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DIDÁTICA E METODOLOGIA

DO ENSINO SUPERIOR

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Sumário

1 ORIGEM DA DIDÁTICA .................................................................................................................... 3

2 O QUE É DIDÁTICA?........................................................................................................................ 6

3 O PAPEL SOCIAL E EDUCACIONAL DA DIDÁTICA. .................................................................... 10

4 PERSPECTIVAS TEÓRICAS E PRÁTICAS DA DIDÁTICA............................................................ 13

5 O PROFESSOR E SEU TRABALHO .............................................................................................. 15

6 O PLANEJAMENTO ESCOLAR ..................................................................................................... 18

7 ORGANIZAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM: OS


PLANOS DE AULA E OS PROGRAMAS DE APRENDIZAGEM ......................................................... 26

8 OS OBJETIVOS DE ENSINO, OS CONTEÚDOS ESCOLARES E AS ESTRATÉGIAS DE ENSINO-


APRENDIZAGEM ................................................................................................................................ 30

9 AS INTERAÇÕES EM SALA DE AULA: O PAPEL DOS PROFESSORES E DOS ALUNOS. ....... 36

10 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................ 45

11 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................... 47

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1 ORIGEM DA DIDÁTICA

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Classicamente, a Didática é uma disciplina de natureza pedagógica aplicada e


orientada para as finalidades educativas. Ela está comprometida com as questões
concretas da docência e com as expectativas e os interesses dos alunos. Assim, ela
requer um espaço teórico-prático a fim de compreender a multidimensionalidade da
docência, entendida como o ensino na prática.
Porém, para que esse conceito fique claro, é preciso retomar a origem da
didática. Loannes Amus Comenius, mais conhecido como Comênio (1592 – 1670)
publicou, em 1657, uma obra denominada Didactica Magna. Comenius foi o último
bispo da Igreja Hussita e tornou-se um inovador no que tange os métodos de ensino
porque aconselhava o aprendizado contínuo, por toda a vida, bem como o
desenvolvimento do pensamento lógico em vez da simples memorização; o que o
tornou também um dos primeiros defensores da universalidade da educação - ou
seja, defendia o acesso à educação para todos em uma época em que só a nobreza
e o clero tinham meios para buscar tal recurso.
Dessa forma, comenius foi considerado o criador da Didática Moderna e um
dos maiores educadores do século XVII. Ele pregava uma teoria humanista e
espiritualista da formação do homem, embasado no respeito ao estágio de
desenvolvimento da criança no processo de aprendizagem. Isso quer dizer que o
estudioso defendia que a construção do conhecimento se dá por meio da experiência,
da observação e da ação, além de basear a educação no diálogo e acreditar na
importância da interdisciplinaridade, da afetividade do educador em relação aos
educandos e de um ambiente escolar arejado, bonito, com espaço livre e ecológico.
Dessa maneira, Comenius propôs algumas ações que ainda são usadas por
algumas instituições de ensino que conhecemos atualmente. São elas:
 Coerência de propósitos educacionais entre família e escola;
 Desenvolvimento do raciocínio lógico e do espírito científico;
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 Formação do homem religioso, social, político, racional, afetivo e moral.

Ordenado pastor da igreja dos Morávios em 1616, aos 24 anos mudou-se


para Fulnek, capital da Morávia - região conturbada por uma rebelião nascida de
disputas entre católicos e protestantes, estopim da Guerra dos Trinta anos. Após ser
expulso de sua terra natal em função dessa guerra político-religiosa, em meados de
1628 Commenius percorre a Europa e dá continuidade aos seus projetos científicos e
educacionais, alimentando e divulgando seu sonho reformista por meio da Pansophia
(ciência universal; toda a sabedoria humana) para promover a harmonia entre os
indivíduos e as nações. A educação idealizada por Commenius constitui uma forma
de organização do saber, um projeto educativo e um ideal de vida.
Neste sentido, Commenius desenvolveu seu método didático, que compreendia
três pilares: compreensão, retenção e práticas. Isto é, no que toca a compreensão,
não se deve abandonar nenhum assunto até o seu perfeito entendimento; já a
retenção abrange explicar primeiro os princípios gerais de maneira direta e clara; e o
que tange à pratica, qualquer coisa que se ensine deverá ser ensinada em sua
aplicação prática, no seu uso definido, onde tudo o que se deve saber deve ser
ensinado de forma que se dê a devida importância às diferenças que existem entre as
coisas, valorizando o ensino da verdadeira natureza das coisas e partindo de suas
causas.
No contexto de uma sociedade de economia agrário-exportadora-dependente,
explorada pela Metrópole – cenário do colonalismo -, a educação não era considerada
um valor social importante. A tarefa educativa estava voltada para a catequese e
instrução dos indígenas, mas, para a elite colonial, outro tipo de educação era
oferecido. O plano de instrução era consubstanciado no Ratio Studiorum, cujo ideal
era a formação do homem universal, humanista e cristão. A educação se preocupava
com o ensino humanista de cultura geral, enciclopédico e alheio à realidade da vida
de Colônia.
Esses eram os alicerces da Pedagogia Tradicional na vertente religiosa que,
de acordo com SAVIANI (1984, p. 12), é marcada por uma “visão essencialista de
homem, isto é, o homem constituído por uma essência universal e imutável”. A
essência humana é considerada criação divina e, assim, o homem deve se empenhar
para atingir a perfeição, “para fazer por merecer a dádiva da vida sobrenatural”. (Ibid.,
p. 12). A ação pedagógica dos jesuítas foi marcada pelas formas dogmáticas de
pensamento, contra o pensamento crítico. Privilegiam o exercício da memória e do
desenvolvimento do raciocínio; dedicavam atenção ao preparo dos padres-mestres,
dando ênfase à formação do caráter e sua formação psicológica para conhecimento
de si mesmo e do aluno.

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Sendo assim, em sua Didática Magna (1657), Commenius elabora uma


proposta de reforma da escola e do ensino lançando o conceito de“Didática”. Daí a
origem do termo, que vem expressão grega "techné didaktiké", que se traduz por
“técnica de ensinar” de maneira que as bases necessárias para uma pedagogia que
prioriza a “arte de ensinar”, hoje conhecida e amplamente divulgada como DIDÁTICA,
foi criada em oposição ao pensamento pedagógico da época que era voltado para a
educação sistemática, privilegiando alguns e cumprindo a função conservadora da
instituição social.

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2 O QUE É DIDÁTICA?

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A palavra didática, como foi dito no capítulo anterior, deriva da expressão grega
techné didaktiké, que se traduz por arte ou técnica de ensinar - expressão que foi
consagrada através de Comênio quando escreveu a Didática Tcheca, obra esta que
foi traduzida para o latim (1633) com o título Didactica Magna: tratado universal de
ensinar tudo a todos (publicada em 1657). Esta obra é considerada um marco
significativo no processo de sistematização da Didática, popularizando-se na literatura
pedagógica porque o adjetivo Magna expressa o caráter universal das conquistas do
homem no início da Idade Moderna. Já o termo tratado refere-se a um conjunto de
princípios que orientariam o novo ensino, adquirindo a amplitude necessária dos
conhecimentos sociais para que fossem ensinados. Por fim, uma didática para ensinar
tudo a todos (mulheres, homens, crianças e jovens, não privilegiando somente os
filhos da nobreza. (GASPARIN, 2004).
Com o propósito de esclarecer algumas linhas de pensamento sobre os
conceitos gerais que norteiam a didática, alguns estudiosos ganham destaque quanto
à sua conceituação. Candau (1988) defende que o objeto de estudo da didática é o
processo de ensino-aprendizagem. Toda proposta didática está impregnada, implícita
ou explicitamente, de uma concepção do processo de ensino-aprendizagem, definido
como um sistema de trocas de informações entre docentes e alunos, que deve ser
pautado na objetividade daquilo que há necessidade que o aluno aprenda. Moura
(2001) define a didática como um elemento da formação do professor. Regula, num
sentido amplo, o comportamento de ser professor com ênfase nos saberes de cunho
disciplinar, como também pode ser compreendido na perspectiva de "fazer aprender
alguma coisa a alguém", cuja postura é considerada mais pedagógica e envolve a
pluralidade de saberes que um docente deve ter. Já Azzi e Caldeira (1997) concordam
que a didática é uma disciplina que, tendo como ponto de partida a reflexão sobre uma
prática, ou, mais especificamente, o processo de ensino aprendizagem, busca, na
compreensão deste, elementos que subsidiem a construção de projetos de ação
didática, ou seja, o processo de ensino e de aprendizagem não é uma atividade neutra
ou destituída de intencionalidade, já que em qualquer nível de ensino em que ocorra,

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nos encaminha à compreensão de que há todo um estatuto político e epistemológico
que dá suporte ao processo de ensinar e de aprender que acontece na prática
pedagógica.
Outra pesquisadora que ganhou destaque no tema foi Castro (2001), que
acredita que ensinar algo é sempre desafiar o interlocutor a pensar sobre algo. Ela diz
também que toda a didática se apoia no conceito de ensino e tem como um dos seus
propósitos a orientação do ensino e, para tal, necessita recorrer à reflexão de caráter
teórico e à pesquisa científica. Acresce-se aqui que Libâneo (1994) conceitua a
didática como uma disciplina pedagógica. Seu objeto é o ensino como mediação da
relação ativa dos alunos com o saber sistemático, preocupando-se assim, com os
processos de ensino e aprendizagem em sua relação com as finalidades
educacionais. E, por último, temos Pimenta (2008), que estabelece a didática como
uma uma área da Pedagogia que tem no ensino seu objeto de investigação. Ela
defende que o ensino deve ser entendido como uma prática social complexa, sendo
que considerá-lo como uma prática educacional em situações historicamente situadas
significa examiná-lo nos contextos sociais nos quais se efetiva.
Em outras palavras, todas essas teorias e autores que compõem as linhas de
pesquisa da didática foram e serão necessários para compreender as mudanças e os
novos desafios postos à didática hoje, sobretudo quando se fala de Didática no Ensino
Superior, uma vez que parte dos professores que atuam nesse espaço consideram a
didática como inócua ou irrelevante. Isto é, a julgam importante apenas no domínio
dos conteúdos para o bom fazer docente (CANDAU, 2012, p. 13). No entanto, é
necessário, primeiramente, ter claro que a Didática é conceitualmente conhecida
como uma teoria do ensino e, enquanto teoria do ensino, sua tarefa é compreender o
funcionamento do ensino em situação, suas funções sociais e suas implicações
estruturais, bem como realizar uma ação auto reflexiva como componente do
fenômeno que estuda porque é parte integrante da trama do ensinar (PIMENTA;
ANASTASIOU, 2010, p. 48-49).
Assim, o objeto da didática é o ensino de forma não fragmentada em toda sua
complexidade e plenitude, que precisa ser compreendido não de maneira
despropositada, mas tendo como finalidade a aprendizagem. A Didática não tem uma
função prescritiva, normativa ou meramente instrumental, mas se apresenta como um
estudo e uma disciplina que propõe criar as condições de ensino e aprendizagem
dentro de contextos sociais específicos, compreendendo o ensino como uma prática
social viva, capaz de promover a inclusão social e a emancipação humana e política
dos indivíduos.
Nesse sentido, o propósito da Didática vem sendo trabalhado e discutido por
pesquisadores no Brasil e, em muitos países do mundo, numa perspectiva mais
crítica, com a finalidade de reforçar seu objetivo enquanto teoria do ensino, “como
prática educativa intencional, estruturada e dirigida a outros” (FARIAS, 2014, p. 18).

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Desse modo, a Didática não pode ser compreendida apenas como uma teoria do
ensino, mas como uma teoria da prática e do ensino.
Assim, o enfoque da Didática é o de trabalhar no sentido de ir além dos métodos
e técnicas, procurando associar escola-sociedade, teoria-prática, conteúdo-forma,
técnico-político, ensino-pesquisa, professor-aluno. Ela deve contribuir para ampliar a
visão do professor quanto às perspectivas didático-pedagógicas mais coerentes com
nossa realidade educacional ao analisar as contradições entre o que é realmente o
cotidiano da sala de aula e o ideário pedagógico, calcado nos princípios da teoria
liberal e arraigado na prática dos professores. É a Didática que abre o caminho para
retirar o conhecimento teórico do professor e colocá-lo a serviço de seus alunos,
apontando qual caminho melhor se adequa ao objetivo do professor no trabalho que
fará sobre determinado assunto, local e público. É preciso dizer também que a
Didática auxilia no processo de politização do futuro professor, de modo que ele possa
perceber a ideologia que inspirou a natureza do conhecimento usado e a prática que
ele desenvolverá.

