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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ


CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO MARAJÓ – BREVES
FACULDADE DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS – FECH
LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

BEATRIZ VIEIRA MEIRELES


ELTON NEVES DA CUNHA
FELIPE VANZALER DO NASCIMENTO
KARINA DA SILVA LOPES

TEORIAS CRÍTICO-REPRODUTIVISTAS

BREVES
2021
BEATRIZ VIEIRA MEIRELES
ELTON NEVES DA CUNHA
FELIPE VANZALER DO NASCIMENTO
KARINA DA SILVA LOPES

TEORIAS CRÍTICO-REPRODUTIVISTAS

Resenha Crítica do texto Teorias Crítico-Reprodutivistas


apresentado como requisito parcial para avaliação na
disciplina Filosofia da Educação.

Professor: Dr. Natamias Lopes de Lima.

BREVES/PA
2021
REFERÊNCIA: ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Teorias Crítico-Reprodutivistas. In.:
Filosofia da Educação.2ª Ed. Rev. e ampliada. São Paulo: Moderna, 1996. pág. 188-194.

SOBRE A OBRA: Trata-se de um capítulo do livro Filosofia da Educação, da autora Maria


Lúcia de Arruda Aranha. Publicado em 2007 pela editora Moderna

SOBRE O(A) AUTOR(A): Maria Lúcia de Arruda Aranha é natural de Três Lagoas, Mato
Grosso do Sul, formada em filosofia na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-
SP). É autora da obra Filosofia da Educação, História da Educação e da Pedagogia - Geral e
Brasil.

RESUMO DO CONTEÚDO DA OBRA

As teorias Crítico-Reprodutivistas surgiram em um contexto de desmascarar as


verdadeiras intenções da escola influenciada pelo estado, já que a escola era vista de forma
otimista, como meio de tornar iguais as chances para os indivíduos que pertencem a classes
diferentes, assim no primeiro momento muitos teóricos atraídos pela ideia afirmaram que a
escola seria sim, um meio de desfazer injustiças e de democratização.
Porém, entre as décadas de 60 e 70 os teóricos críticos reprodutivistas observaram
que a ideia de escola como meio de democratização e igualdade social não passava de uma ilusão
e através de suas teorias destacaram o verdadeiro objetivo da escola capitalista e o que realmente
ocorria em seu seio. Assim, nasceram diversas teorias que objetivavam expor as intenções da
escola/estado onde diversos autores se destacaram nesse meio.
A violência simbólica é exercida pelo poder de imposição das ideias transmitidas
por meio da comunicação cultural, da doutrinação política ou religiosa, das práticas esportivas e
da educação escolar. Isso faz com que a pessoa coagida passe a pensar da maneira que é
imposta a ela, sem se dar conta de que está agindo ou pensando sob poder de coerção. Desse
modo os sistemas simbólicos se tornam instrumentos de poder, tornando homogêneo o
comportamento social.

Para os autores, a escola se limita a reforçar e confirmar o “habitus” de classes, que


para eles, significa uma formação durável e transportável, que são, sistemas comuns de
pensamentos, de percepção, de apreciação e de ação. São colocados desde a infância por um
trabalho pedagógico realizado primeiramente pela família e só em seguida pela escola. De modo
que a criança seja devidamente preparada para um convívio em sociedade.
Porém, do ponto de vista dos reprodutivistas, essa justificativa não passa de
mascaramento para causas reais do insucesso escolar e o que essa “ideologia de dotes” realmente
dissimula, a imposição da cultura da classe dominante sobre a dominada. Isso ocorre, pois a
autoridade pedagógica tem poder de aplicar sanções, que determinam o reconhecimento da
cultura dominante. A objetividade do sistema exige formas aparentemente neutras do método de
avaliação, por meio dos quais se excluem os “menos dotados”, e estes por sua vez, se
reconhecem como sendo “incompetentes". O exame aparentemente democrático, oculta os laços
entre sistema escolar e a estrutura das relações de classes, fazendo com que nem mesmo as
classes que sofrem com decorrência disto percebam a sua posição como classe dominada.

