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PSICOLOGIA

HOSPITALAR
Aula 1
HISTÓRIA DA PSICOLOGIA HOSPITA
LAR
Nesta aula, entenderemos que a Psicologia Hospitalar foi criada bem recentemente: na década de 80. No
início, ela recebeu o respaldo teórico da Psicologia da Saúde e da Psicologia Clínica, com o
olhar voltado PARA O CONSULTÓRIO pois não havia materiais científicos que pudessem lhe dar suporte.
A partir do momento em que estudos foram publicados, e debates foram lançados,
foi possível falar numa evolução desta área, ressaltando a importância do psicólogo diante do indivíduo
hospitalizado e suas contribuições para a sua melhora.
Hoje, é possível encontrar uma gama de universidades que oferecem uma formação de
qualidade para aqueles que querem se dedicar a esta área.
O aumento das produções científicas tem contribuído para o aprofundamento da prática e para a
distribuição do conhecimento aos alunos que desenvolvem uma afinidade pela Psicologia
Hospitalar ao longo da sua graduação.
A Psicologia Hospitalar tem sua origem em 1818, quando a primeira equipe multiprofissiona
l que incluía o psicólogo foi formada no Hospital
McLean, em Massachusetts, EUA.
A atuação do psicólogo no hospital geral ocorreu após a Segunda Guerra Mundial .
No Brasil, a Psicologia Hospitalar tem seu início em 1954 com Matilde Neder, que desenvol
via um trabalho na Clínica Ortopédica e traumatológica e Instituto de reabilitação da USP
.
Hoje, a Psicologia Hospitalar é uma área de especialidade na Psicologia brasileira
A inserção do psicólogo no ambiente hospitalar
representa uma estratégia da Psicologia da Saúde,
que focaliza a atenção terciária e delimita um
espaço físico para o campo de práticas com
diversas possibilidades de atuação. Assim, a
Psicologia no hospital geral se refere à atuação do
psicólogo em uma instituição com pacientes que
estão vivenciando a situação de adoecimento e
hospitalização. A Política Nacional de Atenção
Hospitalar considera o hospital um local adequado
para as práticas de promoção da saúde, prevenção,
tratamento de doenças e reabilitação, aspectos
relacionados ao processo saúde-doença (Brasil,
2013).
Estados Unidos da América
Nos Estados Unidos da América (EUA), a atuação
do psicólogo no hospital geral ocorreu após o
término da Segunda Guerra Mundial (1939-1945),
quando foi identificada a necessidade da assistência
psicológica para os militares, que apresentavam
uma série de reações psíquicas no período de
hospitalização, como distúrbios da sensopercepção,
alterações no humor e agitação psicomotora (Pate &
Kohut, 2003). As atividades da Psicologia nos
ambientes de saúde iniciaram-se com o propósito de
identificar as repercussões psicológicas decorrentes
do processo de adoecimento e consequente
hospitalização, buscando estratégias para minimizar
as alterações psíquicas e compreender a
experiência da pessoa doente.
■ Os procedimentos invasivos relacionados aos exames
periódicos e às cirurgias, bem como os efeitos das
medicações ocasionavam o surgimento de episódios
depressivos nos pacientes hospitalizados. Dessa
maneira, esse período foi muito importante para o
acompanhamento psicológico hospitalar (Nogueira-
Martins & Frenk, 1980). Verificou-se que a situação
de adoecimento e hospitalização representava um
fenômeno complexo, o qual necessitava do
entendimento de vários profissionais. Isso possibilitou
a integração do psicólogo nas equipes
multiprofissionais de saúde. Em 1970, o programa
federal dos EUA, reconheceu as atividades desse
profissional na área da saúde, mas somente em 1977
a aprovação da ata oficializou as práticas para todo o
país (Dorken, 1993; Enright, Resnick, DeLeon,
Sciara, & Tanney, 1990).
■ Na década de 1970, ocorreu, nos EUA, uma série de
questionamentos relacionados à atuação do psicólogo nos
projetos que incluíam promoção da saúde, prevenção e
tratamento de doenças. Em 1973, iniciaram-se as
investigações para analisar as atribuições desse profissional
no contexto da saúde e os dados destacaram sua
importância, mas foi somente em 1978 que a American
Psychological Association oficializou a Divisão 38. Esse fato
marcou o surgimento da área denominada de Psicologia da
Saúde (Straub, 2008).
■ O primeiro presidente da American Psychological
Association, Joseph Matarazzo, destacou que a Psicologia
da Saúde tem o objetivo de estudar a etiologia das doenças
orgânicas, desenvolver intervenções direcionadas para a
promoção da saúde, prevenção e tratamento de doenças,
buscando o diálogo com os representantes governamentais
para aprimorar as políticas públicas (Matarazzo, 1980).
■ Nos EUA, a atuação do psicólogo nos diversos contextos (postos de saúde,
hospitais e comunidades), com o foco no processo saúde e doença, foi
reconhecida internacionalmente por Psicologia da Saúde. Em 1978, a Califórnia
foi o primeiro estado a inserir psicólogos nas equipes de saúde, o que
possibilitou o crescimento significativo da profissão nas instituições hospitalares
(Dorken, 1993). Na década de 1980, a American Psychological
Association regulamentou as práticas dos Psicólogos da Saúde por meio de
documentos que tinham o objetivo de apresentar as principais diretrizes para a
atuação da categoria (Enright, Resnick, Ludwigsen, & DeLeon, 1993).
No Brasil

