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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

DIDÁTICA PARA O ENSINO DE FÍSICA

Concepções Pedagógicas
da Educação Brasileira
TEORIAS DA EDUCAÇÃO E
CONCEPÇÕES PEDAGÓGICAS

PEDAGOGIA

TEORIA DA EDUCAÇÃO

RELAÇÃO EDUCADOR-EDUCANDO
ENSINO-APRENDIZAGEM
Teorias não-críticas

Pedagogia Tradicional (meados séc. XIX)

Pedagogia Nova (fim séc. XIX)

Pedagogia Tecnicista (meados séc. XX)

Teorias Críticas

Pedagogia Histórico Crítica (1970)


Como as Teorias da Educação explicam o
problema?
• Dois grupos:
→ TEORIAS NÃO CRÍTICAS
• Educação para equalização social
• Sociedade harmoniosa X marginalidade (fato
acidental)
• A marginalidade enquanto distorção deve ser
corrigida pela educação.
• Educação é neutra e autônoma em relação à
sociedade.
Como as Teorias da Educação explicam o
problema da educação?
→ TEORIAS CRÍTICAS
• Educação enquanto instrumento de discriminação
• Sociedade marcada pela desigualdade e diferentes
grupos sociais.
• Classes antagônicas que se relacionam pela força.
• Dominante com apropriação dos resultados da
produção.
• Dominados ou marginalizados.
• Educação depende da estrutura social.
PEDAGOGIA TRADICIONAL
• Contexto histórico:
• Sistemas Nacionais de educação
(universalização da educação pela burguesia)
• Educação direito de todos.
• Burguesia se consolidava no poder.
• Sociedade democrática, contrato social: era
preciso vencer a ignorância.
• Papel da escola = transformação (súditos em
cidadãos livres, letrados).

DIMENSÃO TEÓRICA
• As grandes navegações, as novas descobertas,
despertou o desejo de abolir o passado;

• A REFORMA PROTESTANTE questionava a


autoridade do PAPA, os DOGMAS e a
DOUTRINA CATÓLICA;

• A educação humanista representava uma nova


visão de mundo idealizada pela burguesia
comercial e manufatureira.
DIMENSÃO TEÓRICA
• A nova realidade demandava a transformação
também das mentalidades e a formação de
novo homem por meio da educação.

• A experiência e a razão seriam os


instrumentos para a compreensão do mundo
físico e social, criando a possibilidade de
desenvolver uma sociedade emancipada pela
via do conhecimento científico.
DIMENSÃO TEÓRICA
• O EMPIRISMO é a base epistemológica que
sustenta os métodos de ensino.

• A concepção empirista atendia às


necessidades dos séc. XVII, XVIII e XIX,
pois possibilitava a liberdade de raciocínio em
ralação à tradição e à intervenção humana
sobre o mundo.

• COMÊNIO (1592-1670) TRATADO SOBRE A


ARTE UNIVERSAL DE ENSINAR TUDO A
TODOS.
DIMENSÃO TEÓRICA
• Influenciado pela doutrina da Reforma, seu
Tratado expressou um pensamento
conservador e renovador, adotando um sistema
educativo com base no utilitarismo e no
empirismo.

• Recomenda que a escola deve ensinar as coisas


úteis à vida. O professor deve facilitar a
aprendizagem e seguir a natureza, começar
das coisas fáceis para as mais difíceis. A
criança desde cedo deve ter preparada a
inteligência e a memória, aprender lentamente
as coisas úteis e práticas.
PEDAGOGIA TRADICIONAL
• Objetivo da educação
• Difundir a instrução.
• A mente humana é uma TÁBULA RASA: as
instituições escola, família e igreja vão
imprimindo os conhecimentos de geração em
geração.
• Transmitir conhecimentos acumulados pela
humanidade.
• Ensino humanístico.
PEDAGOGIA TRADICIONAL

• Prioridade da teoria sobre a prática


• Foco nos métodos de Ensino

Como ensinar?

