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[LÍNGUA PORTUGUESA II – HISTÓRIA DA LÍNGUA]

[HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA]

_A língua portuguesa pertence ao grupo das línguas românicas ou neolatinas, tendo se originado do
latim falado. Os romanos dominaram a península ibérica por volta do século III a.c. uma das muitas
conquistas políticas do Império Romano.

_O império Romano formado a partir do povo que habitava a região do antigo lácio tinha como
língua o latim; Os romanos criaram um império que atingiu três continentes – Europa, Ásia e áfrica.
Foram muitas conquistas: Sicília, Sardenha, Península Ibérica, Galias, Cartago, África.

_Com a expansão do Império, os romanos impuseram sua cultura- língua, hábitos, valores – a todos
os povos conquistados. Esse foi um dos fatores decisivos para a conquista de sua hegemonia
política e cultural – a língua literária e a língua escrita em situação formal.

_O latim vulgar, essencialmente oral, usado pelos militares e por todas as camadas da população
romana foi implantado na Península. É preciso acrescentar que a península sofreu a invasão de
outros povos com os bárbaros germânicos, em diversos momentos o que contribuiu para a
fragmentação linguística da Hispânia: em 409 os alanos, os vândalos e servos invadiam.
_Devido a esse contato, verifica-se certa influência germânica.

_Em 711, a península foi também invadida pelos árabes. Apesar da permanência muçulmana, não se
verifica uma influência significativa capaz de apagar as marcas de romanidade das línguas
penínsulares.

_No século V a.c. os celtas viviam na península. E dividiam com Iberos até o espaço os celebatos
surgisse.

_No tempo de Augustus, a Península foi dividida em três províncias: a Tarraconense, a Bética e a
Lusitânia – Esclarecendo que o território compreendido pela lusitânia não conhecidia exatamente
com o território atual da língua portuguesa.

_Assimilação – propiciou que o parentesco linguístico entre o latim e o celta fosse assimilado pelos
celtas e iberos. Esse processo teve inicio nas cidades e centros mais povoados, passando, depois as
aldeias e finalmente os campos.

_As peninsulares, depois de certa resistência, adotaram , finalmente, a língua e os costumes dos
dominadores, romanizando-se. O latim foi imposto pela forma das circunstâncias: tinha os
prestígios de língua oficial, seria de veículo a uma cultura superior, era o idioma da escola.

[A FORMAÇÃO DA LÍNGUA]

_O latim foi disseminado no território ibérico foi o latim vulgar (povo inculto). O latim clássico
denominado semo urbanus foi conhecido nas escolas, conventos e mosteiros.

_É preciso esclarecer que uns instrumentos de comunicação utilizado por uma população que
habitou uma vasta região, vai evoluindo e sendo modificado, pelos habitantes da terra.

_No século V, os bárbaros invadiram a península povos de origem germânica compreendiam várias
nas cidades cada uma com o seu dialeto particular vândalos, suevos, godos e visigodos.
_Há, alguns vestígios da dominação germânica no lexico, em vocábulos designativos de armas,
vestes insígnias guerreiras – referentes aos seus usos e costumes.

_No século XVIII os árabes, após dominares o norte da África, chegaram à Península – primeiro
ponto europeu atingido pela invasão muçulmana. Fatores como a rara língua, religião e costumes
causavam problemas aos povos dominados e também dominadores. O importante é lembrar que
muitos hispanos – godos adotaram os costumes e a língua árabe.

_Os árabes tinham uma civilização superior a da Península e a ciência estará difundido. Em seus
palácios organizavam bibliotíca também protegiam as artes e as letras.

_Durante o domínio árabe, a agricultura, o comércio e a indústria cresceram


_A língua oficial adotada era o árabe, mas o povo continuou falando latim vulgar.

_Durante a dominação muçulmana os cristãos organizavam cruzadas para libertas o território


ibérico.

_A nacionalidade portuguesa começou com D. Afonso Henriques. Depois da batalha de


Ourique(1139) ele derrubou a seserania de Castela e foi proclamada rei de Portugal, em 1143.

