Você está na página 1de 36

FILOSOFIA

Resumo Final
1TP

2004 BECHTINGER
Filosofia Moderna (séc XV-XVII)
● Por volta do século XV, com o Movimento Renascentista, surgiu
a Filosofia Moderna, que refletia sobre diversas questões, como
a razão, o conhecimento, a experiência e a política. Essas
mudanças provocaram a incorporação de uma nova mentalidade
em ascensão, denominada de Humanismo.

● É caracterizada pelo desenvolvimento da mentalidade


racionalista, cujos princípios opunham-se à autoridade da Igreja,
e pelo desenvolvimento do método científico. A partir de então o
conhecimento deveria ser empírico, ou seja, provado pela
experiência e não mais imposta.
Renascimento
● O Renascimento foi um movimento artístico, cultural e científico
que surgiu na Itália, no século XV, e se expandiu para outras
regiões da Europa, trazendo renovação nas áreas de filosofia,
política, economia, cultura, artes, ciência, dentre outras.
A criação de Adão, obra pintada na Capela por Michelangelo.

● Inspirado nos valores da Antiguidade Clássica e gerado pelas


modificações econômicas, o Renascimento reformulou a vida
medieval e deu início à Idade Moderna.

● O movimento foi caracterizado por estabelecer princípios,


métodos e formas artísticas com características da arte clássica
da cultura greco-romana.

Mona Lisa, obra pintada por Leonardo da Vinci.


Contexto Histórico
● Após a queda de Constantinopla, os antigos bizantinos se instalaram
na Itália, onde desenvolveram a cultura clássica. Durante os séculos
XIV e XV, houve o renascimento urbano na Europa, onde surgiram
novas cidades, que foram povoadas por nobres, artistas, artesãos,
trabalhadores de diversas áreas e pela nova classe social que surgira:
a burguesia. As feiras, as Cruzadas e o surgimento dos burgos, eram
sinais de que o comércio renascia e, com ele, uma nova era. A criação de Adão, obra pintada na Capela por Michelangelo.

● Houve o declínio do feudalismo, o fortalecimento do poder dos reis e


o surgimento das Monarquias Nacionais. Esses aspectos
possibilitaram liberdade econômica e comercial. Acompanhado das
mudanças sociais e políticas, surgiram transformações de ordem
religiosas. Nesse período, a Igreja Católica perdeu com os
movimentos de contestação que deram origem à reforma religiosa.

● Assim, passou a haver um conflito entre fé e razão, de modo que


Deus deixou de ser o centro de tudo e o homem passou a ser
valorizado, dando origem ao período de transição entre o
teocentrismo medieval e o antropocentrismo renascentista. Foi nesse
contexto que surgiu o movimento renascentista.
Mona Lisa, obra pintada por Leonardo da Vinci.
Características
● Classicismo - os artistas buscam sua inspiração na Antiguidade
Clássica greco-romana para fazer suas obras.

● Humanismo / Antropocentrismo - o homem passou a ser colocado no A criação de Adão, obra pintada na Capela por Michelangelo.
centro do mundo. Nesse sentido, a visão teocêntrica foi deixada de
lado. Nas obras renascentistas, essa característica se fez presente na
filosofia – onde se desenvolveu o espírito crítico do ser humano –, e
nas artes, com a reprodução de situações do cotidiano e na fiel
representação dos traços e formas humanas.

● Racionalismo - valorizando a razão e defendendo que há uma


explicação para tudo o que existe, o racionalismo desprezava as
explicações vindas da Igreja Católica ou de outras fontes que não
fossem científicas.

● Individualismo - deixando de ser regido pela Igreja, o homem passou a


ser guiado pelas suas emoções, de modo que se tornou um ser crítico
e responsável por suas ações. O hedonismo ou busca dos prazeres
também foi um aspecto que destacou a predominância do
individualismo no renascimento Mona Lisa, obra pintada por Leonardo da Vinci.
Características
● Universalismo - pode ser percebido no campo da educação
renascentista legitimada pelos avanços em várias áreas do
conhecimento. Nesse período houve a expansão de escolas e
universidades com a inserção de disciplinas relacionadas às
humanidades na grade curricular dos cursos.
A criação de Adão, obra pintada na Capela por Michelangelo.

● Cientificismo - abordou diversas questões sobre o conhecimento que


foram fundamentais para a mudança de mentalidade da humanidade.
Essa corrente deu início à busca pelo conhecimento através de
diversas áreas científicas como: Biologia, Matemática, Física,
Astronomia, Botânica, Anatomia, Química, dentre outras.

Mona Lisa, obra pintada por Leonardo da Vinci.


Inovações do período
● A invenção da imprensa de Gutenberg, no século XV, foi
fundamental para o Renascentismo, pois permitia a circulação e
a leitura acerca da história e das ideias mais facilmente.

