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A importância do aprendizado dos fundamentos da política brasileira na

Educação Básica

Pedro Augusto de Souza *

Resumo: Esse trabalho propõe uma defesa da aprendizagem dos fundamentos da


política brasileira como um ponto central no ato de ensinar filosofia no ensino básico.
Inicialmente, os conceitos de “educação maior” e “educação menor”, apresentados
por Silvio Gallo, são utilizados a fim de criticar o ensino de filosofia da forma como
ele é realizado nos dias atuais. Posteriormente, são identificados os conceitos
cruciais para um entendimento do cenário político nacional e, por fim, são abordados
meios de como trabalhar tais conceitos no âmbito da relação aluno-professor.

Palavras-chave: Educação. Ensino. Filosofia Política.

Agência financiadora: CAPES

Introdução

Vivemos em um mundo em que cada vez mais é possível perceber os


problemas em nossa sociedade. É dito que somos livres, mas será que realmente
somos esses seres dotados de liberdade? É o que nos promete a democracia
liberal, temos direitos, que mesmo que venham carregados por deveres,
supostamente garantem nossas liberdades individuais e até mesmo coletivas.
Porém, não é impossível, após muita reflexão, perceber todo o contexto de controle
inferido pelas instituições que regem as nações democráticas e, no cerne de toda
essa discussão, está a entidade que muitas vezes é atribuída grande parte desse
controle: a educação.

Muito se discute sobre o caráter ideológico atribuído à educação, quer dizer,


quem ensina, por que e o quê ensina? Em outras palavras, o que está por trás do
que é ensinado nas escolas? Tais perguntas são frequentes, em especial, no
âmbito da discussão acerca do ensino de filosofia, como explica o filósofo Silvio
Gallo em seu livro “Metodologia do ensino de filosofia: Uma didática para o ensino
médio”, publicado em 2013:

Quando uma instituição opta por incluir filosofia em seu currículo ou


quando uma política educacional dispõe sobre a inclusão de filosofia nos
currículos escolares, isso se faz em nome de uma certa filosofia e em
nome de certas intenções para com a filosofia.(Gallo, 2013, p.27).

A filosofia é um campo em que predomina a atividade reflexiva e a criação


de conceitos. Então, é possível encontrar todo tipo de ideia por toda sua história, o
que abre espaço para questionarmos: qual tipo de filosofia é ensinada nas escolas
brasileiras?
O ensino de Filosofia foi garantido pela Lei nº11684/08, que alterou o artigo
36 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional para tornar obrigatória a
oferta da disciplina nos currículos do ensino médio. Entretanto, pode-se criticar o
ensino de filosofia no ensino básico no que diz respeito ao conteúdo e a didática
empregada, uma vez que se é ensinado, de forma geral, o conhecimento histórico
da filosofia, mantendo sempre uma visão eurocentrista e distante do cotidiano dos
alunos.
Desde então, isso afasta grandes parcelas da população para compreender
o que seria, de fato, Filosofia. Ora, a Filosofia pode ser descrita como a criação de
conceitos e o desenvolvimento de reflexões, com o objetivo de estimular uma
experiência de pensamento. Porém, esse não parece ser o plano das instituições
que coordenam a educação. Para exemplificar isso, Gallo nos apresenta os
conceitos de “educação maior” e “educação menor”. A educação maior diz respeito
à educação proposta pelas políticas educacionais, que, quase sempre, estão
distantes das vivências da grande maioria dos alunos. Já a educação menor é
entendida como pequenas ações realizadas pelo professor, a fim de aproximar o
aluno do conteúdo ensinado dentro de sala de aula, indo contra aquilo proposto
pela educação maior:

Dizendo de outro modo, um ensino de filosofia vale pelos efeitos que pode
produzir. É certo que, no âmbito das grandes políticas, da educação maior,
planejam-se efeitos para a filosofia: fazer de todos cidadãos, mesmo que
por cidadãos entendam-se os consumidores no mercado global. Não deixa
de ser uma filosofia prática, alheia ao enciclopedismo. Mas, por outro lado,
uma filosofia criativa, voltada para os problemas vividos, visando
equacioná-los conceitualmente, pode ser potencialmente revolucionária.
Pode ser uma arma de produção de autonomia, mesmo no contexto de
uma sociedade de controle. (Gallo, 2013, p. 30).
O ensino dos fundamentos da política brasileira surge então nesse contexto
de resistência, como diz Gallo, devemos “usar nossas aulas como trincheiras, como
espaços de resistência” (Gallo, 2013, p. 32). É de grande importância criar para a
população, meios de criar autonomia de pensamento na sociedade brasileira, e a
filosofia política deve servir exatamente para esse propósito. Permitir que alunos do
ensino básico possam formular e aplicar conceitos que rodeiam a formação política
nacional pode causar grandes mudanças na maneira como a filosofia é aplicada
nas escolas, garantindo uma independência de pensamento do próprio mundo ao
redor dos estudantes e aprofundamento de suas relações com a própria filosofia.

