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Material Teórico
O Desenvolvimento da Antropologia e das Ciências Sociais
no Ocidente
Revisão Textual:
Prof. Ms. Claudio Brites
O Desenvolvimento da Antropologia e
das Ciências Sociais no Ocidente
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· O objetivo desta unidade é apresentar os elementos-chave que
nos permitem entender o desenvolvimento da Antropologia e das
Ciências Sociais no Ocidente, tendo como foco a Antropologia. Para
tanto, faremos um resgate do contexto sócio histórico e também
das principais preocupações que fundamentaram as pesquisas
antropológicas. Assim, a ideia é introduzir você educando ao universo
de estudo científico dos grupos humanos e suas peculiaridades.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE O Desenvolvimento da Antropologia e das Ciências
Sociais no ocidente
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Estudo das relações interindivíduos conformando grupos sociais e instituições, bem como as
relações entre grupos e instituições entre si. Estudo da divisão da sociedade em segmentos: da
mobilidade social, dos processos de cooperação, competição e conflito, etc. É uma ciência que
pertence ao grupo das ciências sociais e humanas. Surgida no século XVIII como disciplina de
estudo sobre as consequências de dois grandes eventos, a revolução Industrial e a Revolução
Sociologia Francesa, tem por objeto de estudo a análise de fenômenos de interação dos indivíduos, as
formas internas de estrutura (as camadas sociais, a mobilidade social, os valores, as normas,
leis), conflitos e as formas de cooperação geradas através das relações sociais. O termo sociologia
só foi utilizado primeiramente com o filósofo francês Auguste Comte no seu Curso de Filosofia
Positiva, em 1838.
Economia é uma palavra que tem origem no grego oikonomos, onde oikos = casa e monos =
lei, regra, costume. Etimologicamente a palavra é associada à administração do lar ou da casa.
Atualmente, é uma ciência que estuda as relações interindivíduais, conformando grupos sociais
Economia e instituições, bem como as relações entre grupos e instituições entre si, divindo, para tanto, a
sociedade em segmentos, como:
mobilidade social, processos de cooperação, competição e conflito, além de muitos outros.
Estudo do Homem e suas obras, sendo assim, suas manifestações materiais e imateriais de
cultura. Estudo dos tipos de organização familiar, religiões, matrimônio e o que quer que se
refira a práticas culturais. É um termo de origem grega, formado por antropos (homem, ser
Antropologia humano) e logos (conhecimento). É uma ciência que se dedica ao estudo aprofundado do ser
humano. Somente no século XVII é que ela se desenvolveu como Ciência Social, graças ao
movimento iluminista.
O termo tem origem no grego politiká, uma derivação da polis que designa aquilo que é público.
Política E é justamente a coisa pública que permite essa ligação e interação do homem, estudo dessa
relação.
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UNIDADE O Desenvolvimento da Antropologia e das Ciências
Sociais no ocidente
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O antropólogo se lança à pesquisa de campo no intuito de estudar o indivíduo e
seus diferentes grupos e organizações sociais, estando aí as principais colaborações
de antropólogos no estudo do Homem através do tempo. Aliás, nunca nenhuma
outra ciência teve um objetivo tão abrangente: compreender a humanidade como
um todo. Ou seja, toda a história do Homem, sua cultura, estrutura social e obras
são de interesse do antropólogo.
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UNIDADE O Desenvolvimento da Antropologia e das Ciências
Sociais no ocidente
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O Homem como Objeto de Estudo
na Antropologia
O Homem é não só um ser vivo mas também um ser social; isto é, existe
não tão somente no ambiente físico, mas fundamentalmente no ambiente social,
cercado por outros indivíduos que, assim como ele, detêm não apenas necessidades
biológicas, mas necessidades sociais.
Relações Sociais:
- Econômicas
Ser vivo - Políticas
- Religiosas
- Educacionais
Sociedade - Familiares
Homem
Ser Social
Figura 3
Fonte: Adaptado de Istock/Getty Images
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UNIDADE O Desenvolvimento da Antropologia e das Ciências
Sociais no ocidente
Ciências Afins
Como vimos, o objeto de estudo da Antropologia assume a dimensão do Sujeito
em sua vida coletiva. Essa, por sua vez, subdivide-se em várias dimensões, isso
porque a vida social cotidiana é tanto política quanto econômica, religiosa, familiar
e educacional.
Atividade Atividade
Política Econômica
Família Educação
Atividade
Religiosa
Figura 4
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· Demais Ciências que contribuem à Antropologia:
Geologia, Zoologia, Botânica, Química, Física, Economia Política,
Geografia Humana e Direito.
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UNIDADE O Desenvolvimento da Antropologia e das Ciências
Sociais no ocidente
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· Sistemática: observada sistematicamente em determinado espaço de
tempo. Divide-se em:
· Direta – pessoalmente no local de investigação;
· Indireta – por meio de outras pessoas.
· Participante: o antropólogo deve permanecer no local de investigação o
tempo necessário para a compreensão total da cultura sob estudo. Deve
utilizar um diário de campo e valer-se de todos os meios de registro das
informações coletadas (fotografias, vídeos, etc.);
O conceito de evolução, que já foi tomado como verdade absoluta até extremos
inimagináveis, também se insere nessa categoria. É largamente aplicado à
Antropologia e é produto do impacto da publicação das teses de Charles Darwin, em
especial, a da perpetuação dos mais aptos – amplamente difundida no séc. XIX e que
teve imensa influência nas ciências sociais durante todo o séc. XIX e início do XX.
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UNIDADE O Desenvolvimento da Antropologia e das Ciências
Sociais no ocidente
PITECANTROPOS ERECTO
(homem-macaco em pé) 6 milhões de anos
NEANDERTAL
CRO-MAGNON
HOMO SAPIENS SAPIENS
40 mil anos
Essas datações foram obtidas por meio de restos esqueletais localizados em sítios
arqueológicos e submetidos às técnicas de datação de fósseis por C14 (carbono
quatorze), cujo grau de confiabilidade oscila entre 5700 anos, e o processo de
datação com Argônio-Potássio, com precisão de até milhões de anos.
Ocorre que, desde o século XIX, quando a Antropologia foi sistematizada como
ciência; até hoje, diferentes nortes teóricos deram a essa ciência formas distintas
de ver o Homem e de fazer a própria Antropologia.
O séc. XIX, com a difusão da teoria darwinista de perpetuação dos mais aptos
na evolução das espécies, emprestou da Biologia à Antropologia, do darwinismo
biológico para o darwinismo social, a falsa convicção de que o Homem estaria
dividido em raças, o que permitiria dizer que, qualificando-as, seria possível dizer
de raças superiores e inferiores e, pior, dotar a medicina de meios seletivos para ou
aniquilar aqueles entendidos como inferiores ou inviabilizar sua reprodução.
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A Antropologia rácica está no contexto também do chamado darwinismo
social, que emprestou para regimes de terror como o nazismo, na primeira metade
do séc. XX, argumentos pseudocientíficos para os assassinatos em massa que
empreenderam de 1933 a 1945.