■ No Brasil, a Psicologia da Saúde está fundamentada no princípio da


integralidade, uma concepção dinâmica que enfatiza a inter-relação
de aspectos envolvidos no processo saúde e doença (Mattos, 2003) e
na interdisciplinaridade. Esses aspectos estabelecem diálogo e
fundamentam estratégias alternativas nas práticas de atenção à
saúde (Bonaldi, Gomes, Louzada, & Pinheiro, 2007). A atuação do
psicólogo no hospital geral, que representa uma especificidade da
Psicologia da Saúde no setor terciário, iniciou-se na década de 1950
com poucos profissionais psicólogos. Havia, no país, profissionais
com formação nas áreas das Ciências Humanas os quais eram
responsáveis pela assistência psicológica aos pacientes
hospitalizados. Entretanto, verificou-se a necessidade do surgimento
dos cursos de graduação em Psicologia para delimitar a atuação do
psicólogo nas instituições de saúde (Angerami-Camon, 2002).
■ As primeiras atividades foram realizadas por Matilde Néder em 1954 na clínica
ortopédica e traumatológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina
da Universidade Federal de São Paulo (HC-FMUSP), considerada a pioneira na
área (Angerami-Camon, 2002). O acompanhamento psicológico para as
crianças, realizado por essa psicóloga pioneira, ocorria durante o período pré e
pós-operatório de cirurgias na região cervical.
■ A partir de 1956, na unidade pediátrica do HC-
FMUSP, Aydil Pérez-Ramos foi a psicóloga
responsável pela assistência às crianças
hospitalizadas, que apresentavam diferentes
patologias, e aos seus familiares, os quais
permaneciam na condição de acompanhantes
(Angerami-Camon, 2002). Pérez-Ramos, vinculada
à equipe multiprofissional, desenvolvia atividades de
psicodiagnóstico e intervenção psicológica
hospitalar, procedimentos que estavam sendo
utilizados em uma fase inicial e foram aprimorados a
partir de sua experiência prática, considerando a
necessidade de elaboração dos princípios técnicos.
■ Na década de 1950 verificou-se que a hospitalização infantil representou
uma temática relevante para os psicólogos em hospitais e, desse modo, a
atuação profissional contribuiu para o desenvolvimento de estudos
científicos. Em 1974, o HC-FMUSP possibilitou a inserção da Psicologia
no hospital geral nos Institutos de Ortopedia, Psiquiatria, Neurologia e da
Criança. Além disso, impulsionou os serviços da Psicologia nos hospitais
de especialidades (Instituto do Coração, Instituto Central, Instituto de
Reabilitação), autorizou a contratação de profissionais psicólogos sob a
direção de psicólogos, gerou manuais de trabalho, promoveu a
participação de psicólogos nas equipes multiprofissionais por meio de
tarefas delimitadas e compartilhadas e descreveu o perfil profissional para
atuação na área. Um ponto a ser considerado foi a atuação de psicólogos
nesses serviços nos hospitais, o que antes era restrito aos profissionais
médicos do Hospital das Clínicas (HC).
■ Na década de 1970, a atuação do psicólogo no
hospital geral representou uma temática de estudo na
universidade. A Profa. Dra. Thereza Pontual de Lemos
Mettel, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo (FMRP-USP), investiu na
organização de uma equipe para a realização do
trabalho clínico junto às crianças, o qual se consolidou
e resultou em grande sucesso em tratamentos
médicos de diversas especialidades. Depois, como
professora da Universidade de Brasília, teve um papel
importante na introdução de uma política de atenção
hospitalar destinada à criança, que incluía os familiares
acompanhantes e a participação ativa das mães no
cuidado à saúde do filho. Realizou uma pesquisa no
Hospital de Base do Distrito Federal, que mostrou
melhora nas condições de saúde das crianças e
redução do tempo de internação quando as mães
permaneciam no local. Esses resultados culminaram
na adoção de políticas de humanização em hospitais
da rede pública de saúde (Mettel, 2007).
■ O trabalho da referida professora em Ribeirão Preto deu origem a um programa pioneiro
destinado ao treinamento de psicólogos no hospital geral, considerado referência em
Psicologia da Saúde no Brasil. Recebeu a denominação de Programa de Aprimoramento,
apresentando a estrutura de um curso de residência, no qual o recém-formado desenvolvia
atividades em tempo integral. Os psicólogos e professores Edna Maria Marturano e Ricardo
Gorayeb foram responsáveis pela direção desse serviço, que incluía atividades de ensino,
prática e pesquisa na área da Psicologia Clínica e Hospitalar no Hospital das Clínicas da