O cenário político brasileiro e seus conceitos

Inicialmente, devemos compreender como o sistema político brasileiro é


caracterizado e quais conceitos residem em sua base. Segundo a Constituição
Cidadã, promulgada em 5 de outubro de 1988 e que rege o nosso país, o Brasil é
uma República Federativa e se constitui em um Estado Democrático de Direito.
Entende-se por República Federativa, um país que se divide em uma federação,
com estados que possuem certa autonomia mas ainda estão subordinados à
república, e seu líder é eleito e assume o posto de Presidente da República. Já
Estado Democrático de Direito diz que o Brasil é uma democracia e é regido por
uma constituição.
Apenas com essa definição básica, já surgem conceitos que devem ser
trabalhados com alunos do ensino básico. Como funciona a federação? O que é
uma democracia? Qual o papel do Presidente da República? Dessa forma, se torna
necessário quantificar e explicitar quais conceitos devem ser levados à sala de aula
pelo professor. O livro “Dicionário de política” do autor Norberto Bobbio, com
colaboração de Nicola Matteucci e Gianfranco Pasquino e diversos outros autores,
publicado originalmente em 1976 e traduzido pela editora UNB em 1983, pode
trazer esclarecimentos quanto aos conceitos que podem ser trabalhados.
Para começar, devemos entender qual o significado de república no
contexto da Constituição de 1988, na qual instaura esse regime no Brasil.
Matteucci define república como um Estado em que o governante, em oposição a
monarquia, é eleito, seja direta ou indiretamente:

Na moderna tipologia das formas de Estado, o termo República se


contrapõe à monarquia. Nesta, o chefe do Estado tem acesso ao supremo
poder por direito hereditário; naquela, o chefe do Estado, que pode ser uma
só pessoa ou um colégio de várias pessoas (Suíça), é eleito pelo povo,
quer direta, quer indiretamente (através de assembléias primárias ou
assembléias representativas). Contudo, o significado do termo República
evolve e muda profundamente com o tempo (a censura ocorre na época da
revolução democrática), adquirindo conotações diversas, conforme o
contexto conceptual em que se insere.(Matteucci, 1983, p. 1107)

Dentro dessas mudanças que ocorrem durante o tempo, devemos nos


atentar ao que república diz nos dias atuais:

Com a revolução americana, este significado mudou totalmente: os


americanos (John Adams, Alexander Hamilton) chamaram, aos Estados e
à Federação, Repúblicas, não só porque a sua democracia era uma
democracia representativa, baseada na separação dos poderes e num
sistema de pesos e contrapesos entre os vários órgãos do Estado.
República passa a significar, portanto, uma democracia liberal, contraposta
à democracia direta e popular, uma democracia liberal só possível num
grande espaço, que relaxa todas aquelas tensões e conflitos que levaram à
ruína as pequenas Repúblicas dos antigos, com a anarquia e a
demagogia.(Matteucci, 1983, p. 1109).

Portanto, “República Federativa do Brasil” diz que o país está sob o regime
de uma democracia nos moldes liberais. Esse entendimento expande a quantidade
de conceitos que devem ser explorados. Palavras como “democracia” e
“liberalismo” fazem parte do debate político no país, e são constantemente ouvidas
e discutidas nos mais diversos ambientes, mesmo que nem todos compreendam
completamente o que ambos termos se referem. Façamos então uma explicitação
dos conceitos de democracia e liberalismo.
O liberalismo é uma noção moderna, historicamente ligada às revoluções
industriais inglesas, e tem como pressuposto principal, a ideia de liberdade
individual acima de todas as outras coisas. Sendo assim, no âmbito de uma
democracia, regime que deve garantir voz à população, o liberalismo promove a
representatividade política como forma de atingir tal objetivo. Dessa forma,
segundo Bobbio, podemos descrever essa atuação liberal na democracia da
seguinte maneira:
Nesta concepção liberal da Democracia, a participação do poder político,
que sempre foi considerada o elemento caracterizante do regime
democrático, é resolvida através de uma das muitas liberdades individuais
que o cidadão reivindicou e conquistou contra o Estado absoluto. A
participação é também redefinida como manifestação daquela liberdade
particular que indo além do direito de exprimir a própria opinião, de reunir-
se ou de associar-se para influir na política do país, compreende ainda o
direito de eleger representantes para o Parlamento e de ser eleito. (Bobbio,
1983, p. 324).