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UNIDADE O Desenvolvimento da Antropologia e das Ciências
Sociais no ocidente
Relativismo Cultural
A relatividade cultural ensina que o Ser Humano e sua cultura devem ser
estudados sob o aspecto de sua própria cultura; ou seja, que os padrões de bem e
de mal, moral e imoral, belo e feio, certo e errado, justo e injusto não devem ser
estudados sob o ponto de vista da cultura do antropólogo ou de qualquer outra
cultura dominante, mas sim do prisma daquela cultura que está sendo estudada.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Vídeo: História: História e Antropologia – Lilia Schwarcz
Trata-se de uma entrevista com a professora do Departamento de Antropologia da
USP Lilia Schwarcz, em que a autora expõe algumas ideias interessantes sobre as
fronteiras entre História e a Antropologia, apresentando ainda considerações sobre
Antropologia no Brasil:
https://youtu.be/r1HVy9XHxw0
Leitura
Resgate histórico das ideias que fomentaram os estudos de comunidade no País
OLIVEIRA, Nemuel da Silva; MAIO, Marcos Chor. Estudos de Comunidade e ciências
sociais no Brasil. Soc. estado., Brasília , v. 26, n. 3, p. 521-550, dez. 2011.
https://goo.gl/71c3XJ
Ótima resenha sobre o livro Antropologia Cultural, de autoria de Franz Boas
REIS, Nicole Isabel dos. Antropologia cultural. Horiz. antropol., Porto Alegre , v. 10,
n. 22, p. 355-357, dez. 2004.
https://goo.gl/ZYpg8f
O artigo trata de como as ideias rácicas ganharam repercussão no contexto da educação no Brasil
BOLSANELLO, Maria Augusta. Darwinismo social, eugenia e racismo “científico”:
sua repercussão na sociedade e na educação brasileira. Educ. rev., Curitiba, n. 12, p.
153-165, dez. 1996.
https://goo.gl/xrKLsN
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UNIDADE O Desenvolvimento da Antropologia e das Ciências
Sociais no ocidente
Referências
BOAS, Franz. Antropologia cultural. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004.
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Antropologia
Material Teórico
Questões de Antropologia Clássica
Revisão Técnica:
Prof. Ms. Edson Alencar Silva
Revisão Textual:
Prof. Ms. Claudio Brites
Questões de Antropologia Clássica
• Introdução
• Retomando Conceitos
• Os primórdios da Antropologia Clássica
• Raça e Cultura ao Longo da História
• Os Precursores da Antropologia Moderna
• A Estruturação de uma Antropologia Moderna
OBJETIVO DE APRENDIZADO
··Tratar do tema “Questões de Antropologia Clássica”. Do desenvolvi-
mento de uma área de estudos debruçada sobre as dimensões física
e cultural da existência humana; seus primeiros preceitos teóricos
matizados sob as perspectivas evolucionistas de Charles Darwin, até
o rompimento com essas explicações de cunho rácico e etapista por
meio do relativismo, da pesquisa participante e do estruturalismo,
estudaremos as mais significativas transformações nos paradigmas
dessa nascente área de conhecimento científico.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
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Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE Questões de Antropologia Clássica
Introdução
É comum, ainda hoje, nos mais variados âmbitos de nossa vida social, nos
depararmos com situações em que um indivíduo se julgue portador de uma cultura
superior à de outro. Pode ser o caso de europeus em relação a latino-americanos,
de brasileiros em relação a outros povos da América Latina, de paulistas, cariocas
ou sulistas, em relação a migrantes de outros estados.
Até mesmo a História está suscetível a essa lógica, quando ouvimos, por
exemplo, que “O passado dos povos europeus é que é glorioso! Já o nosso, está
repleto de índios atrasados!”.
Sendo assim, sistemas culturais são distintos uns dos outros, mas não deve-
mos hierarquizá-los.
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Retomando Conceitos
Como vimos na primeira unidade, a Antropologia possui um objeto extrema-
mente complexo e denso, e que pode ser estudado desde os mais distintos pontos
de vista: o Ser Humano e suas obras; sendo assim, como ciência, pode-se dizer que
seus limites sejam pouco definidos.
Ocorre que dizer que a Antropologia é a “ciência do homem” não basta. Se assim
fosse, confundiríamos facilmente a Antropologia com a Medicina, a Psicologia, a
Biologia, a Sociologia, a Economia e tantas outras áreas de conhecimento que
focam o Homem a partir de um determinado âmbito de sua existência, individual
ou coletiva. Portanto, dizer que se trata da ciência cujo objeto é o indivíduo não
ajuda a definir esse campo de estudos.
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UNIDADE Questões de Antropologia Clássica
Figura 2
Fonte: iStock/Getty Images
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É importante salientar que, se não houve acordo quanto ao emprego do termo
antropólogo, tampouco houve em relação ao termo Antropologia. Apesar de nossa
conceituação ser bem clara, as distinções entre Antropologia Física e Antropologia
Social e Cultural, filiados a uma interpretação vigente nos Estados Unidos e na
Inglaterra, não ocorrem na escola francesa, que utiliza o termo Antropologia para
se referir ao que conhecemos como Antropologia Física, enquanto não utiliza o
termo Antropologia Social e Cultural, substituindo-o por etnologia – ao contrário
do que fazem os autores anglo-saxões.
Figura 3
Fonte: iStock/Getty Images
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UNIDADE Questões de Antropologia Clássica
Não estamos tratando, contudo, de condutas racistas; uma vez que a civilização
romana se constituiu de um mosaico de povos distintos, aprofundando-se as
dinâmicas de miscigenação já assistidas por séculos. Trata-se, em essência, de
uma distinção cultural, que permitia, por exemplo, submeter e dominar o outro,
entendido como bárbaro, em nome de uma cultura superior, signo de civilização.
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Figura 5 – A Primeira Missa no Brasil, por Victor Meireles (1861)
Fonte: Wikimedia/Commons
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UNIDADE Questões de Antropologia Clássica
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Os Precursores da Antropologia Moderna
Com o movimento chamado “Humanismo”,
no contexto do Renascimento, esse caráter
civilizador europeu passou a ser alvo de críticas
na própria Europa. Autores como Thomas
More, La Boètie, Montaigne e Erasmo de
Rotterdam, entre outros, fizeram pesados
ataques à moral europeia e suas convicções de
superioridade em relação aos povos dominados
pelo Homem branco.
Sua crítica expressa nas duas gerações do
humanismo do Renascimento, dos séculos
XVI e XVII, serviu de fundamento para o
desenvolvimento posterior do movimento Figura 8 – Michel de Montaigne
iluminista, que caracterizou o chamado Século Fonte: Wikimedia/Commons
das Luzes: o séc. XVIII.
Pensadores europeus, primordialmente franceses, subverteram a interpretação
valorativa dada aos “selvagens” como povos não-portadores de cultura, exaltando
o exótico, que seguia incompreendido, uma vez que foi criado para eles o mito do
“bom selvagem”.
A questão é que, do séc. XVI ao XVIII, a crítica à cultura europeia se deu por
meio de sua relativização com as culturas dominadas –ainda que as exaltando –,
marcou-se um relevante esforço primeiro para o reconhecimento de que se tratava
de povos portadores de cultura, seguindo para o fato de que não se tratava de
culturas inferiores.
Ainda assim, tratava-se de uma visão “de fora” e que acabava, na prática,
reafirmando a cultura europeia, uma vez que sua pretensão não era compreender
o outro, senão reformar a civilização ocidental.