• Centralidade da instrução (formação intelectual)


• Centrada no professor - tarefa é transmitir os
conhecimentos acumulados pela humanidade numa
sequência lógica e linear
• O processo de ensino tinha como base a disciplina e
o esforço do aluno
Concepção Pedagógica Tradicional
Religiosa (1549-1759) no BRASIL
• A Companhia de Jesus foi fundada em 1540, em Roma, por
lnácio de Loyola – pg. 35
• Em 1549, os primeiros jesuítas chegam à colônia brasileira
• Processo de aculturação- catequese e instrução
• Pedagogia Católica - Plano de Nóbrega ou “Pedagogia
Brasílica”
• Estatuto da “redízima” em
1564.
- Ocupação territorial das
novas terras descobertas.
- Plano de instrução de
Nóbrega para todos os
colégios do litoral brasileiro.

Igreja de São Paulo de Piratininga, construída


pelos Jesuítas em 1554.
• Processo de colonização -
catequese e instrução
• Opção pelas crianças.
• Domínio da língua Tupí
• Tupã-Deus . Anhangá-Demônio
Concepção Pedagógica Tradicional
Religiosa (1549-1759)
• Manoel de Nóbrega
• José de Anchieta
• Implantação dos colégios jesuítas
• Organização de um sistema
hegemônico de ensino a partir de
um plano de instrução (pedagogia
brasílica)
• Filosofia educacional
consubstanciada na doutrina da
contra-reforma
• Apropriação da língua Tupi como
instrumento para implementar o processo
instrucional e catequético, no sentido de
aculturação dos habitantes nativos da colônia
Ratio Studiorum (1584-1599 - plano geral de estudos)

• Organizou as regras para todo ensino

• Suplantou a pedagogia brasílica (Plano Nóbrega)

“O Plano é constituído por um conjunto de regras


cobrindo todas as atividades dos agentes diretamente
ligados ao ensino, indo desde as regras do Provincial,
passando pelas do Reitor, do Prefeito de Estudos, dos
professores de modo geral e de cada matéria de ensino,
abrangendo as regras da prova escrita, da distribuição
de prêmios, do bedel, chegando às regras dos alunos e
concluindo com as regras das diversas Academias.”
(SAVIANI, p. 04)
PEDAGOGIA TRADICIONAL

Tendência dominante até o final do século XIX


ORGANIZAÇÃO HIERARQUIZADA
DISCIPLINAMENTO
Concepção Pedagógica Tradicional
Religiosa Leiga(1759-1932)

Reformas Pombalinas(1759)

Contraposição ao
predomínio das idéias
religiosas; as idéias laicas
inspiradas no Iluminismo,
tendo como base a razão,
instituem o privilégio do
Estado para a instrução
Concepção Pedagógica Tradicional
Religiosa Leiga (1759-1932)
• Pedagogia do Humanismo racionalista
• Permanece vínculo com a Igreja Católica por meio de
outras Ordens religiosas
• Em 1772 instituem-se as Aulas Régias – professores
pagos por meio do subsídio literário
• Aprovação da Lei da escola de primeira letras em
15/11/1827
• Método Mútuo – método oficial de ensino, também
chamado de monitorial ou Lancasteriano;
O mestre sentado numa cadeira alta supervisionava
toda a escola e os alunos mais adiantados auxiliavam
o professor no ensino de classes numerosas
O método mútuo “supunha regras pré-determinadas, rigorosa disciplina e a
distribuição hierarquizada dos alunos, sentados em bancos dispostos num
salão único e amplo [...] implicava ‘um sistema contínuo do aproveitamento e
do comportamento do aluno, erigindo a competição em princípio ativo do
funcionamento da escola (VILELA In: SAVIANI, 2005)
Concepção Pedagógica Tradicional
Religiosa Leiga(1759-1932)
• Em meados do século XIX o Método Mútuo foi sendo
substituído pelo Método Intuitivo – percepção sensível
das coisas – objetos, animais ou suas figuras
• Lições de Coisas – resolver o problema da ineficiência
do aluno
• Produção e uso de materiais didáticos como suporte
físico ao novo método de ensino
• Elaboração de manuais pedagógicos que se converteram
em modelo prescritivo para os procedimentos do
professor, em lugar de serem utilizados pelos alunos.
• O método intuitivo foi a base da organização das
Escolas-modelos e dos Grupos Escolares, perdurando
até por volta de 1920.
PEDAGOGIA TRADICIONAL
• Problemas com essa escola
• Não atingiu o objetivo de universalização da
educação escolar (educação para todos)
• Nem todos os indivíduos que precisavam da
escola nela estavam, e os que nela estavam
nem sempre eram bem sucedidos. A Escola
Tradicional, aos poucos, vai-se mostrando
inadequada, originam-se críticas à sua
pedagogia, à sua forma de ensino, dando corpo
a uma nova teoria da educação.
PEDAGOGIA TRADICIONAL
• Problemas com essa escola

