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Arquitetura
e Urbanismo
Material Teórico
Arquitetura no Renascimento: A Volta do Clássico
Revisão Textual:
Prof. Esp. Luciano Vieira Francisco
Arquitetura no Renascimento:
A Volta do Clássico
• Introdução;
• Renascimento: A Volta do Clássico;
• A Arquitetura no Renascimento;
• A Importância da Perspectiva no Projeto Arquitetônico;
• O Urbanismo;
• Considerações Finais.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Compreender o movimento cultural e artístico da Renascença que se
afirmou acentuadamente na arquitetura e no urbanismo.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Arquitetura no Renascimento: A Volta do Clássico
Introdução
Antes de tudo, vale destacar aqui que o Renascimento não é um período, mas sim
um movimento artístico-cultural que encabeçou diversas contestações subsequentes,
tais como o movimento protestante no campo religioso, o movimento humanista
no campo científico e o movimento iluminista no campo político, para citar apenas
alguns casos. Todos esses movimentos intercalaram o final decadente da Idade
Média e prenunciaram o período moderno.
Veremos nesta Unidade como a Renascença foi importante para estimular os avan-
ços científicos, artísticos e tecnológicos que impactaram diretamente na arquitetura.
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Nas artes, esses burgueses foram res-
ponsáveis por encomendas e patrocínio Os mecenas eram os burgueses, uma
nova classe social que encomendava
financeiro de obras de arte de artistas as obras de arte de pintores e escul-
como Leonardo da Vinci, Michelangelo tores renomados do Renascimento
e Rafael Sanzio, sendo, em grande par- para a obtenção de reconhecimento e
prestígio social. O patrocínio de obras
te, responsáveis pelo avanço inigualável artísticas é chamado de mecenato.
das artes. Tais homens eram chamados Eram ricos e poderosos comerciantes,
de mecenas e esta prática é denomina- príncipes, condes, bispos e banqueiros.
da mecenato.
O humanismo é uma postura intelectual que valoriza o homem e suas capacidades racionais
Explor
de compreensão e ação sobre o mundo e seus fenômenos; ou seja, a cultura deixou de ser
teocêntrica – centrada em uma visão religiosa, em torno da figura de Deus –, passando a
ser antropocêntrica – em que o homem é a medida de todas as coisas. Em síntese, o homem
como centro do Universo.
Ressalta-se que isso não fazia com que os humanistas rompessem com a Igreja,
pelo contrário.
Importante! Importante!
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UNIDADE Arquitetura no Renascimento: A Volta do Clássico
Com a postura menos passiva diante do conhecimento, foi possível que ocor-
resse, nesse período, grande avanço em todas as áreas: nas Ciências, com o de-
senvolvimento da Botânica, da Química, dos estudos da Anatomia, da Astronomia,
da Engenharia, entre tantas outras. Um notável exemplo dessa busca incansável
pelos novos saberes revelados pela observação e razão é Leonardo da Vinci, quem
atuou em todas essas áreas, deixando como legado mais de quatro mil desenhos e
manuscritos de seus estudos e reflexões. Esse desenvolvimento técnico e científico
possibilitou inventos e descobertas que revolucionaram o mundo: as grandes na-
vegações, que revelaram novos continentes – como a América – e comprovaram
que o mundo era redondo – e não plano; a invenção da imprensa de tipos móveis
por Johann Gutenberg, em 1450, que finalmente possibilitou a divulgação e pro-
pagação das ideias para um grande número de pessoas; e o aprimoramento da
Astronomia, graças a homens como Copérnico e Galileu Galilei.
amente entre 1515 e 1600 como uma revisão dos valores clássicos e naturalistas prestigi-
ados pelo humanismo renascentista e cristalizados na Alta Renascença.
Com a redescoberta dos princípios e valores que regiam essas antigas civilizações
clássicas, condição potencializada pela redescoberta de antigos textos e tratados
de poetas, filósofos e outros intelectuais clássicos, o humanismo ganhou fôlego e
passou a admirar as civilizações antigas como modelo a ser seguido – e não temido.
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Além de levar ao surgimento da noção de preservação de monumentos, os
estudos da arquitetura antiga conduziram à recuperação de muitos dos princípios
clássicos, que foram reavaliados e reinterpretados para dar novo fôlego à arquite-
tura clássica produzida no Renascimento.
Como Pevsner (2002, p. 174) afirma, “[...] o estilo renascentista [foi criado]
para os comerciantes de Florença, banqueiros dos reis da Europa. É na atmosfera
da mais próspera das repúblicas comerciantes do Sul que o novo estilo aparece,
por volta de 1420”.
Por outro lado, é igualmente lá que se encontra a maior parte do legado cultu-
ral da civilização romana e dos etruscos, com o qual, de certa forma, os italianos
nunca tinham perdido o contato – ressurgindo como uma estética arquitetônica
que exprimia todos os princípios do racionalismo e do humanismo que floresciam
na Toscana.