_No início da colonização portuguesa no Brasil o tupi foi adotado como língua geral colheia, ao
lado do português.

_Após a independência (1822), o português falado no Brasil sofreu influências de imigrantes


europeus que se instalaram. Eles trouxeram modos diferentes de pronúncias e promoveram algumas
mudanças superficiais de lexico que existe entre as regiões do Brasil.

[A LÍNGUA, SUA FUNCIONALIDADE E SEUS PRINCIPAIS REPRESENTANTES]

_De acordo Leite de Vasconcelos, citado por Bechara (2001), o português histórico, isto é,
documentado historicamente pode ser dividido em períodos linguísticos diversos, mas é preciso
dizer que os estudiosos não eram unânimes quanto aos períodos.

_De acordo com os textos de Vasconcelos e de Bechara, há na primeira fase a realidade galego –
portuguesa.

a) o português arcaico: século XIII ao final do XIV


b) o português arcaico médio: metade do século XV à metade do século XVI
c) o português moderno: segunda metade do século XVI ao final do XVII que pode se estender ao
século XVIII.
d) português contemporâneo: século XVIII aos nossos dias

_Da literatura quinhentista, as comédias, os autos e farsas do teatro de medida velha como o de Gil
Vicente cujas produções são de grande importância para o conhecimento da variedade coloquial e
popular da época

_Do século XVII destaca-se a prosa artística de Frei Luis de Souza em que se observa em sua
linguagem a transcrição entre os dois momentos do português moderno. Neste mesmo período
temos os Sermões do Padre Antônio Vieira

_No século XVIII, temos a poesia com Pedro Anthonio Correira Garlo, de Anthonio Diniz da Cruz
e Silvia, de Filinto Elísio, de Tomás Antônio Fonzaga e dos poetas árcades brasileiros, e de Barbosa
de Bocage.

[A LÍNGUA COMO PRODUTO DA CULTURA E DA HISTÓRIA]

_Encontramos semelhanças e diferenças fonéticas, gramaticais e léxicas, sendo assim uma língua
histórica é um conjunto de sistemas que apresentam três aspectos fundamentais de diferenças
internas.

a) espaço geográfico e seus diferentes dialetos – chamada de variação diatópica enquanto a


uniformidade no espaço é chamado de sintópico

b)sociocultural e os diferentes níveis de língua ou estratos socioculturais – chamadas de diadrastica


enquanto que a uniformidade correspondente se diz sinestiática.

c) estilo de falar e estilo de língua chamada de diafásica enquanto a homogeniedade estilística é


chamada de sinfásica

_o português possui diferenças menos profundas que outras línguas.

_Ao compararmos a língua falada e a escrita, a língua usual e a literária podemos observar grades
diferenças. As diferenças diafásicas ocorrem também entre grupos biológicos: homens, mulheres,
jovens, crianças.

_uma língua que apresenta um ou poucos estilos é uma língua morta. Apresenta finalidade culturais
e profissionais como o latim na Igreja.

_uma gramática é o produto de uma descrição de uma das suas línguas funcionais.

[METAPLASMOS POR AUMENTO]

Metaplasmos são os processos que se verificam na passagem do latim, para o português, mas
também são fenômenos vistos na língua atual
_Podemos observar as mudanças fonéticas por meio da observação da fala dos indivíduos.

VEJAMOS OS METAPLASMOS POR AUMENTO

1) PRÓTESE – é o acréscimo de um fonema no início do vocábulo.

Stare> estar
Spiritu> espírito
scutu> escudo

_é preciso esclarecer que há uma forma especial de prótese que é a aglutina incorporação do artigo
no início do vocábulo: lacuna>alagoa, minácia>ameaça

Lembre que esses fenômenos ainda ocorrem: renegar>arrenegar, lagoa>alagoa, voar>avoar,


lembrar>alembrar.

2) Epêntese – é o acréscimo de um fonema no meio de um vocábulo como no caso de arera>areia,


stella>estrela, humile>humilde.