FMRP-USP (Gorayeb, 2010). A partir de então, foram criados, no país, outros
Programas de Aprimoramento Profissional e, em 1976, o Ministério da Saúde iniciou a
elaboração de Programas de Residência para Áreas da Saúde, nos quais constava a
Psicologia. Entretanto, a proposta não apresentou avanços e foi arquivada.
Posteriormente, ocorreu o surgimento das Residências Multiprofissionais e em Área
Profissional da Saúde, por meio da Lei nº 11.129 de 2005, na qual foi incluída a
Psicologia pelo fato de ser considerada profissão da área da saúde (Brasil, 2005). Em
2007, foi publicada a Portaria Interministerial nº 45 referente a essas residências e, em
seguida, foi institucionalizada uma Comissão Nacional de Residência Multiprofissional em
Saúde - Portaria Interministerial nº 698, de 19 de julho de 2007 (Brasil, 2007). A partir disso,
o Conselho Federal de Psicologia (2007) apresentou as normas para o credenciamento de
Programas de Residência em Psicologia na área da saúde (Resolução Conselho Federal
de Psicologia nº 15/2007).
■ Avanços significativos marcaram o crescimento da Psicologia no hospital geral
devido à iniciativa de profissionais da área, os quais buscaram delimitar as
práticas psicológicas. Na tentativa de facilitar a formação profissional, surge,
em 1977, o primeiro curso de Psicologia Hospitalar realizado no país, na
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, produzido e ministrado por
Bellkiss Romano. A partir da década de 1980, destacam-se nessa trajetória o "I
e o II Encontros Nacionais de Psicólogos da Área Hospitalar", eventos
científicos que contribuíram para o aprimoramento profissional (Romano, 1999).
A possibilidade de atuação do psicólogo nos ambientes de saúde representou,
então, um período marcado por inúmeros questionamentos acerca das tarefas
desse profissional, as quais precisavam ser definidas com clareza para orientar
as práticas.
Resumo:
Nas décadas de 1970, 1980 e 1990, foram implantados os
Serviços de Psicologia Hospitalar, que se tornaram referência no
Brasil. Em 1974, o Serviço de Psicologia do HC-FMRP-USP já
estava consolidado (Gorayeb, 2010), quando, no mesmo ano, foi
implantado o Serviço de Psicologia do Instituto do Coração do
HC-FMUSP (Romano, 1999). Em 1981, foi implantado o Serviço
de Psicologia na Unidade de Pediatria do Hospital Universitário da
Universidade Federal de Santa Catarina (Crepaldi, Gonçalves, &
Moré, 2011). No mesmo ano, o Serviço de Psicologia do Hospital
de Base de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, foi
implantado também por meio da iniciativa de psicólogos da
Unidade de Pediatria (Miyazaki, Domingos, & Valério, 2006). Em
1982, o Serviço de Psicologia do Hospital Brigadeiro, São Paulo,
foi implantado por Heloísa Chiattone, priorizando o atendimento
psicológico às crianças hospitalizadas e aos acompanhantes
(Dias, M. N. Baptista, & Baptista, 2003). Em 1986, foi
institucionalizado o Serviço de Psicologia do Hospital de Clínicas
de Porto Alegre, reconhecendo o trabalho das psicólogas que lá
atuavam desde a década de 1970 (Silva, 2006). Já a Santa Casa
de Misericórdia de São Paulo implantou o Serviço de Psicologia
em 1992 (Bruscato, 2004).
■ O surgimento desses Serviços atendeu às demandas de crianças e
adolescentes e contribuiu para legitimar as práticas psicológicas no território
brasileiro. Outros tantos serviços foram implementados pelo país atendendo às
necessidades de saúde de usuários nos diferentes momentos do ciclo de vida.
Diante do crescimento dessa área, tornou-se necessário estabelecer diretrizes
para a atuação profissional, considerando que os psicólogos precisavam
compartilhar experiências e apresentar resultados de pesquisas.
■ Alguns acontecimentos
históricos contribuíram para o
desenvolvimento da Psicologia
Hospitalar. Em 1994, a
Sociedade Brasileira de Psico-
Oncologia foi inaugurada para
discutir as diretrizes teóricas da
especialidade (Gimenes, Magui,
& Carvalho, 2006), pois
representava uma área de
interesse para os psicólogos que
atuavam nos hospitais gerais.
Em 1997, foi estabelecida a
Sociedade Brasileira de
Psicologia Hospitalar, a qual
iniciou a publicação de um
periódico em 2004, promovendo
a integração de psicólogos nas
reuniões científicas (Romano,
1999).
■ As atividades desses profissionais nos hospitais foram reconhecidas pelo Ministério da
Saúde por meio de documentos que regulamentam o atendimento em Psicologia nos
procedimentos de média e alta complexidade. Alguns exemplos são a obrigatoriedade
dos serviços de Psicologia nas Unidades de Terapia Intensiva, na assistência à gestante
