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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

SEA - ESTADO, POLÍTICAS EDUCACIONAIS E GESTÃO ESCOLAR


PROFª. DRª. CÉLIA MARIA BENEDICTO GIGLIO

JÚNIOR LEANDRO GONÇALVES


SINHA CARVALHO DE OLIVEIRA SILVA
WALLACE PEREIRA SANT ANA

A PRODUÇÃO DA ESCOLA PÚBLICA CONTEMPORÂNEA

GILBERTO LUIZ ALVES

GUARULHOS
2023
GILBERTO LUIZ ALVES
- Graduação em Pedagogia pela Universidade
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1969);
- Mestrado em Educação pela Universidade
Federal de São Carlos (1981);
- Doutorado em Educação pela Universidade
Estadual de Campinas (1991);
- Pós-Doutorado em Educação pela Universidade
Estadual de Campinas (1998);
- Professor da Universidade Federal de Mato
Grosso do Sul (1973-1998);
- Desde 2008 é professor pesquisador da
Universidade Anhanguera - Uniderp;
- Desenvolve pesquisa sobre a história da
educação e sobre escola pública moderna no
Brasil e organização do trabalho didático.
Estuda os impactos culturais e ambientais
decorrentes de propostas de desenvolvimento
regional formuladas por órgãos governamentais,
não governamentais e movimentos sociais.
Fonte: Currículo Lattes
A PRODUÇÃO DA ESCOLA PÚBLICA CONTEMPORÂNEA

APRESENTAÇÃO

Iniciou sua carreira acadêmica como docente e pesquisador fez


pedagogia 1969 pela Unesp e se transferiu em 1972 para
Centro pedagógico de Corumbá no Mato Grosso. Dois aspectos
são marcantes na história de Gilberto Luiz Alves sobre o ponto
de vista teórico os estudos dos clássicos, e a busca continuada
de fontes historiográfica, 20 anos que Gilberto escreveu esta
obra que nos alimenta do ponto vista epistemológico e teórico a
organização do material didático, o livro deu-se no processo
inicial da tese de mestrado e que a partir da tese ele começou a
pensar na escola moderna, depois do pós doutorado teve a feliz
ideia de fazer a releitura da obra didáctica Magna.

Comenius, foi uma significativa liderança religiosa nos anos 1592


– 1670 – Criador da pedagogia moderna.
A PRODUÇÃO DA ESCOLA PÚBLICA CONTEMPORÂNEA

APRESENTAÇÃO

No texto Gilberto Alves inicia apresentando que o presente trabalho para


senda metodológica apontada por Max e realizar a análise do
processo de produção material da escola pública, universal,
laica, obrigatória e gratuita.
• Totalidade - Historicidade –
• As origens da escola pública burguesa;
• Formas de aproximação do objeto três objetivos gerais;
• 1º evidenciar os moveis determinantes das origens da escola
pública;
• 2º explicitar as condições materiais necessárias à
universalização dessa instituição social;
• 3º descrever as funções da escola relacionando-as as
demandas geradas pelos câmbios da sociedade;
A PRODUÇÃO DA ESCOLA PÚBLICA CONTEMPORÂNEA

INTRODUÇÃO

Manual : EDUCAÇÃO E LUTA DE CLASSES – Aníbal


Ponce publicado em 1937. No Brasil foi editado em 1963 –
Traduzido por José Severo de Camargo Pereira
• Pensadores Iluministas; o processo de construção
escola para todos entre o fins do século XVIII e a
primeira metade do século XIX. Os pedagogos
burgueses terem erigido não uma escola igualitária
mas, sim uma escola dualista. Assim como tinham
tentado construir a escola burguesa prometida os
Iluminismo, depararam com as classes sociais
A PRODUÇÃO DA ESCOLA PÚBLICA CONTEMPORÂNEA

