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HOSPITALAR
Aula 1
HISTÓRIA DA PSICOLOGIA HOSPITA
LAR
Nesta aula, entenderemos que a Psicologia Hospitalar foi criada bem recentemente: na década de 80. No
início, ela recebeu o respaldo teórico da Psicologia da Saúde e da Psicologia Clínica, com o
olhar voltado PARA O CONSULTÓRIO pois não havia materiais científicos que pudessem lhe dar suporte.
A partir do momento em que estudos foram publicados, e debates foram lançados,
foi possível falar numa evolução desta área, ressaltando a importância do psicólogo diante do indivíduo
hospitalizado e suas contribuições para a sua melhora.
Hoje, é possível encontrar uma gama de universidades que oferecem uma formação de
qualidade para aqueles que querem se dedicar a esta área.
O aumento das produções científicas tem contribuído para o aprofundamento da prática e para a
distribuição do conhecimento aos alunos que desenvolvem uma afinidade pela Psicologia
Hospitalar ao longo da sua graduação.
A Psicologia Hospitalar tem sua origem em 1818, quando a primeira equipe multiprofissiona
l que incluía o psicólogo foi formada no Hospital
McLean, em Massachusetts, EUA.
A atuação do psicólogo no hospital geral ocorreu após a Segunda Guerra Mundial .
No Brasil, a Psicologia Hospitalar tem seu início em 1954 com Matilde Neder, que desenvol
via um trabalho na Clínica Ortopédica e traumatológica e Instituto de reabilitação da USP
.
Hoje, a Psicologia Hospitalar é uma área de especialidade na Psicologia brasileira
A inserção do psicólogo no ambiente hospitalar
representa uma estratégia da Psicologia da Saúde,
que focaliza a atenção terciária e delimita um
espaço físico para o campo de práticas com
diversas possibilidades de atuação. Assim, a
Psicologia no hospital geral se refere à atuação do
psicólogo em uma instituição com pacientes que
estão vivenciando a situação de adoecimento e
hospitalização. A Política Nacional de Atenção
Hospitalar considera o hospital um local adequado
para as práticas de promoção da saúde, prevenção,
tratamento de doenças e reabilitação, aspectos
relacionados ao processo saúde-doença (Brasil,
2013).
Estados Unidos da América
Nos Estados Unidos da América (EUA), a atuação
do psicólogo no hospital geral ocorreu após o
término da Segunda Guerra Mundial (1939-1945),
quando foi identificada a necessidade da assistência
psicológica para os militares, que apresentavam
uma série de reações psíquicas no período de
hospitalização, como distúrbios da sensopercepção,
alterações no humor e agitação psicomotora (Pate &
Kohut, 2003). As atividades da Psicologia nos
ambientes de saúde iniciaram-se com o propósito de
identificar as repercussões psicológicas decorrentes
do processo de adoecimento e consequente
hospitalização, buscando estratégias para minimizar
as alterações psíquicas e compreender a
experiência da pessoa doente.
■ Os procedimentos invasivos relacionados aos exames
periódicos e às cirurgias, bem como os efeitos das
medicações ocasionavam o surgimento de episódios
depressivos nos pacientes hospitalizados. Dessa
maneira, esse período foi muito importante para o
acompanhamento psicológico hospitalar (Nogueira-
Martins & Frenk, 1980). Verificou-se que a situação
de adoecimento e hospitalização representava um
fenômeno complexo, o qual necessitava do
entendimento de vários profissionais. Isso possibilitou
a integração do psicólogo nas equipes
multiprofissionais de saúde. Em 1970, o programa
federal dos EUA, reconheceu as atividades desse
profissional na área da saúde, mas somente em 1977
a aprovação da ata oficializou as práticas para todo o
país (Dorken, 1993; Enright, Resnick, DeLeon,
Sciara, & Tanney, 1990).
■ Na década de 1970, ocorreu, nos EUA, uma série de
questionamentos relacionados à atuação do psicólogo nos
projetos que incluíam promoção da saúde, prevenção e
tratamento de doenças. Em 1973, iniciaram-se as
investigações para analisar as atribuições desse profissional
no contexto da saúde e os dados destacaram sua
importância, mas foi somente em 1978 que a American
Psychological Association oficializou a Divisão 38. Esse fato
marcou o surgimento da área denominada de Psicologia da
Saúde (Straub, 2008).
■ O primeiro presidente da American Psychological
Association, Joseph Matarazzo, destacou que a Psicologia
da Saúde tem o objetivo de estudar a etiologia das doenças
orgânicas, desenvolver intervenções direcionadas para a
promoção da saúde, prevenção e tratamento de doenças,
buscando o diálogo com os representantes governamentais
para aprimorar as políticas públicas (Matarazzo, 1980).