de alto risco, nos centros de atendimento em oncologia, nas unidades de internação em
hospital geriátrico, atendimento hospitalar de pacientes crônicos, pacientes em
tratamento da obesidade e nas unidades de assistência em alta complexidade
cardiovascular (Conselho Regional de Psicologia, 2007). Verificou-se o
comprometimento das políticas públicas de saúde e os psicólogos demonstraram que
ações efetivas são desenvolvidas nas instituições hospitalares. Destaca-se que o
psicólogo hospitalar continuou buscando ampliar o campo de atuação. Um aspecto
central se refere à prática profissional, a qual passou por um processo de aprimoramento
e, embora muitas portarias apontem para a necessidade dos serviços de Psicologia em
hospitais, muito ainda está por ser feito.
■ O atendimento psicológico hospitalar focaliza as repercussões psíquicas do
indivíduo referentes à situação de doença e hospitalização. Busca-se investigar
a capacidade de adaptação do paciente, os problemas vivenciados nesse
ambiente, o nível de adesão ao tratamento e o relacionamento estabelecido
entre paciente, acompanhante e equipe de saúde (Romano, 1999). A adaptação
está ligada a uma concepção evolucionista do ser humano, ou seja, refere-se à
capacidade do indivíduo de construir estratégias para o enfrentamento das
situações que, a curto ou longo prazo, possibilitem um funcionamento produtivo,
permitindo desenvolver recursos úteis para o seu crescimento pessoal (Leahy,
Tirch, & Napolitano, 2013). Inicia-se problematizando a situação para que as
reflexões possam facilitar o surgimento de ideias as quais o auxiliem a enfrentar
os acontecimentos, o que representa um aspecto importante para o indivíduo
hospitalizado.
■ Essas colocações sobre a realidade hospitalar contribuíram para a delimitação
das atividades profissionais e possibilitaram o surgimento dos grupos de estudo
com o objetivo de aprimorar conhecimentos para auxiliar a prática do psicólogo
hospitalar. No início do ano 2000, um grupo de psicólogos, sob a coordenação
de Célia Zanonn, institucionalizou o Grupo de Trabalho em Psicologia Pediátrica
da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia
(ANPEPP), promovendo a realização de pesquisas referentes à temática
(Crepaldi, Rabuske, & Gabarra, 2006).
■ Destaca-se que desde a década de 1950 os estudos sobre a criança
hospitalizada despertavam interesse nos psicólogos que estavam iniciando as
atividades nos hospitais. Esse grupo é responsável pela maioria dos trabalhos
científicos publicados na área de Psicologia Pediátrica. A ANPEPP agregou
outros grupos, como o Grupo de Trabalho em Psicologia da Saúde, coordenado
pela professora Raquel Kerbauy (Universidade de São Paulo), contribuindo
para a formação de psicólogos para a pesquisa na área da saúde,
principalmente com a divulgação de estudos realizados no Laboratório de
Saúde e Comportamento do Departamento de Psicologia Experimental da USP
(Kerbauy, 1999). Atualmente, esse grupo recebe o nome de Grupo de
Psicologia da Saúde em Instituições e na Comunidade e é coordenado pelos
professores Ricardo Gorayeb (USP-Ribeirão Preto), Eliane Fleury Seidl
(Universidade de Brasília) e Maria Cristina Miyazaki (Faculdade de Medicina de
São José do Rio Preto - FAMERP). A professora Vera Lúcia Raposo do Amaral,
da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, contribuiu para o
desenvolvimento de intervenções na área da saúde baseadas em evidências
por meio das atividades de ensino e pesquisa, as quais promoveram avanços
na maneira de sistematizar as práticas.
■ Além disso, Miyazaki et al. (2006)
organizaram a publicação de pesquisas que
auxiliaram a atuação profissional nos
seguintes pontos: avaliação psicológica,
preparação de crianças para cirurgias,
identificação de estresse e estratégias de
enfrentamento em pacientes submetidos a
transplantes e hospitalizados por doenças
crônicas e outras temáticas relevantes. Os
estudos científicos contribuíram para o
crescimento da área e reconhecimento das
atividades profissionais do psicólogo no
hospital geral. Isso possibilitou o
desenvolvimento de Programas de Pós-
Graduação stricto sensu (mestrado e
doutorado); o Programa de Psicologia e
Saúde da FAMERP; e o Programa
Psicologia da Saúde da Universidade
Estadual da Paraíba e da Universidade
Metodista de São Paulo. Esses programas
cumprem o objetivo de formar
pesquisadores e docentes na área.
AULA 3
Filme no Coração da Loucura
Psicologia no hospital geral: aspectos
conceituais e práticos

