responsável por quase todo processo educativo da história do Brasil Colonial até
boa parte do século XX. Essa história começa a arquitetar uma mudança após a Revolução
de 1930, com o início da Era Vargas, período de grande transformação econômica e sócio
cultural no Brasil. O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova de 1932 compreende um
marco importante na história da educação brasileira como um dos principais difusores do
movimento da Escola Nova no país. Isto foi somado a um profundo espírito republicano de
organização da educação pública como direito de todos e como questão do processo de
modernização do Estado brasileirono início do século XX. O debate sobre o problema
escolarização surge da ideia de que a educação teria o “poder de moldar a sociedade a
partir da formação das mentes e da abertura de novos espaços de mobilidade social e
participação” (SCHWARTZMAN, et. Al., 1984, p. 01). Nesse sentido, o Manifesto de 1932
traduz o desejo de uma renovação no campo educacional movido por um profundo
entusiasmo,pela educação e otimismo pedagógico germinado ainda nos anos de
1920, caracterizado pela crença na escolarização das camadas populares como um
instrumento decisivo na formação de um novo homem e de uma nova sociedade. As
tensões entre diferentes grupos sociais pelo protagonismo no processo de
estruturação da educação no Brasil, como a Igreja Católica e grupos de intelectuais
e educadores, que beberam da fonte do escolanovismo(ideologia da chamada escola nova.
O movimento da Escola Nova teve seu início no Brasil, durante a década de 1920. Ele teve
como uma de suas metas: eliminar o ensino tradicional que mantinha fins puramente
individualistas, pois buscava princípios da ação, solidariedade e cooperação social.) como
Lourenço Filho, Francisco de Azevedo e Anísio Teixeira, estavam inseridos no contexto
mais amplo da Revolução de 1930 liderada por Getúlio Vargas.
Este período foi marcado, num primeiro momento, pela politização da educação,
seguido de uma transição das questões educacionais do campo da política para o
campo da educação como um objeto científico. Como confirmação do exposto, temos
o Projeto Político Pedagógico (PPP), que no parecer de Xavier o Manifesto de 1932
pode ser considerado um instrumento norteador de superação da “crise de valores, crise
social, moral e intelectual de uma civilização em movimento e em mudança”. Nesse
contexto, o documento disputava espaço no debate público com os católicos que
consideravam os problemas sociais como uma questão espiritual, isto é, que a
reforma moral da sociedade ocorreria apenas por meio da fé e do cultivo dos valores
cristãos. Na concepção dos pioneiros, fazia-se necessário que os processos
educacionais fossem capazes de oferecer aos homens uma “educação científica do
espírito” que os conduzissem racionalmente às soluções dos problemas sociais.
Tornava-se urgente que os sujeitos adquirissem referências mais racionais para
interpretar a realidade e compreender suas vidas individuais e coletivas, distante das
determinações sobrenaturais e dogmáticas impostas pela Igreja Católica, e sendo mais
próximas das transformações promovidas pelo avanço científico e tecnológico. Há nesse
sentido um esforço em mudar, antes de mais nada, a mentalidade dos homens por meio
de uma renovação educacional partia de uma adequação dos sistemas educacionais
às transformações sociais localizadas no campo das ciências e da tecnologia e sua
aplicação à vida cotidiana. Os responsáveis pela a agitação do Manifesto são nomes de
grande importância na educação brasileira, redigido por Fernando de Azevedo, o Manifesto
contou 26 assinaturas de intelectuais da época, entre eles Roldão Lopes de Barros, Anísio
Teixeira, Afrânio Peixoto, Lourenço Filho, Antônio F. Almeida Junior, Roquette
Pinto, Delgado de Carvalho, Hermes Lima e Cecília Meireles.