• A crise que se instaura nesse momento colocou


em discussão a formação do indivíduo. Em meio
à crise, as questões pedagógicas entram em
discussão: como o objetivo não é transformar a
sociedade, procura-se transformar os
indivíduos, dando-lhes uma educação que
referende a sociedade.
• a resposta histórica foi a chamada Escola
Nova que desloca a ênfase do conteúdo para os
métodos e técnicas de ensino.
PEDAGOGIA TRADICIONAL
• Em resposta às críticas que a teoria
tradicional sofre, no final do século XIX
propõe-se uma educação que leve em
consideração o aspecto psicológico. Uma
educação que desperte nos indivíduos não
os sentimentos de revolta e
descontentamento, mas sim sentimentos
morais, de abnegação, solidariedade e
fraternidade; uma educação preocupada
com o indivíduo, “respeitando” seus
interesses, desejos e vontades.
PEDAGOGIA TRADICIONAL
Idéias propostas pela burguesia: escola
pública, universal, laica, obrigatória e
gratuita. Sendo pública e universal,
atingiria a todos, logo, atenderia às
necessidades da burguesia, que desejava um
único modelo de escola, isto é, desejava
formar homens com o pensamento voltado
para a preservação da sociedade. Não
deveria, porém, ser neutra, pois deveria
transmitir a moral burguesa, incorporando
uma nova visão de homem e mundo sem
afetar a liberdade que a burguesia havia
PEDAGOGIA TRADICIONAL
A burguesia reforçou as concepções de (liberdade,
igualdade para a produção e a troca no mercado)
referentes aos princípios gerais da escola pública,
(educação para todos), acentuado um princípio
complementar: única. Única, pelo fato de que,
primeiro, se destinou a todos os filhos de
trabalhadores e burgueses, isto é, ela desejava um
mesmo modelo de escola para todos, uma escola
que ensinasse os preceitos burgueses: segundo,
porque “superou” o dualismo entre a formação
profissionalizante, dirigida aos filhos dos
trabalhadores e a formação humano-científica,
restrita aos filhos da elite (ALVES, 2001, p. 167).
Concepção Pedagógica Renovadora ou
Escola Nova (1932-1969)

• Século XX, a partir de 1930,


• Prioridade da prática sobre a teoria
• Foco nas teorias da aprendizagem

Como aprender?

