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Luiz Eugênio Barboza de Oliveira

MICROCOMPUTADORES
contatos imediatos

volume 0 — 1 ? edição

Unicórnio Publicações
1983
Coordenador Editorial: Luiz Vitiello Júnior
Diretor de Arte: Waldir Castello Nuovo
Assistente de Arte: Ricardo Alves de Souza
Hustradora: Claudia Scatamacchia
Revisora: Solange Aparecida Pereira
Serviços editoriais: Maria Lucia Barbosa de Oliveira
Capa: Claudia Scatamacchia
Fotos: Waldir Castello Nuovo

Apoio: SERCON Engenharia de Sistemas SC Ltda.,AI. dos Guaramonis, 339


Tel: (01 1) 61-5730, CEP 04076, São Paulo, SP.


Microcomputadores - contatos imediatos é uma publicação da Uni­
córnio Publicações, Rua Padre João Manoel, 362/601 - Tel: (011)
64-3750, CEP 01 41 1, São Paulo, SP.
® Copyright Luiz Eugênio Barboza de Oliveira. Todos os direitos re­
servados. 1! edição: 1983.
__________ _____ ______________________ /
APRESENTAÇÃO )

O microcomputador é uma máquina de sonhos. Ele chegou co­


mo um bônus em meio da crise econômica, social e existencial que
assola este planeta desde meados dos anos 70. Como a fuga para o
Egito, ele traz a idéia de uma Terra Prometida, mas a caminhada
demandará esforço e propósito.
Cada cultura deverá digerir e adaptar esse instrumento a sua ma­
neira. Esta assimilação condicionará o grau dos benefícios sociais e
éticos a serem auferidos deste sonho. Portanto entendi ser oportu­
no, desde o princípio, convidar o leitor a refletir sobre as diferenças
entre sabedoria, ciência e informação.
Nossa cultura manifesta-se em português. Esta é a língua que me­
recemos por razões históricas e que não devemos desmerecer por
razões espúrias. A informática, até o momento, esteve restrita a eli­
tes que se indulgiram em falar um computerês híbrido e esotérico. O
pensamento micro-informático deverá ser deselitizado para que pos­
sa haver a democratização de sua prática e benefícios. Por esta ra­
zão, mais uma vez, os termos técnicos foram traduzidos (lexica e sin-
taticamente) em português, sem xenofobia e sem jactância. Se a
nossa língua é suficiente para o Millor Fernandes exprimir nossas
contradições, ela será suficiente para nós outros exprimirmos a
micro-informática.
Este livro é introdutório. Ele não pressupõe senão uma matemáti­
ca de primeiro grau. E, mesmo assim, se o leitor andar esquecido de
alguns conceitos, continue a leitura que seu entendimento não de­
verá ser prejudicado. Seu objetivo básico é familiarizar os leitores
com os conceitos fundamentais da micro-informática, com os usos
pessoais, profissionais e empresariais do micro-computador, com os
equipamentos mais comuns, com os programas de usos mais uni­
versais e com os conceitos de sistemas automatizados.
Esta obra é derivada de um seminário em micro-informática por
multimeios preparado originariamente para o SERPRO, Serviço Fe­
deral de Processamento de Dados S.A.
Quero ainda agradecer à SERCON Engenharia de Sistemas SC
Ltda a criação do espaço necessário para que esta obra fosse escrita,
e, em particular, à interlocução inteligente e atenta de seu diretor Et-
lll
tore Pasqualetti, sem a qual, muitos outros defeitos desta obra não
teriam sido evitados. Agradeço também a inúmeras sugestões de
José Horácio Rodrigues Soares, Flávio Figueiredo, João Carlos
Pompeu Nogueira e José Dion de Melo Teles.
Devo lembrar, igualmente agradecido, a encorajadora prosa dos
amigos e co-entusiastas Rogério Toledo Silva, Gerson Abdala e Sa­
mir Yamin.
Com toda justiça e especial carinho, divido com minha mulher,
Maria Lucia, a autoria íntima deste livro; foi ela quem, com zelo e
senso crítico, enfiou, toque por toque, este texto todo pela goela
abaixo de nosso micrinho.

Luiz Eugenio Barboza de Oliveira


Poços de Caldas, 25/12/82

IV
( ÍNDICE )
Apresentação ............................................................................. Ill
1 - AUTOMATIZAÇÃO
1.1 Informação, Ciência e Sabedoria........................................ 3
1.2 Automatização...................................................................... 7
1.3 Rotinas................................................................................... 10
1.4 Diagramas de Blocos............................................................ 16
2 - COMPUTADORES E INFORMÁTICA
2.1 Computadores Automáticos............................................... 25
2.2 Ticos de Informação.............................................................. 27
2.3 Toque e o Teclado................................................................ 34
2.4 O Núcleo de um Computador............................................. 39
2.5 Formato e Informação......................................................... 42
O MICRO: USOS E APLICAÇÕES
3.10 Nascimento do Micro....................................................... 51
3.2 O Micro................................................................................... 53
3.3 Seu Micro-pessoal................................................................ 57
3.4 Seu Micro-profissional......................................................... 59
3.5 Seu Micro-empresarial......................................................... 62
3.6 As Redes de Micros.............................................................. 66
4 - ANATOMIA DE UM MICRO-SISTEMA
4.1 Neuroanatomia de um Micro............................................... 75
4.2 Memória Externa.................................................................. 78
4.3 Vídeo..................................................................................... 82
4.4 Impressoras........................................................................... 83
4.5 Outros Periféricos.................................................................. 90
4.6 Diagrama de Blocos Re visitado........................................... 92
5 - PROGRAMAS PARA O MICRO
5.1 Programas............................................................................. 99
5.2 Sistemas Operacionais......................................................... 101
5.3 Linguagem de Máquina....................................................... 105
5.4 Linguagens de Alto Nível..................................................... 109
5.5 Programas de Aplicação....................................................... 113
V
6 - MICRO-SISTEMAS
6.10 Esforço de Síntese.............................................................. 121
6.2 Análise de Sistemas........................................................... 123
6.3Micro-sistemas...................................................................... 128
6.4 O Mercado............................................................................. 130
6.5 Conclusão............................................................................. 134

7 - APÊNDICES
7.1 Micro-Dicionário.................................................................... 139
7.2 Micro-Vocabulário Inglês-Português.................................. 153
7.3índice Alfabético.................................................................... 157

VI
( C4P/TOO? )

AUTOMATIZAÇÃO
.
1. Informação, Ciência e Sabedoria.............................................................. 3
2. Automatização.............................................................................................. 7
3. Rotinas.............................................................................................................10
4. Diagramas de Blocos................................................................................... 16
______________ ________________ )

O ciclo infinito de idéia e ação,


infinita invenção, infinita experimentação,
traz o saber do Movimento, mas não o da Paz.
Onde está a vida que perdemos vivendo?
Onde está a Sabedoria que perdemos na Ciência?
Onde está a Ciência que perdemos na Informação?

T.S.EHot, "The Rock”.


_______________________ __ ________________ J

1
CAPÍTULO 1
AUTOMATIZAÇÃO

1. Informação, Ciência e Sabedoria

Há muitos e muitos anos, no tempo em que os animais não


falavam, um grande professor de zoologia decidiu ir à floresta
testar seus conhecimentos. No caminho, encontrou um ho­
nesto caçador que se dispôs a acompanhá-lo. Chegados a
uma clareira, encontraram a ossada de um leão. O professor,
animadíssimo, pôs-se a reconstituir-lhe o esqueleto. Com o
barro construiu-lhe as entranhas leoninas e, com arte ímpar,
refez-lhe a pele lustrosa e a juba imponente. Pronto o serviço,
ia dando-lhe o sopro da vida, quando o caçador, em sua sim­
plicidade, pediu-lhe licença para trepar numa árvore, sugerin­
do ao douto que também procurasse abrigo. Em resposta ou­
viu uma inédita aula sobre a gratidão dos felinos redivivos. Fin­
da a aula, o professor deu vida ao corpo do rei das selvas. Pas­
me, leitor! O leão espreguiçou-se demoradamente do longo
sono; olhou solenemente para seu benfeitor, e devorou-o com
a fome de gerações...
Onde está a Sabedoria que perdemos na Ciência?
Para não falarmos de bombas atômicas, falemos do gerente
do banco que passou um cheque sem fundos; do engenheiro
de tráfego que morreu atropelado; do micro-economista cuja
empresa faliu; e da ginecologista solteira que engravidou sem
querer.
Onde está a Ciência que perdemos na Informação?
Conceituar Sabedoria, Ciência e Informação é tarefa que
tem desafiado os mais brilhantes por séculos. Ainda assim,
uma reflexão, mais poética que filosófica, é oportuna. Sobre­
tudo agora que atravessamos os umbrais da micro-informática.

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Informação - Informar é destruir incertezas. um dado, o universo de incertezas consiste
O conjunto das alternativas possíveis de um dos números de 1 a 6. Este é o formato do
fenômeno aleatório define seu universo de lançamento. E esta incerteza que será des­
incertezas — seu formato. Quando se lança truída pela informação do resultado.

3
CAPÍTULO 1

Informação A palavra informação, de certo, tem mais do que um con­


ceito. Obviamente, aqui usaremos seu conceito mais técnico:
informar é destruir incerteza. A princípio, essa definição parece
a estória do ovo e da galinha: quem nasceu primeiro, a infor­
mação ou a incerteza? Em informática, a resposta é categórica:
com certeza a incerteza! Para destruir, é preciso que se conhe­
ça o alvo. O alvo, no caso, é o conjunto de todas as alternati­
vas cuja ocorrência é incerta. Este universo de alternativas é o
formato da incerteza. Quando se lança um dadinho cúbico, o
formato é constituído dos números de um a seis. Teçamos al­
gumas considerações em torno do conceito.

Sabedoria - Algumas linhas do pensamento oriental (Taoísmo, Budis­


mo, Zen etc.) procuram a sabedoria mediante a desformatização das
percepções individuais. Nessa tarefa, a primeira barreira a ser superada
ê a formatação de sensibilidade inexoravelmente implícita nas palavras,
na linguagem, no dizível. No primeiro verso do “Livro de Tao” (Lao-
Tse, séc. V A.C.) está inscrito: “Aquilo que pode ser dito não é a Ver­
dade Eterna”.

4
XIUTOMATIZAÇÃO

O estafeta chega correndo e arquejante diz: “o sdruus esgri-


dizou-sel”. Em nosso universo ordinário, não há “sdruvs”, nem
há a ação de “esgridizar”. Para nós, essa sentença não possui
nenhum conteúdo informacional — falta-lhe um universo pré-
definido, onde ela adquira até significado.
Um jogador retira uma carta de um baralho e observa que
sua carta é o dois de paus. Esta observação destrói uma incer­
teza bem definida: há 52 cartas num baralho, e ele retirou uma
delas. Ao perceber qual foi, houve destruição de incerteza, e,
conseqüentemente, o jogador informou-se. As observações,
para serem informativas, precisam ser indisputadamente inter-
pretáveis dentro do universo de incerteza do observador (tec­
nicamente, seu formato).
Imagine agora, leitor, numa sala esfumaçada, quatro joga­ Formato
dores de pôquer debruçados sobre a mesa. Um deles pede
uma carta. Recebe-a. Manhosamente, junta-a às demais, e
começa a descortiná-la vagarosamente. Ao verificar qual é sua
nova carta, toma um susto. Em vez da rainha de copas, rece­
beu o retrato da sogra! O jogador fica desarvorado. Sentimen­
to de culpa? Ilusão de ótica? Gozação dos parceiros? Perplexo,
fecha as cartas e toma a abri-las, uma a uma, bem devagar. E
a sogra aparece novamente. E ela, a verruga ameaçadora no
nariz não deixa margem a dúvidas. Que situação! O que este
jogador observou foi algo fora do formato: não é informação.
Informar é destruir incerteza. Estas incertezas devem ser, de Ciência
antemão, definidas num universo (seu formato). Este universo
não é, nem podería ser, questionado pela informação. O
questionamento do universo é objeto da ciência. Portanto, a
ciência não destrói incertezas, cria-as ao estruturar universos.
Nicolau Copérnico era um arguto observador dos céus. La­
boriosamente construiu imensas tabelas com suas observações
dos astros. Se estas observações fossem interpretadas dentro
do Universo Ptolomaico, elas transformar-se-iam em informa­
ções. Não foi assim, entretanto, que Copérnico as interpretou.
Ele reestruturou o Universo com o Sol em seu centro. Prati­
cando uma atividade científica, criou o heliocentrismo, uma
nova ordem. Nessa atividade, nenhuma incerteza foi destruí­
da. Ciência não é informação. Hoje sabemos que, devido à
relatividade dos movimentos, as duas versões são compatíveis.
A verdadeira ciência (método científico) não descobre “leis da
natureza”. Ela organiza esquemas onde “tudo se passa como
se fosse...”. Ou, melhor ainda, “quase tudo se passa como se
fosse..A órbita de Mercúrio não é elíptica como a mecânica
newtoniana prometera. E daí?
5
CAPÍTULO 1

Períhélio de Mercúrio - O planeta Mercúrio por século. Este movimento não é explica­
não descreve uma órbita perfeitamente elíp­ do pela lei da gravitação universal de New­
tica em torno do Sol. Seu perihélio (ponto ton. Portanto, perante a lei de Newton,
mais próximo do Sol) move-se na direção Mercúrio é um delinquente, mas ainda as­
da rotação do planeta cerca de 40 segundos sim é o mensageiro dos deuses...

Todas as vezes que a “verdade” científica é inquestionada, a


Ciência “informatiza-se” e seu espírito emigra. O caminho da
informação não nos leva, necessariamente, à Ciência. Sua na­
tureza é indutiva, a plausibilidade é seu limite, a utilidade é sua
medida. Perante as leis de Newton, Mercúrio é um delinqüen-
te, mas ainda assim é o mensageiro dos deuses.
O ciclo infinito de idéia e ação, infinita invenção, infinita ex­
perimentação, traz o saber do Movimento, mas não o da Paz.
A utilidade das idéias, ações, invenções e experimentações
que veremos a seguir é a medida de sua relatividade, não de
sua sabedoria. Esta sabedoria, leitor, estará dentro de si, inco­
municável e inelutável, como no tempo em que os animais
não falavam.
Estando o sábio e o cientista observando os peixes de uma
ponte, o sábio balbuciou:
— “A felicidade dos peixes consiste em nadar.”
Rigoroso em seu método, o cientista disse-lhe:
— “Não diga tolices. Como pode você, não sendo um pei­
xe, saber que a felicidade dos peixes consiste em nadar?!”
Calmo, o sábio retrucou-lhe:
— “Usando seu próprio argumento, como pode você, não
sendo eu, saber que eu não sabia que a felicidade dos peixes
consiste em nadar? .. .Ora, eu sei porque sinto...”(1)

(1) “The Wisdom of India and China” Lin Yutang ; Random House,
NY, 1942.
6
AUTOMATIZAÇÃO

A informática é a ciência que estuda o processamento de in­ Informática


formações. Só possuem conteúdo informacional os eventos
formatados. O gesto de formatar é essencial e central em Infor­
mática. Se, por um lado, a formatação de um evento permite
sua informatização e, conseqüentemente, seu processamento,
por outro lado, toda formatação é uma páuperização do mun­
do. Ao fixar-se um baralho, elimina-se dele uma imensidão de
cartas possíveis. Se esta formatação for absoluta e permanen­
te, viveremos sob a tirania do formatador, e acabaremos sendo
devorados pelo formato, como um certo leão devorou um
certo professor. Se esta formatação, entretanto, for relativa e
provisória como a própria condição humana, a utilização que
ela ensejar poderá ser útil e, talvez, até automatizável.

Rinocerontes - A formatação provisória do Universo é o resultado pal­


pável da Ciência, mas questionâ-lo e expandi-lo sempre é o método e o
espírito científico. O diálogo acima, dos “Rinocerontes”de Ionesco, iro­
niza o dogmatismo científico: a coincidência é a prova da asnice.

2. Automatização

Se a necessidade é a “mãe da invenção”, a economia é a


“mãe da automatização”. Economia de tempo, economia de
mão-de-obra, economia de energia humana, economia até de
inteligência. Aliás, sobretudo de inteligência — num certo sen­
tido, automatizar é fazer sem pensar.
O estado da tecnologia disponível, num determinado mo­
mento histórico, limita a capacidade de automatizar. Vejamos
um exemplo.
7
CAPÍTULO 1

Máquinas A máquina aritmética, concebida por Blaise Pascal (1623-


aritméticas 1662) em 1642, faria automaticamente (!) as operações de so­
mar e subtrair, economizando o tempo e a inteligência do ope­
rador. A qualidade do mecanismo do protótipo era tão medío­
cre, que virtualmente ninguém a adotou. Em 1673, Gottfried
Wilhelm Leibniz (1646-1716) propôs uma máquina que tam­
bém dividia e multiplicava. Este protótipo também jamais fun­
cionou com confiabilidade suficiente.
Foi apenas em 1820 que um francês, Thomas de Colmar,
produziu a primeira máquina aritmética de uso corrente. Sen­
do empresário no ramo de seguros, e possuindo uma grande
habilidade mecânica, Colmar conseguiu que seu engenho fun­
cionasse a contento, cento e oitenta anos depois da idéia de
Blaise Pascal.
Economia Geralmente, acredita-se que a Economia, como ciência au­
tônoma, nasceu na Escócia, em 1776, quando Adam Smith
publicou seu livro “Wealth of Nations”. Anos depois, ainda em
plena puberdade, a Economia engravidou-se e trouxe à luz a
automatização. Esta, alimentada pelo surto tecnológico da Re­
volução Industrial, haveria de crescer e não mais parar.
Duas invenções desta época seriam retomadas mais tarde
com grande impacto na ciência da informação. A primeira foi
o regulador de Watt; a segunda, a máquina de tecelagem pro-
gramável de Jacquard.

Regulador de Watt - Dispositivo inventa­ Este movimento levanta a manga B que,


do por James Watt para regular, por meio por sua vez, abaixa a extremidade C do gar­
de retroação, automaticamente, a velocida­ fo. Esta extremidade fecha a válvula, dimi­
de de uma máquina a vapor. Aumentando nuindo o fluxo de vapor para o cilindro e,
a velocidade, as esferas A são impulsiona­ portanto, diminuindo a rotação da máquina
das pela força centrífuga para longe do eixo. a vapor.

8
AUTOMATIZAÇÃO

O tear programável - No início do século interposto um cartão perfurado que permite


XIX, o francês J.M. Jacquard concebeu um a passagem de algumas agulhas. Ao levan-
tear programável, utilizando cartões perfu­ tar-se a trave B, ela puxa para cima as hastes
rados. Ao se mover para a direita, a caixa A enganchadas, deixando intocadas aquelas
empurra um conjunto de agulhas contra o correspondentes aos furos do cartão. Estas
bloco C. Este possui reentrâncias para alojar hastes comandam o levantamento dos fios
as agulhas. Entre este bloco e as agulhas é do tecido para a passagem do fuso.

O vapor foi a primeira fonte de energia totalmente sob o co­ Watt e


mando do homem. James Watt (1736-1819), também esco­ Jacquard
cês, além dos muitos e decisivos aperfeiçoamentos na nova
fonte de energia, inventou um engenhoso dispositivo para
auto-regular a velocidade da máquina. Nesse mecanismo, a
velocidade angular do rotor, por meio da força centrífuga, re­
gula a pressão do vapor, que, por sua vez, regula a velocidade
da máquina.
Esta regulação automática por retroação (feedback) é a con­
cepção notável que inspiraria a Cibernética do Norbert Wiener
(1948), a teoria dos servomecanismos. a teoria dos autômatos
e da inteligência artificial.
Joseph-Marie Jacquard (1752-1834) introduziu nos teares
de sua Lyon natal um admirável sistema que, mediante uma
fita de papel perfurado, programava automaticamente a deco­
ração dos tecidos produzidos (1804).
9
CAPÍTULO 1

Analytical Anos mais tarde, Charles Babbage (1792-1871), professor


Engine de matemática do Cambridge College, Inglaterra, aplicou esse
mesmo princípio de programação a sua complexa Analytical
Engine. Esta máquina, totalmente mecânica,, fora projetada
para fazer, automaticamente, extensas tabulações matemáti­
cas. Babbage faleceu sem concluir sua invenção, mas o espíri­
to da Analytical Engine inspiraria o primeiro computador qua­
se cem anos depois.
Outra contribuição importante do século 19 ocorreu no De­
partamento do Censo norte-americano. Em vários países de­
mocráticos, o número de deputados é determinado pelo nú­
mero de habitantes de cada estado. O censo é o instrumento
por meio do qual essa representação é sistematicamente atuali­
zada. Em 1880, os Estados Unidos possuíam 50 milhões de
habitantes. Este dado levou sete anos e meio para ser conheci­
do! Como a população continuasse aumentando, a demora
tendería a ser cada vez maior. Com este temor, o Departa­
mento do Censo contratou o estatístico Herman Hollerith para
estudar um processo que automatizasse a tabulação do censo
de 1890. O sistema que Hollerith implantou, baseado em car­
tões perfurados, permitiu processar o censo de 1890 em ape­
nas dois anos e meio!
Hollerith Em 1896, o dr. Hollerith fundou a Tabulating Machine Co.
que, em 1924, passaria a chamar-se International Business
Machines Co., mais conhecida pela acrossemia IBM, a temida
e admirada gigante do setor.
O esboço histórico acima deixa-nos entrever que a econo­
mia e a tecnologia disponível condicionam as automatizações
possíveis em uma dada conjuntura. O que, entretanto, este es­
boço não nos sugere é a multiplicidade de atividades envolvi­
das num projeto de automação. Toda a automatização exige,
explícita ou implicitamente, uma rotina.

