Você está na página 1de 16

[DIDÁTICA]

[A CONSTRUÇÃO DA DIDÁTICA COMO CAMPO DE CONHECIMENTO A ANTIGUIDADE]

O trabalho de educar é um saber/fazer que está sendo construindo na medida em que se


aplica/repensa esse mesmo saber/fazer.

Podemos dizer que os primeiros modos de educar e as primeiras escolas que se organizaram nas
sociedades antigas já visavam à manutenção das classes dominantes do poder.
Também podemos dizer que sobre as diferentes formas existentes da formação das pessoas a
depender da função que ocuparam dentro dessa classe dominante.

_Sempre que aplicarmos algo que sabemos, estamos repensando, voltando a pensar sobre aquilo
que já sabemos.
_Naquela época famílias abastadas, famílias de boa condição podiam contratar um tutor, pedagogo
para a formação de seus filhos. Desse modo a formação dos jovens estava intimamente relacionada
a posição econômica que essa família possuía.

[A CONSTRUÇÃO DA DIDÁTICA COMO CAMPO DE CONHECIMENTO: A IDADE MÉDIA]

É a partir do século XI, na denominada Baixa Idade Média, que se estende até o século XV, que a
Europa alcança cerca estabilidade politica com um crescimento populacional, e consequentemente
um ressurgimento do comércio e a reconfiguração das cidades. O crescimento econômico desse
período reclamava um novo conhecimento o que levou à formação de escolas que abriram as suas
portas para indivíduos não clérigos.

Foi na transição da Idade Média para a Idade Moderna, que os historiadores consideram que se
inicia no século XV que se passou a questionar a vinculação entre Religião e Ciência. Durante toda
a Idade Média, a Igreja Católica foi a instituição responsável por conservar, organizar, produzir e
difundir o conhecimento da época.

Sob a influência da Igreja católica, muitos pensadores, muitos filósofos foram perseguidos por
defender a separação entre religião e ciência.
Até o século XVI a obra que sistematizou, que organizou de modo coerente os preceitos sobre como
ensinar foi a Ratio Studiorn. É na denominada Idade Moderna, entre os séculos XV e XVIII, que
vamos encontrar as primeiras publicações que vão se opor aos princípios sistematizados pelos
educadores da companhia de Jesus e configurar o campo de estudos que será denominado
DIDÁTICA.

*O campo de estudos da didática esta vinculada a todas as transformações que ocorrem na Europa a
partir do século XV.
*Toda uma expansão territorial, comercial acelerou o desenvolvimento do conhecimento da época,
bem como da economia daquele momento histórico.
*Portanto, é no mundo em transformação da Idade Moderna que surgem as primeiras publicações
DIDÁTICA.

[A CONSTRUÇÃO DA DIDÁTICA COMO CAMPO DE CONHECIMENTO: IDADE


MODERNA]

Sem dúvida nenhuma Comênio é uma referência histórica importantíssima para a Educação da
Idade Moderna porém ha outro estudioso, anterior a ele, que costuma ser esquecido pelos Manuais
de Didática, as pesquisas estão recuperando sua obra. Esse estudioso é Wolfgang Ratke (1573 –
1635) em latim ratichus.

_Por volta de 1612, Ratke publicou uma pequena obra intitulada Memorial de Frankfurt, na qual
defendia três grandes ideias: uma reforma do ensino das línguas, uma reforma da instrução pública
gerou tanta polêmica, que acabou conhecida como NOVA ARTE DE ENSINAR.

_A elaboração e publicação de todas essas obras significam que estava tomando forma um “novo”
modo de pensar o mundo conhecido até então. Todas essas produções afirmavam que o
conhecimento não deveria depender da fé, que ele era independente o mundo a partir daquilo que
experimentamos sobre o mundo com os nossos sentidos.

_Essas ideias estavam dando espaço para o empirismo.

_Todas essas teses, que eram novas e revolucionárias para aquele momento histórico, foram dando
forma ao que hoje denominados de Ciência Moderna.

[OS PRIMEIROS DIDÁTICOS: WOLFGANG RATKE – 1571 – 1635]

De um modo muito resumido podemos sintetizar os princípios da ciência


moderna nas seguintes proposições

*O sujeito (S) do conhecimento capta o mundo a partir dos seus sentidos e


da faculdade da razão.
*O processo de conhecimento é o resultado da ação que um sujeito (S),
uma pessoa, realiza sobre um objeto, a ser conhecido (O), S > O.
*O sujeito (S) pode atingir conhecimentos verdadeiros e universais se agir
metodicamente se utiliza o método.
*O objeto (O) que é conhecido se estrutura a partir de leis naturais que
podem ser medidas, quantificadas, expressas em formular matemáticas e está separado do sujeito
(S), isso quer dizer que suas propriedades independem do sujeito (S) que observa e conhece o
objeto (O).
*Conhecer o Objeto (O) significa ter domínio sobre o mesmo.

_Uma das primeiras proposições de Ratke é a de que “o príncipe”, ou seja, o governante, deveria
instalar e administrar as escolas públicas e ordenar que todas as crianças fossem instruídas
principalmente na leitura da escrita, e no cálculo, base de todo estudo sério e necessário à vida
prática.