• Centralidade no educando
• Tarefa do professor: acompanhar seus alunos em seu
processo de aprendizagem
• Alunos constroem seus conhecimentos
PEDAGOGIA NOVA
• No Brasil em 1882 com Rui Barbosa.
• Crença no poder da escola, mas faz crítica ao método
tradicional.
• Marginalidade deixa de ser o ignorante e passa a ser o
rejeitado.
• Autores: Decroly, Montessori
• Trabalhos feitos com crianças “anormais” foram
generalizados para a escola = biopsicologização da
sociedade, da escola e da educação.
• Nasce dos estudos das deficiências neurofisiológicas –
biológicas e psíquicas detectadas, testes de
inteligências e personalidades.
PEDAGOGIA NOVA
• A escola deve encontrar a diferença e assim
oferecer um tratamento diferencial.
• Marginalidade não se explica pela diferença
entre os homens, não só raça, credo, mas
diferença no domínio do conhecimento, no
desempenho cognitivo.
• Anormalidade não é ruim, é apenas diferença.
• Educação deve incutir o sentimento de aceitação
dos demais e pelos demais.
• Objetivo é que os homens aceitem as diferenças
de qualquer tipo, respeitem a individualidade.
PEDAGOGIA NOVA
Intelecto Sentimento

Lógico Psicologia

Conteúdos cognitivos Métodos

Professor Aluno

Esforço Interesse

Disciplina Espontaneidade

Diretivismo Não-diretivismo

Quantidade Qualidade

Inspiração filosófica Inspiração experimental

Centrada na ciência Centrada na biologia e


lógica psicologia
PEDAGOGIA NOVA
• Organização escolar:
• Importante é aprender a aprender.
• Grupos segundo áreas de interesse decorrentes de
atividades livres.
• Professor estimulador e orientador.
• Aluno tem papel central no processo.
• Aprendizagem → decorre de um processo espontâneo
do ambiente, estimulante e da relação entre aluno-
professor e aluno-aluno.
• Pequenos grupos em ambiente dotado de materiais
ricos, alegre, movimentado.
• Os meios servem a relação professor-aluno.
PEDAGOGIA NOVA
• Problemas desta escola:
• Alto custo.
• Escolas experimentais.
• O seu ideário foi muito difundido gerando o
afrouxamento da disciplina;
• despreocupação com o conteúdo;
• rebaixamento do nível de ensino às camadas populares
cuja escola é o único acesso ao conhecimento;
• aprimoração da educação destinada às elites.
• Manteve a expansão da escola nos limites da classe
dominante.
• Desenvolveu um ensino adequado aos interesses do
capitalismo.
PEDAGOGIA NOVA
(1932-1969)
• Movimento dos Renovadores - lançamento do
Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova (1932).

• Necessidade de transformação da escola. Reforma


terá que se apoiar em uma nova psicologia, construída
a partir do conceito de aprender.

• Aprendizagem vem a ser entendida como


assimilação biológica de novas formas de reagir ao
ambiente.

• Só se aprende aquilo que dá prazer


PEDAGOGIA NOVA
(1932-1969)

• Lourenço Filho(1930) lança o livro “Introdução ao estudo


da Escola Nova”

• O movimento renovador encontra forte resistência dos


educadores católicos

• 1933 Anísio Teixeira- lança o livro “Educação


Progressiva:uma introdução à filosofia da educação”,
influenciado pelo pensamento Pedagógico de John Dewey

• 1938 foi fundado o Instituto Nacional de Estudos


Pedagógicos(INEP) que era um centro estimulador de
experiências de renovação pedagógica
PEDAGOGIA NOVA
(1932-1969)

• 1945 - Predominância da Concepção Renovadora


• 1947- Predominância de representantes da pedagogia nova na
comissão constituída para elaborar o projeto da Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (vigorou sob o nº 4024/61)
• Movimento Católico se opõe à concepção renovadora e assume a
defesa do ensino privado
• 1969 Instituto Pedagógico Montessori-Lubienska que passou a
realizar Semanas Pedagógicas em várias cidades em todo o Brasil
• Em 1975 alterou-se a denominação para Instituto Pedagógico Maria
Montessori( ao final da década de 70 existiam no Brasil 144 escolas
montessorianas)
PEDAGOGIA NOVA
(1932-1969)

• Final de 50 início de 60: processo de mobilização


popular, é colocada a questão da cultura e
educação populares

•Movimento Paulo Freire de Educação de Adultos


(pontos em comum com o ideário da Pedagogia
Nova).