■ A terminologia Psicologia Hospitalar, utilizada apenas no Brasil, destaca a


atuação do psicólogo no hospital geral, embora represente um termo
inadequado para se referir ao local de práticas de uma área profissional.
Psicologia da Saúde é o termo correto para destacar as atividades
desenvolvidas pelo psicólogo nos diversos contextos da área, neste caso, a
atuação da Psicologia no hospital representa uma sub-especialidade da
Psicologia da Saúde.
■ A especialidade Psicologia Hospitalar foi reconhecida pelo Conselho Federal de
Psicologia (2000), por meio da Resolução nº 014/2000, na qual apresenta instruções
para o psicólogo obter o registro. Os profissionais que atuavam nessa área
solicitavam o registro de especialista após a conclusão dos cursos de especialização
credenciados pelo Conselho Federal de Psicologia ou diante da comprovação de
experiência prática de dois anos e aprovação nas provas teóricas. O Conselho
Federal de Psicologia (2001), por meio da Resolução nº 02/2001, definiu os
parâmetros para a atuação na área, considerando relevante a avaliação e o
acompanhamento psicológico aos pacientes hospitalizados e seus familiares com a
utilização das teorias e técnicas adequadas. A resolução destaca que o psicólogo
hospitalar desenvolve diferentes tipos de intervenção, atende pacientes que se
encontram em ambientes distintos (como a unidade de terapia intensiva, enfermarias,
ambulatórios etc.) e aponta que os procedimentos utilizados precisam priorizar a
relação paciente, família e equipe de saúde por meio do contato interdisciplinar com
os profissionais para compartilhar informações úteis para o direcionamento de
estratégias.
■ A perspectiva interdisciplinar por ■ Simonetti (2004) destaca, em uma
perspectiva psicanalítica, que a Psicologia
meio do diálogo constante entre a hospitalar focaliza, em um primeiro nível, a
equipe de saúde representa uma identificação dos pensamentos e sentimentos
estratégia efetiva para facilitar a do indivíduo hospitalizado para, em seguida,
comunicação, conforme foi iniciar o tratamento por meio de técnicas
psicológicas. Segundo o autor, é preciso
destacado por Chiattone (2006) compreender as alterações emocionais
e Almeida (2000). Isso possibilita vivenciadas pelos pacientes hospitalizados
discutir características de um diante de uma situação de luto proveniente
do surgimento da doença, assim será
caso clínico com os profissionais, possível acompanhar o indivíduo no
definir procedimentos de processo de elaboração dessa experiência
intervenção e acompanhar os por meio da exploração das verbalizações de
resultados avaliando seus efeitos. maneira que o manejo da resistência e da
transferência sejam fundamentais.
Quais as principais diferenças entre
Psicologia da Saúde e Hospitalar?
Psicologia hospitalar

■ PSICOLOGIA HOSPITALAR A(o) : a) presta atendimentos psicológicos às pessoas atendidas,


familiares, cuidadores, na pré-hospitalização, na internação hospitalar e após a alta hospitalar,
conforme o caso; b) faz avaliação psicológica do estado mental de pessoas atendidas e
familiares, bem como propõe intervenções psicoterápicas de acordo com protocolos clínicos; c)
propõe métodos psicológicos de enfrentamento ao sofrimento psíquico, à vulnerabilidade
emocional relacionada a condições de adoecimento, hospitalização, perdas, lutos, condições
laborais hospitalares; d) atua em hospitais, serviços auxiliares de diagnóstico e tratamento,
Unidades de Pronto Atendimento (UPA), ambulatórios e participa de equipes multiprofissionais
de prestação de serviços de nível de atenção terciária; e) atua em equipes multidisciplinares nas
áreas de especialidade da Saúde, realiza interconsulta, atendimento psicológico individual ou
grupal em hospitais; f) presta assistência psicológica às pessoas atendidas hospitalizadas em
situação de crise mental ou de agravo de saúde mental, em programas de cuidados paliativos e
em situações de óbito, prestando suporte psicológico a familiares e equipes hospitalares;
■ g) procede ao registro de evolução de atendimento psicológico em prontuário
multidisciplinar, conforme normativas correspondentes; h) participa do
desenvolvimento e da implementação de protocolos, linhas de cuidado e de programas
assistenciais propostos pela equipe multiprofissional; i) intervém junto à equipe
multiprofissional através de interconsultas, discussões clínico-institucionais, manejos,
mediações, e processos de capacitação e reflexão relativos às– Psicólogo (TE85) 83
práticas assistenciais em saúde, colaborando em sua área de formação de forma
interdisciplinar; j) propõe, promove e integra projetos de humanização de atendimentos
às pessoas atendidas internadas em instituições de saúde; k) desenvolve atividades de
assistência em Psicologia Hospitalar; l) participa da formação de profissionais da saúde,
realiza preceptoria de graduação e residência uni e multiprofissional; m) realiza a gestão
dos serviços de saúde, incluindo serviço de psicologia, oferece supervisão e
aprimoramento profissional a psicólogas(os) e representa o serviço em espaços
colegiados e comissões intra-hospitalares.
6 TAREFAS BÁSICAS
DO PSI HOSPITALAR
FUNÇÃO DE
COORDENAÇÃO AJUDA À ADAPTAÇÃO
■ RELATIVA AS ATIVIDADES COM ■ INTERVÉM NA QUALIDADE DO
OS FUNCIONÁRIOS DO PROCESSO DE ADAPTAÇÃO E
HOSPITAL RECUPERAÇÃO DO PACIENTE
INTERNADO
FUNÇÃO DE
INTERCONSULTA
■ AJUDANDO OUTROS
PROFISSIONAIS A LIDAREM
COM OS PACIENTES ENLACE
(CONSULTOR)
■ INTERVENÇÃO ATRÁVES DO
DELINEAMENTO E EXECUÇÃO
DE PROGRAMAS JUNTOS COM
FUNÇÃO GESTÃO DE RECURSOS OUTROS PROFISSIONAIS PARA
HUMANOS: MODIFICAR OU INSTALAR
Aprimorar os serviços dos profissionais COMPORTAMENTOS
da organização ADEQUADOS NO PACIENTES
■ FUNÇÃO GESTÃO DE
RECURSOS HUMANOS:

■ Aprimorar os serviços dos


profissionais da organização
PSICOLOGIA DA SAÚDE
Psicologia da saúde

■ Mais ampla – atua nos níveis primário, secundário e terciário

■ XII - PSICOLOGIA EM SAÚDE É a área de atuação profissional da Psicologia referente à


aplicação de técnicas psicológicas em cuidados, promoção e manutenção da saúde integral, bem
como no diagnóstico, prevenção e tratamento de doenças. A(o) psicóloga(o) especialista em
Psicologia em Saúde: a) identifica e divulga fatores condicionantes da saúde populacional; b)
oferece tratamentos psicológicos individuais, familiares e grupais; c) desenvolve programas de
prevenção a doenças e transtornos mentais, de acordo com dados epidemiológicos do território de
intervenção; d) avalia e descreve fatores de risco e de proteção do território em que atua para
planejar estratégias de intervenção e de profilaxia; e) formula políticas de saúde destinadas a
promover o direito à saúde nos campos econômico e social; f) assiste a população, mediante ações
de promoção, proteção e recuperação da saúde, com a realização integrada das ações assistenciais
e das atividades preventivas;
■ g) atua em ações e serviços de saúde, em todos os níveis de hierarquia e complexidade dos
equipamentos de saúde, hospitais, instituições de ensino, organizações sociais,
comunitárias, religiosas; h) integra o conhecimento clínico, educacional e social da
Psicologia com outras ciências da área da saúde para promover a saúde da população; i)
desenvolve estratégias de intervenção para promoção e melhoria da qualidade de vida da
população; j) oferece serviços destinados à ordenação da formação de recursos humanos
na área de saúde e à colaboração na proteção do meio ambiente, nele compreendido as
condições de trabalhadores da saúde; k) coordena serviços de saúde pública, analisa a
oferta e a demanda de serviços, de acordo com o ponto de vista participa do planejamento,
avaliação e controle de políticas de saúde, gerenciamento de serviços e processos de
trabalho em unidades de saúde; m) desenvolve ações de profilaxia, etiologia, diagnóstico,
prognóstico, prevalência de doenças e sua ligação com a saúde mental.
3 ÁREAS DA PSICOLGIA DA SAÚDE

■ CLÍNICA: AVALIAR O PACIENTE ■ PROGRAMAÇÃP: AVALIAR O


E PROPOR A INTERVENÇÃO CASO E PREVER DE QUE
MAIS ADEQUADA, MELHOR MANEIRAS O CASO PODE
CONDUTA EVOLUIR, DE FORMA QUE,
MEDIDAS PREVENTIVAS SEJAM
APLICADAS
■ PESQUISA: INVESTIGAR MAIS O
CONHECIMENTO PARA
PROMOVER ATUAÇÃO MAIS
ADEQUADA
Nível Primário

■ A Atenção Primária à Saúde (APS) é o primeiro nível de atenção em saúde e se


caracteriza por um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que
abrange a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o
tratamento, a reabilitação, a redução de danos e a manutenção da saúde com o objetivo
de desenvolver uma atenção integral que impacte positivamente na situação de saúde
das coletividades.
■ Trata-se da principal porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS) e do centro de
comunicação com toda a Rede de Atenção dos SUS, devendo se orientar pelos
princípios da universalidade, da acessibilidade, da continuidade do cuidado, da
integralidade da atenção, da responsabilização, da humanização e da equidade. Isso
significa dizer que a APS funciona como um filtro capaz de organizar o fluxo dos
serviços nas redes de saúde, dos mais simples aos mais complexos.
Atenção secundária
■ A Atenção Secundária é formada pelos serviços especializados em nível ambulatorial e hospitalar,
com densidade tecnológica intermediária entre a atenção primária e a terciária, historicamente
interpretada como procedimentos de média complexidade.

■ EX: IR NA CASA DAS PESSOAS VERIFICAR SE TUDO ESTÁ OK CONTRA O MOSQUITO DA


DENGUE. Aqui o problema já existe, vamos tentar prevenir a piora da doença.

■ Da Atenção Básica Art. 5º A atuação da psicóloga e do psicólogo na Atenção Básica deverá estar
pautada nos atributos desse nível de atenção à saúde, especialmente no que se refere à equidade, à
integralidade, à universalidade de acesso, à longitudinalidade, à atenção no primeiro contato e à
coordenação do cuidado.
ATENÇÃO TERCIÁRIA

■ A atenção terciária à saúde é o


nível de atendimento que atende pacientes com quadro de saúde instável, risco de v
ida ou que precisam de intervenção altamente especializada
123
.
Ela compreende os hospitais de grande porte, que possuem tecnologias duras e terapias
de elevada especialização
23
. A atenção terciária é acionada quando a vida do paciente está em risco