_Dentre os vários escritos de Ratke (2008) podemos sintetizar suas ideias nos seguintes princípios:

*Tudo deve ser ensinado primeira na língua materna


*Tudo deve ser ensinado sem constrangimento
*Nada deve ser aprendido de cor, pois é forçar a natureza.
*Não mais do que uma casa por vez.
*Deve ensinar do conhecido ao desconhecido
*Em primeiro lugar deve-se ensinar a coisa em si mesma, depois, o modo da coisa.

[A INSTRUÇÃO COLETIVA DE WOLFGANG RATKE E O MODO DE PRODUÇÃO DA


MANUFATURA]

Podemos concluir que há uma “racionalidade” econômica na proposta didática de Ratke. O que
queremos dizer com “racionalidade econômico”? Isso quer dizer que o conjunto de argumentos que
justificam a proposta didática Ratke, a sua “racionalidade trata de otimizar, economizar, os recursos
disponíveis”

_Uma formação mais barata em menor tempo com conteúdos aplicáveis a vida prática, ao trabalho
que, aqueles que trabalhavam, deveriam executar.
_Podemos concluir que uma de suas primeiras preocupações sobre o “ofício do mestre do ensino” é
o de “saber bem o que tem a ensinar”

(…) vai procurar no conhecimento anterior ao que ele mesmo esta produzindo, ou seja, no
conhecimento sistematizado daquela época, uma evidência, algum fato ou frase que confirme
claramente (…)

_Concluímos que Ratke dava importância a palavra do professor, ao modo do professor falar, a
linguagem utilizada para comunicar-se com os alunos, indicando ao professor colocar-se no lugar
do aluno.

[O OFÍCIO DO MESTRE DO ENSINO DE WOLFGANG RATKE]

Podemos concluir que Ratke, já sinalizava para os diferentes estilos de aprendizagem, pois “não se
desenvolve um taleto igual que outro”. Ao compreender as diferenças existentes entre o modo de
aprender dos alunos Ratke, sinaliza um profissional que apesar de ensinar, deve continuar a estuda
TANTO O COMPORTAMENTO DOS ALUNOS QUANTO O CONTEÚDO A SER ENSINADO.

[A ARTE DE ENSINAR DE WOLFGANG RATKE]

(…) “Portinari dominava com tanta destreza a técnica da pintura que conseguiu se expressar de um
modo singular com essa técnica, ou seja, criou um estilo próprio, por isso quando visualizamos um
quadro de Portinari reconhecemos que se trata de PORTINARI. Isso quer dizer que, apesar de
dominar o jeito e os instrumentos do fazer também há um aspecto de criatindade que não pode ser
desprezado nesse fazer, e esse será o tema da próxima aula

[A CONCEPÇÃO DE ARTE COMO TÉCNIA DE WOLFGANG E A COMPREENSÃO DE ARTE


COMO PROCESSO DE CRIAÇÃO]

Não se desenvolve um talento igual ao de outro. O professor deve estudar a maneira de cada aluno
comportar-se.

_Lembramos que: apesar de Ratke compreender arte como aplicação de uma técnica, de um fazer
bem feito.
*Procuramos, com perseverança e sensibilidade, um modo de falar que permita aos estudantes a
compreensão da sua fala.

[OS PRIMEIROS DIDÁTICOS: COMÊNIO – 1592-1670]

Já afirmamos que, em geral, a bibliografia de Educação menciona a


figura de Comênio (1592 – 1670), como sendo a primeira referência
histórica no campo da didática, porém as atuais pesquisas em história da
Educação estão recuperando a obra de Wolfgang.

_Ratke (1571 – 1635) e indicam que Comênio já conhecia a obra do seu


antecessor e chamava Ratke como sendo o “corifeu” o, primeiro dos
didáticos.
*Logo no início de sua Didática Magma, Comênio explícita seu objetivo
“Nós ousamos prometer uma didática Magna, ou seja, uma arte universal de ensinar de tudo a
todos: de ensinar de modo certo para obter resultados.”

_Assim como René – Descartes (1596 – 1650) buscava o caminho que levasse todos os homens a
utilizar corretamente a capacidade de bem julgar e discernir o conhecimento verdadeiro do falso por
meio do método, Comênio preocupava em sistematizar um.

_Comênio ratifica a racionalidade econômica já indicada por Ratke, de ensinar com “economia de
tempo e de fadiga” sem renunciar ao “agrado”, ao prazer de aprender.

_Outro aspecto que nos chama a atenção na citação de Comênio é a instrução para “tudo o que diz
respeito a vida presente e a futura”. Essa proposição de Comênio nos leva a uma outra pergunta que
ainda esta aberta no debate educativo contemporâneo: DE QUE MODO PREPARAR PARA UMA
VIDA FUTURA SE ESTAMOS NO PRESENTE?

[A DIDÁTICA MAGNA DE COMÊNIO]

_Comênio defendia a formação coletiva, em escolas, nas quais a instrução seria feita “sem
pancadas, sem violências e sem qualquer constrangimento, com a máxima delicadeza, com a
máxima doçura e como que espontaneamente”

_Podemos supor que o conceito de “disciplina” desse mestre escola representado já esta muito
distante co conceito de disciplina como era utilizado na antiguidade.