Por fim, com a reinstalação da sede da Igreja Católica em Roma, após séculos
na cidade de Avignon, na França – fugidos dos ataques bárbaros frequentes durante
a Alta Idade Média –, em 1420, o centro do poder europeu novamente encontrava-
se em Roma.
A Arquitetura no Renascimento
Segundo Leonardo Benevolo (apud PEREIRA, 2010, p. 131), a retomada do
classicismo italiano se deu porque o gótico não possuía disciplina ou um método
de controle geral em sua composição. O clássico, por sua vez, era mais adequado
às necessidades da Idade Moderna por sua ordem e estrutura mais simples de
conhecimento. Embora possa parecer um retrocesso, esse fenômeno deve ser
encarado como um “[...] meio de retomada para um novo impulso progressista,
como se demonstrará nos séculos XVII e XVIII” (PEREIRA, 2010, p. 131).
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UNIDADE Arquitetura no Renascimento: A Volta do Clássico
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Como todos os humanistas do período, Brunelleschi também apreciava
outras artes: era profundo conhecedor da poesia de Dante Alighieri. Ao lado de
Masaccio – pintor – e Donatello – escultor –, Brunelleschi é considerado um dos
mais importantes personagens do princípio do Renascimento italiano. A obra
de Brunelleschi é extremamente relevante para nós não apenas pelas inovações
técnicas e estilísticas que inauguraram o Renascimento, mas também porque
contribuiu com:
• O surgimento da profissão do arquiteto e das concepções projetuais em
arquitetura;
• A elaboração da perspectiva linear por meio de cálculos matemáticos, o que
agregou não apenas ao desenvolvimento do processo projetual em Arquitetura,
mas também ao avanço da pintura do período – em que a perspectiva é tida
como uma das características mais importantes da pintura renascentista.
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UNIDADE Arquitetura no Renascimento: A Volta do Clássico
A técnica construtiva usada pelos romanos para erguer seus duomos já havia
sido perdida, então Brunelleschi precisava elaborar as suas próprias técnicas para
viabilizar o seu projeto. A solução adotada para sustentar o peso da cúpula sem
preencher o espaço interior da Catedral com colunas foi adotar um sistema de
dupla camada. A concha interior era feita de material leve, enquanto que a camada
externa consistia de materiais que resistissem ao vento.
Assim, os construtores, elevados até a altura por suas gruas, poderiam sentar na
camada interna para erigir a camada externa. Para sustentar ambas as camadas,
elaborou um sistema de anéis que “abraçam” ambos os domos, entrecortados por
suportes. A estrutura ainda resiste, salvo pela substituição de algumas peças de
madeira – porque ficaram apodrecidas. Enfim, é uma solução ainda empregada na
Engenharia Moderna.
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Figura 4 – Vista do interior da cúpula, com afrescos de
Giorgio Vasari e Federico Zuccari, representando o Juízo Final
Fonte: Wikimedia Commons
A Importância da Perspectiva
no Projeto Arquitetônico
A perspectiva é uma das várias técnicas de representação de objetos e a profun-
didade do espaço em um desenho, isto é, sobre um suporte plano.
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UNIDADE Arquitetura no Renascimento: A Volta do Clássico
Figura 5 – Vista interna da Igreja do Santo Spirito. Neste espaço, Brunelleschi usou as
técnicas de perspectiva para intensificar os efeitos espaciais que conduzem o observador ao altar.
A imagem de Cristo fica exatamente no ponto focal, para onde as linhas convergem. A linguagem
adotada é clássica: a combinação de colunas coríntias encimadas por arcadas romanas.
Tratava-se do início da arquitetura renascentista conforme se consolidou nos séculos seguintes
Fonte: Wikimedia Commons
seguir: https://goo.gl/im9DaS
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A concretização da harmonia e da regularidade como consequência das regras
da geometria foi atingida no projeto da capela (1430) para a família Pazzi, sendo
estes proeminentes em Florença. Brunelleschi combinou colunas, pilastras e arcos
plenos de maneira inédita na história da Arquitetura.
As pilastras – meias colunas embutidas
na parede – remetem às colunas sem ter,
de fato, uma função estrutural: a intenção
é plástica, de marcar o ritmo clássico das
colunas e arcadas. Embora a sua inspira-
ção tenha sido a arte romana, a capela não
guarda semelhanças com os templos clássi-
cos, tampouco com as igrejas góticas.
Bramante foi para Roma em 1499 e lá, inspirado pelos monumentos da Roma
Antiga, passou a se interessar pelas questões construtivas, pela harmonia e simpli-
cidade. Foi nessa época que assumiu o projeto de uma pequena capela de plano
central, o Tempietto de São Pedro de Montorio, talvez o mais importante edifício
renascentista dessa fase. Trata-se de uma releitura de um templo romano circular,
apoiado em três degraus, onde cada coluna dórica tem a sua pilastra correspon-
dente na parede do edifício, cuja cela, mais alta do que a colunata, é coberta com
uma cúpula semiesférica.