● A bússola, o astrolábio, os mapas e as caravelas, trazidos da


China, facilitaram as navegações e o imperialismo.

● A pólvora auxiliou na dominação dos povos colonizados pelos


colonizadores.
Racionalismo x Empirismo
● Durante o século XVIII, a confiança no poder da razão no processo de
conhecimento chega a seu auge no contexto da filosofia, à qual a ciência
ainda se mantinha vinculada.

● A produção filosófica dessa época costuma ser denominada Grande


Racionalismo, e essa doutrina designa o privilégio do papel da razão no
processo de conhecer a verdade.

● A produção filosófica oposta ao Racionalismo é denominada de


Empirismo, e essa doutrina designa o privilégio do papel da experiência
no processo de conhecer a verdade.
Racionalismo
● Acredita que existe um conhecimento inato, e que podemos chegar à
verdade apenas pelo exercício da nossa razão, antes mesmo da
experiência sensorial. Um exemplo disso seria a matemática, em que
não precisamos confiar em nossos sentidos para estabelecer
conclusões como 1 + 1 = 2. Orienta-se por 3 princípios:

● Dedução - aplicação de princípios concretos para tirar uma conclusão


(geral → particular).
● Ideias inatas - nascemos com verdades fundamentais ou experiências
que trazemos de outras vidas.
● Razão - lógica para determinar uma conclusão, podendo utilizar vários
métodos para isso, pois a ênfase é encontrar a verdade, e não o
método usado.
Empirismo
● Empirismo é uma escola de filosofia que afirma que a realidade e o
conhecimento são derivados da experiência sensorial. Como filosofia,
é aliada pela metodologia das ciências naturais, e o único tipo de
conhecimento que importa para o empirista é aquele que pode ser
formalmente medido ou verificado.

● Indução - é a crença de que poucos objetos de estudo podem ser


conclusivos (particular → geral).
Racionalismo Empirismo

Definição A razão é a fonte do A experiência é a fonte do


conhecimento humano. conhecimento

Intuição Acreditam Não acreditam

Ideias Inatas Acreditam Não acreditam

De onde vem o Baseado no uso da razão e Baseado na experiência e na


conhecimento da lógica experimentação

Princípios-chave Dedução, conhecimento Indução e experiências


inato e razão sensoriais.
Consequências do Renascimento

● Heliocentrismo - modelo cosmológico que afirma a


centralidade do Sol no Universo. Isso significa que os
astros, a Terra e os demais planetas se movem ao seu
redor, e é ele o centro do Sistema Solar, indo em contramão
ao modelo geocêntrico amplamente divulgado durante a
Idade Média.

Ex.: Nicolau Copérnico, Galileu Galilei.

● Mecanicismo - teoria filosófica determinista segundo a qual


todos os fenômenos se explicam pela causalidade
mecânica ou em analogia à causalidade mecânica.

Ex.: Isaac Newton.


Consequências do Renascimento

● Iluminismo - conhecido como a filosofia das luzes,


caracterizava-se pela confiança no progresso e na razão,
pelo desafio à tradição e à autoridade e pelo incentivo à
liberdade de pensamento.

● A queda de Constantinopla - capital do Império Romano do


Oriente, grande centro comercial e cultural da idade média
tomado pelos Turcos em 1453.
Francis Bacon
● Um dos fundadores do método indutivo de investigação
científica, baseado no Empirismo. É considerado o "pai do
método experimental" e o “primeiro dos modernos e último
dos antigos”

● Para Francis, a ciência era uma técnica e os conhecimentos


científicos deveriam ser considerados instrumentos práticos
de controle da natureza. A ciência deveria valorizar a
pesquisa experimental baseada na corrente empirista.
“Saber é poder” : natureza a serviço do homem.
Teoria dos Ídolos
● Usava a palavra ídolo com um sentido específico de erro enraizado,

falsa noção, preconceito e mau hábito mental.

● Para ele, a crença nos ídolos prejudicava o avanço da ciência e da

racionalidade humana. É em sua obra “Novum Organum” que ele

destaca 4 gêneros de ídolos que entorpecem a mente humana e

prejudicam a ciência:

○ ídolos da tribo.
○ ídolos da caverna.
○ ídolos do mercado.
○ ídolos do teatro.
Ídolos da Tribo
● Inerentes à natureza humana, relacionados à maneira com que,

através da nossa “lente de humanidade”, lemos a realidade ao nosso

redor. O intelecto humano é semelhante a um espelho que reflete

desigualmente os raios das coisas e, dessa forma, as distorce e

corrompe.

● Por exemplo, é falsa a asserção de que os sentidos do homem são a

medida das coisas. Muito ao contrário, todas as percepções, tanto dos

sentidos como da mente, guardam analogia com a natureza humana, e

não com o universo.