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Por conseguinte, a Didática, num âmbito mais crítico, procura compreender e


analisar a realidade social onde está inserida a instituição de ensino em que será
oferecida a prática do ensino numa tentativa de superar o intelectualismo formal, bem
como evitar os efeitos de uma espontaneidade exagerada das revoluções propostas
pela Escola Nova. O que ela busca é desmobilizar as propostas do tecnicismo e
recuperar as tarefas especificamente pedagógicas que ficaram desprestigiadas com
a prática comum de reproduzir conteúdo sem dar seu verdadeiro significado,
oferecendo mudanças no modo de pensar e agir do professor.
Segundo Pimenta (2015, p. 89), “ensinar é organizar intencionalmente as
condições para sua realização de modo que desenvolva o exercício da crítica para
transformação das condições sociais vigentes”. Assim sendo, o ato de ensinar não
pode se desvincular das condições sociais, políticas e históricas onde o ensino

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acontece. O sentido que está sendo ensinado deve gerar, nos estudantes, uma atitude
crítica, isto é, autor reflexiva decorrente do processo de aprendizagem, possibilitando
a superação das desigualdades e a emancipação social e humana.
Em vista disso, o professor deve ter presente a necessidade de democratizar o
ensino, concebido como um processo sistemático e intencional de transmissão e
elaboração de conteúdos culturais e científicos. É preciso entender, portanto, que não
se separa a teoria da prática docente porque o diálogo entre conhecimento e ação
não caminham separadamente, de forma que essa postura faz com que os
professores se reconheçam como atores e não apenas expectadores cegos ou meros
consumidores de estoques de técnicas e conhecimentos a serem transmitidos. Do
mesmo modo, faz com que os estudantes se percebam como sujeitos crítico-ativos e
consigam atribuir sentido aos conteúdos estudados. Mesmo que a Didática, por si,
não seja condição suficiente para a formação do professor critico, o reconhecimento
da importância da Didática enquanto disciplina é necessária à formação dos
professores.

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3 O PAPEL SOCIAL E EDUCACIONAL DA DIDÁTICA.

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De fato, convém perguntar como aprenderam os nossos antepassados,


entregues a professores leigos, cuja preocupação maior era a competência
conteudística, a manutenção do respeito à cátedra, que do alto do seu tablado
despejava sobre os alunos seu saber irrefutável. Entretanto, o papel social da didática
vem dar novos significados á esse caminho tão complexo que é a arte de ensinar.
Para tal, esclareceremos algumas vertentes da pedagogia, até chegarmos à
Pedagogia Crítica, para entendermos como se dá o papel social da didática no
processo de ensino-aprendizagem. A Pedagogia Tradicional revela um período em
que a educação era principalmente de cunho religioso, que tinha como objetivo o
trabalho de transcender o homem para ser o melhor de si. Sua ênfase de ensino era
de sobrepor a teoria à prática, o que colocava o professor como centro do ensino,
“detentor do saber” e onde o foco era a exposição mecânica do conteúdo, considerado
por vezes enciclopédico. Além do mais, os conteúdos eram separados das
experiências do cotidiano dos alunos e não estavam de acordo com as realidades
sociais, e o conhecimento era apenas uma forma de doutrinação. Já a Pedagogia
Renovada, ou Escola Nova, colocou seu foco no ideal educativo do “aprender a
aprender”, ou seja, possuía um conjunto de ideias que privilegia a dimensão técnica
do processo de ensino que se valem da experiência do aluno durante a construção do
conhecimento. Apesar de inovadora, essa vertente ainda ignora os contextos sócio-
político-econômico, e o papel do professor era o de mero auxiliar, se necessário fosse,
alguma intervenção., e esta era para ajudar o aluno a reencontrar seu raciocínio. A
esse respeito Veiga (1989, p. 51) menciona que “devido à predominância da influência
da Pedagogia Nova na legislação educacional e nos cursos de formação para o
magistério, o professor acabou por absorver o seu ideário”; pois muitos educadores
ainda sofrem forte influência desta tendência pedagógica, já que ela é difundida em
larga escala em cursos de licenciatura.

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Outrossim, a Pedagogia Tecnicista se conceitua “ no produto final do ensino,
que é mais importante que o aluno ou o professor, uma vez que tem como
preocupação básica a eficiência e a eficácia do processo de ensino. Nessa visão, o
processo é que define o que professores e alunos devem fazer, quando e como farão,
colocando a escola como um meio de produzir indivíduos para o mercado do trabalho.
Aqui, o papel do professor é a de transmitir as matérias, aproximando-se assim da
pedagogia tradicional. O que vai diferenciá-las é que a primeira vê o professor como
mero transmissor do conhecimento; e a segunda, coloca o professor como detentor
absoluto do conhecimento.
Finalmente, chegamos à Pedagogia Crítica, que valoriza a escola como parte
de um contexto social num todo como uma forma de transformação da sociedade
através da educação e da democracia. Para Saviani (2012, p.10) ela “recupera a
unidade da atividade educativa no interior da prática social articulando seus aspectos
teóricos e práticos que se sistematizam na pedagogia concebida ao mesmo tempo
como teoria e prática da educação”. Além disso, há, na pedagogia crítica a vontade
coletiva de reformar as escolas e de desenvolver modos de prática pedagógica em
que professores e alunos se tornem agentes críticos que questionem ativamente os
conhecimentos que são ofertados e negociem a relação entre teoria e prática, entre a
análise crítica e o senso comum e entre a aprendizagem e a transformação social.
Nessa perspectiva, não há como desassociar o contexto sócio-político-
econômico e cultural do aluno, pois se assim o fizer, não haverá um significado real,
humano e social ao que é ensinado. É nesse ponto que se coloca o Papel Social e
Educacional da didática, pois somente dentro dessa visão se abrem as possibilidades
de encontrarmos uma Didática preocupada com o trabalho docente, com a tarefa do
ensino e com a aprendizagem do aluno, pautada na ressignificação e se apresenta
com características diversas que vão de acordo com os momentos históricos, políticos
e sociais em que o aluno está inserido.

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Toda essa discussão tem surgido a partir da importância atribuída à formação


dos docentes nos últimos anos, não só no que se refere aos docentes da Educação
Básica, mas, sobretudo, no que se refere aos docentes de Instituições de Ensino

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Superior. Toda demanda tem como propósito melhorar a qualidade do ensino,
promovendo um processo de ressignificação da didática, já que no ensino superior é
que a pesquisa e o conhecimento científico são construídos para serem aplicados em
quase todas as áreas do conhecimento. Pesquisas apontam que as instituições de
ensino superior têm se preocupado com o papel social e educacional da didática pela
mudança no perfil dos alunos que buscam aprimorar seus conhecimentos, sendo que
este é mais dinâmico depois do surgimento da internet. Isso levou as instituições a
buscarem profissionais com o perfil mais reflexivo, ligado tanto a Pedagogia Crítica
quanto ao desenvolvimento social e educacional da didática, uma vez que essa
postura compreende que a prática docente só pode ser efetivamente transformada à
medida que o professor toma consciência de sua própria prática, mobilizando a
reflexão sobre a reflexão na ação, isto é, faz o movimento prático-teórico-prático
(PIMENTA, 2011).
Assim, o professor reflexivo é aquele que consegue elaborar saberes (teorias)
sobre o ensino, a partir de sua prática, sendo professor e pesquisador, conseguindo
fazer de sua prática uma atividade teórico-prática. Esse professor, sem sombra de
dúvidas, consegue ressignificar sua prática docente, transformando a epistemologia
da didática enquanto disciplina, diante dos desafios sociais e políticos da atualidade.
Portanto, cada professor, em sua prática docente, pode agir de forma autônoma,
contribuindo para uma ressignificação do papel social e educacional da didática e de
seu fazer docente, tendo como objetivo “fazer do ensino um processo de incorporação
e de emancipação social” (PIMENTA, 2011, p. 29).

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4 PERSPECTIVAS TEÓRICAS E PRÁTICAS DA DIDÁTICA

Nos cursos de formação de professores, o que normalmente se encontra é uma


didática tradicionalista num contexto em que as questões de ensino-aprendizagem
exigem revisões, atualizações e relações com outros campos de investigação com a
finalidade de propor reflexões sobre as vertentes da pedagogia vistos na sessão
anterior. Por conseguinte, quase toda a produção científica na área de educação não
atinge efetivamente professores da educação básica e, em partes, do ensino superior,
ocasionando a perda das oportunidades de se colocar em prática as mudanças
significativas na formação inicial e continuada dos docentes. Outra séria questão a
atingir o campo disciplinar e investigativo da didática é a dispersão e, frequentemente,
o desacordo, entre educadores, legisladores, políticos, técnicos do MEC e Secretarias
de Educação, pesquisadores, em relação aos objetivos, funções e formas de
funcionamento das instituições de ensino. Essa falta de clareza e de consenso mínimo
sobre critérios de qualidade da boa educação para todos se projeta no planejamento
de ações dos currículos, nos objetivos do ensino, nas formas de organização e
funcionamento das escolas, na formação profissional de professores e também nas
práticas de avaliação.
Dito isso, ressalta-se que a profissão docente, assim como suas características,
a forma de desempenhá-la, sua importância e as exigências que recaem sobre ela,
variam de acordo com as diferentes concepções e valores atribuídos à educação, ao
ensino e à aprendizagem nos variados tempos e espaços. Compreender a profissão
docente pressupõe entender a complexidade do ensino como prática social que
constitui o seu eixo, de forma a valorizar as perspectivas teóricas e práticas da
Didática dentro do processo de ensino e aprendizagem numa tentativa de diminuir as
divergências sobre os objetivos das instituições de ensino.
Nessa perspectiva, a função da educação é transformar sujeitos e mundo em
algo melhor. O homem só entende o processo de construção do saber quando

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aprende a problematizar suas práticas. Nesse sentido, o objetivo do processo de
ensino e aprendizado é a formação do aluno, como ele vai ser capacitado, de quais
formas a escola (entende-se aqui como escola o local que o aluno frequenta para
aquisição do saber, podendo esse conceito ser ampliado para qualquer nível de
ensino – do básico ao superior) pode ajudar em seu processo de desenvolvimento. O
papel da escola é mudar o rumo da sociedade por meio da educação, pois a finalidade
da escola é proporcionar e desenvolver o aluno de forma integral.
Sendo assim, o professor é a peça chave nesse processo, mesmo não
deixando de admitir que os alunos adquirem conhecimentos de diversas formas e em
diversos lugares. É necessário que a prática leve o aluno a refletir, a alcançar uma
nova visão de mundo para que ele possa, por meio da educação, mudar a sua
condição visando sempre a evolução e o crescimento. É, portanto, papel do professor
fazer com que o aluno adquira esses conhecimentos e mediar esse processo para
que esse o aprenda com objetividade.
Em outras palavras, a evolução do aprendizado se dá de forma diversificada; e
é aí que entra o papel do professor, intercedendo sobre o conhecimento prévio que o
aluno já possui e o conhecimento que será inserido em sala de aula. Isso significa que
o professor deve estabelecer uma ligação entre o que será ensinado ao aluno e
relacionar com o conhecimento que o aluno já possui, para que o aluno possa ter
interesse no que será estudado e, assim, criar uma conexão com a sala de aula e o
seu dia a dia.
Segundo Piaget, o desenvolvimento e aprendizagem surgem a partir de dois
principais princípios: o sujeito que busca o conhecimento de determinado assunto e o
objeto a ser conhecido pelo sujeito. Para ele, o conhecimento parte da organização e
sistematização das informações de forma a estruturar e explicar os fatos a partir das
experiências vivenciadas. O conhecimento acontece a partir da exploração de
determinado assunto, ou seja, o objeto a ser estudado pelo aluno.
Dessa forma, ele saberá organizar as informações, problematizar o que está
sendo abordado e, por meio do levantamento das hipóteses, aprender sobre o assunto
abordado, uma vez que o problema do aprendizado em sala de aula se encontra
diretamente ligado ao saber, porque aprender é saber realizar determinada ação, e
conhecer é ter a compreensão da ação realizada. Além disso, o objetivo principal é
compreender o processo de ensino e como o professor impacta diretamente os alunos
por meio de sua forma de ensinar, pois professores e alunos estão implicados numa
relação social que se materializa na sala de aula, mas, também, na dinâmica das
relações internas que ocorre na escola em suas práticas organizativas e institucionais.

