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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS – UFAL

DISCIPLINA: GESTÃO DA EDUCAÇÃO E DO TRABALHO ESCOLAR


PROFESSORA: GEORGIA SOBREIRA DOS SANTOS CÊA
SEMESTRE: 2022-2

SEGUNDA ATIVIDADE AVALIATIVA REFERENTE ÀS UNIDADES 1 E 2:

NOME: Nathalia Roberta Marques Gonçalves


CURSO: Ciências Sociais
DATA: 07 de abril de 2023

- Leia com atenção o enunciado de cada questão.


- Atente para os critérios de avaliação: a) tratamento dos conteúdos das Unidades 1 e 2, com base nos textos e nas
discussões ocorridas nas aulas; b) explicação sobre papel da escola na sociedade e sobre concepções de função social
da escola; c) tratamento de concepções de organização e gestão da escola; d) compreensão sobre origem, definição,
base legal, princípios e mecanismos da gestão democrática; e) capacidade de reflexão, de elaboração e de escrita com
autonomia e de forma fundamentada.
- A atividade é individual.
- Não utilize escritos de textos (“copia e cola”) sem citar a fonte. NÃO SERÁ ADMITA A PRÁTICA DO PLÁGIO.
- Quando usar citações diretas, atente para as normas da ABNT, indicando o sobrenome(s) do(a) autor(es), ano da obra
e página. Por exemplo: (PONTES, 2013, p. 13). As citações não devem substituir as suas respostas, mas, sim,
enriquecê-las.
- Apresente suas respostas em até duas laudas.

QUESTÃO 1 (até 1,5 ponto)

Segundo Brandão (1987, p. 9), “Não há uma forma única nem um único modelo de educação; a
escola não é o único lugar onde ela acontece e talvez nem seja o melhor; o ensino escolar não é a sua única
prática e o professor profissional não é o seu único praticante”. Em nossas aulas da Unidade 1, tratamos de
duas formas possíveis de compreender as relações entre escola e sociedade. A qual das formas a afirmação
do autor se relaciona? Explique sua resposta.

QUESTÃO 2 (até 1,5 ponto)

Se a sociedade capitalista é fundada em relações desiguais, por que a defesa de uma escola pública,
universal, gratuita, laica e obrigatória se tornou uma bandeira da classe dominante no nascedouro do
capitalismo? Para complementar/enriquecer sua resposta, utilize uma citação do texto de Lopes (1982).

QUESTÃO 3 (até 2 pontos)

Oliari, Rigue e Sturza (2020) apresentam e discutem diferentes ideias sobre a função social da escola.
Apresente uma concepção de função social da escola que ajuda as classes subalternas a lutar contra a
opressão. Justifique sua escolha, de forma fundamentada.

QUESTÃO 4 (até 5 pontos)

Com base nos textos da Unidade 2, conceitue e explique o que é gestão democrática, tratando das
seguintes questões: o que é gestão democrática do ensino público? Quais os princípios da gestão
democrática? Quais são as práticas/meios/mecanismos da gestão democrática que podem contribuir para o
estabelecimento da cultura democrática na escola pública? Que ameaças o gerencialismo impõe à gestão
democrática do ensino público? Elabore a resposta em um só texto, de forma autônoma, coerente e
fundamentada.
Respostas:

