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Introdução

• Em História, Idade Moderna: séc. XV ao séc. XVIII.

• Em Filosofia, Modernidade: séc. XVII ao séc. XIX.

• Começamos nossas aulas pelo período que vai do séc. XV até o


séc. XVII, na verdade, uma transição entre as Filosofias Medieval
(Escolástica) e Moderna.

Séculos
XV ------------ XVI ------------ XVII ------------ XVIII ------------ XIX

Modernidade
Humanismo

• Movimento literário e filosófico que nasceu na Itália (2ª metade do


século XIV), difundindo-se para os demais países europeus,
expressão do início da Modernidade.

• Qualquer movimento filosófico que tome como fundamento a


natureza humana ou os limites e interesses do homem.

• Em sua dimensão histórica, o Humanismo é um aspecto


fundamental do Renascimento: o reconhecimento do valor do
homem em sua totalidade e a tentativa de compreendê-lo em seu
mundo (natureza e história).

• O Humanismo teria começado com a obra de Francesco


Petrarca (1304 – 1374).
Pré-universitário - Filosofia

Filosofia Moderna (Nicolau Maquiavel)

Vida, obra e pensamento


A “Itália” à época de Maquiavel

• Dividida em diversos pequenos Estados.

• As disputas de poder entre esses


territórios era constante.

• A República de Florença era governada


por Lourenço de Médici, de 1469 a
1492.
• Entre as principais obras de Maquiavel:

I. O Príncipe (1513).

II. Discursos sobre a Primeira Década de Tito Lívio (1517).

III. A Mandrágora (1518).

IV. A Arte da Guerra (1519 – 1520).


O Príncipe (1513)

• A primeira edição foi publicada em 1532.

• Um guia para a conquista e a manutenção do poder.

• Maquiavel deixa de lado o republicanismo.

• O Principado seria uma solução intermediária para a unificação


italiana.

• Dedicado a Lourenço II, de Médici (1492 – 1519).

• Maquiavel defende a centralização política, mas, não


necessariamente o Absolutismo.
• Com Maquiavel, teve início uma nova época do Pensamento
político, que se afastou da especulação e da Religião. A ética
prática ≠ ética cristã.

• A Política passa a ser estudada de forma específica e autônoma,


sem ser condicionada por princípios válidos em outros âmbitos.
“A Política para a Política”.

• Essa mudança imposta por Maquiavel está diretamente ligada à


realidade política vivida na Itália e, sobretudo, em Florença.

• Além disso, Maquiavel foi muito influenciado pela crise dos


valores morais experimentados em sua época.

• Maquiavel percebeu na política uma divisão entre “ser” (as coisas


como efetivamente são) e “dever ser” (as coisas como deveriam
ser, para se conformarem aos valores morais)
• O pensamento político de Maquiavel pode estar
organizado em quatro pontos precípuos:

I. Realismo político, sob profundo pessimismo


antropológico;

II. Conceito de “virtude” (virtù) para o “Príncipe”, que


deve governar eficazmente o Estado;

III. Relação dinâmica entre “virtù” e “fortuna”;

IV. Retorno aos princípios, condição de regeneração e


renovação da vida política.
Michel de Montaigne (1533 – 1592)

❑ Seu pensamento se destaca pelo:

I. Ceticismo.
Montaigne foi o maior representante do Ceticismo renascentista. A verdade
absoluta deixa de estar ao alcance do homem.

II. Estoicismo.
O homem não é mais que um indivíduo, que vive e morre, passando
alternadamente pela dor e pela alegria. Defende a autonomia moral do
indivíduo diante dos costumes e das convenções arbitrárias.
Michel de Montaigne (1533 – 1592)

Ensaios
❑ Montaigne inaugura uma nova forma de filosofar, através da criação do
Ensaio, caracterizado por aspectos como:

a) Estilo pessoal (subjetivo). Montaigne “ensaia a si


b) Não visa a esgotar um tema (dar respostas), mas uma reflexão a
respeito.
c) Não é investigativo, chegando a ser impressionista ou opinativo.

Ensaios principais:

I. Dos canabis;
II. Sobre a vaidade;
III. Sobre a amizade;
IV. Dos livros;
V. Jornal de viagem.
Pontos centrais do pensamento de Montaigne
O Homem

❑ Montaigne questiona a essência humana. O homem é o centro de toda a


problemática do conhecimento e, consequentemente, da Filosofia.
❑ O homem é um ser multiforme: não só um, mas muitos de cada vez,
sem jamais poder se compreender.

O Conhecimento)

❑ Eterno pesquisador, o homem está sempre em busca de novos


conhecimentos. Tudo se torna objeto de meditação.

Educação.

