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DIDÁTICA

DO ENSINO
SUPERIOR
AMANDA RODRIGUES DE SOUZA
Aula 01

Didática: Origem e
Conceito
Objetivo Geral da Disciplina
O Proporcionar reflexões e conhecimentos
acerca da prática docente no Ensino Superior.
Objetivos Específicos
O Analisar o papel da universidade contemporânea e sua
responsabilidade na formação do professor universitário;
O Refletir sobre a função docente como ação transformadora;
O Propor uma visão crítica sobre as abordagens, discussões e
tendências voltadas à prática pedagógica no ensino superior;
O Compreender os conceitos estabelecidos relativos à
Didática.
Considerações Iniciais
O Disciplina de formação didático-pedagógica;
O Visão devassada: ao professor universitário bastava
saber se expressar bem e ter vasto conhecimento sobre a
disciplina lecionada.
O Visão contemporânea: o professor precisa desenvolver
habilidades, ter recursos pedagógicos que ofereçam um
aprendizado eficaz ao aluno.
O Ninguém nasce professor!
Afirmou o mestre Paulo Freire que
não existe o professor nato, mas
aquele que se constrói ao pensar
sobre a prática e na prática (FREIRE,
1991).
Conceito de Professor:
O Transmissor de conhecimento?
O Mediador do conhecimento?
O Nasceu professor?
O Faz-se professor?
O Investigador de saberes?
O A Didática é essencial ao professor?
O O professor é produtor ou reprodutor?
O Aprender a aprender - fazer pedagógico.
Essa imagem tem relação com a Didática?
Essa tem?
E essa?
Didática?
O que é Didática?
O Didática é a “arte de ensinar tudo a todos” (COMENIUS;
GOMES, 1966)
O Se ocupa de procedimentos e técnicas de ensino.
O “Parte da Pedagogia que trata dos preceitos científicos que
orientam a atividade educativa de modo a torná-la mais
eficiente”. (HOUAISS; VILLAR, 2001. pg. 22).
O A Didática trata-se de uma disciplina que estuda os meios, o
cenário, os objetos e as condições do processo de ensino.
(LIBÂNEO, 1994).
Conceitos de Didática:
O Tradicional:
1. Professor –figura central;
2. Preocupação com o método de ensino e não
com a aprendizagem do aluno;

KAYDT, 2011.
Termos: Pedagogia e Didática
“Tomemos os termos ‘pedagogia’ e
‘didática’. O que setores fortes,
conceitualmente, das áreas humanas e
sociais questionam é: de quê afinal estamos
falando quando falamos de pedagogia ou
quando falamos de didática, por exemplo. É
comum encontrarmos nas publicações o uso
desses termos como sinônimos.” (GATTI,
2011, p. 57).
A diferença é que a Pedagogia refere-se ao estudo da
educação, enquanto a Didática, ramo da Pedagogia,
tem como objeto o ensino, preocupando-se com o
processo de ensino-aprendizagem. (HAYDT, 2011).

Para Gatti (2011, p. 57) “a Pedagogia seria o espaço


das grandes reflexões em educação”.
O que é ter didática?
O Objetivo do professor: fazer o aluno aprender;
O Da forma mais adequada, que surta maior
efeito;
O Por meio do método do ensino mecânico?
O Por meio do método de ensino sócio-
construtivista?
A visão sócio-construtivista:

Saber escolar > relação professor e aluno >


experiências e conhecimentos do aluno>
professor mediador > alcance dos objetivos.
A origem da
Didática
Há registros de obras voltadas à Didática antes no
século XII e no século XVI. Mas foi a partir de
Comenius, no século XVII que ela ganha ênfase.

O Ausência de métodos.
O Comenius (1592 – 1670)
_ Nasceu em 1592 – Atual República Tcheca.
Europa Central.
_ Cenário: Inquisição e Protestantismo. Família
Protestante.
_ Lutava por uma religião mais racional.
_ Ser humano: perfeição de Deus.
_ Escritor, integrante da classe eclesiástica,
filósofo, cientista, e professor.
_ Aos 12 anos ficou órfão .
_ Vítima de uma educação: fria, ríspida,
dogmática, absoluta, severa (castigos).
Didática Moderna:
O Primeiro pedagogo da civilização ocidental. Influencia um novo pensamento sobre
educação.
O Pai da Pedagogia Moderna.
O Pioneiro: educação como ciência (sistemática).
O Publica a obra “Didática Magna: a arte de ensinar tudo a todos.” – Sua obra prima.
Clássico da literatura pedagógica.
O Educação e Religião: para o homem, para a vida. E não o homem para a educação e para a
religião.
O Educação para todos e em conjunto (homens e mulheres).
O Educação de forma contínua.
O Novo conceito de infância.
O Educação, piedade, moral.
O Pioneiro: educação respeitosa (desenvolvimento da criança, ao seu
saber, como ser inteligente).
O Aprendizado pelos sentidos (percepções sensoriais).
O Desenvolveu uma teoria humanista e espiritualista. (Conhecimento e
fé).
O Educação para todos: independente de religião, classe, gênero e
condições mentais.
O Educação religiosa, social, política, racional, afetiva e moral.
O Misturava filosofia, razão e ciência. ( Raciocínio lógico e espírito
científico).
O Construção do conhecimento: experiência, com afetividade,
observação da ação, sem punição, espaço escolar limpo...
O Comenius é atual? Contemporâneo?
O No Brasil a universalidade da educação: 1988 –
CF. Redemocratização da Educação. Comenius já
lutava por essa universalização no século XVII.
O Tinha preocupação com a infância. Com a
educação da infância.
O Só é reconhecida sua proposta há pouco tempo.
O Há registros de obras voltadas à Didática antes de
Comenius ( no século XII e no século XVI).
A aprendizagem acontecia pautada em
memorização, de forma passiva, em que o
conhecimento era transmitido pelo professor e
recepcionado pelo aluno. Foi assim até o início
do século XIX. (HAYDT, 2011).