No Brasil, por volta do fim da década de 1950 e começo do anos de 1960 há uma
inquietação intensificando-se o processo de mobilização popular. O movimento mais
popular deste período se dá por motivo de Paulo Freire, graças a seu projeto de educação
para adultos. Paulo Freire, educador e militante, teve toda a sua vida devotada à
construção de uma educação libertadora capaz de instrumentalizar as camadas populares
para lutar contra as relações opressoras do capitalismo. Considerado subversivo e além de
seu tempo, suas reflexões foram construídas na sua prática enquanto educador no Brasil e
no exílio. Em pouco tempo, tornou-se a pessoa cujas ideias eram mais ouvidas e
dialogadas no âmbito da educação popular. É lembrado como intelectual que mostrou a
profunda coerência entre teoria e prática da educação e do educador, de fato
revolucionário, que nos mostrou a importância da necessária militância na educação –
entendida como um ato político –, contrariando toda a visão que se propunha a uma
concepção de educação como uma prática neutra. A pedagogia freireana é síntese da
teorização implícita na prática de Educação Popular. Ela traz a consideração do
conhecimento como possibilidade de superação de relações verticais contraditórias e de
modelos mecanicistas de análise da realidade social e implantação de novas propostas que
indiquem esperança e a necessidade de mudança. A partir da proposta freireana,
educadores e educadoras, grupos de movimentos sociais e escolas têm desenvolvido uma
ação de Educação Popular. Os elementos defendidos por Freire configuram a teorização
desta prática. Elementos esquematizados e organizados a partir de considerações próprias
e reinterpretação ou inovação de teorias existentes. Com práticas elaboradas na
experiência com o povo excluído, a partir de diálogo experienciado na ação militante de
libertação, Freire revela uma defesa pedagógica baseada na atividade direta com as
classes populares e na defesa de sua necessidade de emancipação social. Porém, o
estudioso não se deteve em apresentar apenas formulações teóricas, filosóficas, didáticas
e metodológicas. Ao contrário, constrói uma reflexão e elabora uma teoria pedagógica para
as classes populares. Sua preocupação era com o processo de aquisição de conhecimento
que fosse propício para que os indivíduos excluídos adquirissem a capacidade de
compreender o funcionamento da sociedade na qual se encontram, compreender sua
localização nesta e promover uma postura criticamente consciente a partir do
reconhecimento e da conscientização. Segundo o educador, sair da condição de oprimido
não é simplesmente deslocar-se para a função de opressor, mas propor uma nova relação
social em que haja igualdade entre homens e mulheres projetando um bem comum.
Partindo dessa premissa, Paulo Freire almeja por uma Pedagogia Libertadora, produtora
do diálogo permanente, fruto do processo que é por natureza dialética. Propõe uma
Pedagogia dialógica na qual parte da problematização da realidade dos educandos para a
finalidade de intervenção no mundo.
Inaugurou uma experiência, inédita no Brasil: alfabetizar adultos em 40 horas de aula,
sem cartilha. Mas não era só isso. Paulo Freire pretendia despertar a consciência política.
Desafio lançado, Freire teve todo um contato prévio com os participantes, estudando suas
realidades, as histórias de vidas e o contexto em que os aprendizes estavam inseridos. Um
grupo de educadores esteve junto de Freire nesta experiência em Angicos. Primeira
experiência foi realizada com 300 trabalhadores rurais, sem acesso à escola, e que formavam
um grande contingente de excluídos da participação social. Freire aplicou um método de
alfabetização baseado nas experiências de vida das pessoas. Em vez de buscar a
alfabetização por meio de cartilhas e ensinar, por exemplo, “o boi baba” e “vovó viu a uva”, ele
trabalhava as chamadas “palavras geradoras” a partir da realidade do cidadão. Por exemplo,
um trabalhador de fábrica podia aprender “tijolo”, “cimento”, um agricultor aprenderia “cana”,
“enxada”, “terra”, “colheita” etc. A partir da decodificação fonética dessas palavras, ia se
construindo novas palavras e ampliando o repertório.