❑ Censurava a cultura livresca e mnemônica de sua época. O ensino deveria


estar atrelado ao empirismo.
Pontos centrais do pensamento de Montaigne

A Ética
❑ Montaigne foi um conservador, mas nunca foi dogmático; ético, mas não
moralista. A conduta humana é imprevisível. É impossível formular um
conjunto de preceitos éticos com validez objetiva.

A Religião
❑ O pensamento moral de Montaigne está no polo oposto ao da religião. A
religião é válida na medida em que afirma o enigma da distinção do
homem. Alheio ao Cristianismo e às guerras de religião. Manifesta
reservas ao misticismo e às crenças.

A Política
❑ Distante de um revolucionário, Montaigne defendia que o indivíduo
deveria ser deixado livre dentro do quadro das leis. O melhor governo
seria aquele que menos se fizesse sentir e assegurasse a ordem pública
sem pôr em risco a vida privada e sem pretender orientar os espírito.
A Revolução Científica do séc. XVII
❑ Trata-se do período que vai de 1543 a 1687 é conhecido como
“Revolução Científica”.

❑ Em 1543, Nicolau Copérnico (1473 – 1543) publicou “De


revolutionibus”.

❑ Em 1687, Isaac Newton (1643 – 1727) publicou “Philosophiae


naturalis principia mathematica”.

❑ A “Revolução Científica” representa um movimento de mudança radical


sobre temas como:

a) pensamento científico;
b) trabalho científico;
c) instituições científicas;
d) relação entre ciência e fé;
e) relações entre ciência e sociedade.
❑ A partir da revolução do século XVII, a Ciência não seria mais:

a) uma intuição privilegiada do mago ou do astrólogo, nem o comentário


ao filósofo ou ao médico que disse “a verdade”.

b) um discurso sobre “o mundo de papel”; mas, um discurso sobre o


mundo da natureza.

❑ A Ciência se tornaria um discurso dirigido a proposições verdadeiras e


controláveis sobre os fatos.

❑ O traço mais característico da Ciência moderna é a ideia de um


método, e mais especificamente de um método hipotético-dedutivo.

❑ Hipóteses se revelam necessárias como tentativas de solução de


problemas; hipóteses das quais se deduzem consequências
experimentais publicamente controIáveis.
Nicolau Copérnico (1473 – 1543)
❑ Deslocou a Terra – e o Homem – do centro do Universo.

❑ A Terra não seria mais o lugar privilegiado da Criação, designado por


Deus a um Homem, como o ponto mais elevado da Criação.

❑ A Teoria de Copérnico (Heliocentrismo) foi uma “revolução” no mundo


das ideias sobre o universo:

1. o mundo seria esférico;


2. a terra com a água formaria uma única esfera;
3. o movimento dos corpos celestes seria uniforme, circular e perpétuo,
ou então composto por movimentos circulares;
4. a terra se moveria em um círculo orbital em torno do centro, girando
também sobre seu eixo.
Tycho Brahe (1546 – 1601)

❑ Deu continuidade ao trabalho de Copérnico.

❑ Propôs um sistema em que os planetas girariam em torno do Sol, mas


este orbitaria em torno da Terra.
Galileu Galilei (1564 – 1642)
❑ Escreveu as famosas “quatro cartas copernicanas” sobre as relações
entre ciência e fé.

❑ Denunciado ao Santo Ofício, foi proibido de defender a teoria


copernicana. Processado outra vez, foi condenado e forçado à
abjuração. A prisão perpétua foi comutada em confinamento.

❑ Para Galileu, ciência e fé são compatíveis.

a) A Ciência é factualmente controlável, destinado a fazer-nos ver como


funciona o mundo. É autônomo em relação à fé, pois pretende
descrever o mundo;

b) A religião busca a “salvação”, que não se ocupa de descrever o mundo,


e sim do “sentido” do universo e da vida dos indivíduos. Os dogmas da
fé não são e não querem ser um tratado de astronomia.
❑ A Ciência para Galileu seria:

❑ realista, capaz de compreender e descrever a realidade, e nos diz


“como vai o céu”;

❑ objetiva, porque descreve as qualidades objetivas e mensuráveis


(qualidades primárias) e não as qualidades subjetivas (qualidades
secundárias) dos corpos.

❑ Esta ciência, descritiva de realidades objetivas e mensuráveis, é


possível porque é o próprio livro da natureza que “está escrito em
linguagem em linguagem matemática”.
Kepler (1571 – 1630)

❑ Defendia a validade do sistema copernicano.

❑ Acreditava que a natureza era ordenada por regras matemáticas, que o


cientista tem a tarefa de descobrir.

❑ Uma Razão matemática divina presidiria o mundo (Deus é matemático).

❑ Buscou a harmonia entre a matemática e a geometria, como as que ele


próprio conseguiu captar e expor nas famosas três “leis de Kepler”.
Isaac Newton

❑ O pensamento de Newton (1643 – 1727) ajuda a compreender o


Empirismo inglês e o Iluminismo.