1° No capítulo em que Brandão escreve: “Educação? Educações: aprender com o índio”, ele faz uma
reflexão sobre que a educação existe em vários lugares como em casa, na rua, na igreja ou na escola,
portanto compreende- se a existência de várias educações que estão em espaços diferentes, além disso
dependendo do lugar que se adquire determinada educação pode existir diversas maneiras para ocorrer essa
transmissão do ensinar-aprender e também cada uma delas tem determinados objetivos para atingir.
Diante disso, depreende- se que por a educação ser tão plural em relação aos lugares, objetivos e
modo de ensinar-aprender, ela é um saber que a luz de Brandão (1987, p.10-11), “...atravessa as palavras da
tribo, os códigos sociais de conduta, as regras do trabalho, os segredos da arte ou da religião, do artesanato
ou da tecnologia que qualquer povo precisa para reinventar, todos os dias a vida do grupo e de cada um dos
sujeitos, através das trocas que existem dentro do mundo social onde a educação habita...”, desse modo
percebe-se que esses saberes estão associados aos modos de vidas dos sujeitos e as particularidades de
determinadas sociedades.
Nesse sentido, é importante observar se os aprendizados definidos como relevantes, realmente
servem e são úteis para aquele corpo social, porque caso esse conjunto de conhecimentos não fizerem
conexão com a especificidade daquela comunidade eles não vão trazer sentido e se tornarão infrutíferos para
o funcionamento social, um exemplo do escritor para entender essa lógica, é usado através de uma carta
divulgada pelo Benjamin Franklin sobre um trato de paz dos Estados Unidos, Virgínia e Maryland com os
índios das Seis nações, nela destaco o seguinte trecho: “Muitos dos nossos bravos guerreiros foram formados
nas escolas do Norte e aprenderam toda a vossa ciência. Mas quando eles voltaram para nós, eles eram maus
corredores, ignorantes da vida da floresta e incapazes de suportarem o frio e a fome. Não sabiam como caçar
veado, matar o inimigo e construir uma cabana e falavam a nossa língua muito mal. Eles eram, portanto,
totalmente inúteis...” (Brandão, 1987, p.8-9)
Portanto, a partir da leitura sobre esse capítulo entende-se que o posicionamento do Brandão sobre a
relação escola e sociedade, é de afirmar que a escola deve estar associada a sociedade, pois a educação
estando interligada ao modos de vidas e funcionamento social vão trazer sentidos, utilidades e frutos para os
interesses da condução da coletividade.

2° Para compreender o porquê da classe dominante no nascedouro capitalista defender uma escola
pública, universal, gratuita, laica e obrigatória, é necessário analisar o processo de lutas entre as classes
clero, nobreza e Estado que aconteceram.
No período que a igreja católica exercia força maior em relação ao Estado, a educação era limitada
pelos interesses da igreja e por causa da falta de emancipação das pessoas comuns, que nem falavam latim
nem podiam ler, só podiam aprender com o clero, somente com o movimento da Reforma protestante é
possível mudar esse cenário, pois com essa transformação é dado a obrigação de manter todos os fiéis em
condições de salvar suas almas através da leitura sagrada, tornando assim a educação como um bem público,
resultando na necessidade de criação de escolas cristãs.
Mediante a esses acontecimentos, a burguesia durante a revolução francesa desejou substituir a
instrução durante o período absolutista por uma nova, apropriando- se dá ideia de educação pública, com o
intuito de explanar sua visão de mundo. Portanto, existia uma intencionalidade de dominação e conduta
social da burguesia sobre o proletariado.
Segundo Lopes (2020), os usos dos adjetivos pública, universal, gratuita, laica e obrigatória estavam
cheio de interesses para formar determinadas ideias sobre o corpo social, então, publicidade usada para “
instrumentos disseminadores da sua visão de mundo“ (Lopes,2020, p.5), universalidade estar ligado “...
Como solução para o aproveitamento de talentos porventura existentes...” (Lopes,2020, p.6), gratuidade
como “... Imprescindível que todos conhecessem gratuitamente as novas normas, os novos valores, o novo
saber da nova ordem social e aprendessem a dela participar.” (Lopes,2020, p.6), laicidade usada como “... a
nova instrução deveria estar em consonância com os interesses da nova sociedade e com a República,
demostra que se queria uma instrução laica, não se queria uma instrução a-política.” (Lopes,2020, p.6),
obrigatoriedade usado como dispositivo de um corpo coeso, pois “não é apenas o indivíduo que precisa de
instrução. A nação precisa de indivíduos instruídos.” (Lopes,2020, p.6)
Conclui-se, através dessa análise histórica dos processos de lutas entre o clero, nobreza e Estado, a
classe dominante estava interessada na defesa desses princípios para exercer o poder coercitivo para a
formação do corpo social segundo seus interesses.
3° A instituição social denominada escola está ligada a segunda forma de socialização do indivíduo,
ela acontece fora do convívio familiar, mas também é definida como a transição do âmbito familiar para o
mundo, por isso a educação escolar tem como objetivo traçar essa ligação dos indivíduos com o mundo,
além disso é responsável por inserir no indivíduo as normas sociais, legais e de comportamento.
O conceito escolhido é cidadania, porque a função social da escola deve ser formar e preparar
cidadãos, mas também despertar para a responsabilidade social, pensar o mundo, remodelá-lo, apoiar a
emancipação e propor soluções para os problemas sociais. Dessa forma, cria-se um ambiente de
aprendizagem que lhe dá senso de responsabilidade perante a sociedade em que está inserido, torna o aluno
crítico, que sabe pensar o mundo a partir de sua realidade para transformá-la, forma um cidadão interessado
em todas as causas na esfera social, para prepará-los para a busca constante de soluções para os problemas
que encontram em seu cotidiano, para reconsiderar que tipo de sociedade pretendem construir. Diante disso,
deve- se questionar os conteúdos abordados e a forma como diferentes conteúdos sociais são estudados; a
forma como a mudança social é percebida; a maneira como as direções macro afetam a vida de cada sujeito
de maneira micro.
Portanto, a função social da escola seguindo a perspectiva de reproduzir cidadania, resulta no
despertar de responsabilidade social, formando sujeitos críticos e interessados em todas as causas nas esferas
sociais, dessa forma constroem efeitos que ajudam as classes subalternos a perceber e críticas ideias e
comportamento que são agressivos aos seus modos de vidas, além disso essa educação escolar voltada para a
cidadania proporciona a busca de soluções de macro problemas sociais que afetam o indivíduo.