3. Rotinas

É dentro do contexto da automatização de sistemas que dis­


cutiremos a elaboração de rotinas. Uma rotina (ou algoritmo,
programa, roteiro, receita etc.) é um conjunto ordenado de
instruções para orientar um executante na realização de uma
tarefa bem definida.
As receitas de cozinha são pervasivos exemplos de rotinas
(algoritmos culinários). As caixas de música mecânicas traziam
suas rotinas escritas numa linguagem de pequenas protube-
10
AUTOMATIZAÇÃO

râncias na superfície curva de um tambor. Neste caso o execu-


tante era uma fileira de palhetas metálicas de diversas notas.
O executante de uma rotina pode ser um engenheiro, um
contador, uma agulha de vitrola ou um computador. A lingua­
gem das instruções será escolhida, tendo-o em mente.
Num certo sentido, o exemplo que segue mostra que a ál­ Rotina ALG
gebra é uma maneira compacta de escrever rotinas aritméticas.

• rotina: ALG
• objetivo: dados os números reais X e Y calcular

Z = (4X + 3Y)/(XY-1).
• executante: operador munido de uma calculadora que
somente faz uma conta de cada vez.
• instruções: (1) defina A = 4X

(2) defina B = 3Y

(3) substitua A por A + B

(4) substitua B por X.Y


(5) substitua B por B -1

(6) se B = 0 vá para (9)


(7) Z = A/B
(8) vá para (10)
(9) Z não é definido

(10) fim

Observe que essa não é a única rotina que serve para exe­
cutar essa tarefa. As rotinas, em geral, não são as únicas. As
instruções (6) e (8) são instruções de desvio, a primeira de des­
vio condicional (não desvie se a condição não for satisfeita) e a
segunda, incondicional (desvie sempre). A introdução das ins­
truções de desvio (branching) é devida a Babbage.
Note também que,na figura adiante, a mensagem B = B~1
quer significar que B é substituído por B -1, isto é: “doravante
e até segunda ordem, o novo B terá o valor do antigo B, me­
nos um”. Se entendéssemos a expressão B = B -1 como uma
equação, ela equivalería a -1 = 0, o que é um absurdo.
11
CAPÍTULO 1

r
X, Y (0) entram X e Y

(1) defina A = 4 • X

(2) defina B = 3 • Y

(3) substitua A por A + B

(4) substitua B por X • Y

(5) substitua B por B - 1

I
(6) compare B com 0, se for igual, vá para 9

(7) sai Z = A/B


Exemplo:
(0) X = 5, Y = 6;
(1) A = 4 • 5 = 20;
(8) vá para 1 0 (2) B = 3 ■ 6 = 18;
(3) A = 20+ 18 = 38;
(4) B = 5 • 6 = 30;
(9) sai ”Z é (5) B = 30 - 1=29;
indefinido” (6) B = 29 * 0;
(7) 2 = 38/29 = 1.3103;
FIM ) (10) Fim (8) vá para (10);
(10) Fim.

Rotina ALG - Ilustram-se acima duas for­ da variável). Este sinal = não deve ser con­
mas alternativas de apresentação de uma fundido com as igualdades costumeiras da
rotina: diagrama e instruções. No diagrama, aritmética.
o sinal de igual é usado para definir o termo No exemplo numérico, o número entre pa­
da esquerda (nome da variável) pela ex­ rênteses indica a instrução que está sendo
pressão aritmética do termo da direita (valor executada.

12
AUTOMATIZAÇÃO

Rotinas - Rotina é um conjunto ordenado transformar eficazmente entradas em saídas


de instruções para orientar um executante com um número finito de passos, e cada
na realização de uma tarefa com objetivo passo deve ser claro e exequível. Ser eficaz é
bem definido. Uma rotina verdadeira deve ser eficaz sempre.

Para ser rotina de verdade, é preciso que uma seqüência de Atributos


instruções satisfaça os seguintes atributos: de uma rotina

a) finitude: o executante de uma rotina deve chegar ao seu


fim com um número finito de passos executados. Aliás, se o
fim estivesse a um número infinito de passos de distância,
ele jamais chegaria lá.
b) clareza: cada instrução de uma rotina deve ser interpretá-
vel de uma única maneira, para não deixar o executante
em dúvida. As receitas de cozinha, frequentemente, pos­
suem instruções pouco claras, como esta:
(g) “Adicione gemas a vontade”.

c) exeqüibilidade: cada instrução deve ser exeqüível pelo


operador. A rotina ALG possui apenas contas simples
(operações binárias). A instrução A=4X~3Y não seria
exeqüível, posto que exigiría três contas simultâneas. Ob­
serve que tanto há instruções claras que não são exeqüíveis
(4X-3Y), como há instruções exeqüíveis e que não são
claras (“Adicione gemas a vontade”).
13
CAPÍTULO 1

d) eficácia: toda a rotina é elaborada para executar determi­


nada tarefa. Ela será eficaz se executar sempre a tarefa que
se propõe como objetivo. E, numa rotina verdadeira, ser
eficaz não é ser eficaz em 99% dos casos; ser eficaz é ser efi­
caz sempre. A eficácia, às vezes, é prejudicada por “coisi-
nhas tolas”, como uma divisão por zero. Seria eficaz a rotina
ALG sem as instruções (6) e (9)? E importante o leitor dis­
tinguir bem os conceitos de eficácia e eficiência. E eficaz
quem atinge os objetivos propostos. A eficiência mede o es­
forço aplicado em função dos resultados obtidos, quantitati­
vamente. Multiplicar 104 por 36, somando 104 a si próprio
36 vezes, é eficaz, porém não é eficiente. Reduzir o analfa­
betismo no Brasil, deportando os analfabetos, é eficiente,
porém não é eficaz.

e) entrada e saída: toda a rotina possui um certo número de


dados de entrada (input) que serão processados por ela, re­
sultando numa saída (output). No caso dos algoritmos culi­
nários, as entradas são chamadas ingredientes e as saídas,
quase sempre, quitutes.

Note que os conceitos de “processamento de dados” e


“execução de rotinas” são ambos mancos, cada qual de uma
perna: no primeiro falta especificar a rotina e, no segundo fal­
tam os dados.
Rotina MDC A elaboração de rotinas é um trabalho que exige muita ima­
ginação, capacidade de previsão e simulação. Há rotinas que
não deixam transparentes a razão de sua eficácia:

• rotina: MDC
• objetivo: achar o máximo divisor comum D dos números
inteiros positivos M e N.
• recursos: operador que saiba dividir números inteiros.
• instruções: (1) divida M por N e ache o resto
R desta divisão (0< R< N)
(2) se R = 0 vá para (5)
(3) substitua M por N e N por R
(4) vá para (1)
(5) D = N
(6) fim
O leitor é fortemente encorajado a executar essa rotina com
dados de sua escolha. Por exemplo, faça M = 368 712 e
AUTOMATIZAÇÃO

N = 5 780 018. Enquanto estiver processando, aproveite para


verificar se essa rotina satisfaz os atributos de uma rotina verda­
deira. E clara para você a razão da eficácia desta rotina? Ela é,
em verdade, eficaz? O que garante a eficácia desta rotina é um
teorema de aritmética, na qual ela é baseada. Confie descon­
fiando, leitor. Não perca nunca seu espírito científico.
E oportuno apontar que na instrução (3) uma inversão da
ordem de substituição seria fatal pois, neste caso, tanto M
quanto N passariam a ser iguais a R (confira no exemplo que
você acaba de fazer). Atente também à figura: o novo valor,
substituto, é sempre escrito depois do sinal de igualdade.

(0) entram M e N

(1) divida M por N e chame o resto de R

(2) compare R com 0, sendo igual vá para (5)

(3) substitua M por N e N por R

(4) vá para (1)


Exemplo:
(0) M = 36e N=16;
(1) 36+16 deixa resto 4;
(5) sai D = N
(2) R = 4 * 0;
(3) M= 16 e N = 4;
(4) vá para (1);
(1) 16 + 4 deixa resto zero;
(2) R = 0 = 0, vá para (5);
(6) fim. (5) sai D — 4;
(6) fim.

Rotina MDC - É uma rotina para calcular o das MeN na saída D. É, portanto, uma ver­
máximo divisor comum de dois números in­ dadeira rotina. A instrução (3) apresenta
teiros positivos, para um executante que sai­ duas substituições — sua ordem é muito im­
ba dividir números inteiros. Ela é finita, efi­ portante. Veja o que acontece se a ordem
caz, clara, exequível e transforma as entra­ das substituições da instrução(3) for invertida.

15
CAPÍTULO 1

Se o leitor concordar que essas figuras de rotinas são manei­


ras comunicativas de se escreverem as instruções de uma roti­
na, leia o próximo item. Se o leitor não concordar com essa
comunicabilidade, releia o próximo item até concordar...

4. Diagramas de Blocos

Desvios Escrever rotinas como uma seqüência linear de instruções é


sempre possível. Porém, desde que Babbage introduziu os
desvios, um esquema bidimensional é mais conveniente. Os
diagramas de blocos são a expressão desta conveniência.

I
ler item
"Diagramas
de blocos"

Diagramas de blocos - O diagrama de blocos é uma maneira gráfica e


comunicativa de apresentação de rotinas. Uma boa prática na elabora­
ção de diagrama de blocos é meio caminho andado para a criação de
rotinas eficazes e exeqüíveis.

Num diagrama de blocos, cada instrução é escrita dentro de


uma figura geométrica. Essas figuras são unidas por setas, que
indicam ao executante qual o próximo passo a ser dado. A
clareza do diagrama ainda é melhorada pelo uso de diferentes
figuras para diferentes tipos de instrução:
Utilizado para encerrar instruções imperati-
___________ vas, tais como substituições, operações etc.
16
AUTOMATIZAÇÃO

Indica uma decisão. A condição utilizada para decidir é es­

O
crita no interior do losango. O simbolo “A:B” é interpretado
como “compare A com B”. As alternativas de decisão são es­
critas no início da seta que indica o próximo passo.

Entradas e saídas de dados são sempre es­


critas dentro do paralelogramo. Auferirão, as­
sim, maior destaque. O
Muitas vezes, a apresentação do diagrama de blocos pede
um destaque para seu início, seu término ou um ponto de pa­
rada. Nestes casos usa-se este oblongo.
GZD
Com frequência, rotinas atingem dezenas,
centenas e até milhares de passos. Assim sen­
do, é altamente improvável que o respectivo
diagrama de blocos caiba todo numa única
página. Nestes casos, o conector circular per-
mite-nos interromper uma seta e retomá-la
alhures.

Sub-rotinas são rotinas utilizadas dentro de outras rotinas.


Para poupar espaço e incrementar a clareza, as sub-rotinas são
simplesmente mencionadas por seu nome, e seus passos são
listados em um apêndice.
Voltemos à rotina MDC. Nela, para dividirmos M por N
usamos uma sub-rotina — o algoritmo da divisão euclidiana.
Sua descrição é a seguinte:
• nome: algoritmo de divisão.
• objetivo: dados dois números inteiros positivos M e N,
calcular os números Q (quociente de M por N) e o resto
R (0 < R< N) tais que M = Q.N + R.
• executante: operador com máquina de calcular binária.
• instruções: (1) seja Q = 0 e R = M
(2) se R< N vá para (5)
(3) substitua Q por Q + 1 e R por R -N
(4) vá para (2)
(5) o quociente é Q e o resto é R
(6) fim
Novamente incentivamos o leitor a executar essa rotina no
mínimo duas vezes: com M = 105 e N = 50 e com M = 50 e
N = 105. Essa rotina é uma rotina verdadeira? Ela é eficaz?
17
CAPÍTULO 1

Note que essa rotina pode ser simplesmente descrita confor­


me a figura ao lado. O algoritmo de divisão transforma divi­
dendo e divisor em quociente e resto. Pode-se mesmo gene­
ralizar o conceito acima: toda a rotina transforma entradas em
saídas.
18
AUTOMATIZAÇÃO

O truísmo de que toda a rotina pode ser encarada como


sub-rotina de alguma outra rotina permite que se use a técnica
dos diagramas de blocos para se visualizar a arquitetura de
grandes sistemas, sem o risco de nos perdermos nos detalhes.

19
CAPÍTULO 1

Sumário
• Informação x Ciência x Sabedoria
• Informar é destruir incerteza.
• O universo de incertezas é o Formato.
• Rotinas são sequências de instruções para um executante realizar
uma tarefa com objetivo bem definido.
• Atributos de uma rotina: finitude, clareza, exeqüibilidade, eficá­
cia, entradas e saídas.
• Diagramas de blocos.
• Cronologia:
1642 - máquina aritmética de Pascal
1673 - máquina de calcular de Leibniz
1776 - A. Smith publica “Wealth of Nations”
1787 - regulador de James Watt
1804 - máquina de tecer de Jacquard
1820 - máquina de calcular de Colmar
1835 - Babbage e a Analytical Engine
1890 - primeira tabulação automática do censo norte-americano

Exercícios
1) Faça um diagrama de blocos explicando para um marciano co­
mo usar um telefone público, e outro, ensinando-lhe a usar uma
vitrola.

2) Escreva as instruções de uma rotina que permita ao operador da


máquina de calcular simples computar, dados X e Y,
X1234.Y - (4.X.Y -3.Y2).X
X + 4.X.Y - 1
3.
Teste a rotina acima para X = 3 e Y = 4. Teste-a agora para
X = 1 e Y = -1. Sua rotina foi eficaz?
Faça o diagrama de blocos para essa rotina.

3) Elabore uma rotina para calcular a soma de duas frações. O exe­


cutante conhece apenas as quatro operações. Desenhe o dia­
grama de blocos. Use essa rotina como sub-rotina de uma outra
que some três frações. Teste-a para 3/5 + 6/7 + 5/2.

4) Faça um diagrama de blocos para achar todas as raízes da equa­


ção AX2 + BX + C = 0. Teste-a com dois grupos de dados. O
que ocorre quando A for nulo? E se B também for nulo?
20
A UTOMAT/ZAÇÀO

5) Escreva uma rotina para calcular a área de um triângulo, dados


os seus três lados a, b e c. O executante conhece as quatro ope­
rações e sabe extrair a raiz quadrada de números positivos. Faça
o diagrama de blocos de sua rotina.
Teste-a para um triângulo de lados 4, 3 e 2.
Teste-a também para 8, 5 e 2. Sugestão: use a fórmula de Hie-
ron: área = \/ s (s -a) • (s -b) • (s -c), onde s é o semiperímetro,
s = (a + b + c)/2.

Bibliografia
1) Nora, Simon & Mine, Alain, “A Informatização da Sociedade”,
Editora da FGV, RJ, 1980, tradução de Luísa Ribeiro.
Tradução do importante documento, cognominado Raport No­
ra, apresentando sugestões para uma política ao Governo Fran­
cês, em 1978. O humanismo e a sutileza filosófica dos autores
fazem essa obra rara entre as de Informática.

2) Awad, Elias M., “Automatic Data Processing — Principles and


Procedures”, Prentice-Hall, NJ, 1970.
A primeira parte desse livro traz um conciso resumo histórico da
automatização de processamento de dados.

3) Daumas, Maurice, ed., “Les Origines De La Civilisation Techni­


que”, Presses Universitaires, Paris, 1962.
No terceiro volume, na página 31 encontra-se uma boa discus­
são da máquina a vapor, na página 681 a máquina de Jacquard
é abordada.

4) Knuth, Donald E., “The Art Of Computer Programing”,


Addison-Wesley, 1973.
Obra bem-humorada, em 7 alentados volumes, fonte inesgotá­
vel do assunto. O volume 1 chama-se Fundamental Algorithms,
e trata exaustivamente o assunto.

5) Stein, Nancy B., “Flowcharting: A Tool For Understanding


Computer Logic”, John Wiley & Sons, NY, 1975.
Um curso completo de diagramação de blocos, com exercícios è
testes para auto-instrução.

6) Hehl, Maximilian E., “Fortran, Técnicas e Práticas Eficientes em


Programação”, Livros Técnicos e Científicos Editora, RJ, 1974.
Veja no capítulo 1 um aparelho sobre diagramas de blocos.

21
( CAPÍTULO 2 )

COMPUTADORES E
INFORMÁTICA
1. Computadores Automáticos...................................................................... 25
2. Ticos de Informação..................................................................................... 27
3. O Toque e o Teclado..................................................................................... 34
4. Núcleo de um Computador.........................................................................39
5. Formato e Informação................................................................................. 42
k______________________ Í1L_______________________ 7

”As suas perguntas dizem mais


a respeito de si,
do que as minhas respostas
dirão a respeito de mim.”

(com essas palavras o líder africano


encerrou a entrevista que concedera ao jornalista inglês)

"O Passageiro”, de M. Antonioni.

23
CAPÍTULO 2

Enquanto isso, no terceiro mundo...


EU SOU
DO CENSO.
PARECE RESPONDA. POR FAVOR:
QUE EU JA V/ NOME, SOBRENOME,
/55O NUM PROFISSÃO
FILME... R. 6.....

50 FALTA
ME PERGUNTAR 5E EU TENHO
CASA PROPRIA
PELO E>NH...
COMPUTADORES E INFORMA TICA

1. Computadores Automáticos
Retomemos nosso resumo histórico do desenvolvimento
da automatização no processamento de informações. Os car­
tões perfurados do Dr. Hollerith foram aperfeiçoados por um
outro estatístico — James Powers — também a serviço do De­
partamento do Censo norte-americano. Exatamente como
Hollerith, Powers fundou uma companhia — a Powers Ac­
counting Machine — que mais tarde incorporou-se à atual
Sperry Rand Corporation.
Em 1939, o Dr. Howard Aiken, professor de Harvard, re­ Mark I
tomou os estudos da notável Analytical Engine de Babbage.
Em cooperação com a IBM, Aiken construiu o primeiro pro­
cessador aritmético programável bem sucedido: o Mark I. A
entrada e a saída de dados era feita mediante cartões perfura­
dos. A máquina era eletromecânica, possuindo 3000 relays e
pesando cerca de 5 toneladas. Sua primeira exibição ocorreu
em 1944, quando foi formalmente doada à Universidade de
Harvard.
Apenas dois anos mais tarde, os professores John W. ENIAC
Mauchly e J. Presper Eckert, da Universidade da Pennsylva­
nia, conceberam o ENIAC —- Eletronic Numerical Integrator
and Calculator. Essa máquina já era totalmente eletrônica:
possuía 18 000 válvulas! A programação do ENIAC ainda era
externa, por meio de ligações feitas a mão, para cada rotina.
Sua velocidade, entretanto, era surpreendente: cerca de mil
vezes mais rápida do que os dispositivos eletromecânicos da
época (Mark I). Essa máquina operou até 1956, quando foi
adquirida para o Museu do Smithsonian Institute.
Não longe dali, no Instituto de Estudos Avançados de Prin­ von
ceton, o Dr. John von Neumann e colaboradores publicaram Neumann
um revolucionário estudo chamado “Discussão Preliminar so­
bre o Projeto Lógico de Computadores Eletrônicos”,
1946/47. Entre a avalanche de novas idéias propostas por es­
se estudo, estava a de tratar o programa da mesma forma que
os dados são tratados (programação interna). Virtualmente,
todas as idéias do Prof, von Neumann foram incorporadas às
máquinas desde então produzidas.
A primeira delas foi o EDVAC (Eletronic Discrete Variable EDVAC
Automatic Computer), que representava números na base bi­
nária e tratava a programação de acordo com os mesmos
princípios. O primeiro programa para o EDVAC foi escrito pe­
lo próprio professor von Neumann e ensinava a máquina a or­
denar listas de nomes (sorting). Esta rotina foi escolhida pelo
25
CAPÍTULO 2

autor justamente para mostrar que mesmo tarefas não-


aritméticas poderíam ser realizadas por esses instrumentos.
O primeiro computador comercial, entretanto, foi o
UNIVAC (Universal Automatic Calculator), produzido pela
Sperry Rand Corporation. O primeiro emprego do UNIVAC
foi,novamente, no Departamento do Censo norte-americano.
O segundo emprego levou o UNIVAC à televisão em
1952, e o sucesso foi enorme. O UNIVAC previu a eleição do
general Eisenhower à presidência dos Estados Unidos, res­
pondeu a perguntas em programas de calouros e suscitou te­
mores inenarráveis a respeito da “superioridade” dos “cérebros
eletrônicos” e do jugo a que os humanos teriam de se sujeitar
num futuro bem próximo. Vale ainda lembrar que foi o UNI­
VAC o primeiro computador digital a ser empregado no setor
privado (1954, General Eletric).
Nessa mesma época, dois estudos haveríam ainda de trazer
o estofo teórico de que a Informática estava necessitada. Os
dois foram publicados em 1948.