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UNIDADE Arquitetura no Renascimento: A Volta do Clássico
Palladio foi, sem dúvida, o mais importante arquiteto da geração que seguiu a de
Bramante – e pode-se afirmar sem pudor que seja um dos arquitetos mais influentes
ao longo dos séculos, cujo estilo pessoal inspirou um movimento chamado de
palladianismo, principalmente no século XVIII.
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referências que dão base à Arquitetura do neoclassicismo, em anos posteriores e em
países tão diversos quanto a Inglaterra e os Estados Unidos, prestando homenagem
a Vitruvius, atualizando seus pensamentos e afirmando que “[...] os romanos ainda
não foram superados nas construções posteriores a eles [...]” (PALLADIO apud
MARTON; WUNDRAM; PAPE, 2008, p. 6).
Por outro lado, a sua prática também foi extremamente relevante, especialmente
as grandes sedes de fazenda ao redor de Vicenza, chamadas de ville; e imponentes
casas urbanas, os palazzi.
Ville, em italiano, é o plural de casa de campo ou fazenda – o singular é villa. Quanto aos
Explor
imponentes edifícios urbanos em que moravam as famílias abastadas, tratam-se dos palazzi
– plural –, cujo singular é palazzo.
A mais famosa villa projetada por Palladio é a Villa Capra, conhecida também
como La Rotonda (1550-1554). Erigida nos arredores de Vicenza, a casa se
destaca pela sua simetria absoluta e pelas quatro fachadas rigorosamente idênticas.
Figura 8 – Villa Capra, conhecida também como La Rotonda (1550-1554), Vicenza, Itália
Fonte: Wikimedia Commons
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UNIDADE Arquitetura no Renascimento: A Volta do Clássico
O Urbanismo
A imagem do mundo – imago mundi – e suas formas urbanas – imago urbis
– do Renascimento é baseada no que os arquitetos compreendiam do texto de
Vitruvius e das ruínas das urbes romanas. Assim, a tratadística renascentista teve
íntima relação com a utopia urbana, a cidade “ideal”, a qual deveria, no discurso
renascentista, ser subordinada à ordem e disciplina geométrica e ter um caráter
unitário e racional.
A busca pela cidade ideal do Renascimento foi uma criação intelectual, que não
se realizou – salvo em alguns raros exemplos de cidades primordialmente militares –,
porém, ditou as bases para o desenvolvimento do projeto urbano nos séculos que se
seguiram. Tal cidade renascentista é uma utopia, definida por Pereira (2010, p. 67)
como uma visão unificada da cidade como espaço, mas também como o lugar em
que se desenvolve uma estrutura política e social idealizada. Esse modelo independe
de um lugar, tempo ou acontecimento específico – é um padrão idealizado que pode-
ria se aplicar em qualquer ponto do Planeta, em qualquer época na história.
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Figura 9 – Sforzinda, a cidade ideal imaginada por Filarete, em 1465
Fonte: Wikimedia Commons
O motivo da maior parte dessas ideias jamais ter saído do papel se dá porque
a maior parte das cidades eram antigas, fundadas a partir da Idade Média ou
mesmo anteriormente.
Foram poucos os centros urbanos que surgiram do zero. Entre as raras expe-
riências práticas e realizadas, podemos destacar a Cidade de Palmanova, que foi
fundada em 1593 em função de necessidades militares.
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UNIDADE Arquitetura no Renascimento: A Volta do Clássico
O uso da perspectiva visa criar uma hierarquia nos elementos urbanos por meio
do destaque dado aos considerados mais importantes, tais como edifícios singulares
e monumentos, colocando-os no ponto focal de uma perspectiva. Assim, ruas e
avenidas são retilíneas, enquanto que as linhas dos edifícios em torno e o ritmo dos
elementos repetitivos – como colunatas e aberturas – intensificariam esse efeito da
perspectiva, dirigindo nosso olhar para o elemento principal.
Tal ferramenta ainda é muito utilizada para enfatizar monumentos ao fim de vias
ou no centro de praças, como é o caso, por exemplo, do Obelisco do Ibirapuera,
em São Paulo.
Considerações Finais
Vimos nesta Unidade a contextualização do Renascimento e sua influência
na Arquitetura.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
Estética e História da Arte
https://goo.gl/7GG4yw
História Moderna
https://goo.gl/1i7XeX
Vídeos
Filosofia do Renascimento
https://youtu.be/bnk1FLOS_LQ
A Cúpula de Brunelleschi
https://youtu.be/C83OKYj5GEw
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UNIDADE Arquitetura no Renascimento: A Volta do Clássico
Referências
ARGAN, G. C. História da Arte como história da cidade. São Paulo: Martins
Fontes, 1998.
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