• 1968 Mobilização dos Universitários -


reivindicações de reforma universitária pelo
movimento estudantil.
PEDAGOGIA NOVA
(1932-1969)

• As mobilizações dos estudantes se pautavam


pela concepção humanista moderna
• Expressam a Concepção renovadora de matriz
escolanovista
- cursos que valorizavam os interesses, a
iniciativa e as atividades dos alunos
- método de projetos
- ensino centrado em núcleos temáticos
- método de solução de problemas
- valorização de atividades grupais
Concepção Pedagógica Tecnicista
(1960-1970)
• Década de 60 ocorre o esgotamento do
modelo renovador (taylorismo/fordismo)
• A pedagogia dominante, em consonância com
as formas de divisão do trabalho e da
sociedade, tinha por objetivo atender às
demandas de educação.

• demarcava os limites entre as ações


intelectuais e instrumentais, bem como
determinava o lugar e as atribuições de cada
indivíduo no interior da sociedade.
Concepção Pedagógica Tecnicista
(1960-1970)

• Nova orientação pedagógica inspirada na


Teoria do Capital Humano: a educação tem por
função preparar as pessoas para atuar num
mercado em expansão que exigia força de
trabalho educada

• Educação passou a ser entendida como algo


decisivo do ponto de vista do desenvolvimento
econômico, um bem de produção.
Concepção Pedagógica Tecnicista
(1960-1970)

• Buscou-se mostrar a subordinação da educação ao


desenvolvimento econômico; significava torná-la
funcional ao sistema capitalista.

• Reforma instituída pela lei 5692/71 pretendeu


moldar todo o ensino brasileiro por meio da
pedagogia tecnicista. Convertida em pedagogia
oficial é encampada pelo Estado que procurou
implementá-la em todas as escolas do país.
Concepção Pedagógica Tecnicista
(1960-1970)

•Com certa estabilidade tecnológica, com processos


rigidamente organizados e controlados, essa
pedagogia não cogitava a possibilidade de mudanças,
transformações.

•Isso porque seu objetivo estava voltado para o


atendimento às demandas do mercado, que
correspondiam a uma forma de organização social,
também permeada pela rigidez e a estabilidade,
sobretudo das normas e dos comportamentos
individuais e coletivos.
Concepção Pedagógica Tecnicista
(1960-1970)

•A esperança depositada na reforma escolar mostra-


se frustrada, indicando uma preocupação com os
métodos pedagógicos.

•O clima conflitante que se instaura nas relações


sociais de produção, em virtude de a tecnologia estar
se desenvolvendo como um fim em si mesma, faz com
que a sociedade inicie outro movimento que privilegia
a eficiência instrumental na educação, promovendo
uma reordenação do processo educativo, de modo a
torná-lo objetivo e operacional.
Concepção Pedagógica Tecnicista
(1960-1970)

•A Pedagogia Tecnicista, ancorada na teoria


comportamental de Skinner, baseada na
mentalidade científica, inspirada nos princípios de
racionalidade, eficiência e produtividade defende
um ensino planejado como uma organização racional,
que rejeita as interferências subjetivas que
poderiam comprometer a eficiência no trabalho
Concepção Pedagógica Tecnicista
(1960-1970)

•Desenvolve-se, então, para o âmbito do processo


educativo, o enfoque sistêmico, o micro-ensino, o
tele-ensino, a instrução programada, as máquinas de
ensinar, a divisão do trabalho pedagógico com
especificação de funções, a padronização do
sistema de ensino a partir do esquema de
planejamento previamente formulado, devendo-se
ajustar às diferentes disciplinas e práticas
pedagógicas.
Concepção Pedagógica Tecnicista
(1960-1970)

•Atribui-se grande ênfase aos meios e aos recursos


tecnológicos. Tanto a figura do professor como as
necessidades e interesses dos alunos ficam em
segundo plano. Com a “máquina de ensinar”, Skinner
acreditava que parte da função do professor
poderia ser plenamente substituída pela máquina.