INTRODUÇÃO

Estrutura do Trabalho de investigação em duas partes


integrantes, nos capítulos I e II. O primeiro, denominado. A
gênese da escola pública e os limites da universalização
do ensino até o século XIX, procurou identificar as
demandas sociais que determinaram a emergência dessa
instituição social.
Retrata que o pensador Comenius sob hipótese nenhuma
poderia estar ausente do trabalho despertou juntamente com
a sua obra, curiosidade e muitos estudos. Além de ter
amadurecido e consolidado a escola moderna.
A PRODUÇÃO DA ESCOLA PÚBLICA CONTEMPORÂNEA
INTRODUÇÃO

- O capítulo II, A produção material da escola pública


contemporânea, para realizar a análise do processo referido
em seu próprio título, construiu um painel explicativo, entrado
nas preocupações de: 1º explicitar como se deu a produção
da clientela escolar, condições sine qua non da existência
da própria escola pública; 2º descrever como se
processou a transição da escola dualista burguesa para a
escola única; 3º evidenciar as características do trabalho
didático na escola que, enfim, se universalizou; 4º
demonstrar que as necessidades da sociedade impõem á
instituição escolar exercício de funções sociais, que, por
serem históricas, são cambiantes e 5º registrar alguns
impactos que a crise econômica contemporânea faz
incidir sobre a escola.
A PRODUÇÃO DA ESCOLA PÚBLICA CONTEMPORÂNEA
CAPÍTULO I
A GÊNESE DA ESCOLA PÚBLICA E OS LIMITES DA
UNIVERSALIZAÇÃO DO ENSINO ATÉ O SÉCULO XIX
- Descrição e análise dos determinantes que, numa sociedade
capitalista, fizeram emergir a necessidade social da escola pública e
as dificuldades que cercaram a expansão escolar até o último terço
do século XIX (p. 51);
- Embasamento teórico em três fontes clássicas agrupadas em
vertentes do pensamento burguês: francesa (Condorcet, Diderot e
Lepelletier), econômica clássica (Adam Smith) e religiosa da
Reforma (Comenius) (p. 53);
- A instrução pública começa a ser ampliada, em que a escola: deixa
de ser produto feudal típico; passa a ser articulada às demandas
sociais (ampliação da clientela e dos serviços escolares) e à
universalização do capital; e os conteúdos didáticos passam a ser
organizados a partir de matérias humanistas e das ciências modernas
(p. 53);
A PRODUÇÃO DA ESCOLA PÚBLICA CONTEMPORÂNEA

1. A INSTRUÇÃO PÚBLICA NA REVOLUÇÃO FRANCESA


- Os primeiros projetos de instrução pública começam a ser
apresentados entre 1789 e 1795 (p. 54);
- Domina a consciência dos limites materiais para a realização imediata
da escola para todos (p. 55);
- Princípios que qualificam a Nova escola – pública, universal, laica,
obrigatória e gratuita – para realizar a formação de todos os cidadãos (p.
55);
- O documento RAPPORT previa finalidades e objetivos para uma
instrução nacional (escola para todos) (p. 57) [...] no documento não se
revelam os limites materiais da sociedade (p. 58);
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1. A INSTRUÇÃO PÚBLICA NA REVOLUÇÃO FRANCESA
- Condorcet, Diderot e Lepelletier: defendiam a escola pública nos moldes
da RAPPORT, porém reconheceram os limites materiais de sua
universalização (dificuldades de ordem prática, como: grande demanda de
vagas para poucas escolas; crianças que precisavam trabalhar desde
pequenas; dificuldade de uma escola unitária para homens e mulheres, ricos
e pobres; a instrução se reduzia ao ensino primário) que impediam a
plenitude da escola pública (p. 61-69);
- Marx e Engels (Manifesto Comunista): a produção material depende da
condição econômica das nações, o que acaba dimensionando os limites
para a universalização do ensino na escola pública (p. 70);
- Convenção Jacobina: consolidou a burguesia no poder e acarretou no
enfraquecimento do debate sobre a ampliação da instrução pública,
provocando a dissolução das bandeiras que defendiam a educação para
todos (p. 72);
- Nova burguesia: enfraqueceu os ideais iluministas de igualdade e
fraternidade; desrespeitou o princípio da gratuidade do ensino; eliminou o
salário do professor; restabeleceu o descompromisso do Estado com a
instrução pública; as despesas públicas apenas com o espaço físico (p. 73).
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2. A INSTRUÇÃO PÚBLICA NA ECONOMIA CLÁSSICA