Três gerações — Desta figura


três gerações de computadores
nos contemplam. A primeira de­
las foi construída com válvulas; a
segunda, com transistores (hâ três
deles na foto); e a terceira, com
circuitos integrados — IC (objetos
que lembram centopéias, na ilus­
tração acima). Um circuito inte­
grado pode conter até centenas
de milhares de transistores, im­
pressos numa única pastilha de si­
lício. O circuito integrado a direita
é um 6502 que, sozinho, é a Uni­
dade Central de Processamento
(CPU) do Apple, do MicroEnge­
nho, do Unitron e de vários ou­
Cortesia do CEL-LEP tros microcomputadores.

O primeiro deles está no livro “Cybernetics” de Norbert


Wiener, então professor no Massachusets Institute of Techno­
logy. Afinal o regulador de Watt ganhou um modelo geral de
comportamento. A Cibernética estuda a comunicação entre
homens e máquinas, máquinas e máquinas, homens e ho­
mens, e animais e animais. Estuda também como a retroação
(feedback) pode ser utilizada em conjunção com a programa­
ção para gerar novos seres — os autômatos.
O outro estudo, não menos formidável e revolucionário,
saiu dos laboratórios da Bell Telephone Co.: “Uma Teoria
26
COMPUTADORES EINFORMÂ TICA

Matemática da Comunicação”. Seu autor, Claude Shannon, Shannon


foi o criador da teoria da informação, à qual voltaremos nas
páginas seguintes.
Curiosamente, nos mesmos laboratórios da Bell Telephone
Co., no mesmo ano, 1948, Bardeen e Brattain inventaram os
transistores. Estes pequenos componentes iriam substituir qua­
se totalmente o uso de válvulas e, assim, encerrar a primeira
geração de computadores eletrônicos (cerca de 1959). A se­
gunda geração desenvolveu computadores mais rápidos, me­
nores e mais econômicos no consumo de energia elétrica.
Estes computadores que estamos discutindo são chamados Computadores
de computadores digitais. Seu princípio geral de funciona- Digitais
mento consiste em transformar todas as entradas em núme­
ros. Os números são escritos com dígitos ou algarismos, daí o
nome digital. As entradas, assim preparadas, são processadas
mediante operações aritméticas e lógicas até se transformarem
nas saídas desejadas. Este processamento é feito de acordo
com uma rotina minuciosamente escrita, chamada programa.
Há uma vasta classe de problemas cujas soluções envolvem
fórmulas matemáticas complexas demais para serem logica­
mente resolvidas. Nestes casos, computadores digitais são de
pouca serventia, e há que se recorrer a outros métodos de so­
lução, automáticos ou não (teoria dos modelos, analogias,
computadores analógicos etc.).

2. Ticos de Informação

A Teoria Matemática da Comunicação de Shannon assu- Comunicação


me um sistema de transferência de informação que possui cin­
co protagonistas.

Uma fonte que emite a mensagem para um codificador,


que a codifica de modo a adaptá-la ao canal. O canal veicula
esta mensagem codificada até o decodificador que, traduzindo
a mensagem trazida pelo canal, entrega-a ao alvo. Há canais
com ruído e (até) sem ruído.
27
CAPÍTULO 2

Imagine, leitor, um jornal de televisão. A fonte é o locutor.


O codificador é a parafernália eletrônica que vai da câmera à
antena emissora. A mensagem é codificada em ondas eletro­
magnéticas lançadas ao espaço dentro de um canal de fre-
qüência. Na outra ponta da transferência encontra-se o teles­
pectador (alvo) com seu decodificador (televisão e antena).

Comunicação - Em sua teoria matemática, e imagem) acessível ao destinatário (alvo).


Shannon descreveu a comunicação me­ A codificação pode ser feita por razões físi­
diante cinco protagonistas. A fonte emite a cas ou sociais. Físicas quando, por exem­
mensagem (o locutor); o codificador que plo, usamos a telefonia para transformar fo-
traduz a mensagem da fonte de forma a nemas em impulsos elétricos, que depois,
adequá-la ao canal (dispositivos eletrônicos na outra ponta do fio, são transformados
do microfone e câmera à antena). O canal novamente em fonemas. Sociais quando,
veicula a mensagem codificada (ondas ele­ por exemplo, estabelecemos um código pa­
tromagnéticas), transportando-a no espaço ra um contribuinte, para um automóvel, pa­
e/ou no tempo para o decodificador (ante­ ra um produto etc. A ciência da codificação
na ou aparelho de TV). Este traduz as ondas chama-se Criptografia. A escrita é uma for­
eletromagnéticas para uma linguagem (som ma de Criptografar.

As línguas humanas podem ser entendidas como códigos.


A comunicação direta entre duas pessoas usa o aparelho vocal
para codificar e a audição do ouvinte como decodificador.
Código Morse O pintor norte-americano Samuel Morse (1791-1872), ao
inventar o telégrafo como sistema de comunicação, criou um
código com dois símbolos (- e •). A cada letra latina, algarismo
arábico ou sinal de pontuação corresponde uma cadeia de tra­
ços e pontos (cadeia = string). A figura ao lado mostra algu­
mas dessas correspondências.
28
COMPUTADORES E INFORMÃ TICA

À primeira vista, essa tabela parece bastante arbitrária. Na


verdade não é. O E e o T são as letras mais freqüentemente
empregadas na língua inglesa e, por isto mesmo, mereceram
uma cadeia de apenas um símbolo, respectivamente um pon­
to e um traço. Note que os algarismos são todos representa­
dos por cadeias de cinco símbolos.

A J S 2 ----------------

...-
• — .------------------------

B K — ■ T 3

.... —
— ... — —

C — . — . L . — . . U • ■— 4

D — • • M —— V ... — 5

E N — ■ W ■--------- 6

F . . — . 0 — X —■ ■— 7 - ...
G P .--------- . Y — .--------- 8 -- . .
--- .
--------------•

H Q --------- . — Z 9


--------- ■ •

1 R • — ■ 1 .-------------------- 0

Código Morse - 0 código Morse foi inven­ gurada apenas em 1854, depois de uma ba­
tado pelo pintor norte-americano Samuel talha que terminou na Suprema Corte. Essa
Morse em 1838, enquanto ensinava arte na patente valeu-lhe uma boa fortuna, condivi-
Universidade de Nova Iorque. Com o apoio dida, mais tarde, com artistas pobres, colé­
do Congresso, Morse inaugurou a primeira gios, e a Universidade de Yale. A versão
linha de telégrafo entre Baltimore e Wash­ apresentada acima é a chamada de Código-
ington. A patente da invenção foi-lhe asse- Morse Internacional.

Façamos uma pausa para perguntas indiscretas. Na língua


portuguesa as letras mais frequentes são o A e o C. Se nós fi­
zermos uma versão nacional do código Morse, como será de­
codificado um telegrama enviado à Inglaterra? E os japoneses?
Como codificar em Morse os símbolos Katakana? E os chine­
ses, com seus 10 000 ideogramas? Os últimos serão... os últi­
mos... Ora bolas!
A ciência de inventar códigos chama-se criptografia. Criptografia
Inventam-se códigos para dois grandes fins: serem entendidos
29
CAPÍTULO 2

e não serem entendidos. Os primeiros nas épocas de paz; os


segundos nas épocas de guerra. Os códigos estão em toda a
parte. Cada vez que pegamos num telefone transformamos
discurso em impulsos elétricos que na outra ponta transforma-
se em discurso novamente. O CPF é um código usado pela
Receita Federal para identificar seus contribuintes; as placas de
licença de veículos são códigos; e também as sonatas de Bee­
thoven são codificadas em longas e sonoras espirais na super­
fície de um disco.
Alfabeto Um código deve ter pelo menos dois símbolos. A natureza
Binário desses dois símbolos não é relevante; que sejam traço e ponto,
sim ou não, ou zero e um, não faz a menor diferença. Nós
usaremos a seguir os símbolos zero e um, e chamaremos este
alfabeto de binário.
A menor quantidade de informação comunicável por meio
de um alfabeto binário é constituída por uma cadeia de um
único símbolo (zero ou um). Essa quantidade de informação
pode ser chamada um tico (bit) de informação.

casa 1 casa 2 casa 3 faces do dado

0 X 000
0
1 □ 007
0
0 0 070
1
1 0 07 7

0 □ 700
0
1 □ 707
1
0 O 7 70
1
1
X ,JJ
Tico - Um tico (bit), é a quantidade de informação que destrói a incerte­
za gerada por um formato com duas alternativas, por exemplo 0 e 1.
Para codificar as faces de um dado (6 alternativas), usando o alfabeto
binário, são necessários 3 ticos de informação. Note que cada tico a
mais, numa cadeia, dobra o número das alternativas anteriores. Muitas
vezes usamos 3 ticos de informação apenas porque 2 não seriam sufi­
cientes. No caso da figura, as cadeias 000 e 111 não foram usadas para
codificar as faces do dado.

30
COMPUTADORES E INFORMÁ TICA

Com um tico (bit) de informação podem-se codificar ape­ Tico (Bit)


nas duas alternativas: uma corresponde ao zero e outra cor­
responde ao um. Com dois ticos de informação podem-se co­
dificar quatro (4 = 2 x 2) alternativas (00, 01, 10, 11). Com
três ticos codificam-se oito (8 = 2 x 2 x 2) alternativas (000,
001, 010, 011, 100, 101, 110, 111). Em geral, com N ticos
de informação codificam-se 2N alternativas. Isto posto, quan­
tos ticos de informação são necessários para codificar um esto­
que com cinqüenta (50) itens em cadeias (strings) de mesmo
comprimento? Com 5 ticos poderiamos codificar 32 (25) alter­
nativas. Mas nós temos 50 itens de estoque, portanto 5 ticos
não seriam suficientes para cobrir todos os itens. Com 6 ticos
podem ser codificadas 64 (26) alternativas; logo, todos os 50
itens de estoque podem ser devidamente codificados e ainda
sobram 14 alternativas para um eventual aumento do número
de itens em estoque.
Se quiséssemos codificar agora cada uma das 88 teclas de
um piano numa cadeia de mesmo comprimento de zeros e
uns, quanto ticos (bits) seriam necessários? Repetindo-se o
mesmo raciocínio anterior, o leitor deverá concluir que são ne­
cessários, no mínimo, 7 ticos (26= 64 < 88 < 128 = 27).
A codificação de números inteiros em alfabeto binário é feita CBU e DBU
por uma rotina universalmente aceita chamada Codificador
Binário Universal (CBU). Por meio dessa rotina, qualquer nú­
mero inteiro é codificável como uma cadeia de zeros e uns.
Por exemplo, o código binário universal do número 21 é
10101, uma cadeia com 5 dígitos binários, usando portanto 5
ticos de informação. Para decodificar o criptograma 10101
usa-se a rotina Decodificador Binário Universal (DBU). Ambas
essas rotinas são ilustradas adiante. Qual o código binário uni­
versal de 67 e de 16? Qual o número cujo código binário uni­
versal é 1001?
Uma aplicação curiosa desta notação binária é a seguinte.
O autor pensa um número de 1 a N. Qual o menor número
de respostas SIM ou NÃO que eu preciso dar para que você,
leitor, possa deduzir o número que eu pensei? Note que é de­
duzir, não adivinhar. Usando o Codificador Binário, calcule
quantos ticos (bits) de informação foram necessários para es­
crever N em código binário. Pois bem, este número de ticos é
exatamente o menor número de respostas SIM ou NAO ne­
cessárias para deduzir o número que eu vier a pensar, qual­
quer que seja ele entre 1 e N! E é claro que é este o caminho,
pois o alfabeto “SIM ou NAO” tem o mesmo número de sím­
bolos que o alfabeto “0 ou 1”. O que esta teoria da informação
31
CAPÍTULO 2

não lhe diz é quais são as perguntas a serem formuladas.


Aliás, leitor, até isso ela diz. Pense um pouco.
O número que eu selecionei entre 1 e 100 foi 67. Usando a
rotina Codificador Binário você descobrirá que o código biná­
rio do número 100 é 1100100 (calcule usando o codificador
binário, confira usando o decodificador binário), e possui 7 ti­
cos de informação. Você não precisará, portanto, de mais do
que 7 perguntas. Quais? Bem, começando da direita para a
esquerda, você perguntará:
1) O primeiro dígito do código binário é 1? Resp.: Sim

(1) entra N

Exemplo:
(1) N = 21;
(2) J = 0;
(2) defina J = 0
(3) 21+2, Q=10 e R= 1;
(4) N=10eD0=l
(3) divida N por 2 e (5) 10*0;
chame o quociente (6) J = 0+l;
de Q e o resto de R (7) uâ para (3);
(3) 10+2, Q = 5eR = 0;
(4) substitua N por q e (4) N=5e Dl=0;
DJ por R (5) 5 * 0;
(6) J=1+1;
(5) compare N e 0, (7) uâ para (3);
se for igual vá para (8)
(3) 5 + 2, Q = 2eR=l;
(4) N=2eD2=l;
(6) faça J = J + 1 (5) 2*0;
(6) J=2+l
(7) vá para (3)
(7) uâ para (3);
(3) 2 + 2, Q = 1 e R = 0;
(4) N=le D3 = 0;
(5) 1 * 0;
(6) J = 3+l;
(7) uâ para (3);
(8) sai DJ... D2 D1 DO
(3) 1+2, Q = 0eR=l;
(4) N=0eD4 = l;
(5) 0 = 0, uâ para (8);
(8) sai 10101;
(9) fim (9) fim.

CBU - A figura acima apresenta o diagrama porque o resto de uma diuisão por dois ou é
de blocos da rotina “Codificador Binário zero (se o número for par) ou é um (se o di-
Uniuersal”, usada para transformar núme­ uidendo for ímpar). Os dígitos binários
ros inteiros positiuos em cadeias de zeros e DJ..... D2, Dl, D0 são os elementos da ca­
uns. A eficácia dessa rotina ê assegurada deia em pauta.

32
COMPUTADORES E INFORMA TICA

2) O segundo dígito do código binário é 1? Resp.: Sim


3) O terceiro dígito do código binário é 1? Resp.: Não
4) O quarto dígito do código binário é 1? Resp.: Não
5) O quinto dígito do código binário é 1? Resp.: Não
6) O sexto dígito do código binário é 1? Resp.: Não
7) O sétimo dígito do código binário é 1? Resp.: Sim
Logo o código binário do número que eu pensei é
1000011 e a dedução é que o número pensado foi 67. Essas
perguntas não formam a única estratégia de dedução. Você
consegue imaginar outra estratégia?

(1) entra a cadeia de zeros e uns DJ.... D2 D1 DO

!
N = DJ (2) faça N = DJ e l = J - 1
l=J - 1

(3) compare I com 0, se for


menor vá para (6) Exemplo:
(1) entra 10101;
(2) N=1 el = 4 - 1;
(4) substitua N por (3) 3 >0;
2 • N + Dl e I por I - 1 (4) N=21+0 = 2e 1=3 - 1;
(5) vá para (3);
(5) vá para (3) (3) 2>0;
(4) N = 2 2+1 =5 e 1=2 - 1;
;■ (5) uâ para (3);
(3) 2>0;
(4) N=25 + 0=10eI=l+l;
(6) sai N (5) uâ para (3);

!
(3) 0>0;
(4) N=2-5 + l = 21 eI=0 - 1
(5) uâ para (3);
(3) -1 <0, uâ para (6);
fim (7) fim (6) sai 21;
(7) fim.

DBU - A ilustração apresenta o diagrama de é, dado N, o resultado da decodificação


blocos da rotina “Decodificador Binário Uni­ binária do código binário deNéN ele pró­
versal”, que transforma uma cadeia de zeros prio. Qual é a cadeia de saída? Quando
e uns em um número inteiro positiuo. O se aplica o codificador binário numa saí­
mecanismo é o oposto da rotina CBU, isto da do decodificador binário?

33
CAPÍTULO 2

FENÍCIO

ABTAE ZHOIKAMNSOn P2TTX


GREGO

ABC DEF H IKLMN OP QRSTVXTZ


LATINO

Alfabetos - Um alfabeto é um conjunto de beto fonético surgiu na Fenícia, em torno do


símbolos. Os alfabetos evoluíram de ideo- século XVI A.C. por necessidades comer­
grâficos (símbolo = conceito) a silábicos ciais. Reflita um pouco sobre como foi for­
(símbolo = sílaba) e, finalmente, a fonéticos midável essa invenção e que grande esforço
(símbolo = fonema = vogal, semivogal ou de organização ela exige. Quantas vogais há
consoante). O resultado dessa evolução foi em Português (fonemas)? O c - cedilha é
a drástica redução do número de símbolos uma letra? Está no nosso alfabeto? Veja a
necessários. Acredita-se que o primeiro alfa­ Lei n? 5.765 de 18/12/71.

3. O Toque e o Teclado

No item anterior, vimos que o tico é uma medida de infor­


mação, mas um tico (bit) de informação é uma unidade muito
pequena. Sua grande conveniência é que até um circuito elé­
trico é capaz de guardar um tico, simplesmente ligando (1) ou
desligando (0) um interruptor.

i liimiiiiirrr
||[a|w| e|
1 í °í ? |rpt| cr I
JctrlJ a j s j dIfMgIhMjBkIlI r+ w .

IIII / I SHIFT
y : 1—

Teclado - A primeira máquina de escrever ra. O posicionamento das teclas (qwerty),


(que funcionou) foi patenteada em 1868 como mostra a figura , foi determinado ape­
por C. L. Sholes, que licenciou os fabrican­ nas para evitar encavalamento dos dispositi­
tes de armas. E. Remington & Sons para vos mecânicos. Nos dias atuais, o volume
produzi-las. Mark Twain foi o primeiro escri­ de teclados em uso é tamanho, que a intro­
tor a usar profissionalmente uma máquina dução do teclado racional (tipo Dvorak) ain­
de escrever. O primado do tecido começa­ da não logrou êxito.

34
COMPUTADORES E INFORMÁ TlCA

Neste item, nós vamos fazer a apologia do teclado. Quando


um autor senta-se em frente a uma máquina de escrever, sua
obra vai saindo toque por toque. O teclado é o codificador por
meio do qual ele fala com o mundo. O mesmo ocorre numa
máquina de telex. Por meio do seu teclado a secretária envia
com grande velocidade as suas mensagens. Ao usar uma cal­
culadora, é ainda por meio do teclado que dizemos para a
máquina que contas queremos que ela faça. Na linotipia, no
terminal do computador, na caixa registradora etc. estamos
sempre falando com os dedos, transmitindo informações via
teclado. Cada toque destrói uma incerteza, cada toque comu­
nica uma informação.
Qual a informação desvendada por um toque? Já vimos A incerteza
que a quantidade de informação contida num evento depen­ de um toque
de do universo das incertezas que tínhamos. No caso o forma­
to é o teclado, ou, mais propriamente, o conjunto de símbolos
que ele consegue gerar. Por exemplo, numa calculadora com
16 teclas simples, cada toque numa tecla tem 4 ticos de infor­
mação, pois com 4 ticos descrevem-se 16 (24) alternativas —
uma para cada tecla.
Um teclado típico de máquina de escrever possui 48 teclas,
cada qual com duas funções (maiúsculas e minúsculas), resul­
tando pois 96 tipos visíveis. Como no exemplo do piano, já
mencionado, cada um destes toques precisará, no mínimo, de
7 ticos para ser codificado (lembre-se de que 64 é 26, e é me­
nor que 96, portanto seus ticos não bastam; 128 é 27, e é
maior do que 96). Para o teclado de um computador, entre­
tanto, foi convencionado que cada toque terá 8 ticos. Veja­
mos porquê.
Há tipos de códigos que, para terem utilidade social, preci­ Códigos
sam ter muitos adeptos. As línguas naturais são códigos desse Convencionais
tipo. Os códigos técnicos também. Para aumentar o número
de adeptos de códigos técnicos é necessário fazer convenções
e normas, propor e ouvir propostas, e estabelecer consenso.
No esforço de estabelecer normas para troca de informações
via teclados foram criados diversos códigos, entre os quais
destaca-se o ASCII (pronuncia-se “ásqui”, e as iniciais querem
dizer American Standard Code for Information Interchange).
Essa norma convenciona um teclado com 128 tipos, dos
quais 96 são visíveis e 32 são invisíveis, isto é, códigos de con­
trole. Nessa norma cada toque possui 8 ticos. O oitavo tico fi­
cou reservado para símbolos gráficos especiais ou para evitar
erros (usando-se um dígito redundante, dito de paridade). Es­
se código é resumido na tabela adiante. A cada toque (letras,
35
CAPÍTULO 2

dígitos, sinais de pontuação e teclas de controle) corresponde


um número de 0 a 127. Assim, ao A maiúsculo corresponde
o número decimal 65, ao número 98 corresponde a letra B
minúscula. Observe que os dígitos de 0 a 9 são tratados como
símbolos (algarismos ou dígitos) e não como números (ordi­
nais ou cardinais). Observe também que não se confundem os
símbolos zero e O maiúsculo (o primeiro, às vezes, é escrito
0), nem o um e o L minúsculo (1 e 1).