Ídolos da caverna
● São os dos homens enquanto indivíduos. Pois, cada um — além das

aberrações próprias da natureza humana em geral — tem uma

caverna ou uma cova que intercepta e corrompe a luz da natureza: seja

devido à natureza própria e singular de cada um; seja devido à

educação ou conversação com os outros; seja pela leitura dos livros ou

pela autoridade daqueles que se respeitam e admiram; seja pela

diferença de impressões.

● Faz referência à alegoria de Platão e está relacionado a como as

nossas experiências anteriores de vida e visões individuais podem

influenciar nossa percepção de mundo.


Ídolos do mercado ou do foro
● Provenientes do intercurso e da associação recíproca dos indivíduos

do gênero humano entre si. Com efeito, os homens se associam graças

ao discurso, e as palavras, caso impostas de maneira imprópria e

inepta, bloqueiam espantosamente o intelecto. As palavras forçam o

intelecto e o perturbam por completo. E os homens são, assim,

arrastados a inúmeras e inúteis controvérsias e fantasias.

● Está relacionado ao mau uso da linguagem como fator que pode

atrapalhar o entendimento e o progresso científico. Por exemplo,

observe a seguinte frase.: “Aí, pega aquele trem pra mim!”, em que

“trem” refere-se a algo, e não propriamente um trem.


Ídolos do teatro
● Verdades mascaradas, camufladas, que podem aparecer em doutrinas

religiosas, filosóficas e, até mesmo, nos numerosos princípios e

axiomas das ciências que entraram em vigor, mercê da tradição, da

credulidade e da negligência. Baseiam-se em conclusões provisórias,

mas que carregam em si a prepotência de parecem eternas.

● A crença de que o nosso planeta é plano, por exemplo, é considerado

um ídolo do teatro.
Pensamentos antigos
● Para Aristóteles, o universo era esférico, imutável e finito.
Era composto de 4 elementos: terra, água, ar e fogo, e de
um quinto elemento especial: o éter. Todos os elementos
“querem estar” no centro do Universo, o Centro da Terra,
exceto o Éter;

● Modelo geocêntrico (Ptolomeu 120 d.C) - a Terra era o


centro do universo, com todos os planetas e o Sol girando
ao seu redor.
Galileu Galilei
● Começa a romper com as ideias de Aristóteles e Ptolomeu.

● Considerado o criador da ciência moderna, e um dos maiores


astrônomos de todos os tempos, devido às observações
pioneiras que fez com o telescópio.

● Promoveu uma mudança de método, determinando a história da


ciência moderna. Essa mudança consiste no uso do método
rigoroso e controlado - da matemática -, também no campo dos
objetos físicos.

● Afirma que "[...] o livro da natureza está escrito em caracteres


matemáticos" e que, "sem um conhecimento dos mesmos, os
homens não poderão compreendê-lo".
Galileu Galilei
● Uma de suas maiores contribuições foi ter assumido uma nova
postura de investigação científica, cuja metodologia tinha como
bases:

○ as regularidades observadas nos fenômenos.

○ a valorização da matemática como instrumento.

○ a realização de experimentações para comprovar uma tese.

○ a observação paciente e minuciosa dos fenômenos naturais.


Galileu Galilei
● Alcançou grandes realizações aplicando a matemática ao
estudo experimental da natureza.

● Em 1610, publica o livro Siderius Nuncius (Mensageiro Estelar),


no qual anuncia suas descobertas. A Igreja Católica afirma e
elogia as descobertas de Galileu, mas discorda das
interpretações.

● Em 1632, publica o livro que, eventualmente, o levaria à prisão:


Diálogo sobre os dois máximos sistemas do mundo. Em Março
de 1632 a igreja ordenou que Galileu se apresentasse em Roma.
Isaac Newton
● Foi um cientista, químico, mecânico, teólogo, astrônomo, físico e
matemático que trabalhou junto com Leibniz na elaboração do
cálculo infinitesimal. Durante sua trajetória, ele descobriu várias
leis da física:

→ 1ª Lei de Newton - Princípio da Inércia;

→ 2ª Lei de Newton - Princípio Fundamental da Dinâmica;

→ 3ª Lei de Newton - Princípio da Ação e Reação;

→ Lei da Gravitação Universal.

● Sua obra, Philosophiae Naturalis Principia Mathematica,


publicada em 1687, é considerada uma das mais influentes na
ciência.
Isaac Newton
● Decorre do pensamento de Newton a concepção do mundo
como uma grande máquina, cujas partes podem ser conhecidas
através da observação e da experimentação.

● Essa grande máquina seria fruto da obra de um ser inteligente e


regente universal: Deus (O Grande Relojoeiro, popularizado pelo
filósofo francês Voltaire).
René Descartes
● Para conhecer a verdade, é necessário questionar tudo e analisar
criteriosamente se existe algo na realidade de que possamos ter plena
certeza.