_Enquanto que o instrutor dedica uma atenção especial a algumas crianças, as demais estão
entregues aos seus interesses: dormem, conversem.

[O MÉTODO NATURAL DE COMÊNIO]

A defesa didática e dos “novos procedimentos de ensino” de Ratke e Comênio também se


relacionam com a Reforma protestante o movimento reformista cristão deflagrado por Matinho
Lutero (1483 – 1546) no século XVI. Tanto Ratke quanto Comênio trataram de se opor
politicamente aos princípios da Igreja Católica e aos seus procedimentos pedagógicos.

_Comênio denomina seu método de natural no sentido de ser lógico e seguir a ordem regular das
coisas

_O “método natural” faz referência a um posicionamento teórico conhecido como naturalismo. Esse
naturalismo defende que a única forma de conhecer a realidade é o método científico. Todos os
fenômenos que podem ser estudados devem ser estudados pelo mesmo método.

[A CONCEPÇÃO DE NATURALISMO DE COMÊNIO]

A concepção naturalista de Comênio defende que a única forma de conhecer a realidade é o metodo
científico.
_Essa ciência vai se apoiar na metáfora do mundo como um mecanismo, uma máquina. A máquina
que vai levar o processo da manufatura, ainda realizada com as mãos no século XVII, para a
revolução industrial do século XVIII. O método científico busca a regularidade habitual dos
fenômenos, a repetibilidade, à ordem que deve ser sempre a mesma. Essa era a grande preocupação
do século XVII: a aplicação do método.
_O método de Comênio é bem próximo ao de Ratke, pois também indica que as coisas deveriam ser
ensinadas de acordo com a ordem da natureza, pois “tudo o que precede” fundamenta o que se
segue e deve ser ensinados gradualmente, sem interrupções de modo que todas as coisas novas
aprendidas hoje sejam um reforço das aprendidas ontem e uma preparação para o que fosse
aprendido amanha.

_Como a preocupação de Comênio era o tornar acessível o conhecimento de tudo a todos,


recomendava que se ensinasse sempre o nome de um objeto a sua forma ou a sua imagem.

[O MUNDO SENSÍVEL ILUSTRADO DE COMÊNIO]

O livro Mundo Sensível Ilustrado de Comênio foi publicado em 1685, na cidade de Nuremberg, que
hoje pertence ao território da Alemanha. CHALMEZ (2004) destaca que pela primeira vez um livro
fazia a imagem prevalecer sobre o texto como fonte de conhecimento.

_Podemos concluir que Comênio introduziu uma prática de ensino baseada na imagem em lições
ilustradas.

*Em suas diversas obras Comênio indagou sobre:

1)As razões, os porquês, as finalidades de ensinar.


2)Como ensinar
3) O que ensinar.

[A DIDÁTICA, O PROCESSO DE ESCOLARIZAÇÃO E A CONSTRUÇÃO DA INFÂNCIA NO


SÉCULO XVII]

“Deve se dar início à formação do homem durante a idade primaveril, ou seja, durante a infância(de
fato, a infância é o símbolo da primavera, a juventude do verão, a virilidade, do outono, a velhice do
inverno) as horas matinais são as mais propícias aos estudos.”

_Tudo o que será aprendido deve ser disposto segundo a idade, para que nunca se ensine nada que
não possa ser compreendida.
_Foi possível compreender como esses primeiros didáticos discordavam do processo de ensino
vigente naquela época.

… O processo de ensino e aprendizagem que vivenciamos hoje esta adequado ao nosso momento
histórico.

[O NATURALISMO DE ROUSSEAU E PESTALOZZI NO SÉCULO XVIII]

No século XVIII vamos encontrar grandes filósofos e pensadores que também


ratificam a ideia de educar a criança naturalmente.
Rousseu identifica o processo de educação com o processo de humanização.
Rousseu é um dos expoentes do momento conhecido como Iluminismo, para o
qual a humanidade em seu uso da razão, pode tornar o mundo melhor

_Rousseu vai reforçar a ideia de uma “ação natural” do educador. Para ele, a
“ação natural” do educador tem que levar em conta os interesses da criança
que vê, pensa e sente de um modo peculiar.

_Rousseu não deixou indicações precisas sobre o procedimento de ensinar uma curiosidade é o seu
método para o ensino da música para as crianças. Rousseau defendia que a crianças deveriam
aprender melodias e canções que correspondessem aos seus interesses.

_Rousseau não colocou em prática suas ideias nem chegou a elaborar uma teoria sobre o ensino,
apesar de ter contribuído para dar visibilidade aos interesses do educando.

*A partir das ideias de Rousseau, Pestalozzi privilegia as atividades de desenho, escrita canto,
exercícios físicos, modelagem, cartografia e excursões ao ar livre.

_As ideias de Rousseau, Pestalozzi e Froebel são fundamentais para a concepção de infância e
educação infantil que vão se consolidar no século XX.

[A DIDÁTICA E O MÉTODO EXPOSITIVI DE HEARBART NO SÉCULO XIX]

_Fullat(1994) adverte que a educação em geral e, especialmente, a institucionalizada na escola, nos


sistemas de ensino sempre foi conflituosa, pois pretende transmitir coisas muito discutíveis como a
verdade bondade e beleza.