O darwinismo
Vimos na unidade anterior que, na segunda metade do
século XIX, as teses de Charles Darwin sobre a evolução das
espécies influenciaram enormemente as ciências biológicas.
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UNIDADE Questões de Antropologia Clássica
Era possível, então, ordenar logicamente as etapas que constituíam a linearidade evo-
lutiva humana, bem como criar tipologias para os artefatos arqueológicos escavados.
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Esse tipo de convicção, profundamente ideológica e preconceituosa, só mudaria
com o advento do trabalho antropológico de campo, instituído como prática no
final do século XIX.
Esse novo antropólogo não deveria restringir-se ao gabinete, isso porque não
deveria trabalhar com materiais e dados coletados ou descritos por amadores,
sob pena de comprometer gravemente a própria pesquisa. O antropólogo seria
convertido no pesquisador que se deslocaria fisicamente até a sociedade a ser
investigada. Trata-se das pesquisas de campo, nas quais o próprio antropólogo
observa e coleta os dados que deverá analisar.
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UNIDADE Questões de Antropologia Clássica
Não que estudos comparativos não pudessem ser feitos entre distintas culturas,
ou mesmo que não se pudesse identificar uma origem comum para ambas; na
verdade, o que Boas propunha era um processo indutivo que identificasse as
relações que possibilitariam a comparação, para o então estabelecimento das
conexões históricas pertinentes.
Para Boas, o mesmo fenômeno tem sentidos variados em cada cultura – sendo
assim, o fato de ocorrências semelhantes serem identificadas em distintas culturas
não constitui prova de uma origem comum.
Consequentemente, não havendo uma única origem cultural, não se pode falar
em cultura, senão em culturas. Ou seja, cada cultura tem sua própria história, não
uma cultura humana universal e originária (como pressupunham os evolucionistas).
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Os Fundamentos Teóricos de Bronisław Malinowski
O antropólogo polaco Bronisław Kasper Malinowski,
criador da chamada escola funcionalista, é considerado
um dos fundadores da própria Antropologia Social.
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UNIDADE Questões de Antropologia Clássica
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Os pressupostos da nova corrente teórica foram publicados em duas de suas
principais obras: As Estruturas Elementares do Parentesco, de 1949, e Tristes
Trópicos, de 1955, que o notabilizam mundialmente.
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UNIDADE Questões de Antropologia Clássica
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
Site da Associação Brasileira de Antropologia
http://www.abant.org.br/
Site da Revista de Antropologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
da Universidade de São Paulo
https://goo.gl/IbqThi
Site da Revista Campos – Revista de Antropologia Social da Universidade Federal
do Paraná
https://goo.gl/nmBo6A
Filmes
10.000 a.C.
10.000 a.C.; dir.: Roland Emmerich, EUA, drama, colorido, 2008.
A Guerra do Fogo
A Guerra do Fogo; dir.: Jean-Jacques Annaud, EUA / França / Canadá, drama,
colorido, 1981.
2001: Odisseia no Espaço
2001: Odisseia no Espaço; dir.: Stanley Kubrick, EUA, ficção científica, colorido,
1968.
Leitura
Por uma semântica profunda: arte, cultura e história no pensamento de Franz Boas
ALMEIDA, K.M. P. Por uma semântica profunda: arte, cultura e história no pensamento
de Franz Boas. Mana, vol. 4, n. 2, Rio de Janeiro, out. 1998
https://goo.gl/qHexdk
Imigração, raça e cultura: o ensinamento de Franz Boas
PALTRINIERI, A. C. Imigração, raça e cultura: o ensinamento de Franz Boas. Revista
Outros Tempos, UFMA, São Luís, v. 6, n. 7, jul. 2009.
https://goo.gl/sRsMqK
Para além do “trabalho de campo”: reflexões supostamente malinowskianas
GIUMBELLI, E. Para além do “trabalho de campo”: reflexões supostamente
malinowskianas. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 17, n. 48,
fev. 2002.
https://goo.gl/eqPhPr
Claude Levi-Strauss e a experiência sensível da Antropologia
WERNECK, M. M. F. Claude Levi-Strauss e a experiência sensível da Antropologia.
Cronos, UFRN, Natal, v. 9, n. 2, dez. 2008
https://goo.gl/PXU0o0
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Referências
BENEDICT, Ruth. 1934. Padrões de cultura. Lisboa: Livros do Brasil, s.d.
ELIOT, T.S. Notas para a definição de Cultura. Lisboa: Século XXI, 1996.
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Antropologia
Material Teórico
Natureza e Dinâmica das Culturas
Revisão Textual:
Prof. Ms. Claudio Brites
Revisão Técnica:
Prof. Ms. Edson Alencar Silva
Natureza e Dinâmica das Culturas
• Introdução
• A cultura como Ação Transformadora do Meio e do Homem
• O Problema da Cultura
• O Conceito Antropológico de Cultura
• Etnocentrismo e suas Consequências: Apatia
• As Mudanças Culturais
• Endoculturação
• Contracultura e Subcultura
• Aculturação
• Sincretismo
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Nesta unidade, trataremos do tema “natureza e dinâmica das
culturas”. Para conhecer o conteúdo desta unidade, leia atentamente
o conteúdo teórico, qualquer dúvida entre em contato com seu
professor tutor.
Orientações de estudo
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material e local de
estudos sempre
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colegas e tutores Complementar.
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horário fixo aprendizagem.
para estudar.
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trabalhos.
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Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE Natureza e Dinâmica das Culturas
Introdução
Quando, em alguma situação do nosso cotidiano, dizemos que determinado
indivíduo “não tem cultura”, por não dominar um determinado conhecimento ou
não demonstrar aquilo que entendemos como “boas maneiras”, estamos fazendo
uma afirmação correta ou equivocada?
Ocorre que todo Ser Humano é portador de cultura, ainda que repertórios
culturais sejam completamente distintos uns dos outros.
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Pensemos no Ser Humano que atende às suas necessidades de sobrevivência no
meio-ambiente, mas sem interferir nele. A caça e a coleta, por exemplo, foram as
atividades econômicas da maior parte do tempo de vida humana sobre a Terra, e
nela o Homem apenas retirava do meio aquilo que necessitava, sem interferir nele
– ao menos gravemente.
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UNIDADE Natureza e Dinâmica das Culturas
Não dissemos, citando Spengler, que o Homem não existe solto no espaço,
que ele existe no meio geográfico? Sendo assim, sua identidade social se constrói
na interação do indivíduo com o seu entorno, com o meio físico, e como
esse entorno foi modificado pelo próprio Homem. Nesse sentido, o Homem
alterou a si mesmo; por conseguinte, alterou suas necessidades; e, sendo novas
necessidades, a mesma forma de trabalho não pode mais dar conta delas, são
necessárias novas ações transformadoras para atender a esse novo Homem e
suas novas necessidades. Por sua vez, o meio é mais uma vez alterado, criando
um novo Homem, portador de novas necessidades, novas formas de trabalho e,
essencialmente, novos sistemas culturais.
É por isso que não existem sociedades estacionadas, todas estão fadadas à
transformação.