Há estudiosos que consideram o surabatici – intercalação de uma vogal para desfazer um grupo de
consoantes uma modalidade da epensete.

Plani – prao -porre/ blatta – brato – barala

3) Paragogi – ocorre quando se acrescenta fonema no final da palavra como em


ante>antes, mihi – mi – mim, sic>si>sim

[METAPLASMOS POR SUPRESSÃO]

Nesta aula veremos os processos relacionados a supressão como:

*aférese
*síncope
*apócope
*crase (sinalefa)

AFÉRESE – supressão de uma forma no início do vocábulo.

Acume > Gume


Attonitu > Tonto
_Caso especial de aférese – deglutinação da palavra por confusão com o artigo.

*horologui > orológio > relógio


*apolheca> abiodega> bodega

SÍNCOPE – supressão de um fonema no meio do vocábulo

Legale>leal
Legenda>lenda
malu>mau

Modalidade de síncope a supressão da primeira de dua sílabas sucessivas iniciadas pela mesma
consoantes

*bondadoso> bondoso
*tragicocoméida > dramédia

APOCOPE – supressão de um fonema no fim da palavra

Mare> mar
Amat> ama

CRASE – é a função de duas vocais iguais em uma só.


Pede> pee> pé – colore> coor> cor
_A crase se da pela junção da vogal final de uma palavra com a vogal inicial de outra

Na formação de expressões compostas recebe o nome especial de sinaléfa:


outra+hora = outrora
de+este = deste
de+intro = dentro
[METAPLASMOS POR TRANSPOSIÇÃO E TRANSFORMAÇÕES]

_Os casos de metaplasmos por transposição ocorrem quando há o deslocamento da posição de


fonemas em um vocábulo ou quando há a transposição do acentos técnicos da palavra.

Metátese – ocorre quando há transposição de um fonema em uma mesma sílaba de um vocábulo.


Como exemplo
perto>preto, perguntar>preguntar, barganha> baganha, semper> sempre, inter> entre, pro> pó.

Hipértese – em que há uma transposição de um fonema de uma sílaba para outra em um vocábulo.
Ex – nervoso> nevroso e bicarbonato> bicabornato.

Sistole – quando há o deslocamento por meio de um recuo, do acento técnico de um vocábulo.


Ex – rubrica> rúbrica, ruim > ruim(rú), filantropo> filântropo, acrobata> acróbata.

Drastole – deslocamento por meio de um avanço do acento técnico de um vocábulo


Ex – opto> opito (pí), gratuito> gratuíto; aguo> água(gú), océanu> oceano, límite> limite.

[METAPLASMOS POR TRANSFORMAÇÕES]

_Esses processos ocorrem quando um fonema de vocábulo se transforma, ou seja, passa a ser outro
fonema em lugar do primeiro. Há vários tipos de ocorrência: degeneração, desnaralação,
dissimulação, rotacismo, lamlidacismo, ditongação, monotongação, metafonia, nassalação,
palatização, sonorização, despalatização.

[DEGENERAÇÃO] – transformação do fonema /b/ em fonema /v/.


Ex
*assobiar – assoviar
*basculante – vasculante
*travesseiro – trabesseiro.

[DESNASALAÇÃO] – transformação de um fonema nasal em oral


Ex
*virgem - virge
*homem> home
*fizeram – fizero

[DISSIMULAÇÃO] – transformação de um fonema para diferenciação de um outro semelhante


existente no mesmo vocábulo.
Ex
*pilula – piRula
*estrambótico – estrambólico
*privilégio – previlégio