A instituição Escola propõe esses valores em função das lutas existentes entre os diversos grupos
sociais.
_A escola, como instituição social, que se organizou na Europa do século XIX, vai apropriar-se das
ideias vindas das ciências que estavam se configurando no século XIX que são a Administração
Científica, a Psicologia e a Sociologia. Para Emille Durkhein (1858 – 1917), um dos primeiros
sociólogos franceses discorre sobre a sociedade.

_A contribuição do emergente campo de estudo da sociologia, no século XIX, à educação reforçou


a noção de uma formação nos sistemas de ensino voltada para a manutenção das normas e dos
valores sociais e não para a transformação dessas normas e valores.

_No século XIX, também a psicologia se emancipa da Filosofia e ganha status de ciência, com seu
objetivo do estudo própria o comportamento e os processos mentais do indivíduos.

_A exposição se realiza por meio dos cinco passos formais, denominados de método herbatono ou
expositivo, que são:

1)PREPARAÇÃO – recordação, pelo professor, de algo já sabido


2)APRESENTAÇÃO – o professor apresenta a nova matéria
3)ASSIMILAÇÃO – comparação com a matéria antiga
4)GENERALIZAÇÃO – apresentação, pelo professor, de exemplos, casos semelhantes
5)APLICAÇÃO – aplicação do aprendidos por meio de tarefas.

Para Herbart, o processo de aprendizagem passa por duas fases: absorção e reflexão: “Por
absorção, Herbart entende que a idéia se adquire mediante a concentração sobre determinada idéia,
excluindo-se todas as demais. Em termos psicológi- cos, a massa perceptiva forte constrói-se com
base.

Trata-se de evitar que o aluno se perca numa multidão de idéias” (GILES, 1975, p.199)

*Podemos concluir que Herbart estava interessado em explicar o funcionamento do processo mental
que envolve a aprendizagem humana. Seu interesse era o de levar a pedagogia a ganhar o status da
ciência.
[A DIDÁTICA E AS CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO NO SÉCULO XIX]

Na concepção filosófica o processo de ensino esta voltado para a educação integral do ser humano,
em todas as suas dimensões. Na concepção técnico – científica o processo de ensino esta voltado
para a inserção social dos educandos no mundo do trabalho. Na concepção crítico – emancipatória o
processo de ensino volta-se para a transformação da realidade sócia – histórica.
No modelo de Herbart o processo de ensino rege-se pelas seguintes leis:

LEI DA FREQUÊNCIA – a mente aprende uma ideia quando o interesse a traz de volta à mente.
Quanto mais um conceito ou ideia foi trazido à consciência mais facilmente se recupera e maior o
seu poder sobre a mente

LEI DO HÁBITO – é a lei da associação de ideias semelhantes e contraste com ideias não
semelhantes.

Para Herbart, o planejamento das lições, das aulas deve obedecer às leis de funcionamento da
mente. Desse modo, uma sistematização rigorosa do processo de ensino, implica planejamento e
previsão do trabalho docente que deve se realizar mediante a aplicação justificada e
deliberadamente sequenciada das ações mais eficazes e eficientes que o saber científico nos
oferece.

*Como alguns posicionamentos teóricos afetam o desenvolvimento da Didática? O esquema de


explicação dos fenômenos por meio de uma relação linear de causa efeito, reforçou a ideia de que a
pessoa aprende por meio da aplicação de um coreto método de ensino.

Conceber o processo de ensino a partir de uma relação linear de causa efeito implica considerar o
sujeito da aprendizagem como um objeto de causalidade.

Conceber o processo de ensino a partir de uma relação linear de causa- efeito implica considerar o
sujeito da aprendizagem como um objeto de causalidade. O que isso quer dizer? Considerar o
sujeito da aprendizagem como um objeto de causalidade implica aceitar que o sujeito da
aprendizagem seria determinado por forças totalmente exteriores a si mesmo. Logo, para o sujeito
aprender bastaria que ele fosse ensinado com o método eficaz. Nesse ponto podemos nos
questionar: se o método eficaz é aquele que produz o efeito desejado, a eficiência do método
dependerá da sua eficácia, da ação de produzir um efeito? E que efeito se espera produzir nos
educandos? Que efeito o docente espera conseguir com sua ação? Adaptar o educando aos valores
definidos pelo grupo hegemônico? Levar o educando a transformar os valores definidos pelo grupo
hegemônico?

Percebeu como a eficácia depende do pressuposto inicial, do ponto de partida de quem aplicaria o
método?

[A DIDÁTICA COMO PROCESSO COMUNICATIVO: A CONCEPÇÃO CRÍTICO –


EMANCIPATÓRIA DO SÉCULO XX]

Não podemos ignorar que um conjunto coerente de suposições, hipóteses, com a finalidade de
elucidar um fenômeno, como por exemplo o processo de ensino – aprendizagem, também é uma
prática discursiva. Isso quer dizer que a maneira como falamos e pensamos sobre o mundo, seja por
meio de um conjunto coerente de suposições, ou não, modula o modo como nos comportamos e o
tipo de mundo que como resultado, ajudamos a criar. É através do discurso, daquilo que falamos,
que construímos o que experimentamos como realidade.
*Compreender a didática como sendo o modo pelo qual o educador comunica o mundo da
experiência e da cultura implica que esse modo de comunicar vai depender das pressuposições
daquele que comunica. Isso quer dizer que são as pressuposições que vão dar feições diferentes a
ação docente. O que é uma pressuposição?