•o professor exerce a função de supervisor da


aprendizagem dos alunos, tal como o supervisor
coordena os operários na fábrica.
Concepção Pedagógica Tecnicista
(1960-1970)

Busca-se adaptar o ensino às demandas do trabalho


industrial. A Psicologia comportamental defende a
positivação da inteligência, tomada como sinônimo
de comportamento, tornando-se passível de
observação e controle.
• Segundo Skinner (1972), o ensino se efetua por
um processo de modelagem dos comportamentos,
cabendo à educação prover os mecanismos
necessários para instaurá-los por meio de
reforços.
Concepção Pedagógica Tecnicista
(1960-1970)

Pedagogicamente, Skinner defende a idéia do


exercício em si e por si, da repetição mecânica
dos conteúdos, ou seja, pela internalização de
novas respostas, comportamentos e modificações
dos comportamentos já existentes
. Na escola tecnicista, são privilegiados os meios
pelos quais se educam os indivíduos e os recursos
utilizados para esse fim. As orientações e
planejamentos ocupam lugar de destaque, pois
acredita-se que um programa bem elaborado pode
garantir uma boa aula.
Concepção Pedagógica Tecnicista
(1960-1970)
. A função da escola é preparar os indivíduos para o
trabalho na indústria, para o ajustamento ao
quadro técnico, para adaptar-se às máquinas, pois
a eficiência produtiva está relacionada à
previsibilidade do comportamento, ao controle.

O sujeito aprende a repetir conteúdos, desenvolve


habilidades simples, padrões de comportamento
que não vão além daquilo que a máquina requer.
Concepção Pedagógica Tecnicista
(1960-1970)

•Dissolvem-se as diferenças individuais,


os homens se tornam homogêneos porque
lhes é requerido o mesmo resultado,
desaparecem as peculiaridades humanas,
porque o que está em evidência não é o
humano e sim a técnica.
Concepção Pedagógica Tecnicista
(1960-1970)

• A Educação deve primar pelo:


• Planejamento.
• Objetivos operacionais.
• Processos mecanizados.
• Padronização do ensino.
• Proposta de ensino: Microensino, Telensino
• Instrução programada (Skinner)
• Máquinas de ensinar (Skinner)
Concepção Pedagógica Tecnicista
(1960-1970)

• Parcelamento do trabalho → especialização.


• Professor e aluno tem papel secundário, como
executores do processo que foi planejado e
organizado por técnicos que também coordenam e
controla o mesmo.
• Neste os meios definem o que o professor e
alunos irão fazer.
• Marginalidade relacionada à incompetência e
improdutividade.
Concepção Pedagógica Tecnicista
(1960-1970)

• Educação ajudará a superar a marginalidade por


formar sujeitos eficientes para aumentar a
produtividade da sociedade.
• Equalização social = equilíbrio do sistema.

• Síntese:
• Pedagogia tradicional → aprender
• Pedagogia nova → aprender a aprender
• Pedagogia tecnicista → aprender a fazer
Concepção Pedagógica Tecnicista
(1960-1970)

• A concepção produtivista resistiu a todos os


embates de que foi alvo por parte das
tendências críticas ao longo da década de 80.
• Recobrou novo vigor no contexto denominado
neoliberalismo (ajuste da educação às demandas
do mercado numa economia globalizada
centrada na Sociedade do Conhecimento)
Concepções Pedagógicas Críticas
Processo sócio-libertador

Teoria e prática – relação indissociável


Concepções pedagógicas críticas, contrapondo as ideias da
Teoria do Capital Humano.