■ Nos EUA, a atuação do psicólogo nos diversos contextos (postos de saúde,
hospitais e comunidades), com o foco no processo saúde e doença, foi
reconhecida internacionalmente por Psicologia da Saúde. Em 1978, a Califórnia
foi o primeiro estado a inserir psicólogos nas equipes de saúde, o que
possibilitou o crescimento significativo da profissão nas instituições hospitalares
(Dorken, 1993). Na década de 1980, a American Psychological
Association regulamentou as práticas dos Psicólogos da Saúde por meio de
documentos que tinham o objetivo de apresentar as principais diretrizes para a
atuação da categoria (Enright, Resnick, Ludwigsen, & DeLeon, 1993).
No Brasil
■ Da Atenção Básica Art. 5º A atuação da psicóloga e do psicólogo na Atenção Básica deverá estar
pautada nos atributos desse nível de atenção à saúde, especialmente no que se refere à equidade, à
integralidade, à universalidade de acesso, à longitudinalidade, à atenção no primeiro contato e à
coordenação do cuidado.
ATENÇÃO TERCIÁRIA
■ As RAS foram criadas pela portaria n.º 4.279/2010 (BRASIL, 2010a) e seu objetivo é
de organizar as ações e serviços de saúde qualificando a gestão do cuidado no contexto
atual. As RAS incluem formas de organização e comunicação nos diferentes pontos de
atenção, primário, secundário e terciário, para estabelecer as ações e serviços de saúde
de forma integral, interdisciplinar e resolutiva. É um dispositivo que integra desde a sua
base, que é a Unidade Básica de Saúde (UBS), ponto primário de atenção, até o
hospital, ponto terciário de atenção. Inclui a atenção secundária representada, por
exemplo, pelos Ambulatórios, UPAs (Unidades de Pronto Atendimento), Consultórios
na Rua, além da atenção especializada. Inclui, ainda, a RAPS (Rede de Atenção
Psicossocial), que é composta por estabelecimentos, serviços e equipes que integram os
três níveis de atenção.
■ Atenção Hospitalar ou Terciária O trabalho da(o) psicóloga(o) em hospitais do SUS se
insere na chamada Atenção Terciária ou Atenção de Alta Complexidade ou alta
densidade tecnológica. Inclui ações que requerem tecnologias mais duras, como a que é
necessária para a realização de transplantes, por exemplo. Frequentemente a Psicologia
Hospitalar se aplica também a serviços de atenção secundária, de média densidade
tecnológica, como os ambulatórios de acompanhamento longitudinal, que atendem, por
exemplo, gestantes de alto risco, follow-up de be bês prematuros ou que estiveram em
Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal, centros de atenção especializados a renais
crônicos, portadores do HIV, oncologia, ambulatórios hospitalares destinados a atender
aos usuários no processo de reabilitação pós-hospitalização, como nos casos de
amputações e demais cirurgias complexas, dentre outros.
■ É importante destacar que historicamente no Brasil o cuidado hospitalar seguiu o
modelo biomédico-hegemônico, como foi visto na introdução, centrado em
procedimentos tecnológicos que produziam uma atenção fragmentada e desarticulada e
que se organizava em função da demanda espontânea. Tal modelo provocou, ao longo
de décadas, o empobrecimento da dimensão cuidadora, gerando insatisfação dos
usuários, ineficiência e ineficácia dos serviços e baixo impacto na assistência (BRASIL,
2013).
■ Como definido anteriormente, a Clínica Ampliada é um modelo de atenção à saúde que
tem ganhado cada vez mais espaço nas instituições públicas e privadas. Ela é baseada
no conceito de saúde integral, que vê a qualidade de vida como o resultado de fatores
biopsicossociais. Outro pilar do modelo é integrar a equipe de profissionais de
diferentes áreas na busca de um cuidado e tratamento de acordo com cada caso, criando,
assim, vínculo e diálogo com os usuários.
■ Segundo Padilha et al. (2018), a gestão da clínica ampliada põe ênfase nos sujeitos
envolvidos, nas relações estabelecidas, no cuidado integral à saúde e nos consequentes
processos de aprendizagem, concebidos no trinômio atenção à saúde-gestão-educação.
Nesse sentido, gestores e profissionais de saúde devem construir objetivos comuns, para
os quais compartilham conhecimento e esforço profissional e se implicam igualmente.
Nesse contexto, a criticidade e o comprometimento são vetores na construção de um
ponto de vista.
INTERFACE ENTRE PSICOLOGIA E
ATENÇÃO HOSPITALAR
■ A interface entre a Psicologia e a atenção hospitalar carateriza-se, primordialmente, por
um contexto marcado pelo sofrimento que, em maior ou menor intensidade, apresenta-
se como próprios das situações de crise e adoecimento. Este contexto põe à prova os
mecanismos adaptativos adequados, o que já justificaria a presença da(o) psicóloga(o) e
sua ação no ambiente hospitalar. Frente a objetividade e a resolutividade necessárias
neste ambiente, emerge uma demanda de sofrimento adicional, evidenciada pelas
subjetividades em jogo nessa vivência hospitalar, tanto do paciente como de seus
familiares, cujas repercussões do adoecimento em suas vidas mostram um significado
para além da patologia e da sua gravidade.
O AMBULATÓRIO E A EQUIPE
MULTIDISCIPLINAR