_Para a lógica, uma preposição é uma afirmação inicial que vai gerar uma série de outras
afirmações. A verdade, ou falsidade, das outras afirmações consequentes vão depender dessa
afirmação inicial.

_Portanto, a didática fundamenta-se na pressuposição absoluto do “aperfeiçoamento humano” ou


seja, a didática reconhece a incompletude do sujeito e a didática também se apoia em outras
pressuposições relativas que vão configurar diferentes concepções de ensino e aprendizagem

_Podemos concluir que o modo como o educador comunica o mundo da experiência e da cultura
depende das suas pressuposições.

[AS INTERFACES DA DIDÁTICA COM A FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO]

Na didática é possível perceber que se fundem uma série de conhecimentos provenientes dos
demais conteúdos que estudam outros aspectos da ação educativa internacional que acontecem na
instituição escolar.

DIDÁTICA (Filosofia da educação, História da educação, Área específica, Política Educacional,


Sociologia da educação, Psicologia da Educação)

_Para a abordagem essencialista em Educação, o ser humano nasce uma essência que o caracteriza
como humano. Essa essência é o pensamento.
Para a abordagem essencialista da educação supostamente, se oferecem a todas as pessoas por igual,
as mesmas condições para aprender
(caso o indivíduo não aprenda é culpa dele)

*O sujeito da aprendizagem aprende em suas relações com os outros no mundo e com o mundo, por
meio da reflexão e da ação.

[AS INTERFACES DA DIDÁTICA COM A PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO]

_Em suas interfaces com a psicologia da educação, a didática considera a relação que os sujeitos
estabelecem com os objetos dos conhecimentos.
A psicologia apresenta três grandes modelos de relação do sujeito com os conhecimentos.

S>O (O Sujeito que age sobre o Objeto)


*Nesta proposição o sujeito já possui a capacidade de conhecimento do objeto a ser conhecido. Para
que este conhecimento se efetive é preciso que o sujeito aja sobre o objeto internalizando-o.

S<O (O Objeto age sobre o Sujeito)


*Esta noção fundamenta o empirismo e o comportamentalismo, que esta inserido na tradição das
investigações empiristas em psicologia e pressupõe que a aprendizagem é a mudança de
comportamento.

S<>O (Sujeito e Objeto interagem)


*Há uma inter-relação entre ambos, um processo interacionista. O conhecimento é construído, em
sua forma e conteúdo, por um processo de interação entre sujeito e objeto, meio processo que se
realiza pela atividade do sujeito estimulado pelo meio.

*Do ponto de vista pedagógica, os pontos centrais da abordagem didática fundamentada na


metáfora do construtivismo são:

- a comunidade na qual o sujeito está inserido tem papel central na construção do seu entendimento
- a natureza dos materiais pedagógicas com os quais interage e interfere no modo e no ritmo da
aprendizagem.

*Não basta conhecer a teoria, temos que nos “colocar”, fazer escolhas em relação a teoria. Qual é a
teoria que vai guiar as suas ações? Olhe a sua volta. Observam como se comportam os demais. O
que as pessoas fazem para aprender? Olhe para si mesmo. Observe e tente responder. Como você
tem aprendido ao longo de sua vida? Você herdou essas suas capacidades por meio da genética?

[AS INTERFACES DA DIDÁTICA COM A SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO: AS TEORIAS


NÃO CRÍTICAS]

As teorias não críticas concebem a escola como única, sem conflitos, tal como se houvesse um
único projeto de sociedade, isto é, o projeto social do poder hegemônico.

Consequentemente, a educação é fundamental para a distribuição da riqueza e da mobilidade social.


A noção de Estado como representando o interesse geral da população oculta os antagonismos
sociais ao representa – lo como uma instituição público supostamente não representativa de nenhum
interesse partículas.

[AS INTERFACES DA DIDÁTICA COM A SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO: A TEORIA


CRÍTICA DA REPRODUÇÃO]

Na visão da Sociologia Crítica não há uma cultura homogênea, tal como faz supor a teoria não
crítica.

“Toda e qualquer sociedade estrutura-se como um sistema de relações de força material entre
grupos ou classes”

Na perspectiva da Sociologia Crítica, a Escola é uma agência que reproduz a estrutura social
A escola participa desse jogo de forças e acaba por legitimar essa condição, ao transformar
“desigualdade sociais” em “desigualdades naturais”.

[AS INTERFACES… A TEORIA CRÍTICA DA CORRESPONDÊNCIA]

A “teoria da reprodução” da sociologia crítica, também tem sido contestada por muitos educadores
e estudiosos, pois em uma interpretação linear casual simplista pode dar a entender que o “sujeito”
assimila o conteúdo diretamente, sem refletir sobre o mesmo.

O exercício do poder simbólico por um grupo tem por objetivo impor algo como uma verdade
universal, em realidade, trata-se de uma arbitrariedade cultural.