X 0
0

NUL
16

DLE
32

espaço
48 64 80 96 112

0 @ P P

1 SOH DC1 I 1 A Q a q

2 STX DC2 » 2 B R b r

3 ETX DC3 # 3 C S c s

4 EOT DC4 S 4 D T d t

5 ENQ NAK % 5 E U e u

6 ACK SYN & 6 F V f V

7 BEL ETB - 7 G w g w

8 BS CAN ( 8 H X h X

9 HT EM ) 9 1 Y i y

10 LF SUB * J z j z

11 VT ESC + K [ k {

12 FF FS < L \ 1 I

13 CR GS - = M 1 m }

14 SO RS > N - n -

15 SI US / ? 0 - o DEL

Código ASCII - A maior parte dos micros- da linha correspondente. Os 32 primeiros


computadores converte seus toques em ti­ símbolos são para controle da máquina, por
cos, mediante o uso intermediário do códi­ exemplo BS(8) é “back space”, LF(10) é “li­
go ASCII (pronuncia-se “ásqui”). Este códi­ nefeed”, CR(13) é “carriage return”etc. Os
go é tabelado na ilustração: para obter o có­ demais símbolos manifestam-se ao serem
digo de um símbolo, some o número do to­ digitados. O código ASCII de Aé 65, de b é
po da sua coluna ao número da esquerda 98, e o de * é 42.

36
COMPUTADORES E INFORMA TICA

79

Codificação - Para se transformar toques forma números inteiros positivos em ticos.


(bytes) em ticos (bits) usam-se dois códigos Esta transformação é importante porque
em sucessão: o código ASCII, que transfor­ computadores entendem apenas ticos, isto
ma toques em números inteiros positivos, e é, cadeias de zeros e uns, e os homens pre­
o Codificador Binário Universal, que trans­ ferem os toques...

O toque (byte) de 8 ticos é uma medida muito conveniente Toque


de informação. No ramo editorial, os espaços ocupados por
textos são medidos em toques. Cada página de livro abriga
um número médio de toques com valores típicos em torno de
1 500. E claro que esta média varia com o tamanho da pági­
na, do tipo, do layout etc.

unidade
valor t - tico (b - bit) T - toque (B - byte)
múltiplo

2io quilo K Kt = 1024t KT = 1024T

220 mega M Mt = 1048 576t MT = 1048 576T

230 giga G Gt = 1073 741 824t GT + 1073 741 824T

Unidades de informação - As unidades de equivale a um caracter ou espaço, um tecla­


medidas devem ser escolhidas de acordo do padrão; um quilotoque (1KT=210 T=
com o objeto a ser mensurado. Estradas são = 1024T = 1 quilobyte) equivale a uma pá­
medidas em quilômetros, ouro em gramas, gina impressa de um livro infantil; um mega-
distâncias estelares em anos-luz. Em Infor­ toque (1MT = 220 T = 1048.576 T) equivale
mática, a medida da informação também à trilogia “O Tempo e o Vento”de Erico Ve­
usa múltiplos para conveniência do medi­ ríssimo; um gigatoque (1GT = 230 T=
dor. Os múltiplos são definidos em termos = 1.073.741.824 T) equivale aproximada­
de potências de dois, devido à importância mente, a quatro vezes a Enciclopédia Britâ­
do alfabeto binário. Para o leitor formar uma nica. Note bem o leitor, aliás note e divul­
idéia da ordem de grandeza dessas unida­ gue, que nós estamos medindo quantidade
des, um toque (1T = 8t - lbyte = 8bits) potencial e não qualidade de informação!

37
CAPÍTULO 2

f Enquanto isso, no terceiro mundo...


S. £ ESTE MARAVILHOSO,
rrrrr _ SOBERBO E ESPAÇOSO QUARTO-
rrrrr
jp__
rrrrr Hnjl KsALA-
V
COZINHA - 5ANHEIRO-JANELA
,
E
DODDE:rt rrr rr
r rr rr
~ PORTA CONJUGADOS PODERÁ SER
□ □□□ rr rrfr DA SENHORA, POR APENAS
rrrrr
lrtrê rrrrr
ccrcc DDDC- 1 GIGA CRUZEIROS
icrcr □ □DC
Ç/AH/ QUE SAUDADES DO
□ □□C
nnnr TEMPO EM QUE PAPO DE
CORRETOR. SE MEDIA EM
EU a ezi a
□ cn a QU/LOTO QUE S ... EA AREA
o OOa
□□
EM METROS QUADRADOS...

Que saudades...

Múltiplos Em todas as ciências as unidades de medida são escolhidas


K, M, G de forma compatível com o objeto a ser mensurado. Distân­
cias astronômicas são entendidas mais facilmente em anos-luz
do que em centímetros; apartamentos medem-se melhor em
metros quadrados do que em alqueires e, para células, o mi­
cron supera o quilômetro. Da mesma forma, em Informática.
Os computadores eletrônicos, desde o Mark I, somente enten­
dem criptogramas binários; para eles, portanto, o tico (bit) é
uma unidade de informação natural. Já para os seres huma­
nos, o toque (byte) é a unidade mais natural. Um toque (byte)
equivale à informação de uma letra, um dígito, ou um sinal
gráfico.
As vezes, fala-se de tantos toques ou ticos que se prefere
usar múltiplos de um e outro. Em Informática usam-se os se­
guintes múltiplos:

1K = 21O=1 024 (lê-se quilo);


1M = 22O= 1 048 576 (lê-se um mega); e
1G = 23O= 1 073 741 824 (lê-se um giga).

Com essas abreviações, o leitor poderá encontrar os sím­


bolos Kt, quilotico ( = Kb, quilobit) ; KT, quilotoque ( = KB,
quilobyte); MT, megatoque ( = MB, megabyte) etc.
38
COMPUTADORES E INFORMÀ TICA

4. Núcleo de um Computador

De Charles Babbage aos computadores atuais, o trabalho


coletivo de muitas pessoas aperfeiçoou enormemente a pro­
messa existente na “Analytical Engine”.
Os elementos típicos do núcleo de um computador são:
1) Memória de linha (ou memória principal)
2) Unidade Central de Processamento
3) Fonte de potência e relógio
4) Portos de entrada e saída.

FONTE DE POTÊNCIA nEnORIADc LINHA


E RELÓGIO

0 □ 0 0 0 0

□ □ 0 0 0 □

□ □ 0 □ 0 0
0 0 1 0 00 1 0 0 1 1
1 1 0 0 1 1 1 00 11
0 0 0 0 0 0
0 11 0 0 1 1 110 0
PORTOS DE
1 0 0 1 1 O O 1 0 00
ENTRADAS E □ □ □ □ □ 0
O 1 ’ 1 1 1 0 0 1 1 1
SAÍDAS 0 0 0
1 0 1 O 1 0 0 1 0 1 0 0 0 □

0 □ 0 0 0 0
CPU
□ □ □ 0 0 0

TRENÓ □ □ □ 0 0 □

O núcleo de um computador - O núcleo lam de um lado para outro no núcleo (efora


de um computador (digital eletrônico) é dele) caminham por um conjunto de fios
constituído de uma CPU (unidade central paralelos chamado trem. Hâ três tipos de
de processamento), uma memória de linha, trens: para dados, para endereços e para
uma fonte de potência e um relógio, e por­ controle. A figura acima esquematiza o nú­
tas de entradas e saídas. Os ticos que circu­ cleo de um computador.

A memória de linha ou principal (on line or main me­ Memória


mory) é onde se armazenam os dados e a rotina. Para enten­ de linha
der seu funcionamento, vamos imaginá-la como sendo um
enorme gaveteiro. Cada gaveta deste gaveteiro guarda uma
determinada informação, um dado. Há computadores que
39
CAPÍTULO 2

guardam um toque (byte) por gaveta; outros guardam 2 to­


ques; outros, até 8 toques. Para nós, e este é quase sempre o
caso de microcomputadores, cada gaveta conterá um toque,
isto é, uma letra, um dígito, um símbolo gráfico ou um código
de controle. Para guardar, por exemplo, a palavra “sexo” são
necessárias quatro gavetas: uma para o dado “S”, outra para
o dado “E”, outra para o “X” e, finalmente, uma para o “O”.
Guardar “sexo” em 4 gavetas é uma perversão que, talvez, o
leitor não conheça, mas é a única que computadores costu­
mam praticar.
Endereços Como distribuir e como buscar os dados contidos em cada
gaveta? Bem, os correios e telégrafos já haviam resolvido este
problema, antes de aparecer o computador. Basta dar a cada
gaveta um endereço. Com o endereço de cada gaveta, pode-
se guardar ou buscar os dados que ela contém: “Busque o da­
do da gaveta da rua Amnésia, número 72”; “Leve este toque
à gaveta da rua Letes, número 100”. Na verdade, os endere­
ços de cada gaveta não são conhecidos por rua ou número, e,
sim, apenas por números. Estes números são codificados em
alfabeto binário porque, como já dissemos, computadores só
falam essa língua. O tamanho máximo da memória de linha,
portanto, dependerá da capacidade de endereçamento. Se
um computador dispuser, digamos, de 16 ticos (bits) para en­
dereçamento, o tamanho máximo de sua memória de linha
será 216 gavetas, o que vale dizer, 65 536 gavetas, ou ainda
64 K. Como em cada gaveta cabe um toque, esse computa­
dor poderá ter, no máximo, uma memória de linha com capa­
cidade de armazenar até 64 KT de dados e programas (apro­
ximadamente 45 laudas datilografadas com 1 400 toques em
cada lauda!).
CPU A Unidade Central de Processamento (CPU — Central
Processing Unit) é o centro nervoso do computador. E a ver­
dadeira executante das rotinas de automação computarizada.
Nessa unidade é que as operações e o controle das operações
realmente ocorrem. Essa unidade contém acumuladores, a
central de controle e a central de lógica. Os acumuladores são
memórias transitórias, onde se guardam as instruções, os ope-
randos e os endereços. A central de lógica efetivamente faz
contas e operações lógicas. A central de controle determina
quem faz o quê e quando, dentro da CPU e fora dela. As ins­
truções de execução de uma CPU têm, tipicamente, a seguin­
te forma:
1) busque o dado contido na gaveta 1100 1101 0100
1001 e guarde-o no acumulador X
40
COMPUTADORES E INFORMÁ TICA

2) busque o dado contido na gaveta 1100 1101 0100


1010 e guarde-o no acumulador A
3) some o conteúdo do acumulador X ao dado do acumu­
lador A
4) guarde o conteúdo do acumulador A na gaveta 1100
1101 0100 1011
Com essas instruções, a terceira gaveta passou a guardar a
soma dos dados guardados nas duas primeiras gavetas. Essas
instruções são executadas com uma velocidade da ordem de
milionésimo de segundo. Pense um pouco, leitor, em um úni­
co segundo, milhões dessas operações são executadas num
microcomputador.
E claro que esse imenso tráfego de informações (opera­ Fonte
ções, dados e endereços) que circula dentro de um computa­ e relógio
dor precisa de uma fonte de potência para mover-se, e de
disciplina, para não se perder. A disciplina é auferida mediante
o uso de um relógio (clock), ao ritmo do qual toques e ticos se
movem compassadamente. Quanto maior a freqüência do re­
lógio, mais rápido é este movimento.
Os grandes deslocamentos são feitos em três tipos de trens Trens
(buses): o trem de endereços, o trem de dados e o trem de
controle, cada qual contendo ticos e toques para fins específi­
cos. Esses trens são fisicamente representados por uma fita
(ribbon) ou chicote de fios paralelos. A capacidade de endere-
çamento é limitada pelo trem de endereços. Com 16 fios pa­
ralelos, transportam-se 16 ticos (bits) de endereçamento, o
que, como já vimos, permite o acesso a 64 K gavetas na me­
mória. O número de toques (bytes) armazenado em cada ga­
veta é chamado “palavra” (word). Tipicamente, os grandes
computadores usam palavras de 8 ou 4 toques, os minicom-
putadores usam palavras de 4 ou 2 toques, e os micros usam
palavras de um único toque ou, raramente, de 2 toques. São
essas palavras que andam pelo trem de dados.
Um computador sem unidades periféricas de entrada e saí­ Portos
da não teria grande serventia. E cego, surdo e mudo. Para co- de entrada
e saída
municá-lo com o resto do mundo é que são previstos os por­
tos, ou portas, de entrada e saída. Nestes portos, acoplam-se
os equipamentos periféricos de comunicação.
Esses equipamentos periféricos serão estudados mais
adiante, no capítulo quarto. Apenas para citar alguns, o peri­
férico de entrada mais comum é o teclado; como unidade de
saída, usam-se com freqüência o vídeo e a impressora. Diver­
sas unidades de troca, chamadas de memória de massa exter­
na, também são usadas (disquetes, discos rígidos etc.).
41
CAPÍTULO 2

5. Formato e Informação

No cerne de toda a automatização há uma rotina. Esta roti­


na transforma entradas em saídas conforme as instruções que
encerra. Quanto mais maquinizada for essa rotina, tanto mais
rígidas serão as entradas admissíveis. No caso de utilização de
computadores, as entradas e saídas devem ser previamente
formatadas.
Rigidez Comparemos, como ilustração, uma lista de endereços ma­
de formato nuscrita, uma datilografada e uma computerizada. O compri­
mento do nome do listado, no caso de uma ficha manuscrita,
depende do espaço pré-definido para este campo e do tama­
nho da letra do escriba. Esta última variável pode ser ajustada
a posteriori: para longos nomes usa-se letra menor. Se a ficha
fosse datilografada, como a letra não é regulável, o número de
toques do campo é pré-definido. Se o nome exceder o cam­
po, pode-se sempre datilografar o restante numa entrelinha.
Não fica bonito, mas fica lá. A intolerância de um computador
para admitir um nome maior do que o prescrito é absoluta.
Não existem os recursos de letra miúda ou de entrelinhas; o
formato da entrada é rígido.
Planilhas Essa rigidez revela-se nas planilhas, que são preenchidas
anteriormente à digitação no computador. O campo referente
ao nome do contribuinte, na planilha do Imposto sobre a Ren­
da, possui sessenta toques. Quem possuir um nome com mais
de sessenta toques terá de abreviá-lo. Por que sessenta? Por­
que este foi o formato eleito. Ponto final!
Ao estabelecer um formato de dados (entradas e saídas),
nós estamos limitando a informação. A ficha catalográfica da
Divina Comédia é apenas uma referência ao gênio criador de
Dante Alighieri.
Documentação A Informática é a ciência que estuda o processamento auto­
mático de informações. Eia já foi chamada de documentação,
quando o executante das rotinas ainda não era um computa­
dor digital. Seu escopo então era diverso, menos ambicioso,
como eram seus recursos.
Formatar uma percepção é uma técnica difícil, porque ela é
sempre cerceadora.
Quando o agente do Censo nos bate à porta com suas pla­
nilhas, pode-se bem dizer-lhe o que vai na epígrafe do presen­
te capítulo:
— As suas perguntas dizem mais a respeito de si, do que as
minhas respostas dirão a respeito de mim.
42
COMPUTADORES E INFORMA TICA

—\
Rigidez

nome: ^irwuza (Ài

endereço: JUÂA Y\- 4798


pens a m ente: Cl

Numa ficha manuscrita, o formato é elástico - apertando a letra, sempre


cabe mais alguns toques.

n o m e: J o s è J o a q u i m E m e r i c: o L o b o de M e s q

en d er eç o n r u a d o s C o m p o s i t o r e s, 17 9 8

p en s ame n t o s A F:’ r e v :i. d A n c: i a è i n s li b s t i t. li í.

Num computador o toque que não couber no formato estâ perdido - o


formato é absolutamente rígido!

43
CAPÍTULO 2

Até meados dos anos setenta, a Informática não era uma


ciência muito simpática. Somente governos e grandes empre­
sas tinham acesso ao templo do computador. Falava-se que
as bases de dados dos grandes computadores conteriam, um
dia, todo o conhecimento humano...
Esses gigantes interligaram-se por teleprocessamento. Su­
postamente, nada escaparia a seus tentáculos formatados. As
sociedades de proteção ao crédito tornaram-se intransigentes
amanuenses dos credores. A acusação mais suave feita aos
computadores de então era que eles ajudavam os grandes a
serem ainda maiores...
Veremos a seguir que o aparecimento dos Micros colabo­
rou decisivamente para a democratização da Informática, es­
pantando, temporariamente ao menos, esses fantasmas do
passado: os tirânicos formatadores do mundo de todos nós.

44
COMPUTADORES E INFORMA TICA

Sumário
• Formato é o universo das incertezas.
• Um tico (bit) é a máxima informação descortinável num formato
com duas alternativas.
• Um toque (byte) de informação equivale a 8 ticos, vale dizer,
mede a incerteza destruída por uma batida num teclado de 256
teclas (esta batida também é chamada toque).
• Criptografia é a ciência que estuda os códigos (código Morse, có­
digo ASCII).
• Informática é a ciência que estuda o processamento de dados
(inclusive sua armazenagem).
• Informática x Documentação.
• Cronologia:
1944 - Mark I - Harvard University
1946 - ENIAC
1946 - Estudo de John von Neumann
1947 - EDVAC
1948 - N. Wiener publica “Cybernetics”
1948 - C. Shannon publica “A Mathematical Theory of Commu­
nications”
1948 - Bardeen & Brattain inventam o transistor
1952 - UNIVAC, primeiro computador comercial
• Elementos do núcleo de um computador: memória principal,
unidade central de processamento (acumuladores, central de
controle, central de lógica), fonte de potência e relógio, portos de
entrada e saída.
• Endereços e dados: o primeiro designa a localização da gaveta
da memória; o segundo designa o conteúdo de cada gaveta.
• Trens (de dados, de endereços, de controle) são canais por onde
as informações circulam dentro do núcleo de um computador.
Fisicamente, são fitas de fios paralelos. As informações são pro-
pelidas pela fonte de potência e organizadas pelo relógio.

Problemas
1 ) Codifique seu nome em código Morse. Decodifique a mensa­
gem “.__________________ . .___ ”. De quantas formas você
é capaz de decodificá-la? O que ocorre se você perder o primei­
ro símbolo? Qual o símbolo Morse para o cedilha? Escreva
AÇÃO em código Morse.
45
CAPÍTULO 2

2) Colocam-se numa tábua 5 lâmpadas que podem ser indepen­


dentemente acendidas. Se essas lâmpadas forem simultanea­
mente usadas para codificar um símbolo, quantos podem ser
codificados? Quantos tipos de informação possui este formato?
Crie um código de 0 a 9 usando esses símbolos e codifique os
números 17 e 14,23.

3) O mostrador luminoso de uma máquina de calcular consiste,


para cada dígito, de 7 barras luminosas independentemente
acendíveis. Quantos ticos possui este formato? Quantas alterna­
tivas ele pode gerar? Quantas são efetivamente usadas? Numere
as barras e faça uma tabela que associe a cada dígito o seu códi­
go, indicando quais barras estão acesas (1), e quais estão apaga­
das (0).

4) Estabeleça uma rotina para deduzir, mediante perguntas SIM ou


NÃO, qual letra maiúscula foi pensada pelo respondente. Qual
o menor número de perguntas suficiente para essa dedução?
Esse número varia com a letra pensada? O alfabeto brasileiro,
por força de lei, possui apenas 23 letras (!). Se o respondente
mentisse sempre, isso faria alguma diferença? E se ele mentisse
aleatoriamente?

5) Num mastro podem ser hasteadas três bandeiras A, B e C.


Quantos mastros seriam necessários se nós quiséssemos asso­
ciar a cada configuração uma letra do alfabeto brasileiro? Estabe­
leça um código para esse canal e codifique a mensagem “pre­
caução”. A quantidade de informação em cada mastro pode ser
chamada de “trico”. Quantos tricôs foram necessários para a
mensagem?

Bibliografia
1) Bernstein, Jeremy, “The Analytical Engine — Computers: Past,
Present and Future”, William Morrow & Co., NY, 1981.
Texto interessante, e, em parte, testemunhai, sobre o desenvol­
vimento dos computadores.

2) Silva, Benedicto, ed., “Da Documentação â Informática”, FGV


Editora, RJ, 1974.
Contém apresentações e debates acadêmicos sobre vários te­
mas, por vários autores.