❑ A “razão” dos iluministas é a de Locke, isto é, a razão que encontra seu


paradigma nas ciências de Boyle e de Newton.

❑ A comoção kantiana diante dos “céus estrelados” é a comoção diante da


ordem do universo-relógio de Newton.
(Feitosa – Filosofia – 2022) Há toda uma interminável literatura
crítica sobre o período do Humanismo e do Renascimento. No
entanto, os estudiosos não conseguiram chegar a uma definição
das características dessa época, capaz de reunir um consenso
unânime, mas, pouco a pouco, enredaram a tal ponto a meada
dos vários problemas que hoje é difícil para o próprio
especialista desenredá-la. A questão revela-se ainda mais
complexa pelo fato de que, nesse período, não ocorre apenas
mudança no pensamento filosófico, mas também, em geral, a
mudança da vida do homem, em todos os seus aspectos:
sociais, políticos, morais, literários, artísticos, científicos e
religiosos. E tornou-se bem mais complexa ainda pelo fato de
que as pesquisas se tornaram predominantemente analíticas e
setoriais, e os estudiosos apresentam a tendência de fugir das
grandes sínteses ou até simplesmente das hipóteses de trabalho
de caráter global ou das perspectivas de conjunto.
REALE, Giovanni & ANTISERI, Dario. História da Filosofia, Volume 3, Do Humanismo a Descartes.
Editora Paulus. 1ª edição, 5ª reimpressão, São Paulo, 2015.
Apesar dos aspectos desencontrados, o
Humanismo mantém o foco na questão:

a)lógica, consolidada na análise dedutiva.

b)ontológica, ignorando a essência humana.

c)epistemológica, voltada à revelação divina.

d)antropológica, buscando a gênese humana.

e)gnosiológica, confrontando saber e natureza.


Certamente, a brusca mudança de direção que encontramos nas
reflexões de Maquiavel, em comparação com os humanistas
anteriores, explica-se em larga medida pela nova realidade
política que se criara em Florença e na Itália, mas também
pressupõe uma grande crise de valores morais que começava a
grassar. Ela não apenas constatava a divisão entre “ser” e
“dever ser”, mas também elevava essa divisão a princípio e a
colocava como base da nova visão dos fatos políticos.
(REALE, G.; ANTISERI, D. História da Filosofia. São Paulo: Paulinas, 1990. V. II, p. 127.)

Dentre as contribuições de Maquiavel à Filosofia Política, é correto afirmar:

a) Inaugurou a reflexão sobre a constituição do Estado ideal.


b) Estabeleceu critérios para a consolidação de um governo tirânico e
despótico.
c) Consolidou a tábua de virtudes necessárias a um bom homem.
d) Fundou os procedimentos de verificação da correção das normas.
e) Rompeu o vínculo de dependência entre o poder civil e a
autoridade religiosa.
Michel Eyquem de Montaigne (1533-1592) compara, nos trechos,
as guerras das sociedades Tupinambá com as chamadas
“guerras de religião” dos franceses que, na segunda metade do
século XVI, opunham católicos e protestantes “(...) não vejo nada
de bárbaro ou selvagem no que dizem daqueles povos; e, na
verdade, cada qual considera bárbaro o que não se pratica em
sua terra. ( ...) Não me parece excessivo julgar bárbaros tais atos
de crueldade [o canibalismo], mas que o fato de condenar tais
defeitos não nos leve à cegueira acerca dos nossos. Estimo que
é mais bárbaro comer um homem vivo do que o comer depois de
morto; e é pior esquartejar um homem entre suplícios e
tormentos e o queimar aos poucos, ou entregá-lo a cães e
porcos, a pretexto de devoção e fé, como não somente o lemos
mas vimos ocorrer entre vizinhos nossos conterrâneos; e isso
em verdade é bem mais grave do que assar e comer um homem
previamente executado. (...) Podemos portanto qualificar esses
povos como bárbaros em dando apenas ouvidos à inteligência,
mas nunca se compararmos a nós mesmos, que os excedemos
em toda sorte de barbaridades.”
MONTAIGNE, Michel Eyquem de, Ensaios, São Paulo: Nova Cultural, 1984.
De acordo com o texto, pode-se afirmar que, para Montaigne

a) a ideia de relativismo cultural baseia-se na hipótese da


origem única do gênero humano e da sua religião.

b) a diferença de costumes não constitui um critério válido


para julgar as diferentes sociedades.

c) os indígenas são mais bárbaros do que os europeus, pois


não conhecem a virtude cristã da piedade.

d) a barbárie é um comportamento social que pressupõe a


ausência de uma cultura civilizada e racional.

e) a ingenuidade dos indígenas equivale à racionalidade dos


europeus, o que explica que os seus costumes são
similares.

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