Mas, isso dito, parece que estamos então contradizendo Malthus, citado no início
da análise do quadro em questão. Isso porque, tendo alterado o meio ambiente, o
Homem teria resolvido o descompasso entre suas necessidades e aquilo que o meio
ambiente poderia lhe oferecer, isso porque suas necessidades não mais seriam
maiores em relação ao que o meio poderia, transformado, fornecer. Sendo assim,
por que então as sociedades mudam, se o problema do descompasso teria deixado
de existir?
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Sendo assim, um novo meio (alterado pela ação humana), traria novos problemas
à existência humana, que demandariam sempre novos tipos de soluções, novas
ações transformadoras, e novos sistemas culturais, que vão se formando daí.
Por que sistemas culturais teriam então, segundo a visão marxista, uma
determinação decorrente das relações de produção?
Ora, para Marx, a infraestrutura econômica das sociedades, ou seja, sua base
econômica, determinaria a superestrutura política e ideológica, sendo a cultura a
somatória dessas relações, pois se inscreve no modus vivendi das sociedades.
Figura 5
Fonte: iStock/Getty Images
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UNIDADE Natureza e Dinâmica das Culturas
pode também ser definida como o conjunto desses símbolos, relativos no tempo e
espaço, com múltiplas manifestações.
O Problema da Cultura
O mais importante questionamento já feito pelo Homem em torno dos
fenômenos da cultura foi, indubitavelmente, aquele que se referia às diferenças
culturais. Isso porque, desde os primeiros contatos que grupamentos humanos
tiveram com outros grupos provenientes de outras regiões ou, ainda, dadas as
distintas visões de mundo que as gerações mais velhas manifestavam frente às
gerações jovens, com maior ou menor intensidade, a existência humana pressupõe
o contato com o diverso.
Sendo assim, desde o período mais remoto da existência humana, o Homem foi
impelido pelo questionamento sobre as origens da diversidade não apenas biotípica
(cor da pele, dos olhos, tipo e cor dos cabelos, estatura, compleição física, etc.),
senão também de diferenças culturais (tipos de organização social, de habitação,
de utensílios e técnicas para a sobrevivência, forma de organização econômica,
religiosa, familiar, etc.).
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irreversível os objetos, objetivos, métodos e a natureza dessa nascente ciência.
Contudo, ainda que liberta das amarras explicativas do evolucionismo, a cultura não
carecia apenas de explicações sobre a questão das diferenças, mas primordialmente
sobre sua natureza, origens e dinâmicas de transformação.
Figura 6
Fonte: iStock/Getty Images
O que explicaria então as diferenças no próprio perfil desses grupos? Por que
alguns estariam mais inclinados às hostilidades? Por que outros estariam mais
inclinados para a paz?
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UNIDADE Natureza e Dinâmica das Culturas
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Sendo assim, em termos antropológicos, pode-se entender a cultura como o
sistema humano de hábitos ou costumes adquiridos por processos extrassomáticos,
difundidos na sociedade por símbolos ou convenções criadas nas dinâmicas de
adaptação do indivíduo ao meio ambiente.
Sendo assim, não é nem a genética e nem o meio geográfico que determinariam
o comportamento dos povos e suas diferenças, mas a cultura, por sua vez
distinguida por conta da diversidade de experiências de aprendizado verificáveis
em diferentes povos.
Figura 8
Fonte: iStock/Getty Images
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UNIDADE Natureza e Dinâmica das Culturas
Isso para dizer que o Homem é capaz, por ser produtor, portador e difusor de
cultura, de adaptar-se ao meio natural ou mesmo de adaptar o próprio meio natural
às suas necessidades; coisa que os leões não podem fazer, apesar da sua imensa
força física e destreza na caça.
A diferença consiste no poder que guarda a cultura, o que faz com que o Ser
Humano não limite a sua existência e suas possibilidades de sobrevivência única e
exclusivamente ao seu potencial biológico, mas também aos instrumentos que cria
para facilitar sua sobrevivência.
Figura 9
Fonte: iStock/Getty Images
Por exemplo, ainda que o Homem seja mais frágil do que um urso em relação
a regiões de clima frio, ele é capaz de desenvolver instrumentos e técnicas que lhe
permitam caçar o urso, extrair sua pele, secá-la e usá-la como vestimenta, para
escapar ao frio e viabilizar com isso sua existência.
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Etnocentrismo e suas Consequências: Apatia
Uma forma extremamente eficiente para entendermos questões de estranha-
mento cultural é imaginar que as pessoas veem o mundo a partir da sua cultura.
Sendo assim, não se trata do mesmo mundo, mas de como ele é lido e interpretado
de diferentes formas por diferentes pessoas, isso porque são portadoras de diferen-
tes sistemas culturais.
O etnocentrismo consiste no fenômeno de o indivíduo, ou um grupo de
indivíduos, considerar a sua forma de interpretar o mundo como a única possível ou
a melhor dentre as demais. Com isso, outros sistemas culturais passariam a ser alvo
de discriminação por serem considerados “tortos”, “distorcidos” ou “equivocados”.
O etnocentrismo é, portanto, valorativo, ou seja, a cultura diversa é sempre
objeto de juízos de valor, entendida como inferior, exótica ou absurda.
Contudo, o comportamento etnocêntrico, nocivo como é, verifica-se como
fenômeno cultural universal; isso porque toda cultura tende a posicionar-se como
central no mundo que interpreta, sendo todas as demais culturas periféricas.
O etnocentrismo, absorvido pela cultura que é dada como inferior, absurda
ou desviada, leva ao fenômeno oposto: o da apatia. Consiste na absorção dos
valores de uma cultura etnocêntrica por parte daquela valorada negativamente,
resultando na depreciação dos indivíduos pertencentes àquela cultura por seu
próprio sistema cultural.
As Mudanças Culturais
A existência humana não consiste apenas em uma existência biológica, trata-se,
primordialmente, de uma existência cultural. Isso porque tudo aquilo que o Homem
cria, ensina, aprende e volta a criar constitui-se como cultura. Ao aprender sobre
aquilo que seus antepassados criaram, o Homem recria a cultura, a natureza e a si
mesmo e, quando passa seu conhecimento às demais gerações, já se trata de uma
cultura recriada.
Figura 10
Fonte: iStock/Getty Images
17
17
UNIDADE Natureza e Dinâmica das Culturas
Com isso, já podemos dizer que as culturas são distintas não tão somente no
espaço, mas também no tempo, já que nunca permanecem inalteradas, pois, ainda
que lentamente, sempre se verificam transformações sendo operadas.
Endoculturação
Antes de tratarmos das categorias fundamentais da Antropologia para a definição
dos mecanismos de mudança cultural, é importante tratarmos daquela que se refere
à sua transmissão que, de alguma forma, também implica em transformação.
18
Tanto Felix Keesing como E. Adamson Hoebel (1906-1993), também
antropólogo norte-americano, e Frost Herskovits, referem-se à função da
endoculturação em constituir o suporte de transmissão dos códigos de conduta
sociais, por meio dos padrões de comportamento social que difundem, o que
tem um papel importantíssimo para a estabilidade do corpo social e do próprio
sistema cultural.
Sendo assim, a ideia de liberdade deve ser relativizada ao padrão cultural por
meio do qual o indivíduo age, uma vez que suas referências comportamentais,
inclusive para as condutas de obediência e desobediência, são resultado do meio
em que foi socializado.