3) IBECC-FUNBEC, “Pensamento Lógico e Tecnologia”, Edart,


SP, 1977.
Uma introdução prática e inteligível sobre rotinas, programação
e circuitos.
46
COMPUTADORES E INFORMÀ TICA

4) Billingsley, Patrick, “Ergodic Theory and Information”, John


Wiley & Sons, NY, 1965.
Agradável exposição sobre o assunto. Exige conhecimentos de
teoria das Probabilidades e de teoria da Medida.

5) Khinchin, A.I., “Mathematical Foundations of Information


Theory”, Dover, NY, 1957.
Uma leitura que, embora técnica, traz uma boa visão panorâmi­
ca sobre informação e codificação.

47
( CAPÍTULO 3 )

O MICRO: USOS E
APLICAÇÕES
'
1. O Nascimento do Micro............................................................................... 51
'a
2. O Micro........................................................................................................... 53
3. Seu Micro-pessoal......................................................................................... 57
4. Seu Micro-profissional................................................................................. 59
5. Seu Micro-empresarial................................................................................. 62
6. As Redes de Micros....................................................................................... 66
________________________________ m/

O Mundo era estreito para Alexandre,


Um desvão de telhado é o infinito para as andorinhas...

Machado de Assis
J
49
CAPÍTULO 3

O advento - O advento do microcomputa­ ca pastilha de silício do tamanho de uma


dor foi possível graças ao grande desenvol­ unha humana. Esta pastilha é montada nu­
vimento da indústria micro-eletrônica no iní­ ma base de cerâmica resultando assim um
cio dos anos 70. Um complexo circuito ele­ circuito integrado que é o microprocessa­
trônico, com dezenas de milhares de com­ dor. Dele surgiu o Micrinho e, com ele. a
ponentes, pode ser desenvolvido numa úni­ micro-informâtica.

50
O MICRO: USOS E APLICAÇÕES

1. O Nascimento do Micro

A utiiização massiva de transistores iniciou-se no final dos


anos 50, e com ela foi possível uma progressiva miniaturização
dos aparelhos eletrônicos. Anos mais tarde, já sob a influência
do programa espacial norte-americano, a idéia de fazer um
circuito transistorizado integrado numa única pastilha de silício
pôde ser concretizada. Os assim chamados circuitos integra­
dos passaram a ser tão comuns quanto os transistores.
A industrialização desses circuitos integrados envolve uma
sofisticada tecnologia. Inicialmente se desenha o circuito numa
escala conveniente, que permita a inclusão e o estudo de to­
dos os seus detalhes. Esse desenho pode atingir o tamanho de
uma parede inteira! Em seguida, por meio de técnicas fotográ­
ficas, esse desenho é reduzido ao tamanho de uma unha hu­
mana. Esta figura é projetada sobre uma pastilha de silício
(wafer) recoberta com uma camada de óxido. Ácidos, sob in­
tensa radiação ultravioleta, corroem e recristalizam o silício,
formando as várias camadas de um micro-circuito. Este pro­
cesso é muito semelhante à preparação de uma chapa para
impressão (etching). A pastilha assim moldada (chip) é então
incorporada a uma estrutura de cerâmica onde são montados
os pinos de contato. Está pronto o circuito integrado (IC — in­
tegrated circuit).
Esses circuitos integrados possuem diferentes graus de inte­
gração que são designados por acrossemias em inglês: SSI
(small scale integration), MSI (medium scale integration), LSI
(large scale integration), VLSI (very large scale integration), a
pesquisa continua em direção ao LJLSI (ultra large scale inte­
gration), com circuitos equivalendo a milhões de transistores.
O aparecimento dos circuitos integrados, no início dos anos Micro­
60, permitiu o desenvolvimento de computadores menores e processador
mais baratos — os minis, além das calculadoras e dos relógios
eletrônicos. Em 1958, um simples transistor custava cerca de
5 dólares. Em meados dos anos 70, um circuito integrado
equivalendo a dezenas de milhares de transistores custaria
substancialmente os mesmos 5 dólares.
A história do microprocessador propriamente dito começou
em 1969, quando a empresa norte-americana Datapoint pro­
jetou uma completa unidade de processamento e comissio­
nou a Texas Instrument e a Intel para produzi-lo num único
circuito integrado. Ambas foram bem sucedidas, porém o cir­
cuito integrado resultante operava com muito mais lentidão do
que a Datapoint antevira. Não obstante, a Intel decidiu
51
CAPÍTULO 3

comercializá-lo em 1973, sob o nome de Intel 4004. Um ano


depois era produzido o Intel 8008, um microprocessador para
palavras de oito ticos.
Por definição, um microprocessador é um circuito integra­
do, do tipo LSI, que contém em si uma completa unidade
central de processamento (CPU — central processing unit) de
um computador (unidade de controle, unidade de aritmética e
lógica, portos de entrada e saída, acumuladores etc.). Isso tu­
do numa pastilha do tamanho de uma unha! Define-se um
microcomputador como sendo um computador cuja unidade
central de processamento deriva de um circuito integrado.
Atari Desde 1971, o engenheiro Nolan Bushnell começou a pro­
duzir jogos de fliperama (arcade). Pong (ping-pong) foi o pri­
meiro sucesso de sua empresa, a Atari. Em 1975, usando o
Intel 4004, Bushnell fez o primeiro vídeo-jogo doméstico. O
resultado foi imprevisível! Um ano mais tarde a Atari foi vendi­
da para a Warner Bros, por 28 milhões de dólares. No final de
1980, mais de 10 milhões de vídeo-jogos já haviam sido ven­
didos nos EUA!
MITS Em dezembro de 1974, uma empresa do estado do Novo
México fez anunciar numa revista eletrônica um kit de micro­
computador baseado no Intel 8080. O nome do kit era MITS-
Altair. A surpresa foi geral quando a dita empresa recebeu
uma avalanche de pedidos de compra, antes mesmo de ter
produzido uma dezena de kits.
O novo mercado atraiu milhares de pessoas e pequenas in­
dústrias. O centro dessas atividades acabou ficando no assim
chamado Vale do Silício (Silicon Valley), localidade situada
em Santa Clara, ao sul de San Francisco, Califórnia, onde já
estavam os gigantes do circuito integrado: Hewlett-Packard,
Fairchild e Intel.
Byte Para atender esse enxame de aficcionados, foi lançada uma
revista especializada chamada Byte. Poucos anos depois, sua
circulação excedia a casa dos cem mil! Em 1979, a McGraw-
Hill adquiriu a revista e todo o seu programa de publicações.
Os primeiros Micros não eram destinados ao público leigo.
Entretanto, o interesse do mercado foi enorme. Em 1977, co­
meçaram a ser produzidos os primeiros microcomputadores
domésticos: Commodore PET, Apple, TRS-80, Exidy Sorce­
rer, Ohio Scientific’s Challenger etc.
Ao final de 1979, estima-se que mais de trinta mil micro­
computadores já haviam sido vendidos nos Estados Unidos.
Um dos modelos mais bem sucedidos, o Apple, teve ori­
gem quando dois jovens reuniram-se e montaram um Micro
52
O MICRO: USOS E APLICAÇÕES

que eles próprios projetaram. Logo seus amigos e vizinhos Apple


encomendaram-lhes algumas unidades. Percebendo o poten­
cial de seu engenho, Steve Jobs e Stephen Wosniak juntaram
US$ 1.300,00 e montaram uma fabriqueta de fundo de quin­
tal. Sua invenção foi tão apreciada pela crítica que os pedidos
começaram a acumular-se. Havia necessidade de mais dinhei­
ro. A sugestão era procurar Don Valentine, um investidor que
sabidamente arriscava capital em novos empreendimentos.
Quando Don veio visitar a fabriqueta dos Steves, encontrou
Jobs cóm cabelos pelos ombros, barba a Ho-ChiMing, jeans e
sandálias. Assustado com a aparência do rapaz, que ele classi­
ficou como a de um “renegado da raça humana”, Don Valen­
tine mencionou a tal sociedade a A. C. Markkula, ex-gerente
de marketing da Intel. Markkula entrou na sociedade, com­
prando um terço dela por US$ 250.000,00. O Apple foi re-
projetado e ganhou o nome de Apple II, os manuais foram es­
critos com abundância, clareza e senso de humor. Em 1980, a
Apple Computing Inc. faturou mais de 200 milhões de dóla­
res! Hoje o Apple II divide a liderança do mercado americano
com o TRS-80, e seu modelo é copiado no mundo inteiro.
(Time, 15 de fevereiro de 1982)

O Apple foi um dos primeiros


microcomputadores a serem vendidos
prontos para o uso.
Seu sucesso foi estrondoso
e ainda continua como um dos líderes
de venda no mundo inteiro.

2. O Micro

Cada um dos microprocessadores existentes no mercado é


a miniaturização de um complexo circuito eletrônico. É apenas
natural que esses circuitos sejam diferentes entre si, assim co­
mo os Micros deles derivados.
53
CAPÍTULO 3

O núcleo e a periferia - O corpo físico de adicionando-se ou subtraindo-se equipa­


um microcomputador é constituído do Nú­ mentos. Pelas setas indicadas na ilustração
cleo e dos Equipamentos Periféricos. A ilus­ transitam informações: programas e dados.
tração acima mostra alguns dos periféricos Esses periféricos ligam-se ao núcleo por
mais comuns: o teclado, o vídeo, a memó­ meio dos portos de entrada e saída. Fre­
ria de massa, a impressora e o modem. O quentemente os Micros trazem o núcleo e o
núcleo e os periféricos determinam, a cada teclado no mesmo console e, às vezes, esta
instante, a configuração do micro-sistema. unidade inclui também o vídeo. Mais rara­
Esta configuração pode sempre ser alterada, mente, incluem também a impressora.

O corpo físico dos Micros chama-se equipamento (hardwa­


re) , e sua inteligência chama-se programa (software). O cor­
po físico de um Micro, ao contrário dos demais seres vivos,
pode ser alterado a qualquer momento, adicionando-lhe um
vídeo para falar, um acionador de discos para guardar melhor
as coisas, uma impressora para escrever, e um sem número de
outros equipamentos periféricos (peripherals). Sua aparência
material, a cada instante, é denominada configuração (confi­
guration) .
Programa A inteligência dos Micros está nos programas que alguém
escreveu para eles: um programa é uma rotina especialmente
escrita para um computador interpretar. Como os Micros não
são todos iguais entre si, seus programas não são, em geral,
intercambiáveis. E bom o leitor ter isto sempre em mente para
evitar decepções. No próximo capítulo examinaremos com
maior detalhe os periféricos mais comuns aos Micros.
Antes de prosseguirmos com as aplicações de nosso Micro,
vamos descrever três grandes habilidades que podemos ensi­
nar-lhe: gerenciar um arquivo, escrever e calcular.
Um arquivo (file) é uma coleção de registros (records). Ca­
da registro é um conjunto de informações completas em si
54
O MICRO: USOS E APLICAÇÕES

mesmas. Os registros são formados por campos (fields) que Base


são as menores unidades significativas de um arquivo. Um ca­ de Dados
derno de endereços é um arquivo onde cada registro consta
de seis campos, a saber: nome, telefone, endereço, CEP, ci­
dade e estado. Formatar um registro é decidir sobre quais se­
rão seus campos, quantos toques terá cada campo e como se­
rá preenchido. Uma base de dados (data basis) é uma cole­
ção de dados inter-relacionados. O nosso relacionamento
com uma base de dados pode ser feito para ordená-la de
acordo com um critério determinado (sorting), para buscar
uma informação desejada (searching), para indexar registros
(indexing), para emitir relatórios (reports), para fazer estatísti­
cas etc.

Base de dados - Uma base de dados é um ções de manutenção do arquivo: entrada de


conjunto de arquivos inter-relacionados. dados, correção de dados, inspeção etc. Es­
Cada arquivo é um conjunto de registros. tas operações são entradas pelo teclado e
Estes são formados por campos, que são as vistas pelo vídeo. Em (3). ou guardam-se
menores partes significativas de um arquivo. dados da memória para o disquete, ou
Como em todos os usos do computador, a carregam-se dados do disquete para a me­
primeira providência é (1) carregar o pro­ mória. Feitas estas operações, pode interes­
grama (no caso, um disquete) para a me­ sar imprimir relatórios, rótulos, etiquetas etc.
mória principal. Em (2), fazem-se as opera­ Isto será realizado pelo fluxo (4).

A limitação que um Micro apresenta para gerenciar uma


base de dados é seu tamanho. Formatemos um cadastro de
clientes com 6 campos, totalizando 200 toques por registro.
Um disquete de ÕW’ pode armazenar, tipicamente, 120 to­
ques, ou seja, cerca de 600 clientes. E claro que este número
é deveras pequeno para uma companhia telefônica de Recife
ou Belo Horizonte, mas será muito razoável para uma peque­
na editora, ou uma micro-empresa de cálculo de concreto.
55
CAPÍTULO 3

Processador de textos - Processadores de clado e vídeo; (3) armazenar textos novos


textos são programas cujo objeto consiste no disquete, ou carregar textos já gravados,
em formatar uma página (número de colu­ do disquete para a memória; (4) imprimir,
nas por página, número de toques por colu­ total ou parcialmente, o texto que estiver na
na, margens, entrelinhamento etc.), entrar memória.
o texto pelo teclado, corrigir o texto, Como, em geral, o texto não pode ser posto
justificá-lo (arrumar o alinhamento vertical todo no vídeo de uma só vez, o acesso às
do ihício e do fim das linhas), armazená-lo partes invisíveis é feito mediante a operação
num disquete ou imprimi-lo através da im­ de deslizamento, na vertical ou horizontal
pressora. As operações básicas são: (1) car­ (scrolling), até o texto passar pela “janela”
regar o programa na memória da máquina; que a tela representa. Veja o esquema re­
(2) formatar, entrar e corrigir o texto pelo te­ presentado acima.

Processador O Micro pode ser proficientemente usado como um pro­


de textos cessador de textos (word processor). Nele você formata car­
tas, memos, relatórios, catálogos, e o mais, decidindo quantas
linhas terá cada página, quantos toques terá cada linha, as
margens e as indentações. O fabulador vai para frente e para
trás. Você datilografa o conteúdo, podendo corrigir, acrescen­
tando ou eliminando uma letra, uma sílaba, uma palavra, um
parágrafo, ou uma página inteira, para depois realocá-la onde
ela melhor servir. Todas estas modificações, você as faz sem
usar borracha ou sem rebater uma única letra inutilmente.
Pronto o documento, você pode imprimi-lo se a configuração
incluir uma impressora; guardá-lo em disquete, se a configura­
ção possuir um acionador de discos; transmiti-lo para qual­
quer outro Micro do mundo, se a configuração possuir um
modulador-demodulador (Modem); ou maldizer-se para o
resto da vida, se você se esqueceu de verificar a configuração
antes de datilografar o documento.
56
O MICRO: USOS E APLICAÇÕES

A terceira vocação dos Micros é o processamento aritmético Aritmética


e lógico. Ele pode fazer contas, gerar números aleatórios, fazer e Lógica
estatísticas, integrações, derivações, resolver equações, desde
que você, ou alguém mais, ensine-o a tanto.
Em quase todas as aplicações dos Micros, uma ou mais
dessas vocações são exploradas, senão vejamos.

3. Seu Micro-pessoal

O primeiro destinatário dos Micros foi o aficcionado. Dir-se-


ia que por cautela dos fabricantes de kits: se a máquina não
funcionasse, a culpa seria do montador. Mas funcionou! E tão
bem que o próximo passo foi o consumo doméstico. E conti­
nuou funcionando! Aí, os Micros se sofisticaram e foram con­
quistar as empresas. Neste item enunciaremos algumas aplica­
ções do Micro como objeto pessoal.

Spracklen, D & K, Williams, K & R,


"Sargon II", "Mistery House”,
Hayden, On line Systems,
1979 1980

________________ _ ________________________________ 7
Fotos de telas - No uso doméstico de um microcomputador, os pro­
gramas mais usados são os de jogos e educacionais. A figura acima
mostra telas típicas destes programas.

Se o leitor jogar bridge, gamão ou xadrez, encontrará em Jogos


seu Micro um brilhante adversário. Periodicamente, são leva­
dos campeonatos de xadrez de Micros contra Micros. Eles po­
dem não jogar tão bem quanto o Mequinho, mas ganham da
maioria dos mortais.
57
CAPÍTULO 3

Há programas para quase todos os jogos de azar: roleta,


canastra, “slot machines” etc. E possível montar-se um com­
pleto Cassino. A maioria desses jogos utiliza-se da rotina para
gerar números aleatórios.
Se a preferência do leitor recair sobre jogos de coordenação
motora, “Pac Man”, “Space Invaders”, “Apple Panic” são
apenas alguns nomes cujo sucesso fala por eles próprios.
São nos jogos de simulação, entretanto, que o Micro acha
sua excelência: simulação de batalhas, de administração de
empresas, de bolsa de valores, de macro-economia etc.
Nos jogos de aventura, um novo gênero literário foi desen­
volvido: o compuconto (compunovel). O Micro apresenta si­
tuações que o usuário vai desenvolvendo ou resolvendo, con­
forme o caso. Achar as jóias na “Mistery House” (Casa Miste­
riosa) é uma tarefa que pode levar meses. Pessoas se encon­
tram na rua e trocam idéias a respeito de como tirar a pá do
coveiro, ou de como quase foram mortas pela adaga traiçoei­
ra. As novelas de televisão ou os folhetins do início do século
despertaram interesses semelhantes, mas perante eles o es­
pectador ou leitor ocupa uma posição passiva. No compucon­
to, ele é protagonista tão ativo quanto a cozinheira assassina.
Há programas também para outras coisas. Saiba o seu bior-
ritmo para os próximos trinta dias, ou levante o seu horóscopo
com precisão astronômica. Madame Micro interpreta suas efe­
mérides com mais de 1 500 palavras. Leia sua sorte no Tarot
eletrônico e faça sua psicoanálise com “Elisa”.
Base Digamos que você queira que o Micro guarde, numa pe­
de dados quena base de dados, seus discos de jazz, seus livros, seus vi­
deocassetes e de seus amigos. Apanhe na prateleira o progra­
ma específico, formate o registro que lhe satisfaça as necessi­
dades, e entre com os dados, campo por campo. Escreva um
programa que guarde receitas (algoritmos culinários) e, ao se­
lecionar o menu da semana, peça para o Micro fazer sua lista
de supermercado!
Em termos de finanças domésticas, o Micro pode lhe pres­
tar bons favores: manter sempre conhecido o saldo da conta
bancária de sua mulher; ajudá-lo a conviver com a inflação
por meio de planejamento financeiro, ou aprimorando seu
Imposto sobre a Renda até que ele pareça verossimilhante.
Educação Se seu filho não for bem em álgebra ou português ou quí­
mica orgânica, prepare alguns exercícios-tipos e deixe a tole­
rância e simpatia do Micro aguardar que ele pense e respon­
da, encorajando-o ou pedindo-lhe, cortesmente, que recome­
ce os estudos novamente.
58
O MICRO: USOS E APLICAÇÕES

Se seu filho for indo muito bem na escola, aproveite seu in­
teresse e faça o Micro ensinar-lhe datilografia, alemão ou mú­
sica de forma lúdica e agradável.
Mediante seu engenho, ou de outros, equipamentos perifé­
ricos podem fazer seu Micro acender ou apagar luzes, discar
telefone, trancar portas, monitorar crianças pequenas, ou
temperar-lhe o banho.

Controle de processos - Alguns microcomputadores possuem portos


de entrada que sabem “ler” grandezas físicas, como resistências, tempe­
raturas etc. Estes portos são chamados de analógicos, e permitem o
Micro controlar processos como, por exemplo, a temperatura do banho
da Carolina...

4. Seu Micro-profissional

Um autor inspirado senta-se defronte de seu Micro carrega­ Processador


do com seu versátil processador de textos e começa: de textos

“As armas e os barões assinalados,


Que da Ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca dantes navegados,
Passaram inda além da Taprobana...”
E claro que Camões ainda não dispunha de um Micro. Se
dispusesse suas ordens tão inversas, poderíam ter sido ameni­
zadas para a felicidade de gerações e gerações de alunos de
língua portuguesa.
Um autor contemporâneo, entretanto, terminada sua obra,
envia o seu disquete com o texto a uma fotocompositora: o
texto composto vai direto para a revista.
59
CAPÍTULO 3

Software Arts, Clardy, A.,


"VisiCalc", "Data Reporter",
Personal Software, Syrergistic Software,
1980 1981

V____________
Fotos de telas - No uso profissional, os programas mais comuns são os
gerenciadores de tabelas, bases de dados, processadores de textos e
programas técnicos. Acima, podemos ver algumas telas típicas desses
programas.