■ Doença já se instalou: Quais são as formas de tratamento? Medidas para conter a


doença. HIV
Psicologia na atenção básica

■ Parágrafo único. Serão considerados atributos derivados a orientação familiar e


comunitária e a competência cultural. Art. 6º As psicólogas e os psicólogos inseridos na
Atenção Básica deverão atuar nas diferentes equipes e dispositivos descritos nas
portarias ministeriais, que apresentam sua tipificação e parametrização. São eles: I -
Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (Nasf-AB); II - Equipe de
Consultório na Rua (eCR); III - Centro de Convivência e Cultura; IV - Equipes de
Atenção Primária Prisional (eAPP) V - Política Nacional de Atenção Integral à Saúde de
Adolescente em Conflito com a Lei (PNAISARI); e VI - demais equipes e dispositivos
vigentes, conforme normativas do Ministério da Saúde. ATENÇÃO: A PSICOLOGIA
HOSPITALAR NÃO FAZ PARTE DA ATENÇÃO BÁSICA (PRIMÁRIA) SÓ DA
SECUNDÁRIA E TERCIÁRIA
■ Seção III Da Atenção Secundária Art. 11. A atuação da psicóloga e do psicólogo na
Atenção Secundária deverá estar pautada nos atributos desse nível de atenção à saúde,
especialmente no que se refere à equidade, à integralidade, à universalidade do acesso, à
longitudinalidade, ao acolhimento e ao cuidado em liberdade e compartilhado em rede.
§ 1º As psicólogas e os psicólogos da Atenção Secundária atuarão tendo como base os
atributos derivados da lógica da clínica ampliada, da reabilitação e reinserção social,
familiar e comunitária de base territorial e da construção do Projeto Terapêutico
Singular, de modo a respeitar a diversidade e os marcadores sociais dos sujeitos e das
coletividades.
■ § 2º As psicólogas e os psicólogos da Atenção Secundária deverão estabelecer parcerias permanentes com
a Atenção Básica para realizar ações de promoção à saúde conjuntas e planejadas, de base territorial de
baixa e média complexidade. § 3º As psicólogas e os psicólogos da Atenção Secundária deverão
estabelecer parcerias com a Atenção Terciária, sempre que necessário. Art. 12. As psicólogas e os
psicólogos inseridos na Atenção Secundária deverão atuar nos diferentes equipes e dispositivos descritos
nas normativas vigentes, que apresentam sua tipificação e parametrização, a saber:
■ I - serviços da Rede de Atenção Psicossocial - RAPS; II
■ - Centros Especializados, o que inclui os Ambulatórios, os Centros de Referência diversos, as Clínicas e os
Centros de Reabilitação, entre outros;
■ III - serviços de Atenção Hospitalar, com procedimentos de média complexidade
■ ; IV - serviços de Atenção às Urgências e Emergências; e
■ V - demais equipes e dispositivos vigentes nas normativas do Ministério da Saúde
Carga Horária Atenção Secundária

■ I - atendimentos individuais, com duração de 30 a 40 minutos, compondo de 20% a 40%


de sua carga horária mensal; II - ações de acolhimento ou triagem, com duração de 30 a
60 minutos cada, compondo de 5% a 10% de sua carga horária mensal; e III - ações de
educação permanente, com duração de 45 a 90 minutos, compondo de 5% a 10% de sua
carga horária mensal. § 2º Quanto às Ações Compartilhadas, a psicóloga e o psicólogo
realizarão: I - ações de atendimento compartilhado ou interconsulta, com duração de 30 a
60 minutos, compondo de 5% a 10% de sua carga horária mensal; II - ações de práticas
grupais, com duração de 60 a 90 minutos, compondo de 5% a 10% de sua carga horária
mensal; III - ações de reuniões de equipe, discussão de casos e elaboração de Projeto
Terapêutico Singular, com duração de 60 a 120 minutos, compondo de 5% a 10% de sua
carga horária mensal; e IV - ações de atenção a familiares, com duração de 30 a 60
minutos, compondo de 5% a 10% de sua carga horária mensal.
Carga horária

■ Quanto às Ações no Território, a psicóloga e o psicólogo realizarão: I - ações de articulação


de rede intra e intersetorial, matriciamento ou atenção a situações de crise, com duração de
45 a 90 minutos, compondo 5% de sua carga horária mensal; e II - ações de visita domiciliar
ou institucional, com duração de 90 a 120 minutos, compondo 5% de sua carga horária
mensal. § 4º Quanto às Outras Ações, a psicóloga e o psicólogo:
■ - realizarão ações de evolução do prontuário, elaboração de declarações e atestados, com
duração de 15 a 30 minutos, e elaboração de demais documentos, com duração de 60 a 120
minutos por documento, distribuídas de modo a compor de 5% a 10% de sua carga horária
mensal; e II - poderão realizar ações de formação, tais como: supervisão, tutoria, preceptoria,
participação e orientação de trabalhos, pesquisas, monografias e artigos, com duração de 60 a
120 minutos, distribuídas de modo a compor de 5% a 10% de sua carga horária mensal.
Atenção Terciária

■ Seção IV Da Atenção Terciária Art. 20. A atuação da psicóloga e do psicólogo na