Contracultura e Subcultura
Figura 11
Fonte: iStock/Getty Images
Ocorre que não podemos incorrer no erro de imaginar que, por haver uma
cultura dominante em sociedade, todos passem a incorporá-la plenamente. Como
dito, há comportamentos de desobediência. Por sua vez, esses comportamentos
desviantes da norma geram outros sistemas culturais, chamados de subculturas,
para o caso de sistemas à margem da cultura dominante, ou contraculturas, para o
caso de sistemas que se defrontam com a cultura dominante.
19
19
UNIDADE Natureza e Dinâmica das Culturas
Aculturação
Dentre os processos externos de transformação cultural, o mais significativo é
o da aculturação, decorrente do contato entre duas culturas distintas que, fundidas,
dão origem a uma terceira cultura. Refere-se também a relações assimétricas em
que uma cultura passa a exercer sobre outra um papel de dominação, culminando
na absorção da cultura dominada. Uma questão a se pensar é se, no processo, ainda
que assimétrico, a cultura dominante não assumiria traços da cultura dominada.
Em verdade, as correntes mais recentes da Antropologia e das Ciências Humanas
e Sociais (como no caso da corrente crítica pós-colonial), verificam que contatos
culturais, ainda que assimétricos e vetorizados por relações de força e poder, não
se restringem a meras relações de assédio e resistência, mas resultam em trocas,
negociações e mútuas transformações.
20
Sincretismo
O fenômeno do sincretismo se refere a uma fusão de doutrinas de diversas
origens, tanto religiosas como filosóficas.
21
21
UNIDADE Natureza e Dinâmica das Culturas
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
O que é cultura?
JOBIM, Sonia. Site Orixás, disponível no link:
https://goo.gl/zj6t8D
Livros
O que é cultura?
SANTOS, José Luis. Site Shvoong, disponível no link:
https://goo.gl/CyMy2B
Filmes
Dersu Uzala
Dersu Uzala; dir.: Akira Kurosawa, Japão / URSS, drama, colorido, 1975.
A Missão
A Missão; dir.: Roland Joffé, Inglaterra, drama, colorido, 1986.
Koyaanisqatsi
Koyaanisqatsi; dir.: Godfrey Reggio; EUA, documentário, 1983.
Baraka: Um Mundo Além das Palavras
Baraka: Um Mundo Além das Palavras; dir.: Ron Fricke; 24 países, documentário,
1992.
Crianças invisíveis
Crianças invisíveis; dir.: Mehdi Charef, Kátia Lund, John Woo, Emir Kusturica, Spike
Lee, Jordan Scott, Ridley Scott e Stefano Veneruso; Itália, documentário, 2005.
22
Referências
BENEDICT, Ruth. Padrões de cultura. Lisboa: Livros do Brasil, s.d.
PEREIRA, José Carlos. Sincretismo religioso & ritos sacrificiais: influências das
religiões afro no catolicismo popular brasileiro. São Paulo: Zouk, 2004.
23
23
Antropologia
Material Teórico
As Teorias Antropológicas da Cultura
Revisão Técnica:
Prof. Ms. Edson Alencar Silva
Revisão Textual:
Prof. Ms. Claudio Brites
As Teorias Antropológicas da Cultura
• As Teorias da Cultura
• Sistemas Adaptativos e Teorias Idealistas
• Difusionismo
• Funcionalismo
• Os Problemas do Relativismo
• Estruturalismo
• Antropologia Interpretativa
• Antropologia Crítica ou Pós-Moderna
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Nesta unidade, nos debruçaremos sobre as principais teorias que
permitem compreender a dimensão cultural da vida humana;
· Compreender como se formam e se transformam distintas cultura;
· Compreender as práticas culturais que nos cercam em nosso cotidiano;
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE As Teorias Antropológicas da Cultura
As Teorias da Cultura
As teorias antropológicas servem de ferramentas para a aplicação do estudo em
Antropologia, ciência social cujo objetivo é o estudo do Homem e de suas obras.
Nesse contexto, as teorias antropológicas servem diretamente à compreensão das
diversas formas de manifestação cultural em distintas organizações sociais humanas.
1. Novo mundo é um dos nomes dados ao hemisfério ocidental, mais especificamente ao continente americano. O
termo tem suas origens no final do século XV, em razão da descoberta da América por Cristóvão Colombo.
8
Igual importância teve o “Difusio-
nismo”, que buscava a explicação do
desenvolvimento cultural a partir do
processo de difusão de elementos cul-
turais de um sistema para outro. Essa
corrente teórica se dividiu em duas: a
corrente britânica e a alemã. Na britâ-
nica, acreditava-se que haveria apenas
um centro cultural, que seria o Egito. Já
a corrente alemã propunha que existi-
riam mais círculos difusores de cultura.
9
9
UNIDADE As Teorias Antropológicas da Cultura
Evolucionismo Cultural
Com o incremento das navegações no séc. XVIII, resultado do avanço do
comércio ultramarino, o transporte de produtos agrícolas e riquezas minerais entre
territórios coloniais na América, África e Ásia e a Europa, a civilização europeia
pode ter maior contato com povos que até então desconhecia, conhecendo assim
práticas religiosas, hábitos cotidianos e comportamentos sociais completamente
diversos dos seus.
10
Figura 3 – Exploradores europeus
Fonte: iStock/Getty Images
11
11
UNIDADE As Teorias Antropológicas da Cultura
12
Utilizando esses critérios, o cruzamento inter-racial, a miscigenação, levaria à
degeneração das espécies, enquanto sua perpetuação seria garantida pela valoriza-
ção das raças2 “puras”, ou seja, intocadas pela miscigenação.
2. Vale ressaltar que na atualidade a palavra raça caiu em desuso na comunidade científica quando correspondente aos
diferentes grupos humanos. A ideia de etnia é um conceito diferente da noção social de raça, usada até a metade do
século XX, e abrange mais aspectos culturais.
13
13
UNIDADE As Teorias Antropológicas da Cultura
Difusionismo
O difusionismo se desenvolveu, na An-
tropologia, como uma violenta resposta aos
pressupostos teóricos do evolucionismo.
14
O conceito de áreas culturais, uni-
dades geográficas identificadas como
polos difusores de elementos culturais,
é produto da influência que a escola
britânica exerceu sobre o pensamento
antropológico nos Estados Unidos.
15
15
UNIDADE As Teorias Antropológicas da Cultura
Não que estudos comparativos não pudessem ser feitos entre distintas cultu-
ras, ou mesmo que não se pudesse identificar uma origem comum para ambas.
O que Boas propunha era um processo indutivo que identificasse as relações
que possibilitariam a comparação, para o então estabelecimento das conexões
históricas pertinentes.
Para Boas, o mesmo fenômeno tem sentidos variados em cada cultura. Sendo
assim, o fato de ocorrências semelhantes serem identificadas em distintas culturas
não constitui prova de uma origem comum.
Consequentemente, não havendo uma única origem cultural, não se pode falar
em cultura, senão em culturas. Ou seja, cada cultura teria sua própria história; não
uma cultura humana universal e originária, como pressupunham os evolucionistas
e até mesmo parte dos difusionistas.