Programas Engenheiros químicos, calculando trocadores de calor por


técnicos maçantes métodos interativos, escrevem um programa e re­
duzem o tempo necessário a um centésimo, com uma preci­
são maior do que a que tinham. Há programas que simulam
circuitos eletro-eletrônicos com tal perfeição que não será nun­
ca mais necessário fazer um protótipo destes circuitos.
O Micro se profissionalizou.
Base de Professores podem preparar uma base de dados de seus
dados alunos e solicitar listagens por ordem crescente de notas, de
médias, estatísticas sobre as perguntas menos respondidas e
separação dos alunos que cometeram os mesmos erros, sob
suspeita de cola.
Um médico prepara um arquivo de seus clientes para
acompanhar o desempenho relativo de dois remédios que
vem usando para combater um determinado tipo de fungo
epidérmico. Um dentista usa um arquivo semelhante para
lembrar seus clientes de comparecer para um check-up, seis
meses depois da última consulta. O Micro lista os clientes a se­
rem lembrados, emite a etiqueta com nome e endereço do
cliente, e escreve a carta, marcando a consulta. O toque de
personalização que esse dentista conseguiu deveu-se a sua en­
genhosa idéia de criar um campo com o apelido afetivo do
60
O MICRO: USOS E APLICAÇÕES

cliente. No cabeçalho da carta automaticamente emitida pelo


Micro, lê-se:
“Ao limo. Sr. João da Silva

Prezado Joãozinho:
Hoje completa seis meses de sua última visita a meu consul­
tório...”
Um advogado elabora vários contratos de aluguel para uma
imobiliária. Redigindo uma coleção de cláusulas arquivadas na
memória do Micro, esse profissional compõe o contrato ne­
cessário para cada ocasião, simplesmente selecionando as
cláusulas pertinentes.
Executivos de grandes empresas tem se valido do Micro pa­ Gerenciadores
ra tomar suas grandes decisões. Mediante gerenciadores de ta­ de tabelas
belas, eles podem simular decisões e avaliar seus resultados,
antes de comunicá-las a seus subalternos, ou sugeri-las a seus
superiores. Essas simulações nem sempre podem ser realiza­
das no Centro de Processamento de Dados da empresa, ou
por questões de segurança, ou por questões de prioridade, ou
ainda por questões de tempo disponível.
O corretor da Bolsa de Valores pode adquirir um dos mui­
tos programas de análise de carteira de títulos para melhorar o
retorno do investimento de seus clientes privados.
Os contadores que, na época de declaração do Imposto so­
bre a Renda, são procurados por uma infinidade de clientes
podem preparar um programa que, automaticamente, preen­
che a planilha do contribuinte.

61
CAPÍTULO 3

Um fazendeiro no Texas, antes de comprar insumos de ra­


ção, liga seu Micro com a Bolsa de Mercadorias de Chicago.
A partir dos preços dos diversos insumos, um outro programa
elege a mistura que, aos preços do dia, é a mais econômica
para garantir o valor alimentício que o gado necessita.
Como o exemplário anterior mostra, há um grande núme­
ro de processos rotineiros na vida dos profissionais, liberais ou
não, que podem ser automatizados, mediante o uso de um
microcomputador.

5. Seu Micro-empresarial

Aprovado pelos aficcionados, pelas famílias, e pelos profis­


sionais, o Micro chegou à pequena e média empresa. Este é
seu verdadeiro reino. Com engenhosos programas, essas em­
presas podem ter a seu alcance a sofisticação administrativa,
que somente era acessível às grandes empresas, e sem perder
a criatividade e a flexibilidade que já não são mais tão acessí­
veis a seus pares maiores. Há otimistas que acham que as pe­
quenas e médias companhias, auxiliadas pelo Micro, poderão
passar de inviáveis a prósperas, alterando completamente no
futuro a estrutura fundiária do capital.
Os pacotes administrativos clássicos ensinam o Micro a fazer
contabilidade, contas a pagar, contas a receber, folhas de pa­
gamento, emissão de holleriths (donde mesmo conhecemos
este nome?...), controle de ativo fixo, emissão de cheques,
notas fiscais, faturas, controle de estoque e livros fiscais. Os
pacotes mais sofisticados são articulados de tal forma que ne­
nhum dado precisa ser entrado mais do que uma vez!
Controle O cliente entra na livraria e adquire um livro. Com o lápis
de estoque ótico, a caixa lê o número de estoque, que é o dado a partir
do qual o Micro escreve automaticamente na nota fiscal o no­
me do livro, autor e o preço, faz a baixa no estoque, o lança­
mento da venda e a contrapartida em caixa, mostrando, no
vídeo, o valor do troco a ser devolvido ao freguês! O nome do
livro? “O que todos os contadores precisam saber de micro­
computadores”.
Controle Um gerente de marketing prepara uma base de dados e so­
de Vendas licita ao Micro relatórios de faturamentos, por vendedor, para
premiar os mais proficientes. Aproveita para analisar em que
estados o produto A foi mais vendido, correlacionando as
vendas com o total despendido em propaganda. No mesmo
programa, pode analisar o histórico de vendas do velho pro­
62
O MICRO: USOS E APLICAÇÕES

duto B e descobrir que já é hora de renovar-lhe as feições, a-


daptando-o à nova clientela. O produto B? Um grande com­
putador de terceira geração.
No departamento de produção, a luta é outra. Uma ava- PCP
lanche de ordens de fabricação chegou, e é necessário atendê-
las antes do Natal. A lista de compras de matérias-primas sai
da impressora do micro-sistema, e é levada rapidamente ao
departamento de compras. O engenheiro coloca no aciona-
dor de discos o programa de PERT/CPM e começa a analisar
quais são os caminhos críticos, e em que áreas deve contratar
mais pessoal. Conclui, depois de algum tempo, que, embora
difícil, poderá produzir o lote de formulários contínuos para
Micros, que a direção geral lhe solicitou.
Na diretoria, a secretária serve um delicioso cafezinho para Mala postal
o patrão, enquanto a carta que ela preparou para os 300
maiores clientes, comunicando uma redução geral de preços,
é automaticamente “datilografada” pelo Micro, nome por no­
me, acusando, em cada uma delas, o produto que aquele
cliente compra e qual o novo preço.

Controle de estoques - Uma das aplicações contato etc. Há três tipos básicos de transa­
empresariais mais importantes para micro­ ções: os pedidos de compra, as compras e
computadores é o controle de estoques. O as vendas. Os documentos de cada transa­
arquivo de produtos contém os itens estoca­ ção são emitidos automaticamente. As tran­
dos, seu número de estoque, a alíquota de sações pendentes são arquivadas para
IPI, o estoque mínimo, o lote econômico de acompanhamento. A maioria desses pro­
compras etc. O arquivo de clientes e forne­ gramas interage com os programas de con­
cedores lista a razão social, o endereço, o tabilidade, contas a receber, contas a pagar,
CGC, a inscrição estadual, o telefone, o estoques etc.

63
CAPÍTULO 3

Base Na imobiliária ao lado, nosso versátil Micro é utilizado de


de dados forma bem diversa. A madame, com um poodle branco no
colo, procura um apartamento de três quartos, na zonal sul,
com aluguel entre 4 e 5 salános mínimos, em prédios que per­
mitam a hospedagem de cachorros. O esclarecido corretor vai
à base de dados de seu Micro, e seleciona seis apartamentos,
satisfazendo exatamente essas demandas. Solicita ao Micro
que imprima a lista de endereços, e passa-a para um colega
mostrar os imóveis à madame. Pois, no seu carro, cachorri-
nho nenhum entra...
Folha de O departamento de pessoal de uma movimentada escola
pagamento de inglês prepara, diariamente, o quadro de freqüência de
seus 300 professores. No último dia do mês, o Micro totaliza,
para cada professor, o número de aulas dadas, multiplica pela
remuneração de cada uma, desconta o INPS, o IRRF, o im­
posto sindical, e tudo o mais que for necessário. Emite, em se­
guida, o circunstanciado hollerith e o cheque do que sobrou.
Se sobrou...

Folha de pagamentos - As folhas de paga­ lhadas. faltas, adiantamentos etc.; (3) bus­
mentos envolvem muitos cálculos maçantes car os dados dos funcionário salário bruto,
e repetitivos, que, por isto mesmo, são fre­ número de dependentes etc.; calcular as
quentemente automatizados. Delineemos parcelas de Imposto de Renda. INPS.
as seguintes operações: (1) carregar o pro­ salário-família, etc.; (4) imprimir a folha de.
grama do disquete para a memória da má­ pagamentos, o hollerith.e.em alguns casos,
quina; (2) entrar os dados das horas traba­ emitir o cheque de pagamento.

Os projetistas de outra empresa fazem o projeto de uma


biela na tela do editor de gráficos de um Micro. Mediante co­
mandos simples, a peça é aumentada, diminuída, gira em ei­
xos verticais e horizontais, podendo assim ser visualizada em
todos os seus detalhes.
64
O MICRO: USOS E APLICAÇÕES

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Segurança - Em uma empresa, a seguran­ ve ter de cada arquivo. Ela envolve a desig­
ça de dados ê uma consideração que deve nação de todo o pessoal autorizado a operar
ser feita de origem. Essa segurança envolve o Micro e ter acesso a determinados arqui­
mais do que as cópias cautelares que se de­ vos eletrônicos.

O assessor da diretoria utiliza-se de um programa gerencia­ Gerenciador


dor de tabelas para fazer gráficos de evolução de custos e fatu­ de tabelas
ramentos com várias cores no vídeo. Esses gráficos são arma­
zenados em um disquete. Durante sua exposição para a dire­
toria, esses gráficos são chamados um a um, como se fossem
uma seqüência de slides.
Uma pequena empresa de instrumentos de precisão, fabri­
cados por encomenda, deve elaborar catálogos para cada
usuário. O texto dos catálogos é datilografado no processador
de textos do Micro, deixando os dados variáveis em branco. A
cada venda, o texto é chamado do disquete ao vídeo, com­
pletado, e é feita uma cópia em papel para o cliente.
As aplicações acima são suficientes para que o leitor possa
imaginar o quão útil e versátil uma máquina programável po­
de vir a ser, em seus afazeres profissionais.
Algumas das contra-indicações de um Micro são listadas a Contra-
seguir: indicações

1) A automatização de um processo exige pelo menos três


níveis de saber: informação, ciência e sabedoria. Não são raros
os casos em que a automatização de uma rotina paralisa a
execução de todas as outras, e, eventualmente, da própria.
65
CAPÍTULO 3

2) Conquanto um Micro seja relativamente simples de ope­


rar, esta simplicidade não pode ser comparada a de um liqui­
dificador ou um moedor de carnes.
3) O equipamento do Micro, por si só, não sabe fazer nada:
é como uma vitrola sem discos. E imperioso ter programas
que atendam as suas necessidades. Escrever esses programas
é uma tarefa árdua, que pode ser feita por diletantismo, mas é
melhor que seja feita por profissionais.
4) A seleção de um micro-sistema que permita ao leitor re­
solver seus problemas de automatização, exige um bom co­
nhecimento da tecnologia disponível e das rotinas a serem au­
tomatizadas. Para evitar desapontamentos, comece procuran­
do o conselho de especialistas.

6. As Redes de Micros
A população de computadores no mundo, em 1973, era
da ordem de 200 000 unidades. Em 1978, foram produzidos
cerca de 250 000 microcomputadores. As projeções de ven­
das levam a crer que, nos Estados Unidos, ao finei de 1983, a
população de Micros deverá chegar aos quatro milhões de
unidades. A própria IBM, senhora absoluta do mercado de
computadores de médio e grande porte, viu-se compelida a
entrar no mercado de Micros (1981).
Solidariedade A comunidade de usuários de Micros é entusiástica e efer­
vescente. Em muitos sentidos, ela lembra a comunidade de
radioamadores de todo o mundo. Uma das similaridades é a
solidariedade que os une, criando uma enorme cooperativa
de conhecimentos, que tem resultado em progressos fantásti­
cos nestes cinco anos de existência. Só para citar um exem­
plo, há mais de 140 clubes registrados de proprietários de
Apple no mundo, um dos quais em Porto Alegre.
Modems Outra semelhança entre micro-usuários e radioamadores é a
facilidade de intercomunicações. Há um equipamento para o
Micro que modula os toques de saída em sinais transmissíveis
por linha telefônica normal, e que demodula estes sinais em
toques, novamente. Estes moduladores-demoduladores são
abreviadamente chamados de Modems.
Nos Estados Unidos, em 1982, estão estabelecidas três
grandes redes de Micros: The Source, MicroNet e EIES (Ele-
tronic Information Exchange System). Embora elas possuam
pequenas diferenças de funcionamento, vejamos o modo de
operação da “The Source”.
66
0 MICRO: USOS E APLICAÇÕES

PO/5 E, POE FAVOR MANDE-ME ALO? MAN DE-ME 0


AS ÚLTIMAS NOTÍCIAS DA CATALOGO DE COMPRAS DAS
LOJAS DE PERIFERICOS
MAS E CLARO
P0I5NA0 DE NADA

MANDE-ME 0 MENU
EU QUERIA DEIAAR UM
DOS RESTAURANTES,
RECADO PARA OZE
FACAMOR...
COMO... QUAL ZE?

A rede de Micros - Os Micros podem ser ligados a centrais de bancos


de dados para solicitar ou transmitir informações de toda natureza. Es­
sas ligações são feitas por meio de linhas telefônicas comuns, mediante
o uso de um periférico chamado Modem (MOdulador-DEModulador).

Essa companhia iniciou suas operações em 1979, projeta­


da inicialmente para uso de proprietários de Micros e peque­
nos empresários. Seus membros discam um número de tele­
fone, identificam-se como sócios, e interligam-se com os com­
putadores centrais da Source. Estes computadores podem co­
locar o seu Micro em contato com mais de mil bases de dados
de diversos serviços de comunicações e informações. Além do
pagamento da jóia de admissão, os usuários pagam o tempo
efetivo de conexão com a fonte. Em mais de 300 cidades
americanas, as ligações telefônicas com a Source são locais.
Virtualmente, todos os microcomputadores que possuam um
Modem periférico podem se afiliar à fonte.
67
CAPÍTULO 3

Uma das bases de dados que se pode chamar a partir da


Source é a UPI (United Press International). Uma vez chama­
da a UPI, o usuário pode monitorar o gênero de notícias que
melhor lhe aprouver, mediante de um cardápio que é forneci­
do no vídeo de seu Micro.
Se você quiser, pode enviar uma correspondência eletrôni­
ca do Texas a um outro afiliado em Vermont, de uma forma
muito semelhante ao sistema telefônico de “bip”, em uso hoje
no Brasil. Sendo o caso, você pode enviar a mesma mensa­
gem a diversos destinatários, por exemplo, seus representan­
tes de vendas em todos os estados. A conversação simultâ­
nea, em tempo real, com outros usuários, também é possível.
Para saber horários de vôos aéreos ou de trem, ou mesmo
de ônibus, o usuário também pode chamar a tabela por meio
da Source, e até mesmo fazer as reservas, sem sair de casa.
Um guia nacional de restaurantes testados pode dar-lhe in­
formações a respeito da localização, horário de funcionamen­
to, preços e cardápio dos melhores 5 000 restaurantes de toda
a nação.
Até programas específicos de jogos eletrônicos, educacio­
nais, empresariais, utilitários etc. você pode solicitar por inter­
médio da “The Source”.
Seria insensato tentar listar aqui os serviços descritos no ca­
tálogo que os usuários recebem, e que incluem compras, di­
vertimentos, restaurantes, Bolsa de Valores, Bolsa de Merca­
dorias, teatros, noticiários etc.
No Brasil, a Empresa Brasileira de Comunicações S.A.,
Embratel, distribui um Guia de Serviços de consulta a Bases
de Dados Nacionais, onde se listam as bases de dados dispo­
níveis com as informações completas para sua utilização. Entre
essas bases destacam-se o sistema Aruanda, do Serpro, e o
Bovespa, da Bolsa de Valores de São Paulo.

68
O MICRO: USOS £ APLICAÇÕES

Sumário
•Circuitos integrados e o desenvolvimento de microcomputadores.
•Equipamentos x Programas
•Configuração = núcleo + periféricos
•Núcleo: CPU, memória de linha, fonte de potência e relógio, por­
tos de entrada e saída.
•Periféricos: teclado, vídeo, acionador de discos, impressoras, mo­
dems etc.
•Bases de dados: arquivo, registro, campo, toque.
•Processador de Textos: formato, editor, arquivo, impressão.
•Usos do Micro: pessoal, profissional, empresarial.
•Aplicações Pessoais: jogos (de azar, de coordenação, de simula­
ção), compucontos, individuais (biorritmo, horóscopo, Tarot
etc.), bases de dados (receitas, livros, discos, videocassetes etc.),
finanças, educação etc.
•Aplicações Profissionais: processador de textos, gerenciador de
tabelas, base de dados, estatística, mala direta, cronogramas, en­
genharia, agropecuária, medicina etc.
•Aplicações Empresariais: contabilidade, contas a pagar, contas a
receber, folha de pagamento, controle de estoques, controle de
ativo fixo, controle de ordens de produção, emissão de cheques,
de notas fiscais, programação e controle da produção, mala dire­
ta, controle de obras etc.
•Redes de Micros.

Problemas
1) Uma folha de papel A4 mede 210 x 297 mm. Uma impressora
normal imprime 6 linhas por polegada em espaço simples
(polegada = 2,54 cm), e 10 caracteres por polegada em cada li­
nha. Decida que margens superior e inferior devem ser usadas
para garantir 25 linhas de espaço duplo por página. Decida as
margens laterais para que haja 56 toques por linha. Quantos to­
ques conterá cada página assim formatada? Quantas dessas pá­
ginas caberão num disquete com capacidade útil de 123 quilo-
toques?
69
CAPÍTULO 3

2) Formate uma ficha (registro) para livros, especificando e dimen­


sionando cada campo de forma realista (autor, título, editora,
procedência, ano etc.). Calcule quantas dessas fichas podem ser
guardadas numa memória RAM que possua 48 K para dados?
Quantas caberão num disquete de 123 quilotoques?
3) Um clube de videocassete encomenda-lhe a formatação de uma
ficha de registro para cada filme. Esta ficha deve permitir orde­
nações por título, ator, diretor, produtor, assunto e valor do alu­
guel. Seria interessante possuir um campo para estatística de de­
manda. Escolha e dimensione os campos e sua utilização. Que
capacidade útil deverá ter um disquete para armazenar ao me­
nos 600 dessas fichas?
4) No Brasil as placas de automóveis particulares possuem um
campo com 6 casas. As duas primeiras casas podem ser preen­
chidas com uma de 26 letras, as outras 4 com qualquer um de
10 dígitos. Quantas placas podem ser geradas nesse formato?
Esse número é suficiente? Quantos ticos de informação possui
esse formato? e megaticos? Se cada casa pudesse ser preenchi­
da ou por uma letra ou por um dígito (alfanumérica), totalizando
36 símbolos, quantas placas poderíam ser geradas? E possível
agora deixar a primeira casa só para caracterizar a unidade da
federação? (O Brasil tem cerca de 14 milhões de automóveis,
sendo 6 milhões em São Paulo.)
5) O poema épico “Os Lusíadas”, de Luiz de Camões, é dividido
em 10 cantos totalizando 1 102 estrofes de 8 versos cada uma.
Em média, cada verso tem 34 toques. Que capacidade de me­
mória é necessária para armazenar Os Lusíadas? Quantos dis­
quetes de 124 KT são necessários para conter essa obra de Ca­
mões? Quilotoques medem beleza poética? Medem qualidade
de informação? O que medem os quilotoques que você acabou
de calcular?

Bibliografia
1) Frenzel, L., “Getting Acquainted With Microcomputers”, Ho­
ward Sams, Ind., 1978.
O capítulo 7 possui uma interessante introdução à computação
pessoal.
2) Perry, Robert L., “Owning your Home Computer”, Everest
House, NY, 1980.
Uma boa descrição do mercado de computadores pessoais nos
Estados Unidos.
70
O MICRO: USOS E APLICAÇÕES

3) Sigel, Efrem, “Video Text: The Coming Revolution in Home/


Office Information Retrieval”, Harmony Books, NY, 1980.
Livro sobre o teletexto e suas variantes nos EUA, Inglaterra e
França.
4) Van Diver, Gerald & Love, Rolland, “The Vanloves Apple II/III
Software Directory”, Vital Information, Inc., Ka, 1981.
Listagem com mais de 400 páginas contendo sumários de pro­
gramas para os microcomputadores Apple II e III.
5) The Source, “Source Digest: a Directory of Services”, fevereiro
de 1982.
Livreto contendo uma lista dos serviços oferecidos pela The
Source.

71
( C4P/roio« )

ANATOMIA DE UM
MICRO-S1STEMA
c 1. Neuroanatomia do Micro............................................................................ 75
>
2. Memória Externa.......................................................................................... 78
3. Vídeo............................................................................................................... 82
4. Impressoras.................................................................................................... 83
5. Outros Periféricos......................................................................................... 90
6. Diagrama de BlocosRevisitado................................................................. 92
<______________ ________________ J

O binômio de Newton é tão belo quanto a Vênus de Mito.