Atenção Terciária deverá estar pautada nos atributos deste nível de atenção à saúde,
especialmente no que se refere à equidade, à integralidade, à universalidade de acesso, à
longitudinalidade, ao acolhimento, ao cuidado em liberdade e compartilhado em rede.
Art. 21. O dimensionamento da equipe e a Hora-Assistencial da psicóloga e do
psicólogo na Atenção Terciária considerará as especificidades desse nível de atenção à
saúde, que se constituem em unidades que organizam procedimentos: I - com alta
densidade tecnológica; II - de elevada especialização; e III - de alta tecnologia ou alto
custo.
■ Art. 23. Em situações de atendimento a pacientes hospitalizados e seus familiares, o
cálculo do dimensionamento de quantidade de leitos por psicóloga ou psicólogo
responsável deve considerar: I - a quantidade de atendimentos diários possíveis dentro
da carga horária e Hora-Assistencial estipulada; II - a complexidade dos casos e suas
respectivas clínicas; III - o quantitativo de leitos e enfermarias da unidade de atenção
hospitalar; IV - a necessidade de realização de outras atividades que não envolvem a
assistência direta; e V - a taxa de cobertura exigida pela respectiva gestão
A Rede de Atenção à Saúde (RAS)

■ As RAS foram criadas pela portaria n.º 4.279/2010 (BRASIL, 2010a) e seu objetivo é
de organizar as ações e serviços de saúde qualificando a gestão do cuidado no contexto
atual. As RAS incluem formas de organização e comunicação nos diferentes pontos de
atenção, primário, secundário e terciário, para estabelecer as ações e serviços de saúde
de forma integral, interdisciplinar e resolutiva. É um dispositivo que integra desde a sua
base, que é a Unidade Básica de Saúde (UBS), ponto primário de atenção, até o
hospital, ponto terciário de atenção. Inclui a atenção secundária representada, por
exemplo, pelos Ambulatórios, UPAs (Unidades de Pronto Atendimento), Consultórios
na Rua, além da atenção especializada. Inclui, ainda, a RAPS (Rede de Atenção
Psicossocial), que é composta por estabelecimentos, serviços e equipes que integram os
três níveis de atenção.
■ Atenção Hospitalar ou Terciária O trabalho da(o) psicóloga(o) em hospitais do SUS se
insere na chamada Atenção Terciária ou Atenção de Alta Complexidade ou alta
densidade tecnológica. Inclui ações que requerem tecnologias mais duras, como a que é
necessária para a realização de transplantes, por exemplo. Frequentemente a Psicologia
Hospitalar se aplica também a serviços de atenção secundária, de média densidade
tecnológica, como os ambulatórios de acompanhamento longitudinal, que atendem, por
exemplo, gestantes de alto risco, follow-up de be bês prematuros ou que estiveram em
Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal, centros de atenção especializados a renais
crônicos, portadores do HIV, oncologia, ambulatórios hospitalares destinados a atender
aos usuários no processo de reabilitação pós-hospitalização, como nos casos de
amputações e demais cirurgias complexas, dentre outros.
■ É importante destacar que historicamente no Brasil o cuidado hospitalar seguiu o
modelo biomédico-hegemônico, como foi visto na introdução, centrado em
procedimentos tecnológicos que produziam uma atenção fragmentada e desarticulada e
que se organizava em função da demanda espontânea. Tal modelo provocou, ao longo
de décadas, o empobrecimento da dimensão cuidadora, gerando insatisfação dos
usuários, ineficiência e ineficácia dos serviços e baixo impacto na assistência (BRASIL,
2013).
■ Como definido anteriormente, a Clínica Ampliada é um modelo de atenção à saúde que
tem ganhado cada vez mais espaço nas instituições públicas e privadas. Ela é baseada
no conceito de saúde integral, que vê a qualidade de vida como o resultado de fatores
biopsicossociais. Outro pilar do modelo é integrar a equipe de profissionais de
diferentes áreas na busca de um cuidado e tratamento de acordo com cada caso, criando,
assim, vínculo e diálogo com os usuários.
■ Segundo Padilha et al. (2018), a gestão da clínica ampliada põe ênfase nos sujeitos
envolvidos, nas relações estabelecidas, no cuidado integral à saúde e nos consequentes
processos de aprendizagem, concebidos no trinômio atenção à saúde-gestão-educação.
Nesse sentido, gestores e profissionais de saúde devem construir objetivos comuns, para
os quais compartilham conhecimento e esforço profissional e se implicam igualmente.
Nesse contexto, a criticidade e o comprometimento são vetores na construção de um
ponto de vista.
INTERFACE ENTRE PSICOLOGIA E
ATENÇÃO HOSPITALAR
■ A interface entre a Psicologia e a atenção hospitalar carateriza-se, primordialmente, por
um contexto marcado pelo sofrimento que, em maior ou menor intensidade, apresenta-
se como próprios das situações de crise e adoecimento. Este contexto põe à prova os
mecanismos adaptativos adequados, o que já justificaria a presença da(o) psicóloga(o) e
sua ação no ambiente hospitalar. Frente a objetividade e a resolutividade necessárias
neste ambiente, emerge uma demanda de sofrimento adicional, evidenciada pelas
subjetividades em jogo nessa vivência hospitalar, tanto do paciente como de seus
familiares, cujas repercussões do adoecimento em suas vidas mostram um significado
para além da patologia e da sua gravidade.
O AMBULATÓRIO E A EQUIPE
MULTIDISCIPLINAR

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