Memorização – repetição de exercício – ensinar


a ler e escrever tecnicamente.
O (Início do Séc. XIX) A Didática busca
fundamentos na >1º. Filosofia (Homem e
mundo) > (Séc. XX) > 2º. Ciências. (Ciências
do Comportamento).

O Séc. XX – Movimento da Escola Nova


(Europa e América). Didática Moderna.
OEscola Nova:
1. Burguesia
2. Industrialização
3. Classe Hegemônica
4. Educação e comportamento
5. Nova forma de Ensino
6. O aluno ativo
7. Sujeito da aprendizagem
8. Criança como criança
9. Respeito aos processos de evolução naturais
10. Professor: mediador, organizador e propulsor dos recursos e ambiente de
aprendizagem.
A história da Didática no Brasil
O Períodos que marcaram a trajetória da
Didática no Brasil:

1. De 1549 até 1930;


2. Da década de 1930 até 1988.
3. Anos de 1980.
Educação Brasileira: período de 1547 a 1759.

O Educação: monopólio da Igreja.


O Companhia de Jesus.
O Educadores jesuítas – atuaram de 1549 até 1759.
O Catequização dos índios. Educação a elite.
O Ação pedagógica: dogmática. Sem raciocínio crítico. Tradicional.
O Império e República: não aconteceram mudanças significativas em
relação à educação. Continuava tradicional, elitizada, segmentária.
O República: laicização do ensino. Exclusão do caráter religioso.
Educação Brasileira: Revolução de 1930.
O Crise de 30: mudanças significantes na educação.
O Influência do contexto mundial.
O Da concepção humanista tradicional (católica) para a concepção humanista
moderna (escola nova).
O Vargas cria o Ministério da Educação.
O Criação do Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova (1932). (Anísio
Teixeira, Lourenço Filho, Fernando de Azevedo).
O Transição da Pedagogia Tradicional para a Pedagogia Moderna
(investigação científica – ideais liberais). Da Didática Tradicional para a
Moderna.
O Defendia-se a laicidade da educação, sua
obrigatoriedade, a escola pública, cidadã,
democrática, ligada aos demais setores sociais.
O Formação do Profissional da Educação.
O movimento da Escola Nova teve início no
século XIX, colocando o aluno no eixo do
processo de aprendizagem, reconhecendo o
aluno como criança e, portanto, exigindo estudos
diferenciados do desenvolvimento humano
adulto. (ANTUNES, 2009).
Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova pode “ser considerado um
importante legado que nos é deixado pelo século XX” (SAVIANI, 2004,
p.35). Propunha uma política de educação moderna, articulando a educação
com os demais segmentos sociais e a defendendo em seu caráter
democrático, sem limite de classes. Com esse pensamento inovador, um
grupo de docentes formado na década de 1920, aproveitando o ensejo dado
por Getúlio Vargas num dos seus discursos sobre uma possível colaboração
na definição da política educacional do seu governo, viu-se atraído pela
oportunidade de manejar as políticas educacionais no Brasil, o que se
vislumbrou na Revolução de 1930 (Id., 2004).

Documento escrito por 26 educadores durante o governo Vargas, em


1932, com o objetivo de trazer a renovação e a democratização da
educação.
O No Brasil: fortalecimento da Escola Nova >
Revolução de 1930. (Anísio Teixeira; Fernando
de Azevedo; Lourenço Filho; Mulheres da
Revolução de 30).