O que há é pouca gente para dar por isso.

Fernando Pessoa (Álvaro de Campos)

73
CAPÍTULO 4
ANA TOMIA DE UM MICRO-SISTEMA

1. Neuroanatomia do Micro

O centro nervoso dos microcomputadores é seu processa­


dor (CPU). Este processador está contido em um circuito inte­
grado do tipo LSI, e terá muito pouca capacidade de automa­
tizar qualquer tarefa se não tiver acesso a uma memória.
A memória a que o microprocessador tem acesso direto
chama-se memória de linha (on line memory) ou memória
principal (main memory), e está quase sempre localizada no
mesmo circuito impresso, onde está montado o microproces­
sador (núcleo do computador).
Essas memórias também são constituídas de circuitos inte- RAM
grados, que se dividem em dois tipos coexistentes: as voláteis
e as não-voláteis. A memória volátil, também chamada de
RAM (Random Access Memory), é aquela que pode ser gra­
vada (escrita) no decorrer do processamento. A contrapartida
dessa facilidade é que ela esquece tudo o que guarda no ins­
tante em que a máquina é desligada. Se isto ocorrer quando a
máquina for, voluntariamente, desligada, tudo bem. O que fa­
zer, entretanto, quando o desligamento for incidental? Infeliz­
mente, tem que se começar tudo de novo!

A
volátil

ROM
não-volátil

/
trem de dados

Memórias e amnésias - A memória de um ROM, não pode ser gravada nem desgrava­
computador é de dois tipos: a volátil e a da durante o processamento normal. Como
não-uolâtil. A volátil, também chamada ela não “esquece” seu conteúdo quando o
RAM. pode ser gravada e desgravada du­ Micro é desligado, ela é usada para guardar
rante o processamento normal e “esquece" programas básicos necessários à maioria dos
todo o seu conteúdo quando o computador processamentos. O fluxo de dados é unila­
é desligado. O fluxo de dados é bilateral. A teral: o microprocessador apenas lê seu
memória não-volátil, também chamada conteúdo.

75
CAPÍTULO 4

O outro tipo de circuito integrado de memória de linha é o


não-volátil. Esses circuitos conservam os dados que estavam
sob sua custódia mesmo que a máquina esteja desligada. Em
compensação, o Micro em operação normal não consegue
escrever nenhuma informação neles, apenas lê-los é possível.
ROM Por essa razão, esses circuitos integrados são chamados ROM
(Read Only Memory). Para gravar uma mensagem num
ROM são necessários dispositivos especiais. Há várias espécies
de circuitos ROM; os primeiros eram gravados durante sua
própria fabricação, depois apareceram os PROMs (Program­
mable ROMs), que podiam ser gravados após sua fabricação,
em seguida vieram os que podem ser apagados e depois re-
gravaaos, chamados EPROMs (Erasable-Programmable
ROMs), e assim por diante.
Essa memória não-volátil é utilizada para armazenar as roti­
nas operacionais internas do Micro (reflexos incondicionados,
atividades-meios, funções fisiológicas), ao passo que a memó­
ria volátil é já usada para guardar as rotinas aplicativas que o
operador deseje ou necessite (reflexos condicionados, ativida-
des-fins, inteligência).
Atributos Os atributos mais importantes de uma memória são: capa­
cidade de armazenagem, velocidade de acesso e velocidade
de transferência. A capacidade de armazenagem é medida em
quilotoques, KT, cada quilotoque valendo 1 024 toques. O
número 1 000 não é usado por não ser uma potência de 2.
Lembre-se, leitor, que às vezes se usa, como unidade, o me-
gatoque (1MT = 220 toques), ou mesmo o gigatoque
(1 GT = 230 toques).
Capacidade de A analogia entre a memória de linha (RAM 4- ROM) e um
endereçamento gaveteiro ajuda-nos a entender como os trens de dados e en­
dereços limitam a máxima capacidade da memória principal
acoplável a um microprocessador. Por exemplo, um proces­
sador cujo trem de endereços possui 16 fios paralelos (para 16
ticos de informação) discrimina 216 gavetas, isto é, 65 536 ga­
vetas. Se cada gaveta contiver palavras de 2 toques, a máxima
capacidade de memória endereçável para esse microprocessa­
dor será de 131 072 toques, ou seja, 128 KT. Isto não quer
dizer que este Micro possua, necessariamente, 128 KT de me­
mória de linha — o que isto quer dizer é que qualquer que se­
ja a capacidade original da memória desse Micro, ela somente
será expansível até o limite de 128 KT. Havendo necessidade
de mais memória, ela será atendida através de equipamentos
periféricos, especiais para esse fim. Estes equipamentos rece­
bem o nome genérico de memória de massa.
76
ANATOMIA DE UM MICRO SISTEMA

Capacidade de endereçamento - Um mi­ tas). isto é. 64 K. Oito pinos são ligados ao


croprocessador típico de 40 pinos possui 16 trem de dados, que transportará um toque
pinos que se ligam ao trem de endereços. (8 ticos) de cada vez. Os outros 16 pinos são
Este trem gera uma capacidade de endere­ usados para controle. A figura ilustra os
çamento direto para 216 alternativas (gave­ trens de dados e endereços.

Além do microprocessador e da memória de linha, o con- Núcleo


sole principal de um Micro costuma abrigar a fonte de potência
(power supply), os portos de entrada e saída para os periféri­
cos, e o teclado. Ocasionalmente, esse console abriga também
o vídeo.
Os teclados básicos de um Micro diferem pouco dos de Teclado
uma máquina de escrever. Não raro, entretanto, os fabrican­
tes acrescentam-lhe um teclado numérico auxiliar (numerical
keyboard). Este teclado é como o de uma máquina de calcular
e facilita consideravelmente a entrada de dados numéricos.
Algumas vezes também são acrescentadas teclas especiais pro-
gramáveis pelo usuário.
Cada vez que se usa um eletrodoméstico qualquer, basta Interface
ligá-lo na tomada. Seria ótimo se o mesmo ocorresse com um
Micro em relação a seus equipamentos periféricos. Infelizmen-
te, a indústria informática ainda não normalizou suficiente­
mente o intercâmbio de informações entre os seus produtos.
Essa falta de normalização, em parte, é devida ao seu rápido
desenvolvimento. A maneira atual de se resolver essa incom­
patibilidade consiste no uso de interfaces. A interface mais tri­
vial que todos conhecemos é aquela que transforma as toma­
das de pinos chatos de padrão americano para as tomadas de
pinos cilíndricos do padrão brasileiro. E claro que as interfaces
entre um Micro e seus periféricos são muito mais elaboradas.
77
CAPÍTULO 4

Essas interfaces são acopladas aos portos de entrada e saída


dos Micros. Esses portos podem permitir a conexão em série,
em paralelo, ou analógica. A conexão analógica vai permitir
que seu Micro leia uma grandeza física, como uma resistência,
um gradiente de temperatura ou uma posição no plano,
digitalizando-a, e vice-versa. Os dispositivos analógicos mais
comuns são os usados para vídeo-jogos: a raquete eletrônica
(paddle) e o manche (joy stick). As conexões em série trans­
formam os trens de dados numa fila única de ticos e são pa­
dronizados pela norma americana RS-232C. As conexões em
paralelo são mais rápidas, permitindo que os trens de comuni­
cação engatem-se uns aos outros. O padrão S-100 para essas
conexões não é oficial, mas é bastante comum.

2. Memória Externa

Suponhamos que você tenha programado o seu Micro pa­


ra fazer uma reconciliação bancária. Com os dados deste mês,
a rotina que você concebeu funcionou bem e sua conta ficou
reconciliada. No final do próximo mês, você deverá reutilizar
essa mesma rotina e, portanto, em princípio, você terá que re­
bater todo o programa novamente. Para economizar esse
tempo, você poderia guardar esse programa em algum lugar
e, da próxima vez, carregá-lo automaticamente no seu Micro.
Como isso pode ser feito?
Minicassetes A maioria dos Micros permitir-lhe-á, leitor, gravar o conteú­
do da memória principal num minicassete normal, no caso, o
programa e, até mesmo, o saldo final reconciliado. Ao final do
mês, tudo o que você deve fazer é transferir esses ticos e to­
ques do cassete à memória principal de seu Micro, e entrar os
novos dados. A função do minicassete, neste caso, foi a de
memória externa (storage), também chamada de memória de
massa (mass storage). Usando esse método, você pode de­
senvolver uma verdadeira biblioteca de programas para todos
os fins: programas e dados!
Cartucho A maior inconveniência do minicassete é que ele não é au­
tomaticamente interativo. As operações de gravar, buscar e
voltar atrás são manuais. Além disto, a velocidade de transfe­
rência de dados é baixa. Sua grande conveniência é o preço.
A mesma conveniência (preço) é provida pelo cartucho.
Alguns sistemas admitem o acoplamento de um cartucho, que
traz programas de variada natureza. Os cartuchos são inserí-
veis em um porto especialmente provido para este fim. Estes
78
AmA TOMIA DE UM MICRO SISTEMA

cartuchos trazem seu programa gravado em memória não-vo­


látil (ROM) e os tempos de acesso são muito pequenos. A in­
conveniência é que neles o Micro não pode gravar dados ou
programas.
Com um dispêndio maior, você poderá beneficiar-se do sis­ Discos
tema de discos flexíveis para sua memória de massa. Estes dis­ flexíveis
cos são feitos de Mylar, revestidos com uma camada de mate­
rial magnético. Delicados por natureza, eles são permanente­
mente guardados num envelope especial que os protege, sem
obstar que o cabeçote de leitura e gravação cumpra sua fun­
ção. Para usá-los, o leitor deve inseri-los num equipamento
chamado acionador de discos (disk drive), na posição corre­
ta, é claro!

Acionadores de discos flexíveis — Os acionadores de discos flexíveis


vêm em duas medidas, a saber: 8 e 5 1/4 polegadas. O acionador de
discos à esquerda é de dupla face, isto é, utiliza as duas faces do dis­
quete simultaneamente. Os demais são de face simples.

Esse acionador é um equipamento periférico, que deve ser Trilhas


devidamente interfaceado com o seu Micro. Há dois tama­ e setores
nhos de discos flexíveis: o maior, de 8 polegadas, e o menor,
também chamado disquete, de 5 Vt polegadas. As informa­
ções são gravadas em trilhas (tracks) concêntricas, e não em
espirais, como nos discos sonoros. Cada trilha é dividida em
setores (sectors), e estes setores são os que guardam os to-
e ticos dos dados e programas. Essa subdivisão do disco em
trilhas e setores pode ser física (hardsectored) ou virtual (soft-
sectored). Os tipos mais comuns usam a subdivisão virtual.
Neste caso, antes de serem usados, os discos devem ser inicia -
lizados. O próprio Micro providencia este processo, formatan­
do magneticamente sua superfície.
79
CAPÍTULO 4

DOS A operação dos acionadores de discos deve obedecer a ro­


tinas pré-estabelecidas, como qualquer outro sistema automá­
tico. Essa rotina deve determinar a ordem dos setores a serem
gravados, lidos, desgravados, regravados, onde começar,
quando terminar, como achar determinada informação, ou
onde escrevê-la sem danificar o material já gravado etc. Essa
rotina chama-se sistema operacional do disco, e é abreviada
como DOS (Disk Operating System). Atente que, mais uma
vez, essa rotina pode variar de fabricante para fabricante.
Acionadores de discos flexíveis constituem o periférico mais
utilizado para memória de massa em micro-sistemas. A capa­
cidade líquida de armazenagem de cada lado de um disco fle­
xível (floppy disk) é determinada por seu DOS e, tipicamente,
assume valores de 260 e 120 quilotoques para discos de 8 e
5V4 polegadas, respectivamente.

r
revestimento interno
autolubrificado.
R i rótulo
indentação para
proteger o disquete
de gravação acidental

núcleo do disquete, --------------- abertura central que


onde prende-se expõe o núcleo
mecanicamente do disquete
ao acionador do disco.
"X furo para
posicionamento
rasgo no envelope para do primeiro
permitir o contato setor
entre o disquete e o VJ
cabeçote do acionador X_____________ envelope protetor

Discos flexíveis - Os acionadores de discos zenamento é organizado em trilhas concên­


flexíveis são o periférico mais comumente tricas (e não espirais, como nos discos de
usado para memória de massa em micro- áudio). Cada trilha é dividida em setores,
sistemas. Os discos flexíveis são feitos de que formam, por assim dizer, as “gavetas"
Mylar recoberto com uma camada de óxido do disco. Na verdade, “gavetôes", pois, em
dos dois lados. A informação é armazenada geral, cada setor armazena 256 toques es­
por magnetização desta camada. Este arma­ critos e lidos de uma só vez.

Discos Algumas vezes os micro-sistemas necessitam de capacida­


rígidos des muito maiores de memória de massa. Nestes casos, recor-
re-se aos discos rígidos (hard disks). Ainda de material mag­
nético, os discos rígidos tipo Winchester não são removíveis,
mas apresentam capacidades típicas de 5, 10 ou 20 megato-
ques (1 M = 220). Seu tempo de acesso é cerca de 1/5 do
tempo de acesso dos discos flexíveis, e sua velocidade de
transferência é entre 2 e 3 vezes maior.
80
ANATOMIA DE UM MICRO SISTEMA

O leitor não deve depreender dessa comparação que o dis­ Cópias


co rígido seja melhor do que o disco flexível. Cada qual tem cautelares
seu uso específico: o que é bom para dados não é, necessaria­
mente, bom para programas. A conveniência e portabilidade
dos discos flexíveis é enorme; eles permitem fácil armazena­
mento, na forma de biblioteca de programas e dados. Ainda
mais. Apesar da segurança do processo de busca e armazena­
mento de dados, é altamente recomendada a prática de ma­
nutenção de cópias cautelares (back up) de todas as informa­
ções relevantes. Essa cautela é muito mais facilmente praticá­
vel com discos flexíveis, do que com discos rígidos que não
possam ser removidos.
Além das mencionadas, outras técnicas podem ser utiliza­ Outras
das para memória de massa. Duas delas merecem citação: a memórias
de massa
memória de bolhas (bubble memory), que está sendo desen­
volvida pela Texas Instruments, e o vídeo-disco, que se utiliza
de raios laser e que consegue capacidades de armazenamento
da ordem de gigatoques (1 GT = 230T) num volume compa­
rável ao de uma vitrola comum. Esses discos podem ser subs­
tituídos, embora não sejam desgraváveis pelo Micro.

Cautela - Este operador não acreditava em cautelas. O micrinho aca­


bou de “esquecer" as 20 páginas que ele entrou. Faltou luz. Zás! Num
segundo esquecem-se horas e horas de trabalho. Talvez, você não pre­
cise dar cabeçadas para aprender...

81
CAPITULO 4

3. Vídeo

O vídeo é o periférico mais comum dos micro-sistemas: é


rápido, silencioso e confiável. Não raro, o vídeo é incorporado
na própria estrutura que contém o microprocessador.
Pixel Seu elemento principal é a tela, que consiste numa película
eletrossensível. Cada ponto desta película endereçável pelo
feixe de raios catódicos chama-se um pixel. O tubo de raios
catódicos pode ser o de uma televisão normal ou um tubo de
fósforo verde, cuja imagem é mais amena para a vista. Os Mi­
cros podem possuir até 3 modos de endereçamento à tela do
vídeo: o modo para texto; o gráfico de baixa resolução (em
que os pixéis são pequenos retângulos) e o gráfico de alta re­
solução. Nos modos gráficos, alguns Micros geram sinais colo­
ridos. Neste caso, o vídeo pode ser uma televisão colorida ou
um monitor a cores.

Shannon, G., "Magic Window", Artsci Inc, 1980 Apple Computing Co., "Color Demosoft", 1981

(T) modo texto

(2) modo gráfico


de baixa resolução (LO RES)
PRESS 3 TO FLIP, 3 TO SWAP, B TO LOAD,
SMi TO QUIT OR USbMnafi TO GO OH ■
(3) modo gráfico
de alta resolução (HI RES) Dan Hoile, "Zoom Grafix",
Phoenix Software Presents 1981

Modos - Há três modos em que a tela de um vídeo pode ser usada:


o modo de texto, de gráfico de baixa resolução e de alta resolução. Vá­
rios tipos de Micros admitem o uso de cores nos últimos dois modos.
Para as cores serem reveladas é necessário um monitor a cores.

82
ANA TOMIA DE UM MICRO-SISTEMA

Tipicamente, o video, no modo para texto, produzirá 24 li­ Modos


nhas. Cada linha pode conter de 40 a 80 toques. Cada toque
pode ser exibido na forma normal (claro sobre escuro) ou na
forma reversa (escuro sobre claro). O número de toques de
cada linha é irrelevante, exceto em certas aplicações. Quando
se processam textos, um comprimento de linha de 80 toques
é muito útil, desde que não comprometa a legibilidade.
O uso prolongado do vídeo pode ser muito extenuante, so­
bretudo em presença de reflexos e tensões musculares. Uma
desvantagem dos consoles com o vídeo e o teclado embutidos
é que, nem sempre, a posição confortável para um é a posi­
ção ideal para o outro. Desenhos industriais em que essas par­
tes são separáveis permitem uma flexibilidade maior nesse
sentido, e são, portanto, recomendáveis.
Protagonista indispensável no vídeo é o cursor. Este retân­
gulo piscante indica continuamente ao usuário onde será “im­
presso” o próximo toque. A maioria dos Micros possui teclas
para movimentar o cursor em todas as direções.
Quando a tela do vídeo está saturada, seu conteúdo desli­
za (scrolls) para cima, abrindo um novo espaço para os toques
que virão. Há diversas técnicas para controlar-se a “janela”
(window) exibida no vídeo, diminuindo-a no sentido vertical
ou horizontal, conforme a necessidade dos programas.

4. Impressoras
Em muitas aplicações de um micro-sistema, a inclusão de
uma impressora é muito conveniente. Algumas dessas aplica­
ções podem demandar mais velocidade do que qualidade de
impressão: relatórios de estoque, contabilidade, tabelas estatís­
ticas. Em outras, exatamente o contrário pode acontecer: cor­
respondência externa, catálogos etc.
A escolha de uma impressora para seu micro-sistema deve
levar em consideração pelo menos os seguintes aspectos: qua­
lidade de impressão, velocidade de impressão, controle de
formatos, mecanismos de alimentação e desenho industrial.
O aspecto visual de um texto depende de mais decisões e Editoração
implementações do que o leitor comum pode imaginar. Essa
técnica e arte chama-se editoração (editing) para diferenciá-la
da edição (publishing), que é a atividade de publicar.
Um conjunto de caracteres (letras maiúsculas, minúsculas,
algarismos, símbolos de pontuação e símbolos especiais) dese­
nhados com coerência é chamado fonte (font). Duas fontes,
83
CAPÍTULO 4

com o mesmo desenho básico, podem diferir apenas em seu


tamanho (corpo), ou em seu estilo: normal ou redondo, ne­
grito, grifo, largo, condensado, itálico, versalete etc. Estes con­
juntos de fontes chamam-se famílias. São exemplos de famí­
lias: Univers, Times Roman, Bodoni, Souvenir etc. Há deze­
nas e dezenas de famílias.
No sistema anglo-americano de medidas tipográficas, a uni­
dade é chamada de paica. Uma paica, igual a 1/6 de polega­
da, é subdividida em 12 pontos (points).

ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWX
Bodoni

ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWX
Univers

ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWX
Souvenir

corpo 10 corpo 18
um texto impresso um texto impresso
normal _________________

um texto impresso um texto impresso


itálico _________________

um texto impresso um texto impresso


negrito _ ________________________________________________________________________

Famílias - Fonte é um conjunto de caracte­ conjunto de fontes de um mesmo desenho


res desenhados com coerência. Fontes com chama-se família. A ilustração mostra algu­
o mesmo desenho podem diferenciar-se en­ mas famílias (Boldoni, Univers, Souvenir
tre si pelo tamanho (corpo) ou pelo estilo etc.) em sua parte superior, e algumas fon­
(normal, negrito, itálico, versalete etc.). O tes da família Boldoni, em sua parte inferior.

Espaçamento Geometricamente, além de escolher-se a fonte, seu estilo e


seu corpo (medida relacionada com a dimensão vertical da le­
tra e expressa em pontos), é necessário decidir os espaçamen­
tos entre letras, entre palavras e entre linhas, além do compri­
mento de cada linha.
Como o leitor sabe, diferentes caracteres possuem larguras
diferentes: o “i” é mais estreito que o “b” que, por sua vez, é
mais estreito que o “m”. As máquinas de escrever comuns
não levam este fato em consideração, e dão o mesmo espaça­
84
ANATOMIA DE UM MICRO - SISTEMA

mento para todas as letras. Quando se exige uma qualidade


de impressão melhor, o espaçamento entre letras é variável e
proporcional à largura delas. Dentre as várias impressoras para
micro-sistemas, algumas dão espaçamento proporcional (as
mais “inteligentes”), outras não (número fixo de toques por li­
nhas de igual comprimento).