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5 O PROFESSOR E SEU TRABALHO

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Como vimos nas sessões anteriores, a prática educativa era centrada no


professor. Este repassava os conteúdos num sistema em que os alunos apenas o
memorizavam, sem qualquer reflexão ou indagação. Ao final, o conteúdo era cobrado
em forma de uma avaliação que se tornou no fatídico e cultural “dia de prova” até hoje
temido pelos alunos. Esse tipo de informação, repassada e memorizada, destoa
completamente da proposta de um novo ensino, ou na “arte de ensinar” que a didática
propões durante a busca da produção do conhecimento. É por isso que a organização
didática da aprendizagem deve ser direcionada aos alunos de uma maneira em que
se garanta sua efetividade, assegurando as condições e os modos de viabilizar o
processo de conhecimento pelo aluno.
Sendo assim, o sistema educacional ampliou o número de vagas e permitiu o
acesso de todos à escola, mas não conseguiu garantir a qualidade de ensino em todo
o percurso. Atualmente, o trabalho docente está mais extenuante para o professor
devido à complexidade da diversidade sociocultural existente nas classes atuais. Ou
seja, não é suficiente que o professor saiba o conteúdo de sua disciplina. Ele precisa
não só interagir com outras disciplinas, como também conhecer o aluno. Conhecer o
aluno faz parte do papel desempenhado pelo professor pelo fato de que ele necessita
saber o que ensinar, para que e para quem, ou seja, como o aluno vai utilizar o que
aprendeu na escola em sua prática social, tornando-se, dessa maneira, aquele que
liga o sujeito aprendiz ao objeto de conhecimento. Presume-se aí um professor que
assegura os modos e condições da relação do aluno com o conhecimento, já que a
profissão de professor combina sistematicamente elementos teóricos com situações
práticas reais, já que é no professor que os especialistas em educação colocam a
responsabilidade por esta reorganização do trabalho educacional.
Diante destas discussões, a profissão docente abrange singularidades que a
diferencia dos demais profissionais, ou seja, não é suficiente apenas carregar um título

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acadêmico; é preciso dedicação, degrau que não se alcança apenas pelo simples
querer-se, mas que só estará disponível quando há compromisso deste profissional
consigo mesmo, sob uma ação pautada pela ética e pelo compromisso de crescer
tanto no plano profissional quanto pessoal.
Isso posto, é preciso compreender que a identidade profissional do professor
está diretamente ligada à interpretação social da sua profissão. Assim, se considera
que os movimentos sociais têm intrínseca relação com os projetos educacionais, é
preciso entender que a escola não é um espaço aleatório, portanto, um cenário onde
a objetividade se faça presente. Isso implica em dizer, que esta instituição tem uma
função específica dentro da sociedade em que se encontra inserida. É difícil pensar
na possibilidade de educar fora de uma situação concreta e de uma realidade definida.
Por essa razão, a ênfase na prática como atividade formativa é um dos aspectos
centrais a ser considerado, com consequências decisivas para a formação profissional
(LIBÂNEO, 2013, p.230).
Com base nessas colocações, a alternativa de crescimento tanto pessoal
quanto intelectual e profissional do docente abrange perspectivas individuais e
coletivas, quando as primeiras se justificam pelo posicionamento do próprio “eu”,
visando ao bem coletivo e as segundas se justificam, mais especificamente, pelos
índices de colaboração e interação entre os profissionais da classe e sua flexibilidade
em partilhar experiências, sentimentos, fraquezas, habilidades e competências que
favoreçam ao corpo escolar, propriamente dito. As qualidades necessárias para um
bom professor estão nas dimensões que envolvem suas qualidades emocionais,
políticas, éticas, reflexivas e críticas, sobretudo as de caráter do saber.
De acordo com Fazenda (2008) é importante que o professor tenha quatro tipos
diferentes de competências, caracterizadas por ele como competência intuitiva, onde
o professor não se contenta em executar o planejamento elaborado - ele busca
sempre alternativas novas e diferenciadas para seu trabalho; competência intelectiva,
na qual o professor privilegia todas as atividades que procuram desenvolver o
pensamento reflexivo; competência prática, em que o professor ,diferentemente do
intuitivo, copia o que é bom, pouco cria, mas, ao selecionar, consegue boas cópias,
alcança resultados de qualidade e competência emocional, que trabalha o
conhecimento sempre com base no autoconhecimento e exposição de suas ideias por
meio do sentimento, provocando uma sintonia mais imediata. O espaço de
aprendizado é, portanto, um meio para a construção da consciência crítica, na
interligação entre o aprendizado a partir da realidade vivenciada e a interpretação da
sua condição de exploração. Trata-se de interpretar para transformar e neste ponto a
educação é a base para os sujeitos refletirem sobre seus processos e sua condição
como sujeito atuante na sociedade. O trabalho docente, portanto, deve ter como
referência, como ponto de partida e como ponto de chegada, a prática social; isto é, a
realidade social, política, econômica, cultural da qual tanto o professor como os alunos
são parte integrante.

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Mediante o exposto, destaca-se que o desenvolvimento de fontes alternativas


de informações alterou o papel do professor de transmissor de conhecimentos. Para
Nóvoa (1995), o professor enfrenta a necessidade de integrar no seu trabalho o
potencial informativo destas novas fontes, modificando o seu papel tradicional em que
nada do que transmite pode ser contestado, O professor que nunca teve um aluno
como professor desconhece as trocas intrínsecas que ocorrem simultaneamente em
sala de aula. Concluímos então que ser professor no século XXI é ter conhecimentos
teóricos além das disciplinas a que se propõe ministrar e uma gama diversificada de
práticas de ensino. Ser professor no século XXI é desenvolver os conteúdos de modo
contextualizado, globalizado e diversificado o suficiente para envolver os alunos num
projeto de ensino aprendizagem capaz de despertar interesse e motivação. Ser
professor no século XXI é desenvolver práticas de ensino que atendam à diversidade
dos processos de aprendizagem dos alunos contemplando às necessidades
individuais num trabalho coletivo de construção de conhecimento.

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6 O PLANEJAMENTO ESCOLAR

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Ao começar o dia, o homem pensa e distribui suas atividades no tempo: o que


irá fazer? Como fazer? Para que fazer? Quais métodos serão usados? Nas mais
simples e corriqueiras ações humanas, quando o homem pensa de forma a atender
suas metas e seus objetivos, ele está planejando, sem necessariamente criar um
instrumental técnico que norteie suas ações. Essas observações iniciais estão sendo
expressas apenas para chamar atenção sobre o aspecto cotidiano da ação de planejar
e como o planejamento faz parte da vida. Planejar também é uma atividade inerente
ao trabalho do professor, que exige dele um trabalho de reflexão sobre o ensino e
sobre a aprendizagem. Mas, quando dizemos Planejamento Escolar, do que estamos
falando exatamente?
O planejamento escolar é um plano elaborado periodicamente para definir
as atividades futuras da escola. No entanto, além das questões que podem parecer
meramente burocráticas — como distribuição dos conteúdos pela grade de horários,
definição das turmas, elaboração do calendário escolar, etc. — esse documento é
fundamental para entender como a escola pode cumprir sua missão diante de suas
demandas e obstáculos particulares. Ou seja, é um instrumento didático-pedagógico
necessário à execução da atividade docente no cotidiano escolar que ajuda na
organização da atividade profissional do professor como forma de combinar qualidade
e tempo despendido à construção dos saberes no âmbito escolar.
Isto é, têm-se reservado ao planejamento a função de direcionar o trabalho para
que ele aconteça conscientemente, organizando e proporcionando mudanças. No
campo da educação, o planejamento tem um caráter condicionado a essa
transformação, pois ao final da execução deste espera-se que o objetivo seja

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alcançado e promova uma mudança de comportamento do aluno frente ao
conhecimento.
Em virtude dessa conceituação, não se pode separar o planejar do pensar;
muito menos do objetivo pretendido com a aula que vai ser colocada em prática. O
planejamento é um processo que exige organização. O processo contínuo de tomada
de decisões preocupa-se com o 'para onde ir' e “quais as maneiras adequadas para
chegar lá”, tendo em vista a situação presente e possibilidades futuras, para que o
desenvolvimento da educação atenda tanto as necessidades da sociedade, quanto as
do indivíduo, preocupando o ambiente e o caminho que será percorrido de forma clara
e objetiva. Para tal, a sistematização, a previsão, as decisões em relação aos objetivos
a serem atingidos e a própria organização tanto do tempo dedicado à confecção do
planejamento quanto a organização do tempo de cada aula deve ser considerada no
planejamento escolar a fim de garantir a eficiência e eficácia de uma ação, quer seja
em um nível micro (o planejamento de uma aula isoladamente), quer seja no nível
macro (o planejamento de uma sequência didática, por exemplo).
Do ponto de vista educacional, o planejamento é um ato político-pedagógico
porque revela intenções e a intencionalidade, expõe o que se deseja realizar e o que
se pretende atingir. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional não define os
conceitos de planejamento escolar, mas deixa claro qual é o papel do professor nessa
ação que faz parte do trabalho docente em seu artigo 13:
Os docentes incumbir-se-ão de:
i – Participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de
ensino;
ii – Elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do
estabelecimento de ensino;
iii – zelar pela aprendizagem dos alunos;
iv – Estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento;
v – Ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar
integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao
desenvolvimento profissional;
vi – Colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a
comunidade (LDBEN 9.394/96)
Como vimos na citação acima, segundo a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional, o ato de planejar está presente em todas as etapas de
organização do tempo escolar que será dedicado a uma aula. Mas qual é, afinal, o
propósito de se planejar uma aula? Em primeiro lugar, o planejamento serve para
questionar e precisar o que será ensinado e por quais motivos. Assim, ele esboça as
intenções da instituição de ensino e do professor, explicitando o que ele espera de

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cada turma ou aluno, direcionando os conteúdos com o objetivo a ser atingido ao final
do período letivo contemplado no plano.
Por exemplo, se tempos um pedagogo com uma turma do ensino fundamental
um num quadro de leitura silabar, e o objetivo do professor é evoluir a leitura dessa
turma para uma leitura fluente, ele deve assumir todas as tomadas de decisões que
encaminhem para seu objetivo final. No momento de esclarecer o que será ensinado,
ou seja, o conteúdo de cada disciplina, para cada ano e em cada etapa, é importante
basear-se nas diretrizes repassadas pelo MEC — por meio da Base Nacional Comum
Curricular (BNCC), por exemplo — e pelas secretarias municipais e estaduais.
Além disso, cabe lembrar que a escola também tem liberdade para acrescentar
seus próprios projetos e conteúdos no currículo. É sobretudo neste ponto que entra a
questão do para quê e da própria identidade da escola. Isso porque o planejamento
não deve limitar-se aos conteúdos curriculares previstos por lei, mas deve focar-se
ainda em cumprir a missão proposta pela escola em seu Projeto Político Pedagógico
(PPP), considerando seus valores e o tipo de cidadão que pretende formar. A título de
esclarecimento, o Projeto Político Pedagógico de uma escola, também chamado de
PPP, é um documento que definirá diretrizes, metas e métodos para que a instituição
de ensino consiga atingir os objetivos a que se propõe. O PPP visa melhorar a
capacidade de ensino da escola como uma entidade inserida em uma sociedade
democrática e de interações políticas.
Ademais, o documento traz, em detalhes, todos os objetivos, diretrizes e ações
que devem ser valorizados durante o processo educativo, fim último da escola. Nesse
sentido, o PPP precisa expressar claramente a síntese das exigências sociais e legais
da instituição e os indicadores e expectativas de toda a comunidade escolar; os
valores da instituição; a cultura da escola; sua situação presente e caminhos para
melhorar os pontos negativos precisa estar demonstrada nesse documento. Esse
documento tem elaboração anual obrigatória pela legislação, de acordo com a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN 9.394/96). Essa obrigatoriedade
tem como pano de fundo a possibilidade de que todos os membros envolvidos na
comunidade escolar tenham acesso ao projeto, podendo dele participar e nele
interferir sempre que necessário, a fim de que seja fruto de uma construção
democrática. O PPP funciona como um guia para as ações a serem desenvolvidas na
escola.
Com efeito, é importante conhecermos o conceito sobre o PPP porque ele faz
parte do planejamento escolar, já que esse segue as diretrizes definidas por ele, pois
há um ponto indispensável no planejamento escolar que contempla tanto a questão
curricular em si quanto sua finalidade: a necessidade de se considerar a progressão
dos alunos pelo conhecimento de uma maneira no seu âmbito macroscópico. Isso
significa não perder de vista, no planejamento de cada série, o panorama de todo um
ciclo de aprendizado em que cada nova etapa exigirá o domínio de conhecimentos
prévios. No que tange o planejamento do ensino superior, ao compor um plano de