O Seu enfraquecimento após a Revolução de 30 nas


escolas. Mas, continuou forte na universidade.
Vianna descreve bem esse momento político e a relevante
participação das mulheres na Revolução de 30:

Refiro-me à participação das mulheres brasileiras nas atividades


revolucionárias dos anos 30, mais exatamente a atuação que
tiveram na luta contra a ascensão nazifascista e na preparação
da revolução comunista, esta abortada na insurreição de 27 de
novembro de 1935. A Era Vargas, como a nomeia o historiador
Hélio Silva, foram anos atravessados por revoluções,
insurreições, perseguições, delações, encarceramentos, torturas,
ameaças, dentro e fora do país. Um tempo fortemente
ideologizado, dividido por orientações políticas contrárias e
excludentes: liberalismo, comunismo, positivismo, integralismo.
Só se reconheciam duas classes: a burguesia e o proletariado.
Quem era a favor de uma, era contra a outra. (VIANNA, 2002, p.
27).
O Final da década de 1970: Didática > tecnicista>
métodos de ensino > “receitas de bolo” >
militarismo.
O Criação da disciplina: Educação Moral e Cívica.
O Educação pautada em princípios que
“preservem a Segurança Social”.
O Pouco senso crítico.
Faz-nos refletir o professor Frigotto sobre esse cenário ditatorial:

Os pacotes de ensino assepticamente programados por


especialistas, cuja forma de veiculá-los é tida como mais
relevantes que os próprios conteúdos, e a hierarquização e o
parcelamento do processo pedagógico constituem-se em formas
de controle da produção e divulgação do saber que se processa
na escola e, enquanto tais, de controle social mais amplo. Sob
esta ótica, o aumento do acesso à escola, ou até mesmo dos anos
de escolaridade [...] torna-se amplamente funcional e produtivo
para a estabilidade do sistema social em geral. (FRIGOTTO, 1989,
p.170)
O Fim da Ditadura Militar: economia desfavorável, consequências
graves da repressão.
O Período de manifestações sociais, principalmente da classe
operária.
O Professores exigem sua participação nas proposta de políticas
públicas educacionais.
O Questionam a educação tecnicista.
O Tendência à educação crítica, reflexiva.
O Momento de re(pensar) e (re)construir a Didática.
Década de 1980
O Novas concepções de educação, de filosofia.
O Período de redemocratização da educação brasileira.
O Carta Magna – Obrigatoriedade e educação gratuita a todos.
O Formação integral do homem. Não apenas educação centrada na
atuação do professor e na aprendizagem do aluno.
O Didática sofre transformações, pois tem que atender às novas
perspectivas educacionais em acordo ao fomento tecnológico e
social.
O Exigência de novas técnicas de ensino.
Educação de qualidade: atendimento ao mundo
do trabalho, ao mundo globalizado e seu
fomento tecnológico-informativo, onde a
educação precisa contemplar o social, o cultural
e o ambiental, bem como preocupar-se com o
conhecimento técnico e sensível tanto quanto o
simbólico (GADOTTI, 2003).
Conforme afirma Candau:

A Didática passa por um momento de revisão crítica. Tem-


se a consciência da necessidade de superar uma visão
meramente instrumental e pretensamente neutra do seu
cotidiano. Trata-se de um momento de perplexidade, de
denúncia e anúncio, de busca de caminhos que têm de ser
construídos através do trabalho conjunto dos profissionais
da área com professores de 1o e 2o graus. E pensando a
prática pedagógica concreta, articulada com a perspectiva
de transformação social, que emergirá uma nova
configuração para a Didática. (CANDAU, 2002, p. 14).
Referências:
ANTUNES, C. (2009). Professores e Professauros: reflexões sobre a aula e práticas pedagógicas diversas. 3ª. ed.
Petrópolis, RJ: Vozes.

CANDAU, Vera Maria (org.). Rumo a uma nova didática. Petrópolis: Vozes, 2002

COMENIUS, J. A.; GOMES, J. F. Didáctica magna: tratado da arte universal de ensinar tudo a todos, 1966.

FREIRE, P. Pedagogia da Indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: Editora UNESP, 2000. F

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1997.

FRIGOTTO, G. A produtividade da escola improdutiva: um (re) exame das relações entre educação e estrutura
econômico-social capitalista. 3ª. ed. São Paulo: Cortez, 1989 (coleção educação contemporânea)
GATTI, B. A. Reflexões sobre questões metodológicas e práticas em pesquisas em educação in Revista
Digital do Paideia Volume 2, Número 2, Outubro de 2010 – Março de 2011.

GADOTTI, M. (2003). Boniteza de um sonho: Ensinar-e-aprender com sentido. São Paulo: Grubhas.

HAYDT, R.C. Curso de Didática Geral. São Paulo: Ática, 2011.


LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Editora Cortez, 1994.

HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro Salles. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2001.

SAVIANI, D. (et. al.). (2004). O legado educacional do século XX no Brasil. Campinas, SP: Autores
Associados.

VIANNA, L. H. (2002). Mulheres revolucionárias de 30. Revista Gênero, Rio de Janeiro, v.2, n.2,
p. 27-34.
Segundo Paulo Freire, ensinar
não é apenas uma simples
transmissão de conteúdos,
uma maneira de reproduzir a
ideologia dominante, mas uma
forma de intervir na
sociedade. (FREIRE, 1997).

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