16
Figura 9 – Múmia do período Inca
Fonte: iStock/Getty Images
Funcionalismo
Uma das mudanças mais significativas para a determinação do fracasso
explicativo do evolucionismo foi o abandono dos relatos de cronistas viajantes e
congêneres como base informativa para estudos antropológicos e a adoção de
métodos de pesquisa de campo.
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17
UNIDADE As Teorias Antropológicas da Cultura
18
Para empreender esses estudos, o antropólogo necessitaria de um rigoroso
procedimento metodológico. Dada a complexidade dos objetos da antropologia,
a importação pura e simples dos métodos das ciências da natureza e das ciências
formais não resolveria, seria necessário criar novos métodos para as nascentes
Ciências Humanas.
19
19
UNIDADE As Teorias Antropológicas da Cultura
Os Problemas do Relativismo
Comparativamente ao evolucionismo, o funcionalismo permitiu a adoção de
uma postura diversa daquela de superioridade entre o estudioso e a cultura estudada.
O desdobramento dessa postura consiste no relativismo, que por sua vez distancia
o investigador dos questionamentos valorativos sobre os nativos, que passam a ser
meros comunicadores de suas práticas culturais.
Normas e valores, para os relativistas, não devem ser objeto de nenhuma ordem
de questionamento e a postura do antropólogo em campo, portanto, é a de mero
coletor e analista de informações.
3. Casamento entre indivíduos pertencentes a grupos étnicos – raciais distintos. Ex.: quando um índio se casa com um
português, isso é um exemplo de casamento exogâmico. Essa alusão até melhora o entendimento de atos mais duros,
como o estupro, por exemplo. Identificando e não justificando.
20
Figura 11 – Representação de apedrejamento por adultério
Fonte: iranian.com
Ainda hoje essa postura consiste num problema: parte dos cientistas humanos
defendem se tratar, as práticas de violência acima descritas, como práticas culturais.
Sendo assim, qualquer tentativa de universalização de valores (incluindo a liberdade,
a igualdade, o direito à vida e à inviolabilidade do corpo) seria um atentado contra
a autonomia cultural. Outra parte significativa, defende que alguns valores devam
ser universalizados.
Ocorre que, da mesma forma, sociedades que historicamente foram compreen-
didas como civilizadas também são portadoras de culturas violentas e que atentam
contra direitos básicos. Vide o histórico de guerras religiosas, intolerância, torturas,
execuções em fogueiras e enforcamentos que atravessa a história do cristianismo
na Europa. Vide a violência com que negros são tratados pela polícia nos Estados
Unidos hoje, citando só alguns, para não nos demorarmos nas incontáveis pos-
sibilidades de exemplos que demonstram que culturas de ódio e intolerância são
também fenômenos universais.
Importante pergunta a ser feita é: reconhecido o direito à autonomia cultural e a
necessidade de se relativizar valores, não seria necessário universalizar a liberdade,
a igualdade, o direito à vida e à inviolabilidade do corpo?
21
21
UNIDADE As Teorias Antropológicas da Cultura
Estruturalismo
O antropólogo, professor e filósofo francês
Claude Levi-Strauss (1908-2009) foi o fundador
da chamada Antropologia Estrutural, corrente que
se conformou a partir de seus estudos sobre os
povos indígenas do Brasil. Durante o período em
que aqui permaneceu, integrou a missão francesa
que teve como objetivo estruturar as áreas de
Ciências Humanas da recém-criada Universidade
de São Paulo, no período que se estendeu
de 1935 a 1939. Durante esses quatro anos,
estudando aspectos sobre a língua, costumes e
lendas de povos indígenas, coletou os dados que
permitiram criar uma nova teoria antropológica,
elaborada e apresentada entre o final da década Figura 12 – Claude Levi-Strauss
de 1940 e início de 1950. Fonte: Wikimedia Commons
O impacto de sua teoria foi responsável por uma “revolução intelectual” e que
consistiu na aplicação do método estruturalista ao conjunto dos fatos humanos
de natureza simbólica. Isso possibilitou ao antropólogo estudar o “pensamento
selvagem”, e não o “pensamento do selvagem”. Não se trata de mero jogo de
palavras ou de uma mudança insignificante, senão na subversão completa do
enfoque das pesquisas antropológicas realizadas até ali. Ou seja, Lévi-Strauss deixou
de fazer a distinção do funcionamento mental entre os povos primitivos e os povos
europeus, para afirmar que o “pensamento selvagem” poderia ser encontrado em
cada um de nós.
22
Sem se preocupar com as diferenças, os estudos
de Lévi-Strauss colaboraram na relativização entre
povos e culturas, estreitando seus laços pela via da
aceitação do diverso exatamente porque, para ele, as
diferenças entre os povos não constituíam o objeto
central de interesse antropológico.
Antropologia Interpretativa
A chamada Antropologia Interpretativa é também conhecida por Antropologia
Hermenêutica. As suas origens são recentes e rementem aos estudos empreendidos
pelo antropólogo estadunidense Clifford Geertz (1926-2006). Uma das novidades
mais interessantes dessa vertente é a maneira como direciona o olhar para as
culturas estudadas, buscando percebê-las como textos. Textos esses que devem ser
lidos e interpretados.
23
23
UNIDADE As Teorias Antropológicas da Cultura
As bases teóricas de Geertz estão fincadas nas ideias de Max Weber (1864-
1920), sociólogo alemão, que acreditava que o ser humano está amarrado em teias
de significado. Em suas palavras o autor diz o seguinte:
24
Antropologia Crítica ou Pós-Moderna
Ainda em pleno desenvolvimento, a corrente antropológica denominada como
crítica ou pós-moderna surge nos anos 1980 como uma forma de contraposição
das ideias vigentes dentro da Antropologia, tanto em suas linhas mais gerais, quanto
nas questões de cunho metodológico. Essa corrente foi fortemente influenciada
pelo pensador francês Michel Foucault, justamente por criticar os polos de poder
verificados na Antropologia.
No debate proporcionado por essa vertente, surge uma crítica aguda ao discurso
científico antropológico. Emerge daí a ideia de que a realidade é uma interpretação
e que essa interpretação é subjetiva, ou seja, caberia ao próprio pesquisador dar a
sua interpretação da realidade estudada. Com isso se quer dizer que a Antropologia
seria uma interpretação de outras tantas interpretações. Outra ideia marcante
é a busca por estudar o discurso contido em estudos já realizados, isso trouxe
uma possibilidade de que se pudesse entender como a Antropologia formava os
seus quadros dentro dos ditos países (Europa, EUA), revelando com isso a teia de
discursos e posições defendidas.
25
25
UNIDADE As Teorias Antropológicas da Cultura
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
O nascimento da Antropologia Americana e o Difusionismo
O nascimento da Antropologia Americana e o Difusionismo: Franz Boas como
protagonista. Está disponível no site Nações do Mundo, disponível no link:
https://goo.gl/DZwF3e
Difusionismo e Evolucionismo
FONSECA, Dilaze Mirela; PACHECO, Marina Rute. Difusionismo e Evolucionismo.
Texto presente no site, disponível no link:
https://goo.gl/6sCRVy
História e Etnologia
SCHWARCZ, Lilia K. Moritz. História e Etnologia: Lévi-Strauss e os embates em
região de fronteira. Texto está no portal Scielo, disponível no link
https://goo.gl/ucxdG6
Filmes
Queimada
dir.: Gillo Pontecorvo, Itália / França, drama, colorido, 1969.