- O debate sobre a instrução pública deslocou-se para o


terreno da economia política [...] assumiu um papel
secundário [...] a escola não era instância importante para
a produção da riqueza social (p. 74);

- Adam Smith, fundador da economia política na


Inglaterra: resistência à gratuidade do ensino; porta-voz do
capital. Para ele, o Estado tem que ter limites em seus
deveres com a escola (redução dos gastos com a instrução
pública), pois a extensão dos serviços escolares não deveria
comprometer a produção da riqueza social (p. 74).
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2. A INSTRUÇÃO PÚBLICA NA ECONOMIA CLÁSSICA
- “Educação da gente comum”: intervenção corretiva
providencial para os filhos dos trabalhadores das classes
empobrecidas; instrução pública para a execução de tarefas
simples, por meio do ensino de partes fundamentais (ler,
escrever e contar), pois a maioria dos trabalhadores ocupavam
empregos vulgares (não exigiam capacidade intelectual); as
condições de existência não permitiam que as crianças tivessem
tempo suficiente para os estudos, pois tinham que trabalhar desde
pequenas (p. 74-75).
- “Educação das pessoas de posição e de fortuna”: escola
pública ofertada aos filhos das elites burguesas, em longos
períodos de estudos aprofundados sobre arte, economia, cultura e
política, pois serão futuramente direcionados ao exercício das
funções públicas; necessitam de dotes intelectuais e de uma boa
qualidade de lazer (p. 74-75).
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3. A INSTRUÇÃO PÚBLICA NA REFORMA PROTESTANTE


(p. 81-129)
João Amós Comênio (1592 – 1670)

Didática/Método

Carta/Didática Magna

Humanismo Cristão

Formação intelectual, moral e


espiritual

Tripé: instrução, virtude e religião


“Método universal de
ensinar tudo a todos.”
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3. A INSTRUÇÃO PÚBLICA NA REFORMA PROTESTANTE

“A proa e popa da nossa


Didática será investigar e
descobrir o método, segundo o
qual, os professores ensinem
menos e os estudantes
aprendem mais; nas escolas
haja menos barulho, menos
enfado, menos trabalho inútil, e,
ao contrário, haja mais
recolhimento, mais atrativo e
mais sólido progresso.” (ALVES,
2001, p. 84).
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3. A INSTRUÇÃO PÚBLICA NA REFORMA PROTESTANTE

- Reforma Protestante e Guerras “Religiosas”: Europa em


tensionamentos, rupturas e disputas; Destituição do
Feudalismo como poder central;
- Artes e manufatura: nova força produtiva, base do
capitalismo (p. 82);
- Condições econômicas para oferecer educação para todas
e todos (p. 85);
- Barateamento como mecanismo de universalização: manual
didático (p. 86);
- Simplificação e objetificação do trabalho didático (p. 87);
- Professor e trabalhador: artesão e manufatureiro (p. 90);
- Aproximações marxistas: divisão de trabalho (p. 92);
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3. A INSTRUÇÃO PÚBLICA NA REFORMA PROTESTANTE