A boa legibilidade de um texto.

Máquina de escrever - espacejamento uniforme

A boa legibilidade de um texto.


Composição tipográfica - espacejamento proporcional

Espaçamento - O espaçamento é um com­ treitas como o “i” ou largas como o “m”. A


ponente importante da legibilidade de um composição tipográfica provê espaçamento
texto. As máquinas de escrever mecânicas proporcional entre as letras. Assim, linhas
usam todas o mesmo espaçamento para to­ de mesmo comprimento podem ter núme­
das as letras, não importando se elas são es­ ros diferentes de toques.

Os editores chamam de justificação ao alinhamento verti- Justificação


cal do princípio, do centro, ou do fim das diversas linhas. Um
texto pode ser justificado em ambas as extremidades, à direita,
à esquerda, centrados, ou simplesmente não justificados. Im­
pressoras há que fazem a justificação automaticamente, outras
podem ser programadas para fazê-los.

A boa legibilidade de A boa legibilidade de A boa legibilidade de A boa legibilidade de um


um texto impresso um texto impresso um texto impresso texto impresso depende
depende de alguns depende de alguns depende de alguns de alguns fatores, cujos
fatores, cujos principais fatores, cujos principais fatores, cujos principais principais são: o desenho
são: o desenho e a são: o desenho e a são: o desenho e a e a regularidade das le­
regularidade das letras; regularidade das letras; regularidade das letras; tras; o tamanho das le­
o tamanho das letras; a o tamanho das letras; a o tamanho das letras; a
tras; a extensão das li­
extensão das linhas; o extensão das linhas; o extensão das linhas; o
nhas; o entrelinhamento
entrelinhamento ou entrelinhamento ou entrelinhamento ou
espaço maior entre espaço maior entre espaço maior entre ou espaço maior entre li­
linhas; e, finalmente, o linhas; e, finalmente, o linhas; e, finalmente, o nhas; e, finalmente, o
contrastre entre o papel contrastre entre o papel contrastre entre o pape! contrastre entre o papel e
e a tinta utilizado na e a tinta utilizado na e a tinta utilizado na a tinta utilizado na im­
impressão. impressão. impressão. pressão.

Justificação - Justificar um texto é alinhar Indentações são quebras propositais do


verticalmente suas diversas linhas. Um texto alinhamento. Algumas impressoras podem
pode ser justificado (1); à esquerda (2) à di­ justificar textos automaticamente, conforme
reita; (3) ao centro; (4) em ambos os lados. as instruções do usuário.

85
CAPÍTULO 4

A principal diferença entre as impressoras de micro-sistemas


reside na formação de caracteres: algumas já imprimem o ca­
ráter formado (fully formed), outras, ditas matriciais (dot ma­
trix printers), formam-no ao imprimir.
Impressoras As impressoras matriciais podem ser eletrostáticas, térmi-
matriciais cas ou de impacto. As duas primeiras são mais silenciosas e de
menor preço. Exigem, porém, papel especial para imprimir.
Em caso de grande volume de impressão, devido ao maior
custo desse papel, a economia inicial pode ser prejudicada.
Uma pequena desvantagem desse tipo de impressora é que
elas só podem imprimir uma cópia de cada vez.

<
• • • •


• • • •

V_________ __________________ _________ ______________


Impressora matricial - Uma impressora matricial gera caracteres pela
disposição de pontos dentro de uma grade (ou matriz) de 7 x 5 ou de
9x6. As que usam 9 colunas são capazes de gerar os descendentes
das letrasg,p,q,j, e y, utilizando-se das 2 colunas inferiores.

As impressoras matriciais de impacto são as mais comuns e


versáteis, embora sua qualidade de impressão ainda se com­
pare desfavoravelmente à das impressoras de tipos formados.
Cabeçote O cabeçote da impressora matricial de impacto é constituí­
do de uma coluna de 9 agulhas. Cada agulha corre dentro de
um canhão eletromagnético, que pode ser independentemen­
te disparado pelos circuitos da impressora. O cabeçote faz seis
movimentos horizontais para cada tipo a ser impresso, e, a ca­
da movimento, ele dispara um conjunto adequado de agu­
lhas. Estas agulhas disparadas marcam pontos no papel, pres­
sionando contra ele uma fita comum de máquina de escrever.
Assim, cada tipo é formado por um padrão de pontos dese­
nhados numa matriz de 9 linhas por 6 colunas (dot matrix).
86
ANA TOMIA DE UM MICRO SISTEMA

><
<>
• •> <>
• •

••
•• • •

••
• • • •

• •
• •


•< • •< >

• • • •

<> ( <>
• • •
• ••••


••• •• • • •

• • • •
• • • •

Formação do caracter - Cada letra de uma um novo disparo. A sexta coluna é sempre
impressora matricial é formada por 6 dispa­ deixada em branco para prover o espaça­
ros sucessivos da coluna de 9 canhões, que mento (uniforme) entre letras. Os dois ca­
constitui o cabeçote. A cada disparo a colu­ nhões inferiores são usados somente para
na se move para o lado, apenas para dar os descendentes.

A versatilidade de um tal processo permite a impressão de Versatilidade


símbolos gráficos, ideogramas chineses, caracteres katakana
japoneses, alfabeto grego, arábico, hebraico, hieróglifos etc.,
bastando alterar um circuito integrado. Além disso, essas im­
pressoras podem desenhar gráficos com boa resolução.
Note que, no caso do alfabeto latino, a sexta coluna nunca
é utilizada para poder prover espaço entre as letras. Note tam­
bém que as duas linhas inferiores são reservadas somente para
os descendentes das letras minúsculas g, j, p, q, e y. Logo, as
letras maiúsculas são todas escritas dentro de matrizes de 7 co­
lunas de pontos por 5 linhas (estes números podem variar de
um fabricante para outro).
Cada um dos 35 pontos desse formato matricial pode ser Redundância
preenchido ou não, e, portanto, apresenta um tico de infor­
mação. Com 35 ticos de informação podemos descrever 2 35
alternativas. Estes 32 gigaticos de informação são usados para
escrever apenas 256 caracteres ASC1I (8 ticos). Há nisto um
grande desperdício. Este desperdício, entretanto, é muito ben-
fazejo e comum nas línguas humanas naturais. Ele é chamado
de redundância, e contribui para diminuir muito a margem de
erro nas comunicações.
87
CAPÍTULO 4

Algumas impressoras de matriz, justamente em função da


redundância já mencionada, podem escrever com várias fon­
tes diferentes: itálico, negrito, expandido, comprimido etc.

F" o im ~r e: s o ee uma
IMPRESSORA MATRICIAL.

NORMAL : ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVW X Y Z
abcdefghi jklmnopqrstuvwx.yz

COMPRIMIDO: ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ abcdefghijklinopqrstuvwxyz

DUPLO: ABCDEF L)H X d KL_M JMOF-’O

DUPLITO: ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ

ENFATIZADO: ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ

REBATIDO: ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ

ITÁLICO: A.FÜ Z?£ FGHI JKL MNOPQRS TUONÁ YZ

Fontes de uma impressora de matriz - A despeito das impressoras


matriciais não apresentarem o mesmo acabamento do que as de tipo
formado, elas apresentam uma enorme versatilidade na mudança au­
tomática das fontes. Apresentam também maior versatilidade quando
se trata de imprimir gráficos.

88
ANA TOMIA DE UM MICRO-SISTEMA

Todas as impressoras de tipos prontos são de impacto e


utilizam -se de fita impressora e interposta entre o papel e o ti­
po. Os tipos são embossados exatamente como numa máqui­
na de escrever usual. Eles podem ser embossados numa esfe­
ra (tipo IBM), numa fita contínua, em cilindros, ou nas “péta­
las de uma margarida” (daisy wheel). Esta última geometria é
muito comum, e permite uma ótima qualidade de impressão
(letter print quality), além de mudanças de fontes — embora
esta mudança seja manual.

FONTES DE UMA IMPRESSORA


DE TIPOS PRONTOS

MIKRON: ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUWVXZ
abcdefghijklmnopqrstuwvxz

ELITE: ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUWVXZ

VICTORIA: ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUWVXZ

PAICA: ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUWVXZ

________ 7
Margaridas - Entre as impressoras de tipos prontos, destacam-se as im­
pressoras de margarida (daisy wheel).
Embora não automaticamente, essas impressoras também permitem o
uso de uârias fontes diferentes, mediante a substituição da
margarida.

89
CAPÍTULO 4

Alimentação As três formas mais comuns de alimentação de papel são:


folhas separadas, formulários contínuos e rolos de papel. O
sistema de rolos de papel é exatamente como o utilizado nas
calculadoras elétricas. Sua alimentação, como no caso de fo­
lhas separadas, é feita por atrito (friction feed). Os formulários
contínuos são alimentados por um extrator (tractor feed), que
consiste de duas rodas dentadas, onde se encaixam as perfu­
rações laterais providas nos formulários contínuos.

Alimentação de papel - Hâ três modos : mulários contínuos. Nesta última forma, o


para folhas soltas (como nas máquinas de formulário é “puxado" por duas rodas den­
escrever comuns), para rolos (como nas tadas que se encaixam nas perfurações es­
máquinas de calcular comuns) e para for­ peciais do papel.

Formatos Muitas impressoras admitem papéis de diversas larguras.


Estas larguras são medidas pelo número médio de toques em
cada linha. Como cada 10 toques do tipo paica medem uma
polegada, papéis de 8 polegadas equivalem a 80 colunas por
linha (cpl), e papéis de 13,2 polegadas permitem 132 colunas
por linha. Estas são as duas medidas mais comuns.
Além da versatilidade para aceitar papéis de diversas largu­
ras, as impressoras podem apresentar outras facilidades de for­
matação, tal como um entrelinhamento variável para preen­
cher formulários não-padronizados.

5. Outros Periféricos

A lista de periféricos para micro-sistemas aumenta continua­


mente. Discutiremos aqui apenas alguns dos mais importan­
tes, ou mais frequentes.
90
ANA TOMIA DE UM MICRO-SISTEMA

Na medida em que os Micros se proliferam, crescem as Modems


oportunidades de comunicações entre si e com os grandes
computadores. A rede de comunicações mais difundida hoje
é a rede telefônica. Para acoplar esta facilidade àquela necessi­
dade foram desenvolvidos periféricos chamados Modems
(MOduladores-DEModuladores). O tipo mais simples de Mo­
dem é o acoplador acústico (acoustic-coupler), que transforma
uma saída seriada de ticos em sinais acústicos, transmissíveis
por uma linha telefônica. A velocidade de transmissão destes
acopladores é medida em “bauds” ou ticos por segundo (bps
— bits per second), e, tipicamente, seu valor está compreendi­
do entre 75 e 300 bps. Quando a necessidade de comunica­
ções for mais intensa, pode compensar a aquisição de um
acoplador direto (direct coupler), que transforma a corrente de
ticos do Micro, diretamente, nos sinais elétricos que são trans­
portados pela linha telefônica. Um Modem pode ser usado
para consultar as centrais de redes de Micros, como The Sour­
ce ou a CompuServe, ou pode ser usado para transmitir um
balancete ou orçamento de uma filial em Florianópolis para
sua matriz em Belém, durante as horas da noite (quando o
custo da ligação telefônica é mais barato).

Acoplador acústico — Um acoplador acústico coloca seu Micro em


contato com o resto do mundo. Os encaixes para o telefone são feitos
de borracha especial para evitar interferência com o ruído ambiente.

A entrada de dados e programas via teclado sempre foi um Leitura ótica


dos problemas críticos de computação. Para automatizar tam­
bém este procedimento, foram desenvolvidas leitoras ou lápis
óticos, entre outras soluções.
91
CAPÍTULO 4

As leitoras óticas (optical readers) de cartão podem ser


usadas em escolas, para corrigir provas; em casas lotéricas,
para recebimento de jogos; em pesquisa de mercado, para
admissão de dados estatísticos etc. O lápis ótico (optical pencil)
para leitura de códigos de barras é usado na caixa registradora
de estabelecimentos comerciais norte-americanos, acoplados
a Microsou a terminais dedicados ao controle de estoque e
vendas. E possível também utilizar esses lápis óticos para leitu­
ra direta de programas para Micros, publicados em revistas ou
livros, usando o mesmo código de barras.
Os diagramadores (plotters) são recomendados para o tra­
çado de diagramas de barras, de setores, gráficos, mapas ou
outros desenhos de qualquer natureza. Hoje, já são disponí­
veis diagramadores com várias cores, programáveis pelo pró­
prio Micro.
Num certo sentido, os digitadores (digitizers) desempenham
a tarefa contrária dos diagramadores. Um lápis eletrônico per­
corre uma figura geométrica sobre uma tábua especial (tablet)
e suas posições são subseqüentemente traçadas na tela, ao
mesmo tempo que o Micro pode calcular a área, momento
estático, baricentro, momento de inércia, volume, ou qual­
quer outra característica geométrica da figura desenhada que o
usuário programar.

6. Diagrama de Blocos Revisitado.

Tendo introduzido os principais equipamentos periféricos


que podem integrar-se a um micro-sistema, vejamos como re­
presentar, num diagrama de blocos, o fato de um dado ter en­
trado pelo teclado, ou ter sido armazenado na memória, ou
gravado num disquete.

Este símbolo indica que o dado nele contido


será, ou deve ser, entrado pelo teclado.

O triângulo indica que o dado nele contido foi armazenado


ou buscado na memória de massa do computador, qualquer
que seja sua natureza.

Se a memória de massa for especificamente


um disco magnético (flexível ou rígido), utilize
este símbolo.
92
ANATOMIA DE UM MICRO-SISTEMA

Esta figura indica que o dado nele contido


deve ser impresso.

Este símbolo indica que o dado nele contido


será exibido no vídeo.

Indicador de operação manual: — a operação por ele en­


cerrada não é feita automaticamente.

93
CAPÍTULO 4

Sumário
• Unidade central de processamento (CPU).
• Memória principal: volátil (RAM) e não-volátil (ROM, PROM,
EPROM).
• Atributos de uma memória: capacidade de armazenamento, ve­
locidade de acesso, velocidade de transferência.
• Fonte de potência, teclados, interface, portos de entrada e saída.
• Memória externa: cassete, cartucho, discos flexíveis, discos rígi­
dos, memória de bolha e vídeo-disco.
• A superfície dos disquetes são divididas em trilhas concêntricas e,
cada trilha, em setores. Esta divisão pode ser real ou virtual.
• Vídeo e Cursor. Monitor e TV.
• Impressora: qualidade de impressão, velocidade de impressão,
controle de formatos, modos de alimentação.
• Tipografia: famílias, fontes, corpo, estilo, justificação, espaça­
mento.
• Impressão: térmica, elétrica, impacto (matriz e de tipos forma­
dos).
• Alimentação: folhas separadas, formulários contínuos, papel em
rolo.
• Modems, leitoras óticas, lápis ótico, diagramadores etc.
• Diagramas de blocos.

Problemas
1) Uma impressora á Margarida possui uma velocidade de impres­
são de 30 caracteres por segundo (cps) Qual é o tempo necessá­
rio para imprimir uma obra de cerca de 300 KT, como, por
exemplo, Os Lusíadas?
2) Um Modem consegue transferir informações à razão de 300
bauds (ticos por segundo, bps). Qual é o tempo de ligação inte­
rurbana de Curitiba a Manaus para transferir, de um Micro a ou­
tro, um orçamento com 68 linhas e 65 colunas? E sabido que
cada dado de tabela ocupa 5 toques.
3) Na tela do vídeo de um Micro pode-se colocar 24 linhas por 40
colunas. Quantas telas são necessárias para se escrever a inter­
pretação de um horóscopo com 8 quilotoques?
94
ANA TOMIA DE UM MICRO-SISTEMA

4) Qual a capacidade, em KT, de memória de linha que possui um


microprocessador cujo trem de endereços comporta 12 ticos e
cuja “palavra” tem 4 toques? (Nota: palavra é o dado que é ar-
mazenável em cada gaveta da memória de uma só vez.)
5) Um disquete de 5 V4 possui 35 trilhas de 16 setores. Cada setor
é capaz de armazenar 256 toques. Qual a capacidade total de
armazenagem deste disquete? Qual a sua capacidade útil, consi­
derando que ele utiliza 4 trilhas para guardar seu sistema opera­
cional (DOS)? Qual é sua eficiência?

Bibliografia
1) Frank, Mark, “Discovering Computers”, Stonehenge, 1981.
Uma boa edição com artigos curtos, concisos, informativos, e
bem ilustrados.
2) Zacks, Rodnay, “DON’T!: Or How To Care For Your Compu­
ter”, Sybex, Cal., 1981.
Uma pitoresca leitura sobre como tratar seu Micro-sistema, e os
erros mais comuns que podem ser cometidos nesse convívio.
3) McCunn, Donald, “Write, Edit & Print-Word Processing With
Personal Computers”-, Design Enterprises, San Francisco, 1982.
No capítulo sobre impressoras hâ uma bem estudada apresenta­
ção do assunto.
4) Osborne, Adam & Bunnel, David, “An Introduction to Micro­
computers: Beginner’s Book”, Osborne/McGraw-Hill, Berke­
ley, 1982.
A primeira parte desse livro constitui uma leitura fácil e bastante
informativa.
5) Ramirez, Edward & Weiss, Melvyn, “Microprocessing Funda­
mentals”, McGraw-Hill, 1980.
Introdução técnica ao assunto, para aqueles com muita disposi­
ção e fôlego.

95
PROGRAMAS PARA
O MICRO
1. Programas.................................................................................................. 99
2. Sistemas Operacionais.............................................................................. 101
3. Linguagem de Máquina............................................................................. 105
4. Linguagens de Alto Nível...........................................................................109
5. Programas de Aplicação........................................................................... 113

O que pode ser pensado, pode ser daramente pensado.


O que não pode ser pensado, não pode ser pensado...

Ludwig Wittgenstein

97
CAPÍTULO S

Programa - A inteligência dos Micros reside nos programas escritos pa­


ra ele executar. Um Micro sem programas é como uma vitrola sem dis­
cos; só serve para mostrar aos amigos. Os Micros não resolvem proble­
mas — apenas automatizam a execução das soluções contidas nos pro­
gramas.

98
PROGRAMAS PARA O MICRO

1. Programas

Nenhum computador, seja ele grande, médio, mini ou mi­


cro, é feito para resolver problemas: sua função é automatizar
soluções de problemas. A solução dos problemas já está conti­
da nas rotinas de automatização. Nesse contexto, pode-se di­
zer, com precisão, que um computador é uma máquina ele­
trônica com potencial para automatizar rotinas de processa­
mento de informações.
Assim como as rotinas culinárias recebem o nome comum Programas
de receitas, rotinas escritas para computadores são vulgarmen­
te chamadas programas (programs).
Para um programa ser executado, é preciso que suas ins­
truções estejam armazenadas na memória de linha do Micro.
Preferencialmente na memória volátil (RAM), assim poderá
ser substituído por outros programas, sempre que necessário.
Para colocar um programa na memória pode-se digitar instru­
ção por instrução por meio do teclado, ou transferi-lo do dis­
quete (ou de outra memória externa qualquer) para a memó­
ria de linha. A primeira porta de um programa para entrar
num computador, entretanto, é sempre o teclado.
Lembremos que uma rotina verdadeira deve merecer os
atributos de eficácia, finitude, clareza e exeqüibilidade. Lem­
bremos também que as rotinas possuem um objetivo que é
atingido apenas quando seu executante transforma as entra­
das nas saídas desejadas.
As instruções de uma rotina devem ser claras e exeqüíveis
pelo executante. Para estabelecer quais devem ser as instru­
ções, é preciso pois conhecer bem as habilidades de quem vai
executá-lo.
Tomemos, por exemplo, o problema que consiste em Trinômio
achar as raízes reais do trinômio do segundo grau
AX2 + BX + C, dados os números reais A, B, e C. Estudando
a literatura, ou consultando especialistas, descobriremos que
essas raízes são dadas pela fórmula:
(-B ± V BB - 4ACj / (2A)
Digamos agora que, por alguma razão, nós queiramos au­
tomatizar a solução desse problema. O objetivo é bem defini­
do. Quem é o executante?
Se o executante for um brilhante aluno da oitava série do
primeiro grau, podemos dar-lhe uma instrução sintética como:

(n) calcule (-B ± /BB - 4AC) / (2A)'


99
CAPÍTULO 5

Instruções Suponhamos agora que nosso próximo executante ignore


álgebra, mas que seja um proficiente operador de máquinas
de calcular com tecla de raiz quadrada. A instrução acima de­
verá, nesse caso, ser quebrada nas seguintes instruções:
nl) calcule Z = 2.A
n2) calcule X = 2.Z
n