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ATIVIDADES
A partir dos conceitos e tema estudados neste tópico, responda as questões abaixo:
1- Que definição de educação é explorada neste tópico e qual sua opinião sobre ela?
3 – Como deveriam ser definidos os valores e objetivos de uma ação educativa para o
homem no Brasil? Justifique sua resposta.
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2.2.1 Introdução
afirmações acima, mostrar como, em linhas gerais, o Discurso Ideológico (DI) invade e
contamina o Discurso Pedagógico (DP) ao longo da história da educação brasileira,
tornando justificável a presença do Discurso Filosófico (DF) na Educação como
contraponto do DI presente nela. Para tanto, organizamos este texto da seguinte forma:
primeiramente, caracterizamos o DI, em seguida, o referimos ao DP para, finalmente,
identificar e caracterizar o DF como importante ao DP, caso queiramos defini-lo como um
discurso comprometido com o saber e não com poder e a dominação.
Propomos, aqui, que entendamos o DI como aquele que exprime a visão de mundo de uma
determinada classe social (dominante), pretendendo que esta visão seja a de todos. Neste
sentido, ele surge sempre a partir de um posicionamento da consciência frente à realidade
social, ou melhor, o processo social é que o impulsiona ou alimenta enquanto processo
teórico. Entretanto, o ideólogo (um intelectual, um partido, uma classe social, etc) não
reconhece as forças da realidade que impulsiona o seu discurso. Deste modo, o ideólogo,
embora ciente do que diz, ignora as forças que impulsiona seu discurso. Assim, ele pensa
que desenvolve um discurso livre e incondicionado; quando, na verdade, seu discurso é
determinado pela realidade social que o envolve.
Tal como na lua onde aparece apenas o claro e o escuro, no DI aparece apenas o
verdadeiro e o falso. Contudo, ainda segundo Serres (1990a), comparando o conhecimento
com um modelo de visão, é preciso afirmar contra o DI, "que não se pode conhecer senão
na complexidade da atmosfera terrestre" (p. 181), na infinita possibilidade de nuanças entre
o claro e o escuro, o verdadeiro e o falso, o branco e o preto.
Além do mais, se estamos caracterizando o DI como aquele que fixa seu ponto de vista
sobre o mundo como se ele fosse a visão completa do mundo (Weltanschauung); é preciso
considerar, ainda, contra o DI, que, por definição, não existe ponto de vista de onde tudo
seja visível. Logo, universalizando seu ponto de vista, o DI faz desaparecer outros pontos
de vista sobre a realidade, ocultando, assim, a própria realidade, à medida que ela só se
torna visível a partir de seu ponto de vista. Contudo, mais uma vez, contra o DI, é preciso
considerar que, como ensina-nos Marías (1983), "a realidade, como uma paisagem, tem
infinitas perspectivas, todas elas igualmente verídicas e autênticas" (p. 177). Daí, a única
perspectiva falsa ser esta que se pretende única.
Ademais, porque pretende impor seu ponto de vista como único, o DI realiza uma inversão
no seguinte sentido: ele abstrai do todo o seu ponto de vista e pretende que esta perspectiva
particular seja universal, ou seja, o DI põe o particular como se fosse o universal, põe a
parte como se fosse o todo. Ao operar esta inversão, ele se assevera como um discurso do
poder. Pois, enquanto visão de mundo de uma classe social, ele tenta abafar as outras
visões e se colocar como se fosse a única. Em sua face política e, supostamente, universal,
o DI visa justificar as relações de dominação, afirmando-as como se fossem inerentes ao
processo social, tal como aparecem numa visão "científica" e "imparcial" da realidade.
Uma vez caracterizado, em largos traços, o DI, cumpre, agora, perguntar: como é que ele
invade o espaço da educação e contamina o DP?
O DP pode ser abordado pelo menos em três planos diferentes: o plano 1) do que se diz
sobre educação (plano teórico), 2) do que se faz em educação (plano prático) e 3) do que se
legisla à educação (plano legal).
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Estes três planos se implicam mutuamente: se a teoria nasce da prática e a ela retorna
iluminando-a, por sua vez, é também pela prática que se corrige a teoria, ademais,
enquanto atividade no seio de uma sociedade, a prática educativa não escapa da instância
político-jurídica que normatiza, gerencia e controla a vida social.