4°A gestão escolar democrática centra-se na essência do processo educativo no que diz respeito às
entidades sociais que estão envolvidas na sua prática e cuja direção é socialmente relevante. Essa forma de
gestão conduz necessariamente a uma vivência democrática na escola, envolve todos os segmentos da escola
tanto na concepção, como na execução e avaliação do trabalho escolar. Isso revela as dimensões político-
pedagógicas da gestão escolar, intrinsecamente ligadas à prática educativa e a um forte compromisso com a
transformação social.
Em termos de legislação, a gestão democrática é legalizada primeiro pela CF/1988, depois pela lei
que regulamenta a organização da educação brasileira LDB (9.394/96) e pelos planos educacionais
nacionais, estaduais e municipais.
As ações norteadoras, que se vinculam às práticas educativas são participação, autonomia,
transparência e pluralismo.
Alguns exemplos escolar sinalizam e mantêm o processo de participação como colaboração
unidirecional, conformidade e obediência à liderança escolar, onde as decisões são tomadas com
antecedência, as metas são predeterminadas e a "participação" é definida. Com isso, perdem-se duas
condições básicas para uma participação efetiva: a capacidade do sujeito de influenciar as decisões da
escola; e a consequente corresponsabilidade pelos sucessos e insucessos do processo educativo.
Segundo a LDB, “Às unidades escolares públicas de educação básica que os integram progressivos
graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas gerais de
direito financeiro público."(BRASIL, 1996, art. 15)
O conceito de autonomia relaciona-se ideia de autogoverno, os indivíduos têm de se regerem por
regras próprias.
É o pluralismo que se estabelece como atitude de reconhecimento da existência de diferenças de
identidade e interesses que convivem na escola e que através do debate sustenta o conflito de ideias e o
próprio processo democrático.
Outro elemento básico da gestão democrática é a transparência, que está intrinsecamente ligada à
ideia de escola como espaço público. Considerando o atual predomínio da lógica econômica em todos os
setores sociais, inclusive na educação, garantir a visibilidade da escola na sociedade torna-se um problema
ético.
Em contraposição à gestão democrática, temos o gerencialismo na posição neotécnica da
administração gerencial, desenvolvido no sistema educacional brasileiro, cuja principal referência é o
mercado e suas demandas. Utiliza-se como um processo instrumental, que conta, inclusive, com ricos
recursos financeiros de diversos organismos internacionais, para a implementação de experiências
denominadas "gestão empresarial escolar", escola-empresa ou "escola de qualidade total” (Gracindo, 2009,
p.136). Portanto, essa posição gerencial é uma ameaça à gestão democrática, porque tem caráter dominante
e contribui para a exclusão, uma vez que o mercado foi o ponto de referência para as experiências
planejadas.
Referências:

BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB. Disponível em:
http://www.presidencia.gov.br/legislacao/. Acesso em: abr. 2023.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Educação? Educações: aprender com o índio. In: ______. O que é educação. 19. Ed. São Paulo:
Editora Brasiliense, 1987. P. 7-12. Coleção Primeiros Passos 20.
LOPES, Eliane Marta Teixeira. O ensino público e suas origens. Revista da ANDE –Associação Nacional de Educação, v. 1, n. 5,
p. 5-7, 1982.
GRACINDO, Regina Vinhaes. O gestor escolar e as demandas da gestão democrática: Exigências, práticas, perfil e formação.
Revista Retratos da Escola, Brasília, v. 3, n. 4, p. 135-147, Jan./jun. 2009.

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