Dança com lobos
dir.: Hector Babenco, EUA, drama, colorido, 1991.
Brincando nos campos do senhor
dir.: Kevin Costner, EUA, drama, colorido, 1990.
O Último dos Moicanos
dir.: Michael Mann, EUA, drama, colorido, 1992.
1900: Homo Sapiens
dir.: Peter Cohen, Suécia, drama, colorido, 1999.
O povo brasileiro
dir.: Isa Grinspum Ferraz, Nrasil, documentário, colorido, 2000.
Filmes antropológicos
Filmes antropológicos na plataforma VIMEO desenvolvidos pela pesquisadora e
professora Rose Satiko Hikiji do departamento de Antropologia da USP:
https://goo.gl/ro6IZu
26
Referências
ARENDT, Hanna. La crise de la culture: Huit exercices de pensée politique,
tradução do inglês sob a direcção de Patrick Lévy. Paris: Gallimard, 1972
DURING, Simon (Ed.). The cultural studies reader. London: Routledge, 2007.
ELIOT, T.S. Notas para a definição de Cultura. Lisboa: Século XXI, 1996.
ELLIOT, Hugh. Herbert Spencer. London: Constable and Company, Ltd., 1917
FRANCIS, Mark. Herbert Spencer and the Invention of Modern Life. Newcastle:
Acumen Publishing, 2007.
HALL, Stuart; GAY, Paul du. Questions of cultural identity. London: s/ed., 1996
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UNIDADE As Teorias Antropológicas da Cultura
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Antropologia
Material Teórico
Família e Parentesco
Revisão Técnica:
Prof. Ms. Edson Alencar Silva
Revisão Textual:
Prof. Ms. Claudio Brites
Família e Parentesco
OBJETIVO DE APRENDIZADO
··Trataremos do tema “Família e Parentesco”.
··Trataremos dos valores universais e das dimensões fundamentais do
parentesco, discutindo o parentesco como elemento conceitualizador,
organizador e gestor das relações sociais, a partir da Antropologia da
Família e do Parentesco.
··Estudaremos a família e o matrimônio nas sociedades humanas,
desde as relações de consanguinidade e afinidade nas suas diver-
sas variantes.
··Debruçaremos sobre as principais teorias que permitem compreender
a dimensão cultural da família e do parentesco.
··Compreender como se formam e se transformam essas unidades
primordialmente culturais de convívio social, mas nos servirá também
de instrumento para a compreensão das práticas culturais que nos
cercam em nosso cotidiano.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE Família e Parentesco
8
Trata particularmente de como a Antropologia contribuiu para pensar o caráter
social (e não natural) da família e a não universalidade do nosso modelo de família
nuclear. Destaca ainda o significado do casamento e do tabu do incesto como
instituições sociais, sobretudo a partir da obra de Lévi-Strauss e sua contribuição
para o pensamento antropológico.
9
9
UNIDADE Família e Parentesco
Figura 6
Fonte: Wikimedia Commons
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Constitui-se também pelo número de cônjuges, podendo ser:
Tipos de Poligamia
poliginia um homem e mais de uma mulher
poliandria uma mulher e mais de um homem
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UNIDADE Família e Parentesco
Figura 8
Fonte: Wikimedia Commons
Quanto à dimensão, a família pode ser variável, determinada pelo tipo de auto-
ridade nela exercida e pela quantidade de núcleos. A questão é relativamente sim-
ples: temos, por exemplo, um núcleo podendo ser conformado por pai, mãe e seus
filhos; no momento em que um filho se casa, passa a formar outro núcleo, e assim
sucessivamente (os núcleos podem obedecer a outras configurações). A questão
da autoridade se refere a quem manda efetivamente no núcleo, decidindo sobre os
seus destinos. Nessa perspectiva, a unidade familiar se subdivide em:
12
O Problema do Etnocentrismo no Entendimento
de Distintas Formas de Família e de Matrimônio
Em qualquer circunstância, não podemos ser et-
nocêntricos, ou seja, julgar uma cultura alheia sob
o prisma da nossa. Devemos respeitar as diferenças
culturais de outros povos e de seus períodos his-
tóricos, bem como as instituições e maneiras que
criaram as sociedades para se organizarem, pois re-
sultaram de processos cujos valores éticos e morais
constitutivos divergem dos nossos.
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UNIDADE Família e Parentesco
14
são partilhadas no grupo familiar, negociadas em maior ou menos grau a adesão de
seus componentes (vide a desobediência ou reticência dos mais jovens; e eventual
intransigência e conservadorismo dos mais velhos, no mesmo grupo familiar).
Tratando-se do mundo da cultura, em oposição ao mundo da natureza, Lévi-
Strauss define a família como o mundo das regras. Sendo assim, códigos de
conduta provenientes do próprio núcleo familiar ou incorporados como valores
externamente (como da religião, da educação formal, do governo e da sociedade
em geral) definem o que é permitido e o que é proibido.
Figura 12
Fonte: Wikimedia Commons
15
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UNIDADE Família e Parentesco
16
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Filmes
Tudo o que Você Sempre quis Saber sobre Sexo
Dir.: Woody Allen, EUA, comédia, colorido, 1973.
Monty Python: O Sentido da Vida
Dir.: Terry Jones, Inglaterra, comédia, colorido, 1973.
Calígula
Dir.: Tinto Brass / Bob Guccione, EUA, drama, colorido, 1980.
O Cárcere e a Rua
Dir.: Liliana Sulzbach, Brasil, documentário, colorido, 2004.
Uma História Severina: O Cordel, A Música, Um Filme
Dir.: Debora Diniz e Eliane Brun, Brasil, documentário, colorido, 2005.
Que Casa é Essa?
S/Dir., Brasil, documentário, colorido, 2007.
Dias Contados: Mães Encarceradas no Estado de São Paulo
Dir.: Cláudia Garcia, Brasil, documentário, colorido, 2009.
Leitura
Contribuições da Antropologia para o Estudo da Família
SARTI, Cynthia Andersen. Contribuições da antropologia para o estudo da família.
Psicol. USP, São Paulo, v. 3, n. 1-2, p. 69-76, 1992.
https://goo.gl/HkXg8n
Apresentação de Família, Reprodução e Parentesco: Algumas Considerações
FONSECA, Claudia. Apresentação de família, reprodução e parentesco: algumas
considerações. Cad. Pagu, Campinas, n. 29, p. 9-35, Dec. 2007.
https://goo.gl/Ef6Z9Q
17
17
UNIDADE Família e Parentesco
Referências
ARROS, Myriam Lins de. (org.) Família e Gerações. Rio de Janeiro: FGV, 2006.
BARROSO, Carmen; CORREA, Sônia. What’s so new about the new reproductive
technologies? In: GINSBURG, Faye; RAPP, Rayna (orgs.). Conceiving the new
world order. Berkeley: University of California Press, 1995.
EDGAR, Don. Globalization and Western bias in family sociology. In: SCOTT,
Jackie; TREAS, Judith; RICHARDS, Martin (orgs.). The Blackwell Companion
to the Sociology of Families. Oxford: Blackwell, 2003.
