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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – UNESP

FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS


PEDAGOGIA

RESENHA - AULA DO DIA 26/10/2023


Educação e possibilidade de mudança de destinos sociais

Lucas Henrique Da Silva Trentin


1° ano B

Atividade avaliativa apresentada como parte das exigências da disciplina de Sociologia da


Educação II, ministrada pela Prof. Gabriela Garcia Angélico.

MARÍLIA
2023
A EDUCAÇÃO E A POSSIBILIDADE DE MUDANÇA DE DESTINOS SOCIAIS:
RESENHA DA AULA DO DIA 26 DE OUTUBRO DE 2023

1. Introdução

A presente resenha busca analisar e discorrer acerca da aula do dia 26 de


Outubro de 2023, que se refere a disciplina de Sociologia da Educação II,
ministrada pela professora Gabriela Garcia Angélico, no curso de Pedagogia da
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. O critério de escolha da
aula a ser resenhada se baseou na esperança, que de tão intensa, em meu
coração de futuro educador, reflete no anseio em discuti-la. A esperança é aquela
que nos leva a crer e querer a transformação.

No entanto a desumanização que resulta da “ordem” injusta não deveria


ser uma razão de perda da esperança, mas, ao contrário, uma razão de
desejar ainda mais, e de se preocupar sem descanso, restaurar a
humanidade esmagada pela injustiça. Não é, porém, a esperança um
cruzar de braços e esperar. Movo-me na esperança enquanto luto, e, se
luto com esperança, espero. (FREIRE, 2006, p. 95).

Isso reflete na educação como possibilidade de mudança de destinos


sociais, a partir de práticas conscientes e humanizadoras, que quebram, dentro
da escola, os paradigmas de reprodução das desigualdades sociais, mesmo que
a educação em si não possa mudar o mundo, tampouco este muda sem a
educação (FREIRE, 2000).

