Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
MARÍLIA
2023
A EDUCAÇÃO E A POSSIBILIDADE DE MUDANÇA DE DESTINOS SOCIAIS:
RESENHA DA AULA DO DIA 26 DE OUTUBRO DE 2023
1. Introdução
Através do texto utilizado para embasar a aula, Freire traz em sua obra
uma nova metodologia, envolta por uma filosofia que objetiva a emancipação
humana, pautada em princípios democráticos e éticos, que estabelecem o papel
da escola, educador e educando no processo do ser humano em conhecer-se e
conhecer o mundo refletindo sobre ele, dialogando entre si e levando a uma ação
concreta para a transformação do meio onde se encontra. Neste contexto, se
estruturam as bases do pensamento crítico em Freire, obtendo o olhar
esperançoso sobre as práticas pedagógicas, a escola e a relação
professor-estudante que objetivam a mudança de destinos sociais, pelo diálogo,
visando a emancipação humana e a liberdade, a fim de uma transformação mais
ampla da sociedade através destes sujeitos, que possuem a consciência
transformadora, a partir da reflexão que os levam a ação. A verdadeira práxis.
A educação, sendo um produto da sociedade, reflete suas desigualdades
que são baseadas em uma ideologia política liberal, que coloca desde muito cedo,
suas crianças para competirem entre si, evidenciando uma filosofia de
supervalorização da vitória e o desprezo ao derrotado, reforçando uma concepção
individualista de si e do mundo, distorcendo as ideias democráticas e de
igualdade, que, nesta concepção são meramente formais e não realizam de fato o
que se objetiva. Os fatos se dão ao constatar a realidade cotidiana do próprio
brasileiro, onde não se precisa ir longe para encontrar um morador de rua, que
não sabe se comerá hoje, amanhã ou só semana que vem. Também, não se
precisa ir longe para encontrar bairros altamente elitizados, adornados por
grandes estruturas, portões, grades e câmeras de segurança da mais alta
qualidade material, dentro de suas garagens os modelos mais recentes de
veículos. Na filosofia liberal, a responsabilidade de tal desigualdade é daqueles
que são tidos como reféns dela, aqueles que estendem suas mãos em troca do
pouco, pois não fizeram o bastante, não soaram o bastante, não estudaram o
bastante para “conquistar” sua “liberdade” privada. Os oprimidos, neste sentido,
introjetam a sombra de seu opressor, seguindo suas pautas, acabando por se
identificar com seu contrário, ao invés de buscar sua liberdade, buscam ser um
novo opressor, se aderindo a este.
A escola, reproduz essas ideias em seu cotidiano, que expressa métodos e
técnicas de ensino e aprendizagem, pautadas em relações de poder, que
escancaram a face covarde do sistema opressor, que divide as massas para sua
maior conquista, ao construir paredes de diferenças entre uns e outros, sendo
estes, no âmbito da escola pública, pertencentes à mesma classe, a dos
trabalhadores, os oprimidos, como expõe Freire “Os esfarrapados do mundo”
(FREIRE, 2006, p. 23). O papel da escola, na verdade, deveria ser o de fazer o
homem pensar por si só, através da troca com o outro, como discorre Freire em
sua obra “Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se
educam entre si, mediatizados pelo mundo”. (FREIRE, 2006, p. 58). Eis o
movimento dialético da humanização do homem, quando subjetividade e
objetividade tomam corpo em uma unidade dialética, a fim de pensar certo sobre
a realidade para transformá-la.
Freire expõe a teoria da ação dialógica, a fim de, a partir da prática,
transformar os processos de conhecimento do sujeito, pelo diálogo de igual para
igual, quebrando as posições de poder historicamente construídas, gerando a
relação contraditória entre educador e educando. Assim como o opressor para
oprimir, precisa de uma teoria da ação opressora, os oprimidos para libertar-se,
igualmente necessitam de uma teoria de sua ação. Nesta teoria surge o
embasamento fundado na verdadeira democracia, construída pelo povo, através
dele, por isso exige a sua participação permanente em todos os processos
decisórios da vida social, contemplando a ideia de coletividade e a sua
importância. Para isso, é de extrema relevância que o oprimido se saiba oprimido,
e o opressor se saiba opressor, mas este, ao se descobrir opressor se solidarize
concretamente para com os oprimidos, revelando uma mudança radical de
atitudes e comportamentos, tão somente o oprimido libertando-se, pode libertar
seu opressor, pois enquanto classe que oprime, não libertam e nem se libertam,
por isso a autonomia assume uma grande importância nesta teoria, pois é a
chave para a inserção crítica dos sujeitos sobre as condições de poder em que
estão imersos. São poucas as oportunidades que se abrem no processo de
ensino atual, que inserem o estudante como sujeito ativo e histórico no seu
desenvolvimento humano, solidário e coletivista, para assumir-se enquanto
homem novo, se libertando. A concepção bancária de educação ainda é presente
e muito forte em nosso país, onde os professores, em suas relações extra
verticais com os estudantes, depositam incessantemente conteúdos prontos,
calando as oportunidades de diálogo, para que os mesmos possam reproduzir
esses conteúdos em provas de larga escala, realizadas pelo estado até quatro
vezes no ano, mecanizando um “conhecimento” que chega nas escolas
“fantasiado” de “conteúdos críticos”, mas são rasos, escondem uma face
empreendedora, vazia de humanidade e evidenciam um boicote à educação
crítica real. Surge a necessidade de se trabalhar ética com ética, e criticar, a partir
da educação, inclusive das redes formais de ensino, mas não só delas, os
“valores” que deliberam desigualdades em seus discursos, revelando uma
concepção fechada e individualista do próprio ser humano. De modo, que se
trave a luta pela igualdade entre todos, superando a contradição entre
opressor-oprimido / educador-educando.
3. Considerações finais
4. Referências bibliográficas
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 43ª Edição. Rio de Janeiro: Ed. Paz e Terra.
2006.