● Para isso faz uso da dúvida metódica, e a única verdade livre de


qualquer questionamento é “COGITO ERGO SUM”, em outras
palavras, “PENSO, LOGO EXISTO.”

● O termo pensamento é utilizado por ele de modo bastante amplo,


englobando tudo aquilo que afirmamos, negamos, sentimos,
imaginamos, cremos e sonhamos.
Metafísica Cartesiana
● No mundo, haveria apenas duas substâncias, essencialmente distintas
e separadas.

● O ser humano seria composto dessas duas substâncias, pensante e


extensa, enquanto a natureza se constituiria apenas de uma, a
extensa. A metafísica cartesiana também incluía uma terceira
substância, a infinita, que não faz parte do mundo em que vivemos:

○ RES COGITANS (substância pensante)


○ RES EXTENSA (substância extensa)
○ RES INFINITA (substância infinita)
O discurso do Método
● Apresenta quatro preceitos metodológicos para a constituição do
conhecimento científico. Esta ordem pela qual o conhecimento deve
ser edificado ficou conhecida como a ordem das razões:

1º - Evidência.

○ Algo só é verdade se for evidente por sua clareza e distinção.


Independe das percepções sensoriais. Assim, Descartes
desenvolveu as ideias inatas, como noções matemáticas, de
movimento, infinito, dentre outras.

2º - Análise.

○ Dividir um problema em várias partes o quão necessário for


para resolvê-lo melhor.

3º - Síntese.

○ Reorganizar o raciocínio partindo dos problemas mais simples


para os mais complexos.

4º - Enumeração

○ Verificar de maneira completa e geral a fim de ter segurança


absoluta de que nenhum detalhe do problema foi omitido ou
esquecido.
Baruch Espinosa
● Considerado um racionalista radical, realizava críticas às
superstições religiosas, políticas e filosóficas. De acordo com ele, a
imaginação é a fonte de toda a superstição, uma vez que é incapaz
de compreender a verdadeira ordem do universo e credita a
realidade a um Deus voluntarioso, nas mãos de quem os seres
humanos não passam de joguetes.

● Para ele, só existiria uma única substância no mundo, que é Deus,


imanente ao real. Ele tem em uma visão panteísta de mundo e da
Bíblia, afirmando que tudo é Deus:

● DEUS SIVE NATURA, i.e., “Deus ou Natureza” ou ainda Deus é


Natureza, dada pela equação “Deus = Natureza”.
Baruch Espinosa
● Para ele, o Bem o e Mal não existem, sendo apenas as inclinações
humanas baseadas em suas paixões, que são naturais.

● Espinosa definia servidão como impotência humana para regular e


refrear os afetos.

● Ele foi expulso da Sinagoga e perseguido pela Santa Inquisição, foi


excomungado e perseguido por duas grandes religiões
monoteístas do mundo.
Ética demonstrada à
maneira dos geômetras
● Escreveu o texto Ética, no qual demonstra geometricamente (com
definições, axiomas, postulados e teoremas) a natureza racional de
Deus, que se manifesta em todas as coisas. Nele, Espinosa
defende que:

○ O homem se torna livre pelo amor intelectual a Deus.

○ O ser humano que é virtuoso age conforme a natureza.

○ O conceito de virtude liga-se ao de autoconservação.

○ Os homens são virtuosos por essência.

○ Um ser humano age contra a própria utilidade somente


sob a influência de causas externas que o corrompem.
Blaise Pascal
● Francês, matemático e físico que viveu na época do racionalismo,
mas que foi um dos principais críticos da confiança excessiva na
razão: “O coração tem razões que a razão desconhece”.

● Demonstrava uma contradição ou paradoxo com uma mente exata


e racional. Fez reflexões filosóficas sobre a condição trágica do ser
humano, ao mesmo tempo magnífico e miserável, capaz de
alcançar grandes verdades e gerar grandes erros.

● Segundo ele, a razão humana é impotente para provar a existência


de Deus, de modo que a crença no ser divino se assentaria apenas
na fé.
Verificação de aprendizagem
● Resuma o contexto histórico do período Moderno.

● Identifique quais são as principais características da Filosofia


Moderna.

● Qual é a principal obra de Francis Bacon? Qual o significado de


“Ídolo” e quais são os “Ídolos” apresentados nesta obra?

● Como Galileu Galilei ficou conhecido? E quais as suas principais


contribuições?

● Cite as principais leis de Newton.

● Quando o “Poder da Razão” chega ao auge? E como ficou


denominada essa época?

● Qual foi o método fundamental utilizado por René Descartes em


seu pensamento?

● Como é composta a Metafísica Cartesiana?


Fim do resumo
● Bons estudos!

2004 BECHTINGER

Você também pode gostar