Como afirma Severino (1986), no período indicado acima, a “História da Educação [...]
está intimamente ligada à presença e à atuação da Igreja Católica" (p. 62). A Igreja
Católica, por sua vez, está tão intimamente vinculada ao Estado, que passa a atuar como
uma "autêntica instituição estatal” (p. 65).
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Assim, no período em questão, a ideologia católica serviu sob medida aos objetivos do
Estado junto à classe dominada. Não importava o destino profissional ou social do
educando, importava somente formá-lo como bom cristão. Segue daí que, a aristocracia
agrária pôde gerir, sem maiores problemas, a exploração colonizadora, contando, para isso,
com uma grande massa de escravos e trabalhadores pobres "educados" pela igreja católica.
Com a vinda de Dom João para o Brasil, a sociedade brasileira foi se tornando mais
estratificada, dando origem a uma camada média (intelectuais, pequenos comerciantes, etc)
que desempenhará importante papel político e social na fase seguinte.
A partir de 1930, o confronto entre as duas facções ideológicas se acirra, com cada uma
delas querendo fazer valer a sua proposta pedagógica perante o estado.
No largo período histórico que vai de 1930 a 1945, persiste o conflito entre as duas facções
ideológicas, cada qual representando uma ala da classe dominante: a ideologia católica
vinculada à oligarquia agrária e a ideologia liberal vinculada à burguesia urbano-industrial.
A partir de 1945, a facção liberal, insistindo sempre numa educação baseada num
humanismo científico e em processos ativos de aprendizagem, passa a prevalecer
proclamando a necessidade da renovação da escola como condição do progresso e
democratização do país. "A reconstrução educacional seria instrumento para a
reconstrução social." (SEVERINO, 1986, p. 81).
Os dois períodos tematizados até aqui têm em comum o fato de nunca terem questionado o
sistema vigente. Portanto, de 1500 a 1964, a educação brasileira continuou reproduzindo e
legitimando, pelo menos em termos de educação oficial, a estrutura social vigente.
A mudança de regime em 1964 significou também uma reorientação ideológica para o país
e para a educação em especial. Os militares pretendiam modernizar o país e inseri-lo na
divisão internacional do trabalho no sistema capitalista. Para tal propósito, a educação
deveria dar a sua contribuição. Assim, tão logo os militares se instalaram no poder,
surgiram os acordos do Brasil com os EUA (MEC-USAID) para a reestruturação do
sistema educacional brasileiro, visando reorganizar a educação em função do crescimento
econômico do país.
Assim, concluindo este breve e panorâmico passeio pela história da educação brasileira, na
perspectiva do DI dominante no DP, pode-se afirmar que o DP não fez outra coisa senão
reproduzir o DI da classe dominante.
Todavia, se neste aporte histórico se enfatizou o DP como reprodutor do DI, isto não quer
dizer que o DP não possa produzir um discurso contra-ideológico e comprometido com a
verdade da realidade brasileira.
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Saiba mais...
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CUNHA, Luiz Antonio. O golpe na educação. 5 ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1988.
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Saiba mais...
CHAUÍ, Marilena de Souza. Ideologia e educação. Educação & Sociedade. São Paulo,
n.5, p.24-40, jan. 1980.
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Dica de filme
A ONDA
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- Sinopse: Baseado em uma história real o filme "A Onda" mostra como é possível a
criação de doutrinas ideológicas em sala de aula, não só no passado, mas atualmente.
O filme que foi adaptado do ensaio The Third Wave (A Terceira Onda), do professor de
História Ron Jones, no qual relata sua experiência numa escola da Califórnia (EUA), em
1967, na tentativa de explicar na prática como Hitler e o Partido Nazista chegaram ao
poder na Alemanha. Disponível em
<http://www.nomundoenoslivros.com/2010/08/filme-onda.html >. Acesso em 31 de
agosto de 2011.
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O DF se distingue pela radicalidade de suas questões, pelo rigor com que persegue uma
possível resposta e pela universalidade da verdade que pretende encontrar. Um bom
exemplo do DF assim caracterizado (radical, rigoroso e universal) é o texto Meditações do
filósofo francês, René Descartes (1596-1650).