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ação é importante confrontar e entender as intenções da instituição de ensino com a
realidade dos alunos que essa atende, insto é, com o seu público, para combinar o
que se quer fazer com o que é viável e factível. A partir disso, será possível decidir
como a instituição de ensino superior poderá aproximar-se dos seus objetivos sem
desconsiderar o seu contexto.
Elabora-se, então, um documento que se desdobra em vários níveis,
afunilando-se da instituição de ensino como um todo até o planejamento de cada
professor em cada turma e disciplina. De maneira mais ampla, definem-se questões
burocrático-administrativas que afetarão todos os alunos e professores (assim como,
muitas vezes, a comunidade local), como por exemplo:
 O calendário geral da instituição;
 As regras de uso dos espaços coletivos de acordo com a exigência de cada
curso (pátio, quadras, bibliotecas, laboratórios, entre outros);
 Os projetos de iniciação científica, se assim a instituição os tiver que devem
contar com a participação de todos os componentes publicados em edital
específico.
A seguir, para cada ano, define-se o calendário de avaliações, distribuem-se os
alunos em turmas e monta-se a grade de horários. Por último, os professores devem
ser orientados em relação ao cumprimento do currículo, de maneira a deixar claro o
que se espera de cada um. Formas de avaliação, objetivos não curriculares e
diretrizes de ação em casos específicos também devem fazer parte do plano. Dessa
forma, o documento cumpre seu papel como guia para toda a comunidade escolar. O
que é importante, do ponto de vista do ensino, é deixar claro que o professor necessita
planejar, refletir sobre sua ação, pensar sobre o que faz, antes, durante e depois do
momento síncrono da aula. O ensino superior tem características peculiares porque
objetiva a formação de um profissional que esteja habilitado para a profissão que
escolheu com competência e honestidade.
Logo, voltemos à questão inicial. O que significa o planejamento de ensino?
Por que o professor deve planejar? Quais os procedimentos, os instrumentos, as
técnicas, os métodos, os recursos e as finalidades pedagógicas do planejamento de
ensino? Ele pode ser considerado um ato político pedagógico? Uma carta de
intenção? Uma reflexão sobre o saber fazer docente?
Antes de desenvolver algumas dessas questões, é imprescindível afirmar que
existem diferentes abordagens sobre o assunto. Tais abordagens se diferenciam pela
forma como tratam a temática quanto aos seus elementos constitutivos. Assim
considerado, arrisca-se afirmar que o planejamento do ensino significa, sobretudo,
pensar a ação docente refletindo sobre os objetivos, os conteúdos, os procedimentos
metodológicos, a avaliação do aluno e do professor. O tratamento que cada
abordagem metodológica de planejar abordará explica o processo a partir de vários
fatores: o político, o técnico, o social, o cultural e o educacional.

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Assim, o planejamento de ensino tem características que lhes são próprias,


isto, particularmente, porque lida com os sujeitos aprendentes, portanto sujeitos em
processo de formação humana. Planejar, então, é a previsão sobre o que irá
acontecer, é um processo de reflexão constante sobre a prática docente, sobre seus
objetivos, sobre o que está acontecendo, sobre o que aconteceu. Por fim, planejar
requer uma atitude científica do fazer didático-pedagógico.
Mas como planejar? Quais as ações presentes e como proceder do ponto de
vista operacional, uma vez que é entendido que o planejamento é um processo, um
ato político pedagógico? O que se pretende desenvolver e qual sociedade que se
pretende ajudar a construir?
Em primeiro lugar, as fases, os passos, as etapas, as escolhas, implicam em
situações diversificadas, que estão presentes durante o acontecer em sala de aula,
num processo de idas e vindas. Contudo, para efeito de entendimento, indica-se a
realização de um diagnóstico aqui compreendido como uma situação de análise; de
reflexão sobre o circunstante, o local, o global.
Nesse contexto didático-pedagógico é preciso averiguar a quantidade de
alunos, as condições físicas da instituição, os recursos disponíveis, as possíveis
estratégias de inovação, as expectativas do aluno, o nível intelectual do público que
será atendido durante uma aula, as condições político, sócio econômico e cultural do
aluno, a cultura da instituição de ensino superior (valores, diretrizes, normativas
internas e demais documentos orientadores); enfim, todas condições objetivas e
subjetivas em que o processo de ensino irá acontecer. Assumindo essas variáveis em
seu planejamento, o docente será naturalmente encaminhado para a reflexão de sua
ação educativa naquela instituição e, a partir desse diagnóstico inicial, poderá
relacionar seus objetivos didáticos com o projeto da universidade e desenvolver uma
prática formativa eficiente. Lembramos aqui que toda instituição de ensino superior

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tem seu Plano de Ensino, que é um roteiro organizado de unidades didáticas para um
ano ou semestre composto dos seguintes elementos:
 Justificativa da disciplina;
 Conteúdos;
 Objetivos gerais e específicos;
 Metodologia
 Avaliação.
Todos esses elementos estão ligados à concepção que a instituição de ensino
de formação superior e os professores tem como princípio básico a função da
educação, das especificidades das disciplinas e os objetivos sociais e pedagógicos.
Tais elementos visam a assegurar a racionalização, a organização e a coordenação
do trabalho docente, de modo que a previsão de suas ações possibilite ao professor
a realização de um ensino de qualidade e evite a improvisação e a rotina. Sobre esses
elementos materializam-se os referenciais político-pedagógicos da prática
pedagógica dos professores.
Sendo assim, Vasconcellos (2005), defende que o [..] Plano de Ensino é um
instrumento teórico-metodológico que visa ajudar a enfrentar os desafios do cotidiano
[...] de uma forma refletida, consciente, sistematizada, orgânica e que é essencial,
participativa. É uma metodologia de trabalho que possibilita ressignificar a ação de
todos os agentes da instituição’’(1995, p.143). Podemos dizer que o planejamento de
ensino é a especificação do planejamento de currículo, onde é traduzido em termos
mais concretos e operacionais o que o professor fará na sala de aula para conduzir
os alunos a alcançar os objetivos educacionais propostos.
De posse do Plano de Ensino, o docente irá elaborar sua programação,
adaptando-a as suas escolhas, inclusive, inserindo a pesquisa nos exercícios didáticos,
uma vez que a pesquisa científica é a base do ensino superior. Dessa forma, o plano
de ensino inicia com um cabeçalho para identificar a instituição, curso, disciplina,
código da disciplina, carga horária, dia e horário da aula, nome e contato do professor.
Caso a instituição de ensino superior não apresente o projeto da disciplina, o professor
deverá elaborar observando os seguintes componentes:
a) Ementa da disciplina – a ementa deve ser composta por um parágrafo que
declare quais os tópicos que farão parte do conteúdo da disciplina limitando sua
abrangência dentro da carga horária ministrada. Deve ser escrita de forma sucinta e
objetiva e deve estar de acordo com o projeto político pedagógico do curso. O
professor não pode alterar a ementa e uma disciplina sem antes ser aprovada pelo
Núcleo Docente Estruturante (NDE) de cada curso.
b) Objetivos da disciplina – De acordo com Gil (2012, p. 37) “representam o
elemento central do plano e de onde derivam os demais elementos”. Deve ser redigido
em forma de tópicos devem ser escolhidos entre dois e cinco objetivos para se atingir

23
a ementa. Podem ser divididos em objetivo geral e específico. Iniciam com verbos
escritos na voz ativa e são parágrafos curtos apenas indicando a ação (não colocar a
metodologia). Os objetivos englobam o que os alunos deverão conhecer,
compreender, analisar e avaliar ao longo da disciplina. Por isso devem ser construídos
em forma de frases que iniciam com verbos indicando a ação. Podem ser divididos
em objetivo geral e específicos.
c) Conteúdo programático – o conteúdo programático deve ser a descrição
dos conteúdos elencados na ementa. É importante esclarecer que o conteúdo
programático difere do eixo temático pois o conteúdo programático cobre a totalidade
da disciplina e o eixo temático se aplica a uma parte ou capítulo do conteúdo. Deve
estar estruturado em seções (ou módulos) detalhando os assuntos gerais e
específicos que serão abordados ao longo da disciplina contemplados dentro da
ementa.
d) Metodologia - A metodologia ou estratégias de aprendizagem como alguns
autores denominam, esclarecem “os procedimentos que os professores utilizarão para
facilitar o processo de aprendizagem” (GIL, 2012, p. 38). É importante destacar quais
os recursos, meios, materiais e procedimentos que serão adotados ao longo da
disciplina para desenvolvimento das aulas e escolha das estratégias de ensino e de
aprendizagem, forma de aula, dinâmicas, etc. Na metodologia deve estar explícito
quais as estratégias metodológicas e didáticas serão usadas pelo professor para
atingir os objetivos propostos na disciplina.
e) Avaliação – É importante que o professor deixe claro no plano de ensino
como ocorrerá a avaliação (preferencialmente formativa, sistemática e periódica),
indicando claramente os critérios usados, pesos, formas de avaliação, entre outras
informações pertinentes para que o professor tenha esse instrumento para tomada de
decisão e o aluno saiba como será avaliado. A avaliação compreende todos os
instrumentos e mecanismos que o professor verificará se os objetivos estão sendo
atingidos ao longo da disciplina. Dessa forma, deve ser uma avaliação processual e
registrada constantemente acerca da aprendizagem do aluno com base nas
metodologias propostas que podem verificadas por meio da aplicação de exercícios,
provas, atividades individuais e/ou grupais, pesquisas de campo e observação
periódicas registrada em diários de classe.
f) Referências – Cabe ao professor indicar fontes de pesquisa e leitura sobre
os conteúdos programáticos que serão abordados em sala de aula ao longo da
disciplina, sejam trabalhos publicados em anais de eventos, ebooks, livros impressos,
artigos de revistas, entre outros que subsidiarão teoricamente o conteúdo
programático a ser abordado na disciplina. É importante que o professor selecione de
três a cinco bibliografias que são básicas para trabalhar ao longo da disciplina e
também escolha outras bibliografias complementares para aprofundar os temas
propostos.

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Esclarecido o conceito e os elementos do Plano de Ensino, de acordo com
Donald Schon os bons profissionais utilizam um conjunto de processos que não
dependem da lógica, da racionalidade técnica, mas sim, são manifestações de
sagacidade, intuição e sensibilidade artística. Schon orienta que se observe estes
professores para averiguarmos como desenvolvem suas práticas, como fazem e o que
fazem, de forma a colhermos as devidas lições para nossos programas de formação.
(SCHON, 2002).
Contudo, o professor deve refletir didaticamente sobre sua prática para não
usar da repetição dos mesmos recursos e ficar com medo de inovar. É importante
que o professor estude sobre as metodologias de ensino e, principalmente no
momento em que estamos, pesquisar sobre as metodologias ativas que estão sendo
amplamente usadas nas aulas online desde o ensino básico até o ensino superior.
Há uma diversidade metodológica que pode ser trabalhada em sem sala de
aula e/ou numa situação didático-pedagógica, como por exemplo um estudo de caso,
exposição com ilustração, trabalhos em grupos, estudos dirigidos, tarefas individuais,
pesquisas, experiências de campo, sociodramas, painéis de discussão, debates,
tribuna livre, exposição com demonstração, júri simulado, aulas expositivas,
seminários, ensino individualizado, dentre outros métodos. Com o avanço das novas
tecnologias, os recursos na área do ensino se tornaram valiosos, principalmente do
ponto de vista do trabalho do professor e do aluno, não só em sala de aula, mas como
fonte de pesquisa. Ao planejar, o professor deverá levar em conta as reais condições
dos alunos, os recursos que esse dispõe e na instituição de ensino, a fim de organizar
situações didáticas em que possam utilizar recursos tecnológicos que enriqueçam
tanto o trabalho desenvolvido pelo aluno quanto a didática do professor. Se o
professor considerar o uso da internet em sua metodologia, esses recursos se
enriquecem ainda mais, pois o aluno tem mais autonomia para fazer pesquisas prévias
e interpretar os hipertextos que são próprios desse recurso.