Althusser considera que a função da escola deve ser analisada no contexto da


sociedade capitalista, assim desenvolveu a noção de aparelho ideológico de estado, o autor
influenciado pelo pensamento de Marx, reconhece que toda produção precisa assegurar a
reprodução de suas condições materiais sendo a escola responsável por reproduzir a ideologia
dominante. Marx dividiu a sociedade em dois níveis de realidade: O primeiro é a infraestrutura
ou estrutura material da sociedade, na qual esta voltada para economia, isto é, nas diferentes
formas que o homem produz itens para sua sobrevivência, a segunda é a superestrutura
corresponde à estrutura jurídico-politica de caráter ideológico, responsável pelas relações entre a
sociedade como a formar de ver o mundo, através de expressos artísticos e culturais.
O desenvolvimento do sistema capitalista, mostra duas classes sociais opostas, porém
que dependem uma da outra. A burguesia que é detentora do capital e dos meios de produção, na
posição de dominadora e o proletariado produtor, possuidor apenas da sua força laboral, sendo
essas relação sustentadas apenas pela dominação burguesa. O estado passa a representar os
interesses da burguesia, sendo diluída a ideia de bem comum pois dentro da sociedade dividida,
os interesses são divergentes.

Segundo Althusser, o Estado é composto de dois tipos de aparelho que impõe a


ideologia burguesa são eles: Aparelho repressivo de estado: é constituído do governo, a
administração e as forças militares, funcionando através da “violência” para o cidadão não
cumpridor das leis, na qual a classe burguesa é a favorecida, pois legisla e aplica a lei, o outro é
o aparelho ideológicos do Estado (AIE), trata-se de várias instituições distintas que pertencem ao
domínio privado, funcionando “pela ideologia”.
Baudelot e Establet se diferenciaram dos demais autores pois enfatizaram a questão
da força latente da ideologia do proletariado, os autores dividiram a escola em duas redes
importantes. em PP (primária principal) com continuidade dos estudos após o término das séries
primárias em cursos técnicos e na SS (secundária superior) com continuidade no segundo
ciclo/bacharelado. Assim, para eles essas divisões em redes não se daria no final das séries
primárias, mas sim desde o inicio os filhos do proletariado já teriam seu caminho traçado em
chegar até a rede PP e não atingirem níveis superiores, a escola tem o papel de reafirmar a
divisão em trabalho intelectual (SS) que no caso é destinado a burguesia, e trabalho manual (PP)
destinado ao proletariado, essa divisão se configura deste modo para que o objetivo do estado
seja conquistado que são formação da força de trabalho e propagação de sua ideologia. vale
ressaltar que existe uma preocupação do estado em calar as ideologias que o proletariado que
são contrarias as do interesse capitalista.
No Brasil vários teóricos como: Barbara Freitag, Maria de Lourdes, Deiró
Nosella, Luiz Antônio Cunha e outros apoiados nas teorias crítico-reprodutivistas fizeram, uma
releitura do fracasso escolar que ocorria no Brasil e criticaram a ilusão da escola nova, e as
tendências tecnicistas que influenciaram a educação durante o período de ditadura militar.
É indispensável reconhecer a importância da análise feita pelos autores Crítico-
Reprodutivistas para a compreensão dos mecanismos da escola na sociedade dividida em classes.
Levar essas críticas às últimas consequências, poderia resultar em um pessimismo imobilista. Se
considerarmos a escola mera reprodutora das desigualdades sociais, não teremos como exercer a
ação pedagógica sem mistificações, a menos que a exploração de classe seja politicamente
superada.