Nas Meditações, Descartes (1970, p. 26) tem um propósito radical: "começar tudo de novo
desde os fundamentos, visando estabelecer algo de firme e constante nas ciências". Ao
fazer da dúvida o seu caminho seguro (Méthodos), Descartes persegue de modo rigoroso
seu objetivo, até que, finalmente, atinge o Cogito como o fundamento universal de todo
saber epistemológico.
correndo o risco de abrir um caminho que não conduza a parte alguma. Por aí se vê que
não é no sossego do espírito que frui de suas antigas verdades que o discurso filosófico
germina, mas na coragem de constantemente empreender novos começos, de enveredar-se
em "tentativas onde se atola e de onde (muitas vezes) sai após esforços gastos em pura
perda" (LEFORT, 1992, p. 251; 1964, p. 341. Parênteses nossos).
Mas por que o DF é um discurso ambíguo? Ainda segundo Merleau-Ponty (1979), pode-se
dizer que, é porque o filósofo é aquele que recusa "o direito de se instalar na posse do saber
absoluto" (p. 2). Daí o dizer filosófico ser ambíguo, ser uma mescla de sombra e de luz,
enfim, ser este "movimento que leva incessantemente do saber à ignorância, da ignorância
ao saber" (IDEM). O que faz da filosofia, não "um „ponto de vista superior‟ de onde se
abarquem todas as perspectivas locais" (MERLEAU-PONTY, 1991, p. 22), mas este
constante reaprendizado do olhar para o mundo.
Não é outra coisa senão este movimento em duplo sentido (da ignorância ao saber e do
saber à ignorância) o que se verifica, por exemplo, no discurso de filósofos tais como
Platão, Husserl e, mesmo, Merleau-Ponty. Estes pensadores, na maturidade de suas
filosofias, mesmo quanto já eram considerados mestres, trilharam, novamente, o caminho
que leva do saber à ignorância, através da revisão crítica de seus pensamentos.
Assim, por que a filosofia não pretende manter o mundo deitado aos seus pés, por que ela
se aborrece no saber já pronto, na verdade reificada, é por isso que o discurso filosófico se
assevera também como um discurso crítico do pensamento sobre o próprio pensamento em
vistas de uma forma de pensar ainda mais radical, rigorosa e universal. Tal é o sentido dos
questionamentos de Foucault (1984a):
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Mas o que faz o DF ser este dizer especulativo e crítico, que se move sempre na direção de
uma forma de pensar diferente? Na resposta a esta questão julgamos encontrar a essência
do DF, ou seja, o seu sentido fundamental, isto é, o sentido que justifica todas as
características que a ele foram referidas.
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Saiba mais...
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. O que é a filosofia? Rio de Janeiro: Editora 34,
2007.
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Para terminar este texto, resta dizer que, é se tornando filosófico que o DP pode
desmascarar o DI nele incrustado; é se fazendo cheio de amor à Verdade, de amizade
amorosa pela Sabedoria, que o DP não se deixa contaminar pelo DI. Talvez este seja um
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dos caminhos pelo qual o DP pode atingir sua maioridade, deixando a inocência "a-crítica"
e dogmática de um mero veículo ou títere do DI, tornando-se responsável pelo seu próprio
dizer como um dizer próprio (CHAUÍ, 1980), contra-ideológico (SEVERINO, 1986) e
comprometido com a verdade da realidade em que se encontra inserido, com a busca do
sentido profundo que deve assumir perante esta verdade.
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Dica de filme
GIORDANO BRUNO
- Ficha Técnica: Direção: Giuliano Montaldo. Pais: Itália. Gênero: Drama. Lançamento:
1973. Duração: 114 minutos.
- Sinopse: Giordano foi um dos grandes pensadores de Esquerda de sua época, num
momento onde o poder da Igreja Católica estava acima de tudo. Ao menor descuido,
qualquer um poderia ser acusado de herege e queimado em praça pública. Preso pela
inquisição, o filme conta o processo pelo qual passa Giordano até sua morte. Disponível
em <http://cinema.uol.com.br/resenha/giordano-bruno-1973.jhtm>. Acesso em 31 de
agosto de 2011.
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Prezado(a) estudante, no segundo texto desta unidade, você viu que caracterizamos o
Discurso Ideológico como aquele comprometido com o poder, e o Discurso Filosófico
como aquele comprometido com o saber. No texto que lhe apresentamos agora, vamos
levar esta discussão sobre saber e poder, que no segundo texto foi abordada do ponto de
vista da história da educação, para dentro da sala de aula numa perspectiva de
abordagem filosófica do discurso do professor neste ambiente.