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7 ORGANIZAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO ENSINO-
APRENDIZAGEM: OS PLANOS DE AULA E OS PROGRAMAS DE
APRENDIZAGEM

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A Didática é um processo de ensino que caminha lado a lado com os objetivos,


conteúdos, métodos e formas organizativas de uma aula. É ele quem dita a forma
como esses processos se relacionam entre si de modo a criar condições para o corpo
discente proporcionar uma aprendizagem significativa, além de auxiliar o professor na
direção e orientação das tarefas do ensino aprendizagem. Planejar é estudar,
organizar e coordenar; ações essas a serem tomadas para a realização de uma
atividade visando solucionar um problema ou alcançar um objetivo. O planejamento
auxilia na orientação, organização e concretização daquilo que se desejar alcançar.
Pode-se dizer que a didática é um importante aliada ao exercício do trabalho
profissional porque é ela que auxilia na organização e no desenvolvimento do
processo ensino-aprendizagem por meio dos planos de aula e dos programas de
aprendizagem.
Sendo assim, plano de aula deve ser tratado como um processo primordial ao
trabalho profissional, pois é um método aplicado para a intervenção profissional, ou
seja, o profissional deve investigar e analisar a realidade para assim propor uma
intervenção eficaz. Na educação o plano de aula envolve a integração do professor-
aluno com as relações social-econômicas e político-culturais, bem como os elementos
escolares, objetivos, conteúdos, métodos, com a função de explicitar princípios e
execução das atividades escolares e possibilitar as ações do professor na realização
de um ensino de qualidade, evitando a monotonia e a rotina e o desinteresse do
processo ensino-aprendizagem.

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Desta feita, o desenvolvimento do processo de ensino aprendizagem possui
duas dimensões fundamentais, que são as funções relativas à gestão da classe
(organização dos grupos, definição de regras, procedimentos e sanções disciplinares,
articulação e sequenciação das atividades, etc.) e o ensino dos conteúdos da
disciplina (repassar o conteúdo programático, motivar os alunos, selecionar e
organizar a metodologia, avaliar as aprendizagens, etc.). O ato de planejar exige
aspectos básicos a serem considerados. Um primeiro aspecto é o conhecimento da
realidade daquilo que se deseja planejar, quais as principais necessidades que
precisam ser trabalhadas; para que o planejador as evidencie faz-se necessário fazer
primeiro um trabalho de sondagem da realidade daquilo que ele pretende planejar,
para assim, traçar finalidades, metas ou objetivos daquilo que está mais urgente de
se trabalhar dentro do contexto em que se encontra a classe a que será direcionada
o planejamento a ser confeccionado. (OLIVEIRA, 2007).
Além do mais, programa de aprendizagem deve conter, ainda que de maneira
resumida, as decisões pedagógicas do professor a respeito do que ensinar, como
ensinar e como avaliar o que ensinou. Não se deve esperar que um programa de
aprendizagem atenda da mesma forma à todas as turmas e todos os professores, pois
é um instrumento individual de trabalho e deve ser desenvolvido para atingir os
objetivos de cada turma considerando suas variáveis e particularidades.
Entretanto, seja o professor experiente ou iniciante, tanto o plano de aula
quanto o programa de aprendizagem devem conter uma estrutura básica, e sua
adequação depende de dois critérios: utilidade para o professor e eficácia para que
os alunos aprendam. Para que cumpra seu papel, o planejamento deve considerar
três dimensões:
 Primeira: o plano de aula tem como fundo a aula e a sala de aula. Essa aula é
parte integrante de um programa de aprendizagem, que, por sua vez, integra a
proposta pedagógica da escola. Ou seja, a aula nunca é um evento isolado. Os
objetivos de longo prazo previstos na proposta materializam-se a cada dia, em
cada aula.
 Segunda: a sala de aula é um lugar físico onde os conteúdos previstos serão
ensinados à turma. Mas não significa estar entre quatro paredes. A aula também
pode ocorrer em outros ambientes, internos e externos da escola. O
planejamento do professor pode incluir, por exemplo, projetos a serem realizados
em casa ou no horário extra aula.
 Terceira: cada aula deve ser cuidadosamente planejada, ministrada, avaliada e
revista para permitir o replanejamento da aula seguinte. Sem isso, o professor
pode chegar ao final do semestre, ou do ano, sem ter cumprido o seu plano, e
sem condições ou tempo de promover a recuperação dos alunos que não
acompanharam o andamento do programa.

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Assim, a ação de ensinar, mais do que “passar conteúdo”, consiste em criar
situações de interlocução, cooperação e diálogo entre professor e alunos, de modo
que eles consigam absorver e operar a prática dos conceitos trabalhados,
desenvolvendo, dessa forma, as capacidades intelectuais necessárias para assimilar
e utilizar com êxito os conhecimentos.

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A organização e o desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem


trabalhado pelo professor começam a compreender que a tarefa da escola
contemporânea não consiste em dar aos uma soma de fatos conhecidos, e sim,
ensiná-las de forma eficiente, usando os programas de aprendizagem e os planos de
aula para ultrapassarem o conteúdo. Isto significa que a escola deve ensinar os alunos
a pensar, a desenvolver a análise crítica, a independência em suas ações e organizar
um ensino que impulsione o desenvolvimento não só científico, como também a
formação do aluno como pessoa.
Em outras palavras, para aprender a pensar e a agir com base nos conteúdos de
uma matéria de ensino é preciso que o professor, por meio do plano de aula, saiba
dirigir seu objetivo para que o aluno domine a proposta associada ao conteúdo, as
quais são encontradas nos procedimentos lógicos e investigativos próprios da ciência
que dá origem a esses conteúdos, organizados pelos programas de aprendizagem.
No ensino superior, os programas de aprendizagem e os planos de aula normalmente
são voltados para a pesquisa e produção de conteúdo cientifico que será,
posteriormente, traduzido para a população quando este estiver exercendo sua
profissão.
Portanto, não basta dominar o conteúdo. É preciso que o professor entenda
qual é o processo de pesquisa pelo qual se chegou a esse conteúdo, ou seja, qual é
a epistemologia da ciência que ensina, bem como quais serão os métodos e
procedimentos que ele usará para ensinar seus alunos a se apropriarem dos
conteúdos da ciência ensinada. Durante o processo de ensino-aprendizagem,
também deverão ser consideradas, como dito anteriormente, as características

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individuais e socioculturais dos alunos e os motivos que os impulsionam, de modo a
saber ligar os conteúdos com esses motivos.
Dentro desse contexto, E. Morin expressa a exigência de se desenvolver uma
inteligência geral que saiba discernir os contextos individuais, globais,
multidimensionais a fim de colocá-la a serviço da interação complexa entre esses
elementos durante o processo de ensino – aprendizagem:
A compreensão dos dados particulares também necessita da ativação da
inteligência geral, que opera e organiza a mobilização dos conhecimentos de
conjunto em cada caso particular. (...). Dessa maneira, há correlação entre a
mobilização dos conhecimentos de conjunto e a ativação da inteligência geral
(Morin, 2000, p. 39).

Como vimos na citação acima, a tarefa das escolas e dos processos educativos
é o de desenvolver em quem está aprendendo a capacidade de aprender, em razão
de exigências postas pelo volume crescente de dados acessíveis que os alunos
absorvem a todo momento, dentro e fora das instituições de ensino. Contudo, a tarefa
de ensinar não pode ser concebida como um processo cujos resultados estão
definidos e podem ser pré-determinados como produto de uma ação mecanizada, pois
a sala de aula constitui-se como espaço privilegiado de negociação, formação do
pensamento crítico e de produção de novos sentidos nos processos do ensinar a
aprender e a pensar em um campo de conhecimento.
Logo, podemos perceber a importância do uso dos programas de
aprendizagem e dos planos de aula no processo de aprendizagem - seja para superar
os problemas, seja para fixar os conhecimentos – já que esses processos, usados em
conjunto, dão utilidade ao conteúdo aprendido.
Desta forma não basta apenas o ensino expositivo, no qual o aluno ou
colaborador é um mero receptor passivo: é importante que a pessoa participe
efetivamente da dinâmica para que o aprendizado seja adquirido e se torne valor para
o indivíduo na organização e não desenvolvimento do processo de ensino
aprendizagem, pois o resultado desse processo será o que ele colocará em prática
depois de conquistar o diploma.

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8 OS OBJETIVOS DE ENSINO, OS CONTEÚDOS ESCOLARES E AS
ESTRATÉGIAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM

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Para tratar de estratégias de aprendizagem precisamos ter bem claro a


definição de aprendizagem e estratégias. A origem da palavra estratégia vem do grego
strategia e do latim strategi. Significa aptidão para comandar um exército, táticas,
processos, procedimentos, técnicas, planos. Conforme definição do dicionário
(BUENO, 2007) a aprendizagem significa estudar, adquirir conhecimento pela ação
de aprender, reter a informação na memória, ou seja, é a ação que permite que o
sujeito perceba e modifique as informações de maneira proativa. No contexto escolar
é preciso compreender as estratégias de aprendizagem enquanto comportamentos,
ações, atitudes e técnicas voltadas para o aprendizado. Envolve as ações cognitivas
de armazenamento e recuperação dos conteúdos aprendidos e metacognitivas
pensando sobre o porquê das escolhas, da seleção de determinadas ações, refletindo
sobre as decisões tomadas, responsabilizando-se por seu processo de aprendizagem
(BORUCHOVITCH,1999).
Assim, a escolha de uma estratégia de ensino deve levar em consideração o
conhecimento do aluno, seu modo de ser, de agir, de estar, além de sua dinâmica
pessoal porque todo conteúdo possui em sua lógica interna uma forma que lhe é
própria, e que precisa ser captada e apropriada para sua efetiva compreensão. As
estratégias de aprendizagem não se separam dos objetivos de ensino, sendo que para
a efetiva aplicação de uma estratégia de ensino que tenha uma forma de assimilação
que obedece à lógica interna do conteúdo, utilizam-se os processos mentais ou as
operações do pensamento para que as estratégias consigam atingir os objetivos a que
servem. É por isso que não se pode ignorar a importância de ter clareza sobre aonde
se pretende chegar naquele momento com o processo de ensino aprendizagem.
Por isso, os objetivos que o norteiam devem estar claros, tanto para professores
quanto para alunos. O professor precisa ser um verdadeiro estrategista, – ainda mais
diante de tanta coisa que compete a atenção dos alunos na aula, como por exemplo
os smartphones. Em vista disso, adotou-se o termo estratégia, no sentido de estudar,
selecionar, organizar e propor as melhores ferramentas facilitadoras para que os

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estudantes se apropriem do conhecimento. No ensino superior nota-se de maneira
acentuada que os universitários, genericamente falando, buscam na formação uma
oportunidade de ascensão social. Este fator condiciona a postura do aluno para uma
conduta de interesse maior, senão quase exclusivo, nas disciplinas de formação
específica, não compreendendo, muitas vezes, a relevância das disciplinas de
formação básica e complementar. Desta forma, o discente espera dos professores
das disciplinas específicas uma atuação destacada, tendo-o como modelo profissional
e do qual espera a transmissão dos conhecimentos e métodos necessários para um
destaque na sua futura atuação no mercado de trabalho. A maneira pela qual o
professor planeja suas atividades de sala de aula é determinante para que o grupo de
alunos de sua plateia reaja com maior ou menor interesse e contribui no modo como
a aula transcorre.
O uso de formas e procedimentos de ensino deve considerar que o modo pelo
qual o aluno aprende não é um ato isolado, escolhido ao acaso, sem análise dos
conteúdos trabalhados, sem considerar as habilidades necessárias para a execução
e dos objetivos a serem alcançados. Mesmo havendo um grande número de
estratégias de ensino, muitos professores universitários dominam uma única
estratégia – a aula expositiva. Cabe ressaltar que há também muitos professores que,
embora conheçam outras estratégias, não as aplicam por não se sentirem seguros. E
ainda há os professores que diversificam suas estratégias unicamente pelo desejo de
diversificar, sem saber se são ou não adequadas aos seus propósitos (GIL, 2011).