COMENTÁRIOS CRÍTICOS

No capitulo em questão se aborda relevância que as teorias Crítico-reprodutivistas


possuem dentro do âmbito educacional. É muito interressante a forma que a autora nos apresenta
no capitulo em questão as formas pelas quais a escola é utilizada, como veiculo de inculcação
dos ideais da classe dominante.

Evidentemente que essas relações interferem na escola, o texto traz várias analises ao leitor,
sendo uma delas é de que a escola que não oferece muitas oportunidades para os que fazem parte
da classe trabalhadora, basta observarmos que isto é realmente verdade se levarmos em conta,
onde está localizada a maioria da população que faz parte dessa classe, em sua maioria residente
na periferia e que também estão localizadas as piores escolas (falando apenas de aspectos
estruturais). Concordasse com o autor, na idéia do professor como peça fundamental na
descontrução de ideologia burguesa, sendo a escola um ambiente para a formação de cidadãos

A autora deste capitulo apresenta nas falas de Baudelot e Establet o verdadeiro papel da escola,
com o objetivo de reconhecer as maneiras como tal é empregado e porquê são utilizados. É
intrigante como a burguesia de forma disfarçada consegue inculcar sua ideologia e muita das
vezes as pessoas não conseguem observar esse acontecimento, no âmbito escolar por exemplo
esta está empregnada, nas cartilhas que estudamos por exemplo, onde os conteúdos que ali são
expostos passaram antes por uma análise para depois serem distribuidos para as escolas. No
entanto é importante frizar que quando a teoria de baudelot e establet afirma que "todas as
práticas escolares são práticas de inculcação ideológica", os autores de alguma forma estão
generalizando que tudo o que se prática, que se ensina dentro do âmbito escolar tem o objetivo
de disceminar as ideologias burguesas, não levando em conta as pedagogias contemporaneas e
escola como meio transformador do indíduo e da sociedade.

Se faz muito interessante a maneira como a autora aborda a teoria de Bourdieu e Passeron a
respeito da temática de violência simbólica, pois se faz de suma importância o seu
compreendimento, para que assim, se possa de uma maneira mais clara e objetiva reconhecer
maneiras como tal violência ocorre nos dias atuais. A violência simbólica não é algo que ocorre
de maneira física, mas sim pela imposição de ideias por meio de uma comunicação cultural ,
doutrinação política e principalmente da educação escolar. A autora também busca retratar como
a educação imposta pela escola não é completamente neutra e democrática, uma vez que, implica
somente na reprodução da cultura da classe dominante. Outro excelente ponto que a autora
também apresenta, é a maneira como ocorre o mascaramento dessa relação da escola e a
estrutura de relações de classes, fazendo com que todo esse sistema passe desapercebido
principalmente pelas classes desfavorecidas.

A partir das teorias crítico-reprodutivistas, é compreensível a maneira como a autora reconhece a


análise feita pelos teóricos crítico-reprodutivistas para a compreensão dos mecanismos da escola
na sociedade quanto a divisão de classes. É ótima a maneira como ela fundamenta sua conclusão
a partir de um ponto negativo das teorias, onde não se deve levar as críticas às suas últimas
consequências, uma vez que possa resultar em um pessimismo caso a escola seja considerada
como mera reprodutora das desigualdades sociais e não teríamos como exercer a ação
pedagógica sem mistificações, a menos que a exploração de classe seja politicamente superada.

De fato os teóricos não apresentaram uma proposta capaz de mudar essa realidade, ademais, a
autora finaliza pontuando a importância de tais teorias, já que elas contribuíram com o estudo
para descortinar essa realidade. É relevante também, como a autora mostra a maneira dos
teóricos levantarem a questão da problemática da educação diante a existência de uma estrutura
socioeconômica dominante que usava o espaço escolar como perpetuação de sua dominação,
portanto, conclui-se que as teorias não são pessimistas e geradoras de impotência, já que as
mesmas foram de suma importância para desvelar a ilusão da mudança da sociedade a partir da
educação escolar.

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