[ROTACISMO] – é a transformação do fonema /l/ em /r/


Ex
*Alface – arface
*almoço – armoço
*flamengo – framengo

[LAMBDACISMO] – transformação do fonema /r/ em /l/


Ex
*freira – fleira
*cabeleireiro – cabelelero

[DITONGAÇÃO] – transformação de uma vogal ou um hiato em ditongo


Ex
*bandeja – bandeija
*caranguejo – carangueIjo

[MONOTONGAÇÃO] – transformação ou redução de um ditongo em uma vogal


Ex
*Europa – Oropa
*Trouxe – truxe
*polícia – pulicia

[METAFONIA] – alteração do timbre ou altura de uma vogal


Ex
* direito – dereito
*diferente – deferente
*semente – simente

[NASALAÇÃO] – transformação de um fonema oral em nasal


Ex
*até – inté
*aipim – aimpim
*igual – ingual
*idiota – idiota

[PALATIZAÇÃO] – transformação de um ou mais fonema em um palatal


Ex
*Antônio – Antonho
*basculante – basculhante
*demônio – demonho

[SONORIZAÇÃO] – (ou afundamento) é a transformação de um fonema surdo em posição


intervocálico, em um sonoro
Ex
*cuspir – cuspir
*constipado – gustipado

[DESPALATIZAÇÃO] – transformação de fonemas palatais em nasais ou orais


Ex
*cabeçalho – cabeçalio
*docinho – docim

[OS GREGOS]

_Há três que destacam nos estudos gramaticais dos gregos: o primeiro dos filósofos pré –
socráticos, dos primeiros retóricos e de Sócrates, Platão e Aristóteles: o segundo período dos
estóicos e o último dos alexandrinos

_A língua durante o primeiro período, ainda não era uma preocupação independente e por isso
encontrava-se diluída na obra de cada pensador do período. Em um dos mais importantes díalogos
escritos por Platão são tratadas questões linguísticas: origem da língua, composição fonética das
palavras estruturas etimológicos, etc.

_Aristóteles foi o primeiro a realizar uma análise mais apurada da estrutura linguística. Ele concebia
a gramática geral como uma ramificação da lógica formal e iniciou estudos sobre a frase, partes do
discurso e categorias gramaticais que deram origem aos estudos linguísticos atuais.

_Os estoicos estudaram a pronúncia, a etimologia, as classes de palavras e paradigmas flexionais.


Para eles, a língua é a expressão do pensamento e dos sentimentos.

_ A visão dos Alexandrinos é um pouco diferentes, pois esses consideravam o estudo linguístico
parte integrante dos estudos literários e seu objetivo era educar os povos conquistados.
Privilegiaram a língua escrita dos grandes escritores. Dividiam-se em duas posturas linguísticas: os
analogistas privilegiaram as regularidades linguísticas, os anomalistas reconheciam a existência de
irregularidade e enfatizavam o uso efetivo da língua.

_Na antiguidade, Dionísio da Trácia (II a.c.) foi o organizador da arte da gramática. Foi ele o
primeiro a descrever e publicar no mundo ocidental sistematicamente uma língua – o grego atico.

_Apolonico foi “o único” gramático antigo que escreveu uma obra completa e independente sobre
sintaxe.

[O GREGO ARISTÓTELES]

_Enfatizaremos as contribuições de Aristóteles para essa divisão, a partir do estudo realizado por
Maria, Helena de Moura Neves.

_ Aristóteles aponta com clareza o aparecimento dos elementos do discurso como entidades do
plano da expressão.

Todas as definições das partes do discurso são vistas por Aristóteles a partir de um gênero comum
phone, ou seja partes que ele relaciona ao som da linguagem

_Aristóteles se baseia nas formas de expressão para caracterizar as entidades da linguagem e


classificá-las.
_Da mesma forma. Para os gramáticos alexandrina e ocidentais.

_Há diferenças no próprio estabelecimento de campo na Poética e na retórica. A poética explica as


chamadas partes da elocução.
A definição das unidades coloca cada uma de início, como voz que tem uma contra parte de
conteúdo.

[A GRAMÁTICA TRADICIONAL NA ATUALIDADE]

A finalidade da gramática reside no estabelecimento de regras para a língua.

Saussure (2001) ao salientar os problemas relevo a algumas questões fundamentais e argumento que
a gramática tradicional:

1) apresenta “uma visão preconceituosa e purista da língua” expressa ora na censura a certos usos
2) privilegia o “ensino de terminologias de metalinguagem e não da língua propriamente dita”
3) apresenta “definições precárias, circulares, poucos explicitas.
Os críticos da década de oitenta apontavam dois caminhos para a superação dos problemas
constatados:

1) Construção de uma gramática descritiva coerente ou adotada da gramática tradicional porém


explicitando suas limitações e inconjurências.