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Todavia, apenas o emprego de uma estratégia adequada não resulta na


efetividade de uma aula. Haydt (2006) expõe três princípios que podem nortear o
trabalho docente, qualquer que seja, a estratégia de ensino adotada:
a) Incentivar sempre a participação dos alunos, criando condições para que eles se
mantenham numa atitude reflexiva;

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b) Aproveitar as experiências anteriores dos alunos, para que eles possam associar
os novos conteúdos assimilados às suas vivências significativas;
c) Adequar o conteúdo e a linguagem ao nível de desenvolvimento cognitivo da
classe.
A literatura sobre o tema apresenta diversas estratégias de ensino que podem
ser aplicadas no âmbito do ensino superior (podendo ser classificadas em três
categorias: métodos e técnicas individuais (aula expositiva, perguntas e respostas,
estudo dirigido e fichas didáticas); métodos e técnicas coletivas (método de solução
de problemas, método de projetos, trabalho em grupo, estudo in loco, jogos,
dramatização, seminário e debate); métodos e técnicas mistas (método da descoberta
e unidades didáticas). A seguir veremos as estratégias de ensino mais comuns e que
são amplamente usadas pelos professores de todas as áreas do conhecimento:
Aula expositiva – dialogada: É uma exposição do conteúdo, com a
participação ativa dos estudantes, cujo conhecimento prévio deve ser considerado e
pode ser tomado como ponto de partida. O professor leva os estudantes a
questionarem, interpretarem e discutirem o objeto de estudo, a partir do
reconhecimento e do confronto com a realidade. (ANASTASIOU; ALVES, 2004, p. 79).
Estudo dirigido: A técnica de estudo dirigido se fundamenta no princípio
didático de que o professor não ensina, mas sim, ajuda o aluno a aprender (PILETTI,
2010). Desse modo, essa técnica consiste em fazer o aluno estudar um assunto a
partir de um roteiro elaborado pelo professor. Este roteiro estabelece a extensão e a
profundidade do estudo (HAYDT, 2006). Os procedimentos para a elaboração e
aplicação dessa técnica são: escolha de um texto simples e abrangente; elaboração
de questões que não exijam a mera repetição do texto, sendo capazes de estimular a
capacidade de análise, síntese, interpretação e avaliação dos estudantes; e
assistência do professor nas fases de execução e avaliação da atividade (PILETTI,
2010).
Portfólio: É a identificação e a construção de registro, análise, seleção e
reflexão das produções mais significativas ou identificação dos maiores
desafios/dificuldades em relação ao objeto de estudo, assim como das formas
encontradas para superação. (ANASTASIOU; ALVES, 2004, p. 81)
Fichas didáticas: Esta técnica consiste em colocar à disposição dos alunos,
fichas didáticas essenciais ao estudo de um determinado conteúdo. Nessa técnica,
cabe ao professor organizar as fichas, explicar o funcionamento da técnica e controlar
o desenvolvimento do trabalho. Já os alunos, devem estudar o conteúdo apresentado
nas fichas, responder às questões propostas e comparar suas respostas com a
correção (PILETTI, 2010)
Método de solução de problemas: O método de solução de problemas
corresponde à apresentação de situações problemáticas aos alunos. Isto posto,
apresenta-se ao aluno uma situação para que ele proponha uma solução satisfatória,

32
utilizando os conhecimentos que já dispõe ou buscando novas informações por meio
de uma pesquisa (HAYDT, 2006; BELTHER, 2014). Em suma, ensinar é apresentar
problemas e aprender é resolver problemas (PILETTI, 2010). Com a solução de
problemas, os alunos pesquisam sobre o tema, promovem reflexões e diálogos com
seus colegas e com o professor. Assim, o aluno deixa de ser ouvinte passivo para
assumir o papel de ativo no processo de aprendizagem, ao mesmo tempo que
consegue aprender a aprender, e desenvolve visão crítica e criativa (BELTHER,
2014).
Mapa conceitual: Consiste na construção de um diagrama que indica a relação
de conceitos em uma perspectiva bidimensional, procurando mostrar as relações
hierárquicas entre os conceitos pertinentes à estrutura do conteúdo. (ANASTASIOU;
ALVES, 2004, p. 83).
Método de projetos: O método de projetos mobiliza os alunos para a
construção ativa da aprendizagem. É o aprender fazendo. Isto posto, os princípios
para a realização deste método são: a) a aprendizagem é construída exclusivamente
pelo aluno e acontece em situações práticas; b) é preciso respeitar os limites do
desenvolvimento do aluno; e, c) o papel da escola é auxiliar no desenvolvimento de
habilidades interpessoais. Nesse método, o ensino realiza-se através de amplas
unidades de trabalho. O projeto é uma atividade que se processa a partir de um
problema concreto e se efetiva na busca de soluções práticas. Assim, o estudante
realiza um esforço motivado com um propósito definido (HAYDT, 2006).
Resolução de exercícios: O estudo por meio de tarefas concretas e práticas
tem por finalidade a assimilação de conhecimentos, habilidades e hábitos sob a
orientação do professor. (MARION; MARION, 2006, p. 46).
Trabalho em grupo: O trabalho em grupo é caracterizado como um
instrumento didático, com o objetivo de guiar os alunos na aprendizagem de
conhecimentos, promovendo a aquisição de conhecimentos de caráter social e afetivo
(BELTHER, 2014). No âmbito escolar, os principais objetivos do trabalho em grupo,
são: facilitar a construção do conhecimento; permitir a troca de ideias e opiniões; e,
possibilitar a prática da cooperação para um fim comum (HAYDT, 2006).
Grupo de verbalização e de observação (GV/GO): É a análise de
tema/problemas sob a coordenação do professor, que divide os estudantes em dois
grupos: um de verbalização (GV) e outro de observação (GO). É uma estratégia
aplicada com sucesso ao longo do processo de construção do conhecimento e requer
leituras, estudos preliminares, enfim, um contato inicial com o tema. (ANASTASIOU;
ALVES, 2004, p. 88).
Dramatização: É uma apresentação teatral, a partir de um foco, problema,
tema etc. Pode conter explicitação de ideias, conceitos, argumentos e ser também um
jeito particular de estudo de casos, já que a teatralização de um problema ou situação
perante os estudantes equivale a apresentar-lhes um caso de relações humanas.
(ANASTASIOU; ALVES, 2004, p. 89).

33
Seminário: É um espaço em que as ideias devem germinar ou ser semeadas.
Portanto, espaço, onde um grupo discuta ou debata temas ou problemas que são
colocados em discussão. (ANASTASIOU; ALVES, 2004, p. 90). Em resumo, Haydt
(2006) ratifica a contribuição do seminário para o desenvolvimento do espírito de
pesquisa, levando o aluno a coletar material para análise e interpretação, fazendo com
que ele estruture as informações coletadas para posterior exposição e transmissão.
No entanto, essa técnica deve ser desenvolvida com cuidado pelos professores para
evitar que se transforme em aulas expositivas realizadas pelos alunos, provocando
uma descontinuidade das discussões sobre os temas, bem como discussões
superficiais (BELTHER, 2014).
Debate: É caracterizado como uma troca de ideias entre duas ou mais pessoas
sobre um determinado conteúdo. Nesse método, o professor propõe um determinado
tema e separa a turma em grupos de modo que estes possam expor sua opinião.
Entretanto, não deve ser aplicado a qualquer conteúdo ou a conhecimentos que os
alunos não dominam, sendo destinado quando se quer trabalhar a opinião, baseada
em evidências, sobre algum assunto já conhecido (MALHEIROS, 2012). Segundo Gil
(2015) o debate pode funcionar como um dos métodos de ensino mais eficazes, capaz
de proporcionar aos alunos altos níveis de satisfação. Porém, sua qualidade depende
da maneira como é preparado e também da competência do professor, pois conduzir
uma boa discussão exige não apenas habilidades comunicativas, mas também o
exercício da liderança.
Simpósio: É a reunião de palestras e preleções breves apresentadas por
várias pessoas (duas a cinco) sobre um assunto ou sobre diversos aspectos de um
assunto. Possibilita o desenvolvimento de habilidades sociais, de investigação, amplia
experiências sobre um conteúdo específico, desenvolve habilidades de estabelecer
relações. (ANASTASIOU; ALVES, 2004, p. 93).
Palestras: Possibilidade de discussão com a pessoa externa ao ambiente
universitário sobre um assunto de interesse coletivo, de acordo com um novo enfoque;
Discussão, perguntas, levantamento de dados, aplicação do tema na prática, partindo
da realidade do palestrante. (MARION; MARION, 2006, p. 42); (PETRUCCI;
BATISTON, 2006, p. 288-289).
Fórum: Consiste num espaço do tipo “reunião”, no qual todos os membros do
grupo têm a oportunidade de participar do debate de um tema ou problema
determinado. Pode ser utilizado após a apresentação teatral, palestra, projeção de um
filme, para discutir um livro que tenha sido lido pelo grupo, um problema ou fato
histórico, um artigo de jornal, uma visita ou uma excursão. (ANASTASIOU; ALVES,
2004, p. 95).
Jogos: Os jogos são atividades físicas ou mentais, além de lúdicas,
organizadas por um sistema de regras (HAYDT, 2006). Ao recorrer ao uso de jogos,
o professor ensina um conceito ou método, por meio de uma atmosfera de motivação
que permite aos alunos participar ativamente do processo de aprendizagem,

34
assimilando informações e experiências e, sobretudo incorporando atitudes e valores
(HAYDT, 2006; MALHEIROS, 2012). Nesse método, o professor oferece às
estudantes condições de reflexão sobre os conhecimentos por meio de uma
abordagem mais contextualizada, interativa e significativa dos conteúdos da área
(CASAGRANDE; BORNIA; CASAGRANDE; MECHELN, 2014).
Conforme os objetivos de ensino, os conteúdos escolares e as estratégias de
ensino-aprendizagem que os métodos de ensino se ligarão aos métodos de
aprendizagem, de forma que o professor consiga indicar as funções (ou passos
didáticos) e procedimentos, além das ações de assimilação ativa da parte do aluno.
Tendo como base os objetivos, o conteúdo e as características de cada disciplina, o
professor seleciona e organiza métodos de ensino e os procedimentos didáticos que
melhor atende ao objetivo traçado. O critério de classificação dos métodos de ensino
e a escolha da estratégia a ser usada resulta da relação existente entre ensino e
aprendizagem, concretizada pelas atividades do professor e dos alunos no processo
de ensino. De acordo com esse critério, o eixo do processo de ensino é a relação
cognoscitiva entre o aluno e a matéria. Há, portanto, métodos de ensino e formas de
dirigir o processo de ensino, ou seja, são diversas as maneiras de seguir a as diretrizes
que tangem as relações professor/aluno/matéria.

35
9 AS INTERAÇÕES EM SALA DE AULA: O PAPEL DOS PROFESSORES E
DOS ALUNOS.