[A TEORIA CRÍTICA DA RESISTÊNCIA]

_Para Michael Apple a Escola não é somente um sistema de reprodução social do poder
hegemônico pois também é um sistema imerso no conflito que consequentemente também gera
contestação e resistência.
… Podemos relacionar o posicionamento de Apple em relação à teoria da reprodução com as ideias
do educador brasileiro Paulo Freire (1921 – 1997), para quem o ser humano é condicionado, mas
não determinado. A diferença entre um ser determinado e condicionado é que um ser condicionado
tem consciência de seu inacabamento e sabe que pode ir além. Segundo FREIRE (!997, p59), “essa
é a diferença profunda entre o se condicionado e o ser determinado”

[AS INTERFACES DA DIDÁTICA COM A POLÍTICA EDUCACIONAL]

_Os parâmetros indicam os objetivos a serem alcançados em cada componente curricular, bem
como as capacidades e habilidades a serem desenvolvidas em cada um desses componentes. O
primeiro volume de cada um deles apresenta uma reflexão sobre o momento do processo de
escolarização: e o referencial teórico que fundamenta o documenta. Os demais volumes dedicam-se
aos componentes curriculares.

[AS INTERFACES DA DIDÁTICA COM A POLÍTICA EDUCACIONAL: OS PARÂMETROS


CURRICULARES NACIONAIS]

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) estão organizados de modo similar. O primeiro


volume de cada um deles apresenta uma reflexão sobre o momento do processo de escolarização.

_Uma das características que nós identificamos claramente nos PCN é a ruptura com as fronteiras
disciplinares.
A proposta do referencia curricular da educação infantil nos oferece uma imagem uma
representação de conhecimento em forma de rede.

RCNET

Natureza e Sociedade

Movimento Artes Visuais

Conhecimento
do Mundo

Música Matemática
Linguagem Oral e Escrita

Os PCNs do Ensino Fundamental tratam os conteúdos de forma mais estanque, mais disciplinar
com os temas transversais.

PCNs EM

Linguagem, Códigos e suas Tecnologias

Ciências Humanas e suas Tecnologias

Ciências da Natureza

Matemáticas e suas Tecnologias.


[AS INTERFACES DIDÁTICAS COM A POLÍTICA EDUCACIONAL: A ABORDAGEM POR
COMPETÊNCIAS DOS PCNs]

Para compreendermos a proposta metodológica nos parâmetros curriculares nacionais temos que
nos deter no significado do conceito de competência.

Para Perrenoud (1999) uma competência é um saber mobilizar, ou seja, a faculdade de mobilizar um
conjunto de recursos cognitivos saberes, capacidades, informações para solucionar uma situação,
um problema.

_Podemos perceber que todos os parâmetros propõem o desenvolvimento de três grandes conjuntos
de competência que são:

*Comunicar e representar
*Investigar e Compreender
*Contextualizar o conhecimento produzido pela humanidade.

O conjunto de competências que os parâmetros curriculares nos indicam mobiliza as capacidades


de:
_informar e informa-se
_comunicar-se, expressar-se
_argumentar logicamente
_aceitar e regular argumentos
_manifestar preferências
_apontar contradições
_usar diferentes linguagens e meios de comunicação.

[A CONCEPÇÃO DE DIDÁTICA NAS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS]

_Se a educação refere-se ao processo de humanização, ela implica a manutenção da cultura do


grupo social.

CULTURA

MANUTENÇÃO TRANSFORMAÇÃO

EDUCAÇÃO.

Educador Sujeito Meio Social

Educando TENDÊNCIA PEDAGÓGICA


Conhecimento Educar

para que? Porque?


Tendências Pedagógicas
Eixo Organizador
Status Quo

Manutenção da ordem social e cultural – Transformação da ordem social e cultural

_As tendências que pretendem manter a ordem social e cultural são chamadas de tendências
liberais. As tendências que pretendem transformar a ordem social e cultural são chamadas de
progressistas.

Tendências – Renovada ou Tradicional

Tendências Progressistas – Libertária ou Crítico Social Conteúdos

_A partir desse eixo organizador, a tendência liberal acolhe dois enfoques: o Tradicional e o
Renovado.
_Os dois enfoques progressistas se encontram no desejo de transformar a desigualdade reinante na
sociedade capitalista.

[A CONCEPÇÃO DE DIDÁTICA NA TENDÊNCIA PEDAGÓGICAS LIBERAIS]

_Como já indicamos na aula anterior as tendências pedagógicas liberais se apoiam nas teses do
liberalismo econômico, modelo que vem dando sustentação ao sistema capitalista de produção.

O relacionamento entre educador e educando é hierarquizado, sendo aquele a autoridade máxima e


este o receptor passivo. Um detém o saber e a verdade, e o outro nada sabe.