Prática social
Trabalho como princípio educativo
Homem como sujeito histórico

“[...] professor e aluno se encontram igualmente inseridos


ocupando, porém, posições distintas, condição para
que travem uma relação fecunda na compreensão e
encaminhamento da solução dos problemas postos
pela prática social[..]” (SAVIANI, 2005)
Concepções Pedagógicas Críticas
Processo sócio-libertador

• Concepção Pedagógica Libertadora formulada por Paulo


Freire (1971 e 1976). Seu “método pedagógico” tem como
ponto de partida a vivência da situação popular, passa pela
identificação dos problemas e escolha dos temas geradores,
pela problematização e conscientização, redundando na ação
social e política.

• Na década de 1970 a visão crítica se empenha em


desmontar os argumentos da concepção pedagógica
produtivista: função reprodutora da escola.
Concepções Pedagógicas Críticas
Processo sócio-libertador

• Novo processo didático pedagógico que consiste em unir o


conhecimento científico ao conhecimento vivencial-
experencial dos educandos em sua historicidade;

•A escola terá como função ligar dialeticamente a cultura


primeira à cultura massa e à cultura elaborada, realizando
uma permanente continuidade e ruptura, em todos os níveis
de ensino, atingindo crianças, jovens e adultos;

•Caminho que conduz à pedagogia da esperança e da


libertação por meio da consciência.
Concepções Pedagógicas Críticas
Processo sócio-libertador

• A consciência é um fato social determinado pela


linguagem;

•O que define o conteúdo da consciência são os fatores


sociais;

•A consciência é formada pelo conjunto dos discursos que


são interiorizados pelos indivíduos ao longo da vida.

•A formação da consciência crítica põe em desenvolvimento


o processo de libertação.
Concepções Pedagógicas Críticas
Processo sócio-libertador

• A libertação nasce da debilidade e da luta dos oprimidos;

•A superação dos oprimidos implica no surgimento do novo


homem, “não mais oprimido, não mais opressor, mas homem
libertando-se”;

•Nesse processo, os oprimidos devem despender um esforço


de reflexão sobre suas condições concretas de vida;

•A ação desse homem transformará em autêntica práxis e o


seu saber resulta em objeto de reflexão crítica.
Concepções Pedagógicas Críticas
Processo Histórico-Cultural
• Na década de 80 emerge a concepção pedagógica Histórico-
Crítica. A educação é entendida como mediação no seio da
prática social global. Os encaminhamentos são postos pela
prática social como ponto de partida e de chegada da prática
educativa.
• Concepção dialética – materialismo histórico
• Afinidade com a psicologia histórico-cultural – Vigotski

“A educação é entendida como o ato de produzir, direta e


intencionalmente, em cada indivíduo singular, a humanidade
que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos
homens.” (SAVIANI, 2005)
Concepções Pedagógicas Críticas
Processo Histórico-Cultural
• Marco teórico 1979;
• A prática pedagógica propõe uma interação entre conteúdo e
realidade concreta, visando a transformação da sociedade
(ação-compreensão-ação);

• Enfoque no conteúdo como produção histórico-social de todos


os homens;

• Superação das visões não-críticas e crítico-reprodutivistas


da educação.

Concepções Pedagógicas Críticas
Processo Histórico-Cultural
• PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
• Defende a escola como socializadora dos conhecimentos e
saberes universais;

• A ação educativa pressupõe uma articulação entre o ato


político e o ato pedagógico;

• Interação professor-aluno- conhecimento e contexto


histórico-social;

• A inter-subjetividade é mediada pela competência do


professor em situações objetivas;
Concepções Pedagógicas Críticas
Processo Histórico-Cultural
• PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
• Concepção dialética da história (movimento e transformação);

• Pressupõe a práxis educativa que se revela numa prática


fundamentada teoricamente;

• A natureza e especificidade da educação refere-se ao


trabalho não-material, que na escola pública não se subordina
ao capital;