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Atuar na docência superior requer que o professor/orientador não perca de vista


que é na formação inicial, ou seja, nos cursos superiores de graduação, que os saberes
históricos, pedagógicos, técnicos são mobilizados, problematizados, sistematizados e
incorporados à experiência de construção do saber. Em virtude disso, para estar apto
a atuar nesse tipo de ensino, a formação do docente não deve abster- se das
habilidades e competências que são adquiridas ao longo de trajetória acadêmica. O
professor que se propõe a atuar em alguma Instituição de Ensino Superior deve ser
“[...] competente em uma determinada área de conhecimento[...], ter domínio na área
pedagógica [...] e ser o conceptor e gestor do currículo, preocupando-se com a
valorização do conhecimento e sua atualização com pesquisa, crítica e cooperação, de
acordo com os aspectos éticos do exercício da profissão, além dos valores sociais,
culturais, políticos e econômicos e com a participação na sociedade e o compromisso
com sua evolução (PASSOS, 2009, p.36)”.
Dessa maneira, tais exigências servem para que o ensino superior tenha
qualidade. O docente precisa investir continuamente em sua formação priorizando o
ensino/pesquisa/extensão, pois só assim terá condições de possibilitar aos seus alunos
um arcabouço de conhecimentos que lhes dará a sustentação teórica e prática para
enfrentar os desafios de sua profissão. Ao contribuir com a formação universitária, o
professor deve valorizar o ensino superior como um espaço de diversidade, debate,
pesquisa, criticidade e de ação, superando a postura tradicional de alguns docentes
que davam respostas prontas para todas as situações, desvinculando os saberes
adquiridos na universidade da realidade profissional do discente.
Para Demo (2000), o docente que tem como prática a mera repetição de
conteúdos gera sérias consequências, tais como induzir no aluno a atitude de apenas

36
escutar as exposições do professor, ou, no máximo, se instrui, mas não chega a
elaborar a atitude do aprender a aprender. Demo defende que esse tipo de atitude
não corrobora para a formação de informações ativas que serão capazes de oferecer
uma instrumentação técnica autossuficiente, que esteja alinhada com a superação da
visão do conhecimento compartimentalizado e passivo.
No ensino superior, o professor não deve esquecer que têm a responsabilidade
de formar futuros profissionais que precisam ser orientados a interagir com o
saber/saberes numa perspectiva de descoberta, investigação, reflexão e produção
científica para que, a partir de uma atitude crítico-reflexiva possam estar hábeis e
capacitados para o mercado de trabalho e para sua atuação enquanto cidadão.
De acordo com Veiga (2014), o ato de formar um indivíduo não pode ser
considerado algo pronto ou que se finaliza, a formação deve ser considerada como
um processo em constante construção e desenvolvimento. Para a formação do futuro
profissional é preciso que se compreenda a importância do papel assumido pela
docência e que aconteça o aprofundamento crítico-pedagógico desse profissional em
formação, a fim de que o ele consiga desenvolver os seus ideais de formação, reflexão
e crítica. O aluno em formação precisa apreender a importância das práxis
pedagógicas, que segundo Vasconcellos e Oliveira (1995, p. 130), é a “[...] relação
indissociável entre teoria e prática”. Ainda de acordo com as autoras, é importante
também a percepção por parte dos alunos de que a atividade docente requer
conhecimentos especializados e que também envolve questões éticas e pessoais.
Para tanto, o professor figura como exemplo e modelo aos seus alunos em relação
aos quesitos citados, além de apreender o papel de mediador entre conhecimento, a
prática pedagógica e a intencionalidade do ensino, uma vez que esses conceitos são
elementos que conectam professor e aluno, em uma relação de compromisso com a
aprendizagem e a construção do conhecimento.

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Enquanto o professor ensina seu aluno a aprender, a pesquisar, a ensinar e a


avaliar, o professor também aprende a aprender, a pesquisar e aperfeiçoa sua prática

37
em ensinar e avaliar. O processo de ensino-aprendizagem não é uma via de mão
única, é um movimento de reciprocidade onde o ato de ensinar se configura,
sobretudo, na ação. A atividade docente é ao mesmo tempo, teoria e ação. Não basta
que os professores de ensino superior dominem as teorias em que se especializaram
durante a trajetória acadêmica; é preciso entender também seu papel como
transformador de realidades. Para tal, é necessário, além do conhecimento teórico,
ter sensibilidade, ética, estética, de consciência política, social, econômica,
cultural...enfim, exercer o papel de professor exige transpor a fronteira entre a
docência baseada no ensino e a docência baseada na aprendizagem (PASSOS,
2009, p. 39). Face ao que foi apresentado, é possível perceber a importância de se
proporcionar aos estudantes, de uma forma geral, essa formação unilateral, que
possibilite a compreensão e a superação da sociedade.
Nesse sentido, o profissional do ensino superior necessita lançar mão dos
saberes didáticos para compreender as demandas que a atividade de ensino produz,
com base nas teorias, discussões acumuladas sobre essa questão. Esses
saberes s ã o negligenciados, pois durante muito tempo os conhecimentos
pedagógicos para docência superior eram compreendidos como desnecessária. Essa
atitude decorre principalmente de duas posturas: a ideia de que a docência é um dom
e a de que quem sabe fazer, sabe ensinar. Os saberes didáticos são essenciais para
o ensino nas diversas áreas de conhecimento, já que articulam teoria da educação e
a teoria de ensino com outros saberes. Assim, a ausência do conhecimento desses
saberes por parte do professor compromete a aprendizagem. Para Santos (apud
PASSOS, 2009, p.43) o desconhecimento das práticas de ensino e dos procedimentos
didáticos transforma o professor em: [...] um “palanqueiro” e retórico, com discursos
muitas vezes vazios, abusando dos recursos audiovisuais e da moderna tecnologia,
tentando cumprir seu papel de transmissor de informações, que dificilmente se
transformarão em conhecimento. Não é incomum nesse tipo de aula, o aluno aproveitar
a penumbra da sala de aula para um cochilo ou para um devaneio, não vendo a hora
de a sessão de “tortura” terminar e ele ir para casa ou ao encontro da “turma” no
barzinho de costume (SANTOS, 2009).
A ausência de valorização do conhecimento pedagógico dificulta e limita a ação
do professor universitário. O desconhecimento, ou o conhecimento superficial da arte
de ensinar (didática) numa abordagem político-ideológica que evidencie a relação
entre conhecimento, poder e formação das sociedades enfraquece a relação entre
conhecimento e formação humana, direitos, igualdade, cidadania. Fica esquecida
também uma ética que destaque a psicopedagoga e estética, duas vertentes que tanto
contribuem para que o professor veja o processo de ensino de forma naturalizada,
sem perceber que está atuando em um campo minado de ideologias e valores.
O professor Masetto (2008), um dos principais autores brasileiros que analisam
e desenvolvem propostas de aprimoramento para a formação de profissionais para o
ensino universitário, define a docência no ensino superior como domínio de

38
conhecimentos específicos em uma determinada área a serem mediados por um
professor para os seus alunos. Afirma que o (a) professor (a) universitário (a) é um (a)
profissional da educação na atividade docente, e como tal não pode minimizar o valor
e a necessidade de uma sólida formação pedagógica. Postula também que, no
contexto de aprendizagem, o foco está no aluno, e não no professor, e várias das
demandas advindas desta centralidade não são aprendidas no exercício profissional,
salvo aquele dos que já são profissionais da educação. Logo, para Masetto (apud
Costa 2008), os aspectos que devem contemplar o perfil do docente universitário são:
 Preparação pedagógica:

A ênfase aqui recai sobre a carência dos professores quando se fala de


profissionalismo na docência. Essa carência se dá principalmente pela a ausência de
domínio na área pedagógica. Salienta a precariedade da formação do professor
universitário em virtude da falta de formação adequada; da participação de programas
de aperfeiçoamento. É comum o professor universitário dominar conhecimentos de sua
área, ser atualizado, mas em contrapartida não consegue ensinar com destreza, e
ainda tem dificuldades para definir métodos e técnicas de avaliação de aprendizagem.
Demonstra ainda que a falta de preparação pedagógica dos docentes é consequência
da desvalorização sobre a busca de especializações nos métodos didáticos, sendo
que no meio acadêmico ainda há uma cultura de que a didática é superficial. Com a
mudança no perfil dos alunos de receptivos de conteúdo para verdadeiramente ativos
e dinâmicos no processo de ensino aprendizagem, as pesquisas mostram que a
formação continuada do professor nas técnicas de aprendizagem tona-se cada vez
mais fundamentais. Em vista disso, conhecer em profundidade a disciplina que irá
lecionar, ser capaz de fazer inter-relações entre os conhecimentos de sua disciplina
com os aspectos sociais, culturais, econômicos, políticos da sociedade e conhecer e ter
habilidades técnicas, que o permita a compreender o funcionamento do Ensino
Superior desde o planejamento até as técnicas de avaliação tornam o professor apto
a oferecer uma didática satisfatória ao seu público.
 Professor como conceptor e gestor de currículo:

O currículo constitui um primeiro nível de planejamento da atividade educativa,


na medida em que nele se estabelecem objetivos gerais e seus desdobramentos em
objetivos específicos. A questão central que serve de pano de fundo para o Currículo
Escolar é a de saber qual conhecimento deve ser ensinados em uma sala de aula. O
que o aluno deve saber? Qual conhecimento ou saber é considerado importante ou
válido ou essencial para merecer ser considerado parte do currículo? Fonseca (2007)
afirma que a confecção e a execução do currículo no ensino superior é um método
que pode ser aplicado tanto para a promoção de uma educação libertadora,
transformadora quanto para a manutenção do status quo. O que irá guiar um bom
currículo é a autonomia do professor em executar seu objetivo para promover o

39
aprofundamento no campo da ciência da pesquisa, relacionando a práxis curricular
a interdisciplinaridade, o pensamento crítico e priorizando o ensino e a pesquisa.
 Relação professor-aluno e aluno-aluno no processo de aprendizagem:

No processo de aprendizagem o papel do professor é, especialmente, o de


mediador, assumindo, em todas as situações, uma postura crítica diante do saber e da
sociedade. Para Tardif e Lessard (apud Costa 2008), ser docente no cotidiano nada
mais é “[...] do que um conjunto de interações personalizadas com os alunos, a fim de
obter participação deles em seu próprio processo de formação e atender às diferentes
necessidades”. Não há como trabalhar as interações humanas sem perceber que o
trabalho em equipe tem como gratificação a cooperação recíproca.
Atualmente, trabalhar em equipe tornou-se uma necessidade estabelecida pelo
ofício de ser professor. Requer, contudo, competências e a convicção de que a
cooperação é um valor profissional. O desenvolvimento de projetos interdisciplinares
de pesquisa evidencia que o trabalho docente e os procedimentos didáticos não se
limitam à sala de aula, superando a visão de um conhecimento estático, pronto e
acabado. Ser educador: [...] não é ser um indivíduo enclausurado dentro de suas
próprias ideias e verdades adquiridas no decorrer dos anos de profissão, ao contrário,
é estar aberto para o novo, “[...] é se colocar em jogo como integrante nas interações
com os estudantes. ” (TARDIF; LESSARD 2005, p. 268). É se conscientizar de que
não há educação sem a interação com o outro e que não se deve trabalhar sobre o
aluno, depositando-lhe conhecimentos, ao contrário, deve trabalhar com e para os
alunos, buscar sempre estar em harmonia com a dimensão ética. (COSTA, 2008,
p.50).
 Domínio da tecnologia educacional:

A aula deve ser um momento de troca de experiências, de diálogo, de produção


significativa de conhecimento. Para tanto, os usos de várias técnicas podem dinamizar
as aulas transformando-as em espaço privilegiado de aprendizagem. Assim, o
professor não deve abrir mão do auxílio das tecnologias industriais, que estão
relacionadas com a informática, a telemática, o computador, a internet, os aparelhos
de Datashow e de retroprojetor, o e-mail e as interações humanas por meio de
dinâmicas de grupo. Há também o amplo uso das metodologias ativas, que consistem
na mudança do paradigma do aprendizado e da relação entre o aluno e o professor. O
aluno passa então a ser o protagonista e transformador do processo de ensino,
enquanto o educador assume o papel de um orientador, abrindo espaço para a
interação e participação dos estudantes na construção do conhecimento. São
inúmeras as técnicas das metodologias ativas, como a sala de aula invertida, no qual
o professor passa o conteúdo e em seguida, em casa, o aluno tenta resolver os
exercícios e identificar suas dúvidas. A intenção é que os estudantes tenham o
primeiro contato com o conteúdo antes de chegarem na escola, para então serem