18
Antrologia
Material Teórico
Religião, Religiosidade e Magia
Revisão Técnica:
Prof. Ms. Edson Alencar Silva
Revisão Textual:
Prof. Ms. Claudio Brites
Religião, Religiosidade e Magia
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Compreender o fenômeno religioso, que nos servirá também de
instrumento para compreensão das práticas que nos cercam em
nosso cotidiano.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
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as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE Religião, Religiosidade e Magia
8
Figura 1 – Alguns conflitos religiosos ocorridos na Alemanha, mas que foram solucionados
com a assinatura da Paz de Augsburgo, em 25 de setembro de 1555, que inaugurava um
período no qual o príncipe podia impor sua crença aos hábitos de seus domínios
Fonte: dhm.de
Ao não admitir a verdade do outro, ainda que distinta da sua, tão somente
do direito de existir e mobilizar crenças, leva a uma percepção negativa sobre
credos religiosos distintos daquele que enxerga na sua verdade, a única considerada
possível e merecedora do direito de existir. Logo, tudo que diverge dessa verdade
é inferior e deve, portanto, desaparecer, bem como seus portadores e difusores.
9
9
UNIDADE Religião, Religiosidade e Magia
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Figura 4 – As religiões cristãs protestantes surgem no século XVI em um racha da Igreja Católica
Fonte: iStock/Getty Images
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UNIDADE Religião, Religiosidade e Magia
Crença e Ritual
Basicamente, a religião é constituída por dois elementos: a crença (fé) e o ritual.
A crença (fé) consiste em um sentimento de respeito, submissão, confiança e até
mesmo medo em relação ao sobrenatural. É o desejo humano de aceitar qualquer
fenômeno, mesmo que não haja para ele comprovação científica.
É o caso, por exemplo, da “fé cega” a
explicações racionais quando de “pseu-
do-aparições” de entidades sobrenatu-
rais – a Virgem Maria em manchas de
janelas de algumas casas na cidade de
São Paulo, que mobilizou romarias até
as casas em busca de “salvação” e de mi-
lagres. A crença pode ser também obje-
to de interesses alheios, primordialmen-
te políticos e econômicos – serviria tanto
para promover candidaturas políticas
quanto para vender santinhos, camisetas
etc. Mas aqui nos referimos àqueles que
tiram proveito da “boa fé” das pessoas, Figura 6
ou de sua crença religiosa. Fonte: iStock/Getty Images
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Já o ritual trata-se da manifestação do sentimento por um ou mais indivíduos,
por meio da ação. O ritual religioso se refere, portanto, ao sentimento religioso (isso
porque nem todo ritual é, necessariamente religioso, basta que seja um conjunto de
ações cujo significado seja imaterial). Dessa maneira, podemos definir ritual como se
tratando de um sistema de práticas aceitas tradicionalmente, modos de ser e estar no
mundo, ou normas, que podem ser verificados em determinadas cerimônias.
Figura 8 – El Colacho, festa tradicional em que um homem, vestido de diabo, salta sobre bebês
Fonte: vice.com
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UNIDADE Religião, Religiosidade e Magia
Religiosidade e Magia
Tanto a religiosidade quanto a magia são duas maneiras propriamente humanas
de se conectar com o “sagrado”. Práticas mágicas correspondem ao poder de
acionar as divindades e fazê-las agir, interferindo no mundo humano.
Desde os mais remotos tempos, a humanidade desenvolveu distintas formas de
se relacionar com entidades sobrenaturais e que julgavam ter o poder de interferir
no mundo dos vivos, buscando a partir daí relações com o sagrado. Tanto a magia
quanto a religiosidade forneceram formas ao Homem para o estabelecimento desse
contato com o mundo sobrenatural, com o objetivo de resolver questões humanas
materiais ou espirituais.
A magia seria então uma espécie de estratégia ou tática das sociedades para
obterem a ajuda dos deuses em suas vidas. As práticas mágicas são necessariamente
ritualizadas e se perpetuam com o passar do tempo, se transformando de acordo
com distintos contextos sociais, mas mantendo antigos significados.
Contudo, magia e religião não são termos sinônimos. A magia é paralela à religião,
ela faz uso das tradições religiosas existentes em uma determinada sociedade,
com o objetivo de obter melhores resultados que a própria religião oficial. Seria
uma espécie de “atalho” para se chegar aos deuses, segundo a interpretação das
religiões oficiais, e muitas de suas práticas foram tidas pelas religiões dominantes
como proibidas, motivo pelo qual chegaram a ser, em muitas sociedades, banidas.
Há pesquisadores que apontam que a magia teria decaído nas sociedades
em que teria havido cisões entre ciência e religião. Feitiçaria, magia popular e
bruxaria, como práticas mágicas de interferência espiritual na realidade, teriam
sido substituídas por uma fé maior na ciência e na técnica, motivo pelo qual
sociedades que se modernizaram abandonaram práticas mágicas em seu cotidiano.
Contudo, mesmo que se leve em consideração essas ideias, é difícil retirar a magia
do horizonte religioso, dado que é através de ações mágicas que muitos rituais
religiosos ganham eficácia simbólica.
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Figura 11 – A feitiçaria consiste num conjunto de conhecimentos práticos e teóricos sobre magia,
ou seja, sobre a invocação de espíritos com a finalidade de criar certos efeitos no mundo terreno
Fonte: iStock/Getty Images
Intolerância e Religião
Já nessa etapa inicial de nossas reflexões, tendo dado conta das primeiras
conceituações teóricas sobre religião e religiosidade, podemos nos perguntar: por
que as religiões estão tão ligadas a fenômenos de intolerância?
Porque desvelam visões distintas de mundo e suas interpretações, ou melhor,
são operacionalizadas nesse sentido.
A religião, como instituição, não deve ser confundida com religiosidade. Isso
porque todos nós possuímos religiosidade, ainda que não tenhamos nenhuma
religião. É o caso daqueles que acreditam (têm fé) em um deus, ou em deuses, sem
praticar ou se identificar com alguma religião.
A religiosidade constitui nossa dimensão imaterial de existência, onde residem
nossas necessidades subjetivas como: amar, ser amado, perseguir uma ideia de
justiça, de verdade...
Figura 12
Fonte: iStock/Getty Images
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UNIDADE Religião, Religiosidade e Magia
Como aceitar o outro, se não aceitamos nem a nós mesmos, quando incorporamos
valores excessivamente materiais e privilegiamos apenas o “ter”, relegando nosso
verdadeiro “ser”?
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Filmes
O Nome da Rosa
Dir.: Jean Jacques Annaud, Alemanha / França / Itália, drama, colorido, 1983.
O Judeu
Dir.: Jom Tob Azulay, Brasil, drama, colorido, 1986.
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UNIDADE Religião, Religiosidade e Magia
Referências
CATÃO, Francisco. O Fenômeno Religioso. São Paulo, Editora Letras &
Letras, 1995.
BAROJA, Julio Caro. As bruxas e o seu mundo. Lisboa: Vega, Coleção Janus, 1978.
MAUSS, Marcel. Esboço de uma teoria geral da magia. In: ______. Sociologia e
Antropologia. São Paulo: Cosac & Naif, 2003.
TUPET, Anne Marie. La magie dans la poésie latine – Des origines à la fin du
règne d’Auguste. v. 1. Paris: Les Belles Lettres, 1976.
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