2) Abandono do ensino da teoria gramatical “substituindo-o por atividades de leitura e produção de


textos”

_Fica evidente que os falantes se subordinam a gramática da língua para se comunicarem e isso
requer um certo grau de domínio sobre o que usar e como.

[A GRAMÁTICA DESCRITIVA DE PERINI – CONTRIBUIÇÕES]

O que significa saber português? Na opinião de Perini todo falante traz consigo um conhecimento
implícito da língua que utiliza diariamente

*o falante sabe distinguir e aplicar as formas de que necessita embora não capaz de explicar as
razões de suas escolhas

_O falante possui dois tipos de conhecimento sobre a língua o implícito e o explícito.

IMPLÍCITO – é aquele adquirido informalmente uma parte por imitação e outra, através de
capacidade mais ou menos específicas herdadas geneticamente
EXPLÍCITO – esta associado a um conhecimento e uma reflexão consciente balorioras que permite
explicar a língua.

_Encontramos nas gramáticas a afirmação de que um verbo como comer é transitivo, porque exige
um objeto que lhe complete o significado. Já o verbo morrer seria intransitivo porque não exige
nenhum objeto que lhe complete o significado.

(1) – Sônia já comeu as empadinhas


*onde as empadinhas é o objeto e completa o significado de comer

(2) Sônica já comeu


*Ou no caso do verbo morrer

(3) Meu avô já morreu

Para o autor, um verbo é transitivo apenas porque ele foi transitivo nas frases da língua.

_A flexibilidade segue estritamente a necessidade de comunicação do falante que a emprega no


momento em que é necessária. Assim um substantivo via adjetivo ou vice e versa.

[ANEXOS]

O Brasil foi "descoberto" por Portugal no ano de 1500, e desde então, com a grande presença dos
portugueses nos territórios brasileiros, a língua portuguesa foi se enraizando, enquanto as línguas
indígenas foram aos poucos desaparecendo. Uma delas, talvez a que mais influenciou o atual
português falado no Brasil, era o Tupinambá ou Tupi-guarani, falado pelos índios que habitavam o
litoral. Esta língua foi a primeira utilizada como língua geral na colônia, ao lado do português, pois
os padres jesuítas que vieram para catequizar os índios, estudaram e acabaram difundindo a língua.
No ano de 1757 uma Provisão Real proibiu a utilização do Tupi, época esta, em que o
Português já suplantava esta língua, ficando ele, o Português, com o título de idioma oficial. Em
1759 os jesuítas foram expulsos, e a partir de então a língua portuguesa se tornou definitivamente a
língua oficial do Brasil.

A língua portuguesa, falada no Brasil, herdou, no entanto, um vasto vocabulário das línguas
indígenas, principalmente no que se diz respeito às denominações da fauna, flora, e demais palavras
relacionadas à natureza.

Os portugueses trouxeram, então, muitos escravos capturados na África, para trabalhar nas terras
brasileiras, e estes vieram falando diversos dialetos, os quais contribuíram para a construção da
nossa língua. Muito do que temos hoje, foi herdado das línguas africanas, bem como itens culturais
que vieram junto com os escravos e aqui se instalaram.

Deste modo, a língua portuguesa falada no Brasil, foi se distanciando da língua portuguesa falada
em Portugal, pois enquanto aqui, a língua recebia as influências dos índios (nativos) e dos
imigrantes africanos, em Portugal a língua recebia influência do francês (principalmente
devido à cultura, educação, etc, que na época era prestigiada na frança.)

Quando a família real veio para o Brasil, entre 1808 e 1821, as duas línguas novamente
se “aproximaram”, pois devido à grande quantidade de portugueses nas grandes cidades, a língua
foi sofrendo novamente a influência dos mesmos e se parecendo com a língua-mãe.