Quando falamos de democracia, não podemos nos esquecer também da


separação dos poderes. A divisão entre poder legislativo, judiciário e executivo se
mostra de extrema importância para o entendimento da democracia brasileira.
Podemos ver essa importância evidenciada em pensadores do século XVIII.
Este ideal moderno surge num contexto das revoluções burguesas, e
aparece como uma solução contra a centralização do poder na mão de uma única
pessoa. As suas funções são bem separadas e cada poder age de forma autônoma
sob o rigor da constituição. Cabe ao poder legislativo, dividido de forma bicameral(o
Congresso e o Senado), o papel de criar as leis que regem o país, o poder
judiciário cumpre a obrigação de julgar delitos e demais instâncias dentro da nação
e por fim, o executivo deve agir em prol do cumprimento das decisões públicas. É o
que Matteucci evidencia:

No princípio da separação dos poderes vão desembocar essencialmente


duas soluções, que poderemos ilustrar melhor com uma referência ao
pensamento de Montesquieu e de Kant. Montesquieu iniciara o famoso
capítulo do Esprit des lois (1748) sobre a Constituição inglesa, separando
os poderes legislativo, executivo e judiciário. Afirmara ainda: "Tudo estaria
perdido se uma só pessoa, ou um só corpo de notáveis. de nobres ou de
povo, exercesse estes três poderes: o de fazer as leis, o de executar as
decisões públicas e o de punir os delitos ou contendas entre os
particulares". (Matteucci, 1976, p. 248)

Estes são conceitos básicos da filosofia política que se aplicam ao Brasil,


porém, é claro que todo o cenário político brasileiro é muito mais complexo, e
devemos estar atentos quanto a essa questão. Grande parte das polêmicas em
torno da política brasileira, se encontra naquilo que pode ser classificado como
“espaço político”, sendo esse o ambiente em que se encontram as relações de
conflito.
O espaço político nas democracias liberais configuram basicamente todo o
ambiente marcado por diferentes conflitos que envolvem questões étnicas,
econômicas, religiosas, entre outras. Essa noção se encontra representada
principalmente na competição eleitoral, na qual pode-se observar o espaço político
com mais clareza.
A discussão a respeito do espaço político envolve outros termos bastante
comuns à política nacional: esquerda e direita, uma vez que essa divisão é
normalmente utilizada para situar a dimensão do espaço político. A ideia de
esquerda e direita merecem atenção especial do professor, pois constantemente
o debate é deturpado por membros influentes no cenário político ou por questões
partidárias. D’Almonte demonstra como esses conceitos podem ter interpretações
distintas:

O Espaço político mais simples e mais utilizado, tanto no âmbito da


pesquisa científica como no do debate político, é o da dimensão esquerda-
direita. Esta dimensão ou continuum tem sido variadamente interpretada.
Anthony Dows, o primeiro politólogo que usou de maneira sistemática a
noção de Espaço político neste sentido, a interpreta como grau de
intervenção do Estado na economia, quando uma posição de esquerda se
identifica com uma maior propensão a favor de políticas de intervenção.
Para Lipset e muitos outros, o divisor de águas entre esquerda e direita
está na atitude favorável ou não às políticas de mudança no status quo.
Seja qual for a sua interpretação mais correta, não há dúvida de que, nas
modernas democracias de massa, as noções de esquerda e direita
desempenham um papel importante no âmbito da disputa eleitoral entre os
partidos. Elas tornam mais simples a escolha por parte dos eleitores e
constituem um meio eficaz de comunicação entre os eleitores e os partidos.
(D’Almonte, 1983, p. 392).

Evidentemente, estes são conceitos fundamentais para o entendimento do


cenário político brasileiro, além de possuírem grande potencial educador na área
de filosofia no ensino básico. Resta-nos, portanto, discutir de que forma o docente
deve agir dentro de sala de aula ao trabalhar a filosofia política com seus alunos.

A aprendizagem dos fundamentos da política brasileira aplicada

Agora que os conceitos básicos para um entendimento do cenário político


brasileiro foram apresentados e entendidos, resta a questão prática a ser debatida:
como lecionar tais conceitos? O próprio ensino de filosofia gera diversos debates
até mesmo nos dias atuais, então como utilizar a filosofia política para nortear essa
educação é, sem dúvida, uma pergunta difícil de ser respondida. Para isso,
retornaremos ao pensador Silvio Gallo e seu livro citado anteriormente.
Quanto ao grande debate da forma de se ensinar filosofia, Gallo faz uma
proposta interessante, pautada nas ideias do filósofo espanhol Fernando Savater.
Savater, preocupado com a ensinabilidade da filosofia, defende uma educação
pautada na resolução de problemas e na constante atividade de pensar, ao invés
de um ensino baseado no conteúdo de filosofia, e não no ato filosófico:

A perspectiva de Savater é a de que o ensino do processo de filosofar aos


jovens deve ser feito por meio de grandes temas, como a morte, a
liberdade, o tempo, a beleza, a convivência, para citar apenas alguns, que
devem ser tratados problematicamente. Para dizer de outra forma, esses
temas devem ser tratados como problemas filosóficos, que enfrentamos em
nosso cotidiano, e que vêm recebendo diferentes equacionamentos ao
longo da história. (Gallo, 2013, p. 42)

É exatamente por meio desse processo de filosofar, por intermédio dos


conceitos de filosofia política, é que pode-se imaginar um cenário em que o
professor poderá guiar os alunos a uma jornada ao mundo da própria filosofia, mas
mantendo uma visão alinhada com o cotidiano das decisões no campo político do
nosso país. Ao se debater o que é democracia e como a mesma funciona, o
problema da liberdade pode ser levantado, por exemplo. Dessa forma, a filosofia e
seus grandes temas debatidos por toda sua história, podem ser ensinadas de forma
crítica e criativa aos alunos do ensino básico.
Mas não seria sensato retirar a aprendizagem do aluno dessa equação, uma
vez que a mesma se torna um problema para o ensino. Essa dicotomia entre ensino
e aprendizagem é também um tópico abordado por Gallo, na qual o mesmo se
propõe a demonstrar como há uma diferença entre as duas “ações”, e não
podemos cair na noção simplória de que, tudo aquilo que for ensinado, será
aprendido. Entretanto, diferente de áreas do saber como a matemática ou a biologia,
a filosofia parece se apresentar em um ambiente especial, um espaço onde filosofar
é, por si mesmo, um ato de aprender. É o que nos mostra Silvio Gallo mais uma
vez:

E o que é o processo de filosofar, senão essa busca dos horizontes para


questioná-los uma vez e outra mais, para descobrir que não há horizontes?
Das palavras de Deleuze, podemos inferir que o processo do filosofar é
análogo ao processo da aprendizagem; o hiato entre o saber e o não saber;
phylo-sophia, movimento do não saber à sabedoria, sem nunca atingir esta
última, mas jamais retornando ao primeiro.(Gallo, 2013, p. 47)

Assim, mais uma vez a filosofia política revela sua face útil para a
aprendizagem, uma vez que, ao apresentar para o discente uma discussão
filosófica que trata de assuntos e conceitos que batem com sua realidade e que o
afeta diretamente, o mesmo se verá representado no ato de filosofar. É a filosofia
se apresentando ao aluno, e não o inverso:

O movimento de filosofar é o mesmo movimento do aprender, a contínua


passagem de um não saber ao saber. Um processo no qual o procedimento,
o percurso é sempre mais importante do que o ponto de chegada. Aprender
filosofia, assim, só pode ser o aprendizado do próprio exercício de filosofar.
(Gallo, 2013, p. 48)

Considerações finais

Como dito anteriormente, o Brasil apresenta um cenário social complexo e


historicamente perturbado. As discussões e decisões tomadas no contexto político
nacional afetam diretamente os cidadãos do país, que são, muitas vezes, negados
do entendimento desse próprio mundo que os rodeia. Cabe então à educação e, em
especial a filosofia, uma atitude assertiva em oposição a esse panorama instaurado.
Por fim, fica claro como a aprendizagem dos conceitos dos fundamentos da
política brasileira pode servir a esse propósito. A reflexão acima das conceituações
é, em certa medida, dotada de potencial crítico e sua difusão é, sem dúvida, um ato
de “educação menor” aos olhos de Silvio Gallo, mas que não deve ser subestimada.

Referências Bibliográficas

BOBBIO, Norberto. Verbete Democracia. In: BOBBIO, Norberto. Dicionário de


Política. 11. ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1983. p. 319-329.

D'ALMONTE, Roberto. Verbete Espaço político. In: D'ALMONTE, Roberto.


Dicionário de Política. 11. ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1983. p.
392-394.

GALLO, Sílvio. Metodologia do ensino de filosofia: Uma didática para o ensino


médio. 7. ed. Campinas, SP: Editora Papirus, 2013. 174 p.

MATTEUCCI, Nicola. Verbete República. In: MATTEUCCI, Nicola. Dicionário de


Política. 11. ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1983. p. 1107-1109.
MATTEUCCI, Nicola. Verbete Constitucionalismo. In: MATTEUCCI, Nicola.
Dicionário de Política. 11. ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1983. p.
246-258.

* Bolsista da CAPES vinculado do PIBID/UFSJ. Subprojeto: Filosofia. Orientação:


Prof. Fabio de Barros Silva - DFIME/UFSJ.

Agradecimentos

Agradecemos à CAPES pela concessão das bolsas do Programa Institucional de


Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID).

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