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Arquitetura
e Urbanismo
Material Teórico
O Neoclássico e a Sociedade Industrial
Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
O Neoclássico e a Sociedade Industrial
• Introdução;
• Contexto Histórico Pré-Industrialização;
• A Arquitetura Neoclássica;
• Considerações Finais.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Apresentar o movimento neoclássico do século XVIII e o horizonte que
se abriu para a Arquitetura e o Urbanismo com a sociedade industrial.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE O Neoclássico e a Sociedade Industrial
Introdução
O classicismo em Arquitetura e Urbanismo se refere aos padrões e soluções es-
téticas desenvolvidas pelos antigos gregos e romanos, e que dominaram o cenário
construtivo por, pelo menos, cinco séculos.
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A própria ideia de nação começou a se consolidar nesse momento histórico.
Importante! Importante!
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matemático francês René Descartes (1596-1650), que deu as bases da Ciência Moderna.
Descartes é considerado um dos mais importantes e influentes intelectuais da história.
A Arquitetura Neoclássica
O neoclassicismo se pautou, principalmente, em um processo de ruptura com o
próprio classicismo. “Na arquitetura, este espírito científico leva a uma interrupção
na tradição clássica, uma revisão conceitual da arquitetura do barroco e uma busca
da natureza própria da arquitetura” (PEREIRA, 2010, p. 182). Essa busca pela
“essência” da natureza e a noção de que o classicismo – por ter suas raízes na
Antiguidade, portanto, na natureza, era “naturalmente correta” (SUMMERSON,
2006, p. 90) – levou os intelectuais a desenvolverem uma série de estudos e
levantamentos da arquitetura clássica grega e romana.
Além desse fato, é interessante levantar outro dado: segundo Pevsner (2002),
franceses e ingleses, até o século XVII, construíam ainda as suas obras no estilo
gótico, tradicionalmente associado às suas identidades. A maior parte dos arquitetos
dessas regiões desconhecia os feitos e avanços plásticos e projetuais dos italianos
ao longo do Renascimento. A linguagem clássica da arquitetura renascentista
apenas passou a ser absorvida pela sociedade em geral muito mais tarde, mais
precisamente dentro do contexto do iluminismo.
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A busca por um estilo construtivo que expressasse os ideais iluministas levou
à natural associação à arquitetura clássica, até por uma natural associação com a
grandeza do Império Romano, muito cultuado à época como modelo de sociedade
ideal (SUMMERSON, 2006; PEVSNER, 2002).
Por outro lado, muitos eram os entusiastas da Roma Antiga, afirmando a sua
supremacia arquitetônica. O mais exaltado era Giovanni Battista Piranesi (1720-
1778), famoso gravurista e arquiteto italiano. Sua obra Della magnificenza ed
architettura de’ romani – A magnificência da arquitetura romana –, publicada em
1761, era uma celebração da arquitetura italiana, trazendo desenhos requintados e
extremamente detalhados das ruínas romanas, assim como de obras renascentistas.
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Figura 2 – Gravura representando a Praça de São Pedro, obra barroca de Bernini, com a
Basílica de São Pedro ao fundo (aqui, Piranesi retrata a arquitetura renascentista e barroca italiana)
Fonte: Wikimedia Commons
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Os tratados de Vitrúvio e dos renascentistas foram analisados e estudados mi-
nuciosamente, e seus preceitos foram aplicados diligentemente em novas constru-
ções – porém, sempre atualizados em função dos inéditos programas e materiais
construtivos. “Muitos arquitetos ainda estavam convencidos [...] de que as regras
estabelecidas nos livros de Palladio garantiam o modelo ‘certo’ para construções
elegantes” (GOMBRICH, 2008, p. 476).
Mais tarde, a obra do abade Laugier, Essai sur l’architecture – Ensaio sobre a
arquitetura –, publicada em 1753, procurou estabelecer uma natural progressão
da “cabana primitiva” até as formas da arquitetura clássica – ou seja, o tradicional
sistema de colunas que apoiam uma cobertura. Para esse autor, as ordens gregas
eram uma evolução do uso de troncos de madeira para a construção das colunas e as
vigas da cabana primitiva. Essa teoria revolucionária mudou a base do pensamento
arquitetônico ao longo dos séculos XVIII e XIX.
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Assim como a Villa Capra de Palladio buscava uma fluidez entre os espaços in-
terno e externo, fundindo a casa na paisagem, as versões inglesas costumavam ser
rodeadas pelo jardim tipicamente britânico. Embora possa parecer uma contradi-
ção a princípios – casas formais palladianas em meio a um informal jardim inglês –,
isso fazia parte de princípio marcadamente antifrancês (PEVSNER, 2002, p. 355).
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Figura 5 – Os jardins da Chiswick House, com uma lagoa artificial em frente a uma pequena
réplica de uma rotunda, ou templo circular romano (desenhado por William Kent)
Fonte: artfund.org
Nota-se que as variantes inglesas das construções de Palladio são mais pesadas
e dispõem de formas e composição mais livres que as do arquiteto italiano.
Figura 6 – Houghton Hall (1722-1726), casa de campo em Norfolk, Inglaterra. Arquiteto, Colin Campbell
Fonte: Wikimedia Commons
Inspirados pela teoria do abade Laugier, de que os templos gregos eram uma
evolução natural da cabana primitiva, o padrão grego foi interpretado como uma
arquitetura, ao mesmo tempo, natural e racional, o modelo de perfeição a ser
seguido e aplicado em qualquer tipo de construção.