- Resistência dos trabalhadores contra as reduções


salariais e a favor da qualificação profissional (p. 93);
- Desqualificação profissional (p. 94);
- Revolução Industrial e qualificação profissional
especializada (p. 95);
- Correlação entre trabalhadores manufatureiros e
professores: redução no custo de formação;
- Crítica a alguns estudiosos dos trabalhos de Comenius;
- Processo de simplificação do material didático: exclusão
das antologias (p. 98);
- Compendiador: novo especialista (p. 98);
- Especialização profissional (p. 100);
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3. A INSTRUÇÃO PÚBLICA NA REFORMA PROTESTANTE


- Influência do Protestantismo na oferta pública da educação:
responsabilidade, fé e apropriação dos textos da Bíblia (101);
Ex.: EUA – Lei do abandono intelectual – responsabilização dos pais;
posteriormente o Estado passou a ter mais responsabilidade na educação
de crianças;
- Relação estreita entre Estado e Religião (p. 102);
- Apesar da influência da Reforma e dos trabalhos de Comenius, a
expansão das escolas ocorreu lentamente até o início do sec. XIX nos
países que adotaram o Protestantismo (P. 103);
- Trabalhos de Kant, Hegel, Lancaster e Bell, Manacorda em relação à
universalização da educação;
- Ensino mútuo;
- Utilização de alunos monitores, decuriões (p. 112);
- Criação do quadro no início do sec. XIX;
- Lei imperial de 1827 instituiu o ensino mútuo (p. 117);
- Declínio do Ensino mútuo;
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3. A INSTRUÇÃO PÚBLICA NA REFORMA PROTESTANTE

- Alemanha como pioneira na universalização da


educação pública na Europa (p. 118).
- EUA apresenta uma expressiva experiência
considerando a influência Protestante a o regime
Republicano (p. 120); destaque para Horace Mann
em Massachusetts, em 1937;
- Relatórios produzidos por Mann serviram de base
para o discurso mítico liberal sobre a escola pública
como responsável de tirar o ser humano da
ignorância e, consequentemente, liberá-lo da pobreza
e suas mazelas.
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4. A EXPANSÃO ESCOLAR NO SÉCULO XIX

- A discussão sobre a escola pública teve amplitude limitada, até o último terço
do século XIX: não empolgou o debate nem se transformou em objeto importante
de luta política (p. 129).
- Em 1879, se estabeleceram as bases da educação pública na França;
condições para o exercício do magistério; institui-se a gratuidade (1881) e firmou
os princípios de obrigatoriedade e de laicidade do ensino (1882) (p. 134).
- Na Alemanha, com as Disposições Gerais de 1872, voltou a predominar a visão
liberal. O papel do Estado em face da instrução pública suplantou da Igreja.
Estabeleceu-se uma estrutura para o ensino elementar [...] o princípio da
obrigatoriedade do ensino e a taxa de analfabetismo no país tornou-se a menor do
planeta (p. 137).
- Nos Estados Unidos, a partir da segunda metade do século XIX, tornou-se
compulsória a educação primária. A difusão da escola começou a se aprofundar,
[...] No final do século, os estados mais desenvolvidos do país haviam
assegurado a escola para todos [...] se transformou numa referência para a
Europa e para a América (p. 138).
- Na Inglaterra, a partir de 1876 foi-se estabelecida a obrigatoriedade escolar;
em 1891, o ensino primário tornou-se gratuito, obrigando-se o Estado a
assegurar as subvenções necessárias para sua oferta (p. 141).
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4. A EXPANSÃO ESCOLAR NO SÉCULO XIX

- A burguesia sempre se manifestou avessa à


instrução pública (p. 142).
- Nenhuma nação completou o processo de
difusão e realização plena da escola pública no
século XIX (p. 142).
- No último terço do século XIX, [...] ocorreu um
processo intenso de expansão escolar, cuja
realização atingiu a sua plenitude somente nas
regiões materialmente mais ricas das nações em
referência (p. 142).
REFERÊNCIAS

ALVES, Gilberto Luiz. A produção da escola pública contemporânea.


Campo Grande, MS: Ed. UFMS; Campinas, SP: Autores Associados,
2001.
OBRIGADO!

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