O português brasileiro sofreu, ainda, influências dos espanhóis, holandeses e demais países
europeus que invadiram o Brasil após a independência (1822). Isso explica o porquê de algumas
diferenças de vocabulário e/ou sotaque existentes entre algumas regiões do Brasil.

Com a influência do Romantismo (movimento artístico-literário que aconteceu no início do ségulo


XIX), a literatura produzida no Brasil se intensificou, e a língua portuguesa falada no Brasil foi se
encorpando e ganhando uma nova forma, diferenciando-se ainda mais da língua portuguesa falada
em Portugal. Foi despertado no país o individualismo e o nacionalismo através da literatura,
além da realidade política que impulsionava o país a se distanciar e diferenciar ainda mais de
Portugal.

A normatização da língua foi como que consagrada pelo movimento modernista (1922), que trouxe
como crítica a valorização excessiva que ainda se dava à cultura européia, e motivou o povo a
valorizar sua própria língua como “brasileira”.

Recentemente tivemos uma reforma ortográfica, implantada no ano de 2009, a partir de um acordo
feito entre os países que tem como idioma oficial a língua portuguesa, e algumas regras de escrita
que diferenciavam a norma, foram modificadas, deixando-a unificada. A oralidade, no entanto,
continua mantendo consideráveis distinções.

[II]

Curiosamente, o português surgiu da mesma língua que originou a maioria dos idiomas europeus e
asiáticos. Com as inúmeras migrações entre os continentes, a língua inicial existente acabou
subdividida em cinco ramos: o helênico, de onde veio o idioma grego; o românico, que originou o
português, o italiano, o francês e uma série de outras línguas denominadas latinas; o germânico, de
onde surgiram o inglês e o alemão; e finalmente o céltico, que deu origem aos idiomas irlandês e
gaélico. O ramo eslavo, que é o quinto, deu origem a outras diversas línguas atualmente faladas na
Europa Oriental.
O latim era a língua oficial do antigo Império Romano e possuía duas formas: o latim clássico, que
era empregado pelas pessoas cultas e pela classe dominante (poetas, filósofos, senadores, etc.), e o
latim vulgar, que era a língua utilizada pelas pessoas do povo. O português originou-se do latim
vulgar, que foi introduzido na península Ibérica pelos conquistadores romanos. Damos o nome de
neolatinas às línguas modernas que provêm do latim vulgar. No caso da Península Ibérica, podemos
citar o catalão, o castelhano e o galego-português, do qual resultou a língua portuguesa.
O domínio cultural e político dos romanos na península Ibérica impôs sua língua, que, entretanto,
mesclou-se com os substratos linguísticos lá existentes, dando origem a vários dialetos,
genericamente chamados romanços (do latim romanice, que significa "falar à maneira dos
romanos"). Esses dialetos foram, com o tempo, modificando-se, até constituírem novas línguas.
Quando os germânicos, e posteriormente os árabes, invadiram a Península, a língua sofreu algumas
modificações, porém o idioma falado pelos invasores nunca conseguiu se estabelecer totalmente.
Somente no século XI, quando os cristãos expulsaram os árabes da península, o galego-português
passou a ser falado e escrito na Lusitânia, onde também surgiram dialetos originados pelo contato
do árabe com o latim. O galego-português, derivado do romanço, era um falar geograficamente
limitado a toda a faixa ocidental da Península, correspondendo aos atuais territórios da Galiza e de
Portugal. Em meados do século XIV, evidenciaram-se os falares do sul, notadamente da região de
Lisboa. Assim, as diferenças entre o galego e o português começaram a se acentuar. A consolidação
de autonomia política, seguida da dilatação do império luso consagrou o português como língua
oficial da nação. Enquanto isso, o galego se estabeleceu como uma língua variante do espanhol, que
ainda é falada na Galícia, situada na região norte da Espanha.
As grandes navegações, a partir do século XV d.C. ampliaram os domínios de Portugal e levaram a
Língua Portuguesa às novas terras da África (Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, São Tomé e
Príncipe), ilhas próximas da costa africana (Açores, Madeira), Ásia (Macau, Goa, Damão, Diu),
Oceania (Timor) e América (Brasil).
A Evolução da Língua Portuguesa
Destacam-se alguns períodos:
1) Fase Proto-histórica
Compreende o período anterior ao século XII, com textos escritos em latim bárbaro
(modalidade usada apenas em documentos, por esta razão também denominada de latim
tabeliônico).
2) Fase do Português Arcaico
Do século XII ao século XVI, compreendendo dois períodos distintos:
a) do século XII ao XIV, com textos em galego-português;
b) do século XIV ao XVI, com a separação entre o galego e o português.
3) Fase do Português Moderno
Inicia-se a partir do século XVI, quando a língua se uniformiza, adquirindo as características
do português atual. A literatura renascentista portuguesa, notadamente produzida por
Camões, desempenhou papel fundamental nesse processo de uniformização. Em 1536, o
padre Fernão de Oliveira publicou a primeira gramática de Língua Portuguesa, a
"Grammatica de Lingoagem Portuguesa". Seu estilo baseava-se no conceito clássico de
gramática, entendida como "arte de falar e escrever corretamente".

