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republicanas1
[...] uma escola será tão mais democrática quanto mais ela propiciar
aos seus alunos as competências para intervirem, mais tarde,
naqueles espaços onde suas vidas sociais e individuais se decidem.
Sugiro pois, um “elitismo para todos”, se me permitem insistir em
expressão arriscada.
Algo que tem sido bandeira de luta atual no Brasil: Educação de qualidade
para todos. A adjetivação (de qualidade) ganha relevância à medida que o aspecto
A Escola e a Educação Física em sociedades democráticas e republicanas 6
Mestrado Profissional em Educação Física em Rede Nacional – PROEF
Disciplina Escola, Educação Física e Planejamento
quantitativo (acessibilidade) está em boa medida resolvido. Entendemos que para
garantir este aspecto qualitativo, cabe a escola possibilitar o acesso ao
“conhecimento poderoso”, o qual, segundo Young (2007), é independente de
contexto (conhecimento teórico), e permite generalizações, buscando a
universalidade. Também é ele que fornece a base para se fazer julgamentos, sendo
geralmente de natureza científica10 (YOUNG, 2007).
Logo, cabe à escola, segundo Carvalho (1996), primeiramente conservar e
transmitir os conteúdos culturais de uma civilização ou nação, os quais cabem aos
formuladores de currículos proporem. Ainda, preparar a passagem do privado
(família) para o público (política/cidadania), viabilizando sua inserção e sua ação no
mundo, através da qualificação da capacidade de interlocução, colocando-se à
altura dos problemas de seu tempo.
É em consideração a esses “problemas de seu tempo” que os sujeitos, a cada
vez e em cada contexto, deverão produzir respostas. Entendemos assim que o
esforço de educar é “afinar um instrumento, de dentro para fora, de fora para
dentro”. Este fora é a cultura de nosso tempo. No caso da Educação Física, a cultura
corporal de movimento. Logo, a tarefa da educação em uma escola republicana é
educar ensinando e ensinar educando. Arte que se encontra sempre em algum
ponto entre o “abandonar” e o “sufocar” as novas gerações, a nós todos cabe, em
cada contexto, encontrar a justa medida. Mais que ciência, é uma arte.
Tratamos até agora da especificidade da Educação Escolar como espécie de
pano de fundo que nos permite avançar no entendimento das responsabilidades da
Educação Física escolar, único modo que entendemos pertinente para enfrentar as
questões que nos propomos neste texto.
Podemos primeiramente nos perguntar: Para que Educação Física na escola?
Afinal,
Neste esforço cabe destacar que não podemos esquecer que o saber com o
qual lidamos não se resume a um saber conceitual, mas envolve experiências
corpóreas “pré-linguísticas”, que para ser objeto de tematização em uma prática
pedagógica necessitam ser “traduzidos” linguisticamente, sofrendo um
“deslocamento”.
Também, alertado por Betti (2005), devemos ter o cuidado de não nos
transformarmos em um discurso acerca do movimento, mas um discurso com o
movimento, ou, como grafa Bracht (1999), um “movimentopensamento”.
1. Possibilidades do se-movimentar
2. Práticas corporais sistematizadas
3. Representações sociais sobre a cultura corporal de movimento
Possibilidades do se-movimentar
Nota explicativa
Referências
BRACHT, Valter. Educação física & ciência: cenas de um casamento (in)feliz. Ijuí,
RS: UNIJUÍ, 1999.
1
Texto oriundo das publicações: FENSTERSEIFER, Paulo Evaldo; GONZÁLEZ, Fernando Jaime.
Desafios da legitimação da educação física na escola republicana. Horizontes – Revista de
Educação, Dourados, MS, n. 2, v. 1, p. 33-42, julho a dezembro de 2013. Disponível em:
<https://goo.gl/gPxe3G>. Acesso em: 13 jul. 2018. e FENSTERSEIFER, Paulo Evaldo. O que
ensinar e aprender nas aulas de Educação Física. CONGRESSO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO
FÍSICA NA ESCOLA: “EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: DESAFIOS A PRÁTICA PEDAGÓGICA”,
2., 2013, Lajeado, RS. Anais do II Congresso Estadual de Educação Física na Escola: “Educação
Física Escolar: desafios a prática pedagógica”. Lajeado: Univates, 2013. 128p. Disponível em:
<https://goo.gl/5FH9MY>. Acesso em: 13 jul. 2018.
2
Deve-se levar em conta que não estamos tratando da educação em sentido amplo, como
experiência humana que antecede a forma escolar de educação, por isso é preciso levar em conta
a especificidade desta.
3
Se para Descartes o bom senso é a coisa mais bem distribuída entre os homens, aqui
consideramos que este bom senso pode e deve ser desenvolvido com vistas a aprimorar a
capacidade de discernimento dos indivíduos acerca dos problemas que lhes são comuns.
4
Certamente, isso não vale para sociedades em que o Estado não é laico, ou onde há uma “ideologia
oficial”. No primeiro isso seria heresia e, no segundo, desvio de conduta.