Tendência Liberal Tradicional Tendência Liberal Renovada


Preparação para a vida social Educação Processo Social
Essencialista Visão de homem Existencialista
Harmônica Sociedade Harmônica
Transmite informação e valores Escola Laboratório para formação
para manter a ordem social integral do aluno
Monólogo Modo de Comunicação Dialogada
Transmissão, Informação e Situação Didática Problemas e descobertas da
Valores Universais solução
Disciplinar Conteúdo Interdisciplinar – Projetos
Receptor Passivo Docente Induz Descobertas
Receptor Passivo Descente Ativo descobre solução
Individual Atividade Individual e Coletiva

_A partir do quadro acima podemos visualizar mais facilmente as características de ambas as


tendências e podemos constatar que entre ambas existem diferenças

[A CONCEPÇÃO DE DIDÁTICA NAS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS PROGRESSISTAS]

Essa tendência enfatiza a transformação da sociedade, e a ampliação de oportunidades e condições


de vida mais igualitária para todos. Estes direitos tem sido negados a grande parte da população nas
sociedades capitalistas. Comecemos nossa trajetória com o enfoque crítico – social dos conteúdos

Tendência Pedagógica Social Tendência Pedagógica


Conteúdo Libertaria
Processo Social Educação Processo Social
Existencialista Sujeito Existencialista
Conflito Sociedade Conflito
Transmitir conhecimento e ESCOLA Produzir Conhecimentos para
valores para alterar ordem Transformar realidade social
social
Diálogo Modo de Comunicação Diálogo
Confronto entre explicação Situação Didática Consciência de Uma Situação
docente e experiência disserte Problema
Disciplinar Conhecimento Interdisciplinar
Realidade Social Fontes de Informação Cultura
Mediador Docente Animador de Docente
Ativo, Confronta explicação do Discente Ativo, intervém no grupo de
docente com suas suposições discussão
Individual e Coletiva Atividade Predominante Coletiva Grupo
de Discussão.

Ambas as tendências progressistas compreendem a didática como modo de comunicação dialógico.

[O CONCEITO DE TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA]

_O docente realiza transposição didática na medida em que elabora atividades, exercícios, encontra
imagens, gráficos, uma linguagem que leve o grupo com o qual trabalha compreender o conteúdo
que esta tratando.
*Para isso o docente elabora o plano de ensino, o planejamento do curso das aulas em sequências
compreensíveis dentro do tempo que dispõe. Por isso, muitas vezes o docente realiza abstrações da
realidade, divisões que só tem sentido em função da transposição didática.

[A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA E A COMPETÊNCIA DISCIPLINAR]

Apesar dos espaços de aprendizagem serem cada vez mais numerosos na sociedade contemporânea,
continua sendo na instituição escola.

Para Meirieu (1998) o que mobiliza uma pessoa a aprender, o que o introduz em uma
aprendizagem, o que lhe permite assumir as dificuldades da mesma e vencer seus obstáculos é o
desejo de aprender e a vontade de conhecer.

Desse modo, o professor encontra-se com um novo desafio, fazer com que nasça o desejo de
aprender nos grupos com que trabalha.

_Para sua competência disciplinar o docente necessita:


*Distinguir as características do saber científico e do senso comum
*Reconhecer os aspectos relevantes do saber científico e as relações significativas para apresentar
determinado fato, conceito, procedimento.
*Avaliar o grau de aproximação dos alunos na compreensão do fato, conceito, procedimento e
valor, etc.
*Promover e desenvolver conflitos cognitivos
*Trabalhar com conceituações provisórios e parciais, mais próximas do conhecimento dos
educandos
*Privilegiar a integibilidade do conteúdo.

[A COMPETÊNCIA DIDÁTICA E A AUTORREGULAÇÃO DA APRENDIZAGEM]

Para a competência didática do docente, Docca e Villani (1997) apontam uma série de ações como:

_Definir as metas de aprendizagem(conquistas cognitivas, psicomotoras e afetivas) específicas a


serem atingidas em cada aula
_Elaborar uma representação dos conhecimentos prévios dos educandos
_Interpretar o discurso e as ações dos estudantes.
_Auxiliar os estudantes a tomarem consciência das transformações que ocorrem ao longo de seus
processos da aprendizagem.

Perrenoud (2000) destaca que o saber é um meio para compreender o mundo e agir sobre o mundo e
não um fim em si mesmo. Por isso, o principal recurso de um docente é atitude de reflexiva para:

_Saber gerenciar a classe como uma comunidade educativa


_Saber organizar o trabalho no meio dos mais vastos espaços-tempos de formação (ciclos, projetos
da escola)
_Saber cooperar com os colegas, os pais e outros adultos
_Saber conceber e das vidas aos dispositivos pedagógicos complexos
_Saber observar os alunos nos trabalhos
_Saber avaliar as competências em construção.

Sanmartí, Jorba y Ilbanês(2000) afiram que um aprendiz autorregulado necessita tomar consciência
e atuar para

*Identificar os motivos e objetivos da aprendizagem que quer realizar.

[O PLANEJAMENTO]

_O Projeto Político Pedagógico da instituição apresenta como seu próprio nome indica dois
aspectos: o político, porque estabelece um compromisso com a formação do cidadão indicada na
legislação e normas comuns do sistema de ensino, e pedagógico: que define a forma de efetivas as
ações educativas da instituição escolar.

“O docente participa de modo diferenciado, em todos esses níveis de planejamento”

Compreende-se o planejamento como um instrumento de intervenção no cotidiano real das


instituições na direção de configurar uma sociedade menos injusta e mais solidária.