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Figura 9 – Royal High School (1825-1829),
Edimburgo, Escócia. Arquiteto, Thomas Hamilton
Fonte: Wikimedia Commons
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O acesso à entrada se dá por uma imponente escada. Para cada um dos lados
ficam as galerias, iluminadas por cima. No centro, porém, surge uma rotunda de
dois pavimentos, com colunas e uma cúpula sem decoração, considerada um dos
espaços mais belos do mundo.
Essa regularidade matemática das formas neoclássicas também pode ser vista
nas edificações dos arquitetos franceses.
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Por um lado, a arquitetura clássica é considerada ideologicamente adequada
à nova sociedade que surgia: ora representada pelos ideais dos novos Estados
democráticos, como os Estados Unidos da América; ora ideal para associar o
Império Napoleônico às glórias do antigo Império Romano.
A escolha por essa linguagem específica foi feita por Thomas Jefferson (1743-
1826), um dos fundadores da nação estadunidense e também o terceiro presidente
desse país.
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Com planta em cruz grega, coroada por um imenso domo assentado sobre um
tambor formado por colunas, a construção foi um projeto revolucionário para a
França da época. Os quatro braços também são coroados por domos mais baixos,
à maneira das igrejas bizantinas. Apoiada quase que inteiramente sobre colunas
elegantes, Soufllot criou um espaço interno amplamente iluminado e translúcido.
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Soufflot, inclusive, almejava recriar a luminosidade, o ambiente espaçoso e as
proporções de uma igreja gótica, contudo, utilizando a linguagem clássica para tal
(FRAMPTON, 2004, p. 14).
Um dos arquitetos mais criativos desse cenário foi Etienne-Louis Boullée (1728-
1799), quem construiu pouco, mas foi autor de uma série de projetos de monu-
mentalidade tamanha que jamais poderiam ser executados pela técnica da época e,
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talvez, mesmo a de hoje. Suas formas geométricas puras, sem adornos, combina-
das a uma monumentalidade extrema provocam, ao mesmo tempo, vempolgação
e ansiedade.
Segundo Frampton (2004, p. 14), mais do que qualquer outro arquiteto ilumi-
nista, Boullée era obcecado pela luz como metáfora para o divino, e explorava os
recursos de luz em seus projetos.
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os princípios humanistas e encontrar as formas ideais para o homem racional.
Membro da Academia Real da Arquitetura, muitos dos projetos possíveis de serem
edificados foram executados por alunos de Boullée.
Porém, foi na utopia urbana de Arc-et-Senans que residiu a sua contribuição mais
interessante. Trata-se de uma vila industrial projetada em torno das Salinas Reais,
que havia construído em parte entre 1773 e 1779. Inicialmente semicircular – e
posteriormente oval, em seus projetos –, a cidade se orientava em torno do edifício
da fábrica, construído na ordem dórica mais pesada possível. Na concepção de
Ledoux, cada construção deveria refletir em suas formas e matéria o seu caráter,
de modo a expressar as suas funções por meio das próprias formas.
[...] os arquitetos iluministas franceses, como Etienne-Louis Boullée
ou Claude-Nicolas Ledoux, defendem e propõem diversas propostas
de cidades ideais e formas ideais. As formas puras e os volumes puros
(o cubo, a esfera, o cone ou o cilindro) vêm a ser bases e essência da
Arquitetura (PEREIRA, 2010, p. 183).
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Figura 20 – Projeto para a cidade ideal de Chaux (1804), parte deste projeto foi construído
entre 1773 e 1979. Arc-et-Senans, França. Arquiteto, Claude-Nicolas Ledoux
Fonte: Wikimedia Commons
Nesse período não era rara a transferência de usos dos mais diferentes de
uma mesma construção, chegando mesmo a casos curiosos, como a Igreja de
La Madeleine (1804-1809), construída por Pierre Vignon, o inspetor geral das
construções da República, designado por Napoleão.
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Figura 21 – Igreja de La Madeleine (1804-1809). Paris. Arquiteto, Pierre Vignon
Fonte: Wikimedia Commons
Sua pretensão era elaborar uma versão arquitetônica para o Código Napoleônico,
pela qual estruturas apropriadas e econômicas poderiam ser criadas por meio da
permutação modular.
Por sua vez, os elementos, tais como escadas, coberturas e aberturas, eram
classificados e apenas tinham sentido depois que inseridos em uma composição
coerente. Dessa forma, Durand fez da composição projetual do arquiteto uma
teoria combinatória que associa, entre si, os elementos arquitetônicos em formas
geométricas simples – o círculo e o quadrado, a esfera e o cubo.
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Considerações Finais
Procuramos, nesta Unidade, apresentar as características do neoclassicismo e
sua evolução com a sociedade industrializada que se caracterizava no século XIX.
Não foi apenas a Arquitetura Antiga a ser revista, mas também as contribuições
de arquitetos renascentistas que passaram a ser referências para arquitetos ingleses,
franceses e até mesmo estadunidenses.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
Possibilidades de pesquisa em História
https://goo.gl/FyKX6G
Vídeos
Ecce Homo - A cidade
https://youtu.be/iVrZtaQp0r4
Artes – história da arte – neoclassicismo, romantismo e realismo
https://youtu.be/UqEs3TOMBWE
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Referências
ARGAN, G. C. História da Arte como história da cidade. São Paulo: Martins
Fontes, 1998.
ZEVI, B. Saber ver a Arquitetura. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2009. (Col.
Mundo da Arte).
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