40
auxiliados pelo educador em relação às dúvidas e à resolução de questões. Outra
técnica é a gamificação: o ponto principal dessa metodologia é fazer com que os
alunos entrem em uma competição saudável, estimulando o pensamento “fora da
caixa” e a motivação e a dedicação para o estudo.
A despeito dos benefícios do uso dessas tecnologias para o desenvolvimento
e dinâmica das aulas, é preciso estar atento para os possíveis riscos, ciladas,
vantagens e desvantagens. Por isso é importante que o professor busque aprender
através de cursos a lidar com essas ferramentas. Segundo Masetto (apud Costa 2008),
“[...] ter domínio sobre a tecnologia educacional é percebê-la como um meio para que
as aulas possam acontecer de maneira dinâmica, isto não significa permitir que se
façam melhor as coisas velhas, ao contrário do que se pensa, ela forçará aos docentes
a fazer melhor as coisas novas”.
Outra questão que é primordial e que o professor deve ficar atento é a
renovação nas propostas metodológicas. O uso de diferentes linguagens no ensino
para qualquer área do conhecimento amplia o olhar do docente, favorece o diálogo e
o enriquecimento do conteúdo dado, tornando o processo de produção e transmissão
de conhecimentos interdisciplinar, dinâmico e flexível. Entre as diferentes linguagens
podemos citar: filmes e programas de TV, o uso de imagens, artigos de jornais, obras
de ficção dentre outros. Entretanto, essa renovação metodológica requer de nós,
professores, um aprofundamento de nossos conhecimentos acerca dos limites e
possibilidades na incorporação dessas diferentes fontes de ensino, bem como
permanente atualização, constante investigação.
De acordo com Fonseca (2005, p.164): O professor não é mais aquele que
apresenta um monólogo para alunos ordeiros e passivos que, por sua vez, “decoram”
o conteúdo. Ele tem o privilégio de mediar às relações entre os sujeitos, o mundo e
suas representações, e o conhecimento, pois as diversas linguagens expressam
relações sociais, relações de trabalho e poder, identidades sociais, culturais, étnicas,
religiosas, universos mentais constitutivos da memória social e coletiva.
Parafraseando Paulo Freire (2010), que nosso preparo científico coincida com a nossa
retidão ética, respeito aos outros, coerência, capacidade de viver e aprender com o
diferente.
Com efeito, se o professor tem tantas questões a considerar, há uma questão
que não pode passar desapercebida, que é o papel do aluno em sala de aula.
Primeiramente, para que o discente consiga contribuir no processo de ensino
aprendizagem, há de se retirar dele a cultura de estudar para vencer a etapa por meio
da simples obtenção de notas, sem uma verdadeira reflexão sobre o conteúdo que
recebe em sala de aula pelo professor. Do contrário do que se concebe, passar de
ano e realizar as atividades cotidianas exigidas pela escola não são, por si só, os
motivos pelos quais se é estudante, e sim algumas das etapas e processos pelos
quais se deve passar para chegar ao verdadeiro papel do aluno: o de adquirir
conhecimento e experiência de modo a atingir objetivos maiores, de longo prazo.

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Entretanto, as variáveis sociais, políticas culturais e econômicas do aluno por


vezes não permitem que o mesmo perceba os benefícios da aquisição de
conhecimento a longo prazo, ainda que ele já frequente o Ensino Superior. Nesses
casos, o professor precisa direcionar o aprendizado segundo objetivos individuais,
pois os objetivos de longo prazo podem variar bastante de aluno para aluno. A afinal,
cada um quer chegar a um lugar diferente. Porém, esse é um papel que dificilmente
pode ser cumprido pelo professor ou pela instituição de ensino, visto que ninguém
além do próprio estudante pode ter certeza do seu destino e, mesmo em instituições
educacionais pequenas, a quantidade de alunos inviabilizaria um direcionamento tão
específico.
Sendo assim, cabe ao aluno decidir que caminho deseja seguir no futuro, ainda
que com a orientação de um professor ou um psicólogo. A partir disso, pode
concentrar seus esforços para o alcance dessa meta e aproveitar as oportunidades
oferecidas dentro do curso que se propôs a fazer. É possível que o aluno inicie um
curso superior e descubra, em sua jornada, que aquele não é a profissão que almejou
para seu sucesso profissional e desista de concluí-lo. Mesmo nesses casos, deverá
ter plena clareza de suas decisões para seguir com a melhor escolha para seu futuro.
Sabe-se que a as instituições de ensino superior e o professor têm o papel de oferecer
as condições e ferramentas necessárias para proporcionar o melhor aprendizado aos
estudantes. No entanto, não há dúvida de que a instituição não tem o poder de forçar
o aluno a fazer uso desses recursos. Logo, a responsabilidade de aproveitar ao
máximo o que a o curso superior escolhido pelo aluno e seus educadores oferecem —
envolvendo-se nas aulas, participando das atividades propostas e estudando também
em casa — é do aluno.
Por conseguinte, ter participação ativa, consciência e engajamento durante o
processo de ensino aprendizagem é um papel que deve ser exercido pelo aluno de

42
forma consciente, para que ele absorva as ferramentas elaboradas pelo professor no
currículo de seu curso e oferecendo ao professor sua participação ativa como resposta
ao trabalho que o mesmo desenvolve. Aulas dialogadas, debatidas, estudadas,
revistas e praticadas tanto pelo aluno quanto pelo professor são o que garante o
efetivo aprendizado pelo aluno. Dessa forma é possível concluir que o papel do aluno
requer sua participação ativa e voluntária em muito do que o professor propõe.
Contudo, sabemos que a realidade é bastante diferente na prática, pois são poucos
os estudantes que agem dessa maneira.
Nesse contexto, cabe à instituição de ensino incentivar o professor a buscar
práticas pedagógicas que dialoguem com os alunos a fim de conscientizá-los de seu
papel e ainda alertá-los sobre como a sua participação afetará muito mais a eles
próprios que a qualquer outra pessoa ou instituição. Além disso, o professor deve
procurar se aproximar dos estudantes, motivando-os e facilitando seu engajamento,
seja por meio de aulas mais dinâmicas ou mesmo pelo uso da gamificação e
de aparelhos eletrônicos em sala. Metodologias tradicionais, como seminários,
simpósios, pesquisas e outras ferramentas pedagógicas não deixaram de ser
eficientes com o advento da tecnologia. Porém, o aluno deve ter o entendimento de
que a riqueza no processo de aquisição de informações tanto pelas metodologias
ativas, citadas anteriormente, quanto pelos métodos tradicionais acrescenta o
embasamento teórico necessário para a execução prática da profissão que escolheu.
Assim, para que o papel do aluno seja cumprido com eficiência, há algumas
habilidades que podem ser despertadas e/ou incentivadas:
 Representação: participar das instâncias políticas da instituição de ensino,
entre elas conselhos e assembleias que deliberem sobre a gestão curricular, o projeto
político pedagógico, entre outros assuntos é uma habilidade que pode ser
desenvolvida durante o curso superior e aplicada no âmbito profissional, já que
prepara o aluno para mediar conflitos, trabalhar em equipe e praticar uma qualidade
muito procusrada pelas empresas atialmente, que é a inteligência emocional.

 Autoria: discutir sobre o currículo da instituição de ensino e expressar o que


desejam aprender também é um papel importante que o aluno pode exercer, exigindo
da instituição o máximo de recursos que estas têm a oferecer e, de certa forma,
incentivar a mesma a atualizar constantemente os recursos didáticos e técnicos e
tecnológicos que podem contrin=buir com o processo de ensono aprendizagem.

 Liderança: participar de grêmios estudantis efetivos, diretórios estudantis,


colegiados, e outros órgãos que proporcionem a discussão dos direitos estudantis é
de suma importância no exercício de direcionar discussões para objetivos específicos,

43
a fim de alcançar resultados que satisfaçam todas as partes envolvidas, adquirindo,
consequentemente, as características de liderança que por vezes são exigidas no
mercado de trabalho.

 Educação de Pares: contribuir para o acolhimento e o desenvolvimento integral


dos seus colegas.

 Pontes: interagir de forma aberta, respeitosa e colaborativa com os diversos


representantes da comunidade escolar (gestores, professores, alunos, funcionários),
de outras escolas e da comunidade do entorno.

 Ócio Criativo: usufruir de tempos e espaços dedicados ao livre convívio e


iniciativa dos estudantes.

Partindo desse pressuposto, podemos dizer que o educando pode despertar


a sua criticidade a partir do momento em que se deixa envolver pelas questões
políticas, sociais e culturais relevantes que existem no meio em que vive, e leva essas
discussões para dentro da sala de aula, interagindo com os demais, formando
inúmeras opiniões com relação ao contexto social, político e cultural no qual está
inserido.

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10 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A didática, para assumir um papel significativo na formação do educador, não


poderá reduzir-se e dedicar-se somente ao ensino de meios e mecanismos pelos
quais desenvolvem um processo de ensino-aprendizagem; e sim, deverá ser um modo
crítico de desenvolver uma prática educativa forjadora de um projeto histórico, que
não será feito tão somente pelo educador, mas, por ele conjuntamente com o
educando e outros membros dos diversos setores da sociedade.
Desse modo, a didática deve servir como mecanismo de tradução prática, no
exercício educativo, de decisões filosófico-políticas e epistemológicas de um projeto
histórico de desenvolvimento do povo. Ao exercer seu papel específico estará
apresentando-se como o mecanismo tradutor de posturas teóricas em práticas
educativas. A didática no ensino superior constitui uma importância do professor no
papel de educador, qualificando seus métodos de forma que o educando tenha seus
princípios individuais respeitados, já nem sempre a realidade é igual para todos no
que diz respeito ao contexto social (OLIVEIRA, 1998).

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Diante disso, cabe ao professor buscar as ferramentas adequadas para atrair


a atenção do aluno, despertando nele a vontade de aprender e continuar aprendendo.
Os equipamentos audiovisuais auxiliam muito nesse caso, no entanto, não são
suficientes. O planejamento, a metodologia, o diálogo, são essenciais para o sucesso
da aula. Estar aberto a indagações, questionamentos, à curiosidade dos alunos, faz
do professor um ser que ensina, respeita, e não um ser que só transfere
conhecimento, a ação do professor precisa estar embasada também em fins
pedagógicos de amplitude, pois trabalhar somente o meio social do aluno pode

45
significar que a intenção da escola é aprisioná-lo numa realidade limitada, onde o
mesmo não poderia ser nada além do que previsto por ela. Necessário é redesenhar
o educador, tornando-o um indivíduo compromissado com um defensor de uma ideia
mais igualitária, pois sabe que o estudante conhece seus direitos, limites e deveres.
Este novo educador seria aquele que encara a educação como uma problematizarão,
que propõem aos homens sua própria vida como um desafio a ser encarando,
buscando a transformação.
É de fundamental importância trabalhar técnicas voltadas à realidade e meio
social em que o aluno está inserido, porém não se deve focar somente nesse contexto,
engessando a sua aprendizagem de forma a torná-lo limitado em sua comunidade ou
meio social. A aula deve ser atraente, planejada, participativa e acolhedora, pois
avaliar o aluno através de métodos tradicionais pode levá-lo ao fracasso, pois “medi-
lo” por acúmulo de conteúdos supostamente armazenados não irá transformá-lo num
ser crítico e reflexivo, mas transformá-lo em um ser mecanizado, robótico, onde o
professor fala e o aluno na sua passividade acumula o que foi falado e armazena na
mente para transmitir a outros da mesma maneira que foi transmitido a ele.
É importante que seja construída uma visão crítica sobre a metodologia no
processo de ensino- aprendizagem, conduzindo a pensar na necessidade da
capacidade do professor em refletir em favor de uma metodologia que seja atrativa e
interessante. Dessa forma, Zabala (1998) afirma que:
As atividades de ensino devem promover aprendizagens mais significativas
e funcionais possíveis, que tenham sentido e desencadeiem uma atitude
favorável para realizá-las, que permitam o maior número de relações entre os
distintos conteúdos, que constituam estruturas de conhecimento, por um lado.
Por outro, devem facilitar a compreensão de uma realidade que nunca se
apresenta compartimentada (ZABALA, 1998, p.186).

Portanto, a didática do ensino superior traz práticas e desafios onde se faz


necessário o desenvolvimento de ambientes de ensino- aprendizagem com condições
para o desenvolvimento da autonomia dos sujeitos, levando-os a aprender de forma
crítica e reflexiva. É importante também que o professor assume a função de criar
situações para momentos de questionamentos, desacomodações, propiciando
situações de desafios a serem vencidos pelos alunos, para que possam construir
conhecimentos e aprender além do seu meio social, com amplitude de conhecimentos
onde não se sintam engessados à realidade fora do seu cotidiano.

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