[A CONCEPÇÃO CRÍTICO – EMANCIPATÓRIA PARA O PLANEJAMENTO DA SITUAÇÃO


DIDÁTICA]

Planejar é uma das atividades da competência didática do docente. Em aulas anteriores, indicamos a
competência disciplinar e didática necessária para o docente conseguir despertar o desejo de
aprender nos grupos com os quais trabalha.
Todo o planejamento da situação didática deve representar esses possíveis conhecimentos prévios,
bem como os pontos de apoio para deflagrar a aprendizagem.

[O PLANEJAMENTO DA SITUAÇÃO DIDÁTICA: CONHECIMENTOS PRÉVIO E PONTOS


DE APOIO PARA APRENDIZAGEM]

PSICOMOTOR
COGNITIVO
AFETIVO

_Para Meirieu (1998) esses três domínios trabalham e se relacionam simultaneamente. O organismo
humano funciona como um todo diante de situação mais ou menos complexas.É praticamente
impossível detectar, por exemplo, um processo de memorização, ligado ao domínio cognitivo
totalmente isolado do estado emocional, afetivo, em que essa memorização possa acontecer. O
psiquismo humano, o conjunto dos fenômenos ou dos processos mentais conscientes ou
inconscientes de um indivíduo, está, constantemente, comunicando-se com o seu meio. A
comunicação

_O quadro abaixo adaptado do material proposto Meirieu (1998), pode ser “lido” da esquerda para a
direita para explorar as necessidades de aprendizagem dos grupos com os quais os docentes
trabalhe, bem como os pontos de apoio, as entradas para os saberes, que o docente pode avalancar a
situação didática pretende.

EXPLORAR AS NECESSIDADES DE APRENDIZAGEM


_Conhecimentos Prévios

Pontos de Apoio
Citação geral do educando e do meio ambiente de aprendizagem.

_Quem é o educando
_Idade
_Referências Culturais
_Acontecimentos Marcantes da história pessoal do educando
_Acontecimentos recentes em torno do educando
_Que formas de sensibilização usar para introduzir a aprendizagem
_Em que nível de complexidade é possível propor o assunto
_Que vocabulário posso utilizar?
_Que tipo de exemplos, analogias utilizar?

DOMÍNIO COGNITIVO – Competências que o aluno já dispõe


Sobre quais conhecimentos anteriores posso ancorar a aprendizagem

DOMÍNIO AFETIVO – Interesses, paixões, curiosidades e engajamento que manifesta


Com que tipo de desafio se identifica (impor-se, produzir para valorizar-se, arriscar-se, lançar-se,
identificar-se, opor-se, etc)

Em que projeto pessoal poderia inscrever-se a aprendizagem que pretende propor?

Meirieu (1998) observa que toda atividade de aprendizagem proposta deve contar com um
obstáculo a ser vencido, o que constitui o verdadeiro objetivo do educador. Isso quer dizer que nas
atividades propostas deve-se prever algum sistema de restrição, ou seja, o sujeito não pode realizar
a atividade sem deparar-se com o obstáculo, e um sistema de recursos que auxilie o sujeito a
vencer o obstáculo.

Meirieu (1998) exemplifica uma situação didática acessível e ao mesmo tempo desafiadora para
alunos que ainda não dominam a leitura nem a escrita. Uma docente de Educação Infantil, que
realizava uma avaliação diagnóstica das competências das crianças com as quais trabalhava, consta-
tou que estes educandos já sabiam associar certas marcas de biscoito ao seu grafismo graças às
publicidades que acompanhavam na televisão e nas revistas. A docente também havia constatado
que no domínio sensório motor as crianças já eram capazes de recortar e colar papéis, cartolinas e
cartões, e percebeu que a confecção de pacotes era uma atividade que mobilizava os alunos. A
docente supôs que confeccionar pacotes era uma atividade suficientemente mobilizadora para
alavancar, para dar entrada à nova aprendizagem que pretendia deflagrar no seu grupo. Por esse
motivo, propôs a seguinte situação problema: produzir biscoitos, empacotá-los e criar uma marca
para o pacote de biscoitos que cada grupo produzisse. O que pretendeu a educadora ao propor essa
situação problema? Segundo Meirieu (1998) a docente pretendia que as crianças codificas- sem e
decodificassem símbolos, ou seja, que associassem grafemas e fonemas em uma operação
recíproca, em que o som leva ao grafismo e o grafismo ao som. De acordo com os pressupostos
teóricos que orientavam a atividade docente, a professora considerava que a operação de
codificação e decodificação de símbolos constitui-se em um ato de leitura. Nesse sentido, a
professora não estava interessada na produção de biscoitos, mas sim na maneira como as crianças
trabalham em pequenos grupos, como se comunicam se auxiliam umas às outras, formulam
suposições e esforçam-se para resolver o problema proposto, o de criar uma marca para o pacote
de biscoito associando um grafema a um fonema. Ao longo da realização da atividade, a docente
pode ir confirmando sua suposição bem como manter-se atenta para relembrar as orientações dadas
aos edu- candos no início da atividade e apontar os possíveis desvios de rota dos mesmos no
decorrer da ação. Assim, podemos concluir que não basta propor uma atividade, mas ter clareza da
aprendizagem que possibilita vencer o obstáculo vinculado à atividade proposta.

Você também pode gostar