• A interação social é o elemento de compreensão e intervenção


na prática social mediada pelo conteúdo;
Concepções Pedagógicas Críticas
Processo Histórico-Cultural
• A tarefa desta pedagogia em relação à educação escolar
implica:

• a) Identificação das formas mais desenvolvidas em que se


expressa o saber objetivo produzido
historicamente,reconhecendo as condições de sua produção e
compreendendo as suas principais manifestações, bem como as
tendências atuais de transformação;

• b) Conversão do saber objetivo em saber escolar de modo a


torná-lo assimilável pelos alunos das camadas populares no
espaço e tempo escolares;
Concepções Pedagógicas Críticas
Processo Histórico-Cultural
• A tarefa desta pedagogia em relação à educação escolar
implica:
• c) Provimento dos meios necessários para que os alunos não
apenas assimilem o saber objetivo enquanto resultado, mas
apreendam o processo de sua produção, bem como as
tendências de sua transformação.

• PAPEL DA ESCOLA: Valorização da escola como espaço social


responsável pela apropriação do saber universal;
• Socialização do saber elaborado às camadas populares,
entendendo a apropriação crítica e histórica do conhecimento
enquanto instrumento de compreensão da realidade social e
atuação crítica e democrática para a transformação desta
realidade.
Concepções Pedagógicas Críticas
Processo Histórico-Cultural

• REPRESENTANTES OU TEÓRICOS
• Influências de autores internacionais como: Marx, Gramsci, G.
Snyders, M. Manacorda, Makarenko, Suchodolski.

• Demerval Saviani, Jamil Cury, GaudêncioFrigotto, Luiz Carlos


de Freitas, Acácia Zeneida Kuenzer, José Carlos Libâneo
(Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos);
• PSICOLOGIA
• Corrente sócio-histórica: Vigotski, Lúria, Leontiev e Wallon.

• FILOSOFIA: Materialismo Histórico-dialético.


Concepções Pedagógicas Críticas
Processo Histórico-Cultural

Anos 1980 – processo hegemônico no sentido


de mobilização dos educadores que não chegou
a se “encarnar na prática educativa” (SAVIANI, 2005)

Anos 1990 – mantém-se a hegemonia do capital


humano: educação como instrumento de
crescimento econômico
Concepções Pedagógicas Críticas
Processo Histórico-Cultural

Teoria do Capital Humano surgiu preconizada pela


política do Bem-Estar – iniciativa do Estado;

•“Agora é o indivíduo que terá que exercer sua


capacidade visando adquirir os meios que lhe permitam
ser competitivo no mercado de trabalho”

Acesso aos níveis de escolaridade amplia as condições


de empregabilidade do indivíduo, entretanto, não há
garantia de emprego para todos.
O CONHECIMENTO PARA O MATERIALISMO
HISTÓRICO

•É o conhecimento das leis históricas, transitórias,


concretas, produzidas pelos homens. Das leis de
transformação da humanidade. Das leis econômicas que
regulam a produção da vida em determinados momentos
históricos. Das leis mutáveis dinâmicas, de transformação -
que existem porque existe tal forma de trabalho e/ou tal
forma de relação social, e, se esgotam porque essas formas
engendram outras no interior de seu desenvolvimento.
•É o conhecimento do trabalho, através do trabalho. É o
conhecimento das relações sociais, da dinâmica da produção
de vida dos homens em sociedade.
•É o conhecimento do homem como um ser que produz
historicamente. Do homem dentro de conflitos históricos
explicáveis pela própria produção da vida que estabelece.
O CONHECIMENTO PARA O MATERIALISMO
HISTÓRICO

• É o conhecimento da consciência (ciência,


cultura, política, arte, etc.) enquanto
determinada historicamente pela prática social
dos homens.

• Não é o conhecimento do objeto nem do sujeito.


Ao contrário, o conhecimento é produto do
trabalho realizado no interior de uma dada
relação social.
• De acordo com a base material, com a
produtividade, produzem-se as idéias - que em
nada são abstratas.

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