[III]

A língua é um fator social, sofre mudanças continuamente, por isso não deve ter o mesmo
tratamento que teve outrora. Um passo importante a ser dado quando se trata de questões da língua,
em especial da Língua Portuguesa é ter plena consciência de que a gramática normativa não pode
ser tomada como verdade absoluta.

O ensino de língua materna na sala de aula, mais especificamente o ensino de gramática, tem sido
foco de muitas discussões no sentido de estabelecer novas bases teóricas e práticas, visto que tal
ensino encontra-se distante da realidade de seus aprendentes, não fazendo nenhum sentido para
eles.

É importante que o professor considere que o ensino da língua não se restringe a determinação do
certo e do errado, mas a reflexão sobre a adequação da linguagem a determinados contextos e de ser
capaz de produzir efeitos pretendidos.

Nesse artigo, procuramos analisar como acontece o ensino de gramática ao olhar das diferentes
concepções normativa, descritiva e internalizada, visto que a postura do professor diante da
disciplina se define mediante o entendimento deste sobre gramática e Língua Portuguesa, sabendo
que essas não podem ser consideradas sinônimas. Para tanto, realizamos uma pesquisa bibliográfica
a partir das leituras dos autores: Travaglia (2001), Perini (2001), Bagno (2006), Possenti (1996),
Fiorin (2004), entre outros, objetivando discutir sobre as características atuais do ensino de
gramática, novas possibilidades para este considerando as diferentes concepções de gramática.

Gramática: Diferentes Concepções


Nos últimos anos, com os avanços das ciências relacionadas à linguagem, muito se tem discutido e
pesquisado sobre o ensino de gramática, há até quem questione sobre ensiná-la ou não. Atualmente,
a ideia que se tem é de que ela deve ser trabalhada na escola, e o questionamento volta-se para
como se deve fazê-lo. Nessa vertente, há um consenso, de certo modo generalizado, de que esse
ensino deve ser feito através de textos.

Vale lembrar que tal ensino tem assumido caráter central na organização do saber linguístico, e a
gramática, pouco a pouco, vai se constituindo como sinônimo de língua portuguesa e os professores
passam a ensiná-la como manual de regras a serem aprendidas para o bem falar e escrever.

A grande questão que se coloca é o que entendemos por gramática? Percebemos que tal
questionamento depende da postura assumida pelo professor em sua prática de ensino-
aprendizagem e a partir dela pode se pensar nas concepções de gramática: normativa, descritiva e
internalizada.

O ensino através da gramática normativa acontece pela memorização de normas e regras. A


gramática é entendida como conjunto sistemático de normas para bem falar e escrever estabelecidos
pelos especialistas, tendo por base o uso da língua consagrado pelos bons escritores. Nessa vertente,
defende-se o uso tão somente da variedade padrão ou culta, outras formas de uso da língua são
consideradas erros, desvios, deformações da língua.

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