2. Educação e possibilidade de mudança de destinos sociais

Através do texto utilizado para embasar a aula, Freire traz em sua obra
uma nova metodologia, envolta por uma filosofia que objetiva a emancipação
humana, pautada em princípios democráticos e éticos, que estabelecem o papel
da escola, educador e educando no processo do ser humano em conhecer-se e
conhecer o mundo refletindo sobre ele, dialogando entre si e levando a uma ação
concreta para a transformação do meio onde se encontra. Neste contexto, se
estruturam as bases do pensamento crítico em Freire, obtendo o olhar
esperançoso sobre as práticas pedagógicas, a escola e a relação
professor-estudante que objetivam a mudança de destinos sociais, pelo diálogo,
visando a emancipação humana e a liberdade, a fim de uma transformação mais
ampla da sociedade através destes sujeitos, que possuem a consciência
transformadora, a partir da reflexão que os levam a ação. A verdadeira práxis.
A educação, sendo um produto da sociedade, reflete suas desigualdades
que são baseadas em uma ideologia política liberal, que coloca desde muito cedo,
suas crianças para competirem entre si, evidenciando uma filosofia de
supervalorização da vitória e o desprezo ao derrotado, reforçando uma concepção
individualista de si e do mundo, distorcendo as ideias democráticas e de
igualdade, que, nesta concepção são meramente formais e não realizam de fato o
que se objetiva. Os fatos se dão ao constatar a realidade cotidiana do próprio
brasileiro, onde não se precisa ir longe para encontrar um morador de rua, que
não sabe se comerá hoje, amanhã ou só semana que vem. Também, não se
precisa ir longe para encontrar bairros altamente elitizados, adornados por
grandes estruturas, portões, grades e câmeras de segurança da mais alta
qualidade material, dentro de suas garagens os modelos mais recentes de
veículos. Na filosofia liberal, a responsabilidade de tal desigualdade é daqueles
que são tidos como reféns dela, aqueles que estendem suas mãos em troca do
pouco, pois não fizeram o bastante, não soaram o bastante, não estudaram o
bastante para “conquistar” sua “liberdade” privada. Os oprimidos, neste sentido,
introjetam a sombra de seu opressor, seguindo suas pautas, acabando por se
identificar com seu contrário, ao invés de buscar sua liberdade, buscam ser um
novo opressor, se aderindo a este.
A escola, reproduz essas ideias em seu cotidiano, que expressa métodos e
técnicas de ensino e aprendizagem, pautadas em relações de poder, que
escancaram a face covarde do sistema opressor, que divide as massas para sua
maior conquista, ao construir paredes de diferenças entre uns e outros, sendo
estes, no âmbito da escola pública, pertencentes à mesma classe, a dos
trabalhadores, os oprimidos, como expõe Freire “Os esfarrapados do mundo”
(FREIRE, 2006, p. 23). O papel da escola, na verdade, deveria ser o de fazer o
homem pensar por si só, através da troca com o outro, como discorre Freire em
sua obra “Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se
educam entre si, mediatizados pelo mundo”. (FREIRE, 2006, p. 58). Eis o
movimento dialético da humanização do homem, quando subjetividade e
objetividade tomam corpo em uma unidade dialética, a fim de pensar certo sobre
a realidade para transformá-la.
Freire expõe a teoria da ação dialógica, a fim de, a partir da prática,
transformar os processos de conhecimento do sujeito, pelo diálogo de igual para
igual, quebrando as posições de poder historicamente construídas, gerando a
relação contraditória entre educador e educando. Assim como o opressor para
oprimir, precisa de uma teoria da ação opressora, os oprimidos para libertar-se,
igualmente necessitam de uma teoria de sua ação. Nesta teoria surge o
embasamento fundado na verdadeira democracia, construída pelo povo, através
dele, por isso exige a sua participação permanente em todos os processos
decisórios da vida social, contemplando a ideia de coletividade e a sua
importância. Para isso, é de extrema relevância que o oprimido se saiba oprimido,
e o opressor se saiba opressor, mas este, ao se descobrir opressor se solidarize
concretamente para com os oprimidos, revelando uma mudança radical de
atitudes e comportamentos, tão somente o oprimido libertando-se, pode libertar
seu opressor, pois enquanto classe que oprime, não libertam e nem se libertam,
por isso a autonomia assume uma grande importância nesta teoria, pois é a
chave para a inserção crítica dos sujeitos sobre as condições de poder em que
estão imersos. São poucas as oportunidades que se abrem no processo de
ensino atual, que inserem o estudante como sujeito ativo e histórico no seu
desenvolvimento humano, solidário e coletivista, para assumir-se enquanto
homem novo, se libertando. A concepção bancária de educação ainda é presente
e muito forte em nosso país, onde os professores, em suas relações extra
verticais com os estudantes, depositam incessantemente conteúdos prontos,
calando as oportunidades de diálogo, para que os mesmos possam reproduzir
esses conteúdos em provas de larga escala, realizadas pelo estado até quatro
vezes no ano, mecanizando um “conhecimento” que chega nas escolas
“fantasiado” de “conteúdos críticos”, mas são rasos, escondem uma face
empreendedora, vazia de humanidade e evidenciam um boicote à educação
crítica real. Surge a necessidade de se trabalhar ética com ética, e criticar, a partir
da educação, inclusive das redes formais de ensino, mas não só delas, os
“valores” que deliberam desigualdades em seus discursos, revelando uma
concepção fechada e individualista do próprio ser humano. De modo, que se
trave a luta pela igualdade entre todos, superando a contradição entre
opressor-oprimido / educador-educando.

3. Considerações finais

Ao obter contato com Freire e sua obra, tive a oportunidade de discuti-la


em sala, realizando uma troca de saberes significativa com meus colegas de
classe e a professora da disciplina, através dos seminários que foram propostos e
executados na aula do dia 26 de Outubro de 2023, estabelecendo parâmetros
teóricos, vinculados à prática educativa que objetiva uma transformação dos
destinos sociais e enchem nossos corações de esperança, a fim de constatar uma
sociedade sem desigualdades, em que seus sujeitos sejam verdadeiramente
humanizados, e, por meio da coletividade e democracia reais, que também
podem se fazer através da educação escolar, mas não só desta, fora do escopo
meramente formal imposto por ideologias liberais, se estabilizem enquanto uma
sociedade verdadeiramente igualitária e justa para todos. Fecho com uma frase
de Freire que me marcou enquanto sujeito, em busca de uma constante libertação
autêntica.

Na verdade, porém, por mais paradoxal que possa parecer, na resposta


dos oprimidos à violência dos opressores é que vamos encontrar o gesto
de amor. Consciente ou inconscientemente, o ato de rebelião dos
oprimidos, que é sempre tão ou quase tão violento quanto a violência
que os cria, este ato dos oprimidos, sim, pode inaugurar o amor.
Enquanto a violência dos opressores faz dos oprimidos homens
proibidos de ser, a resposta destes a violência daqueles se encontra
infundida do anseio de busca do direito de ser. (FREIRE, 2006, p. 48).

4. Referências bibliográficas

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 43ª Edição. Rio de Janeiro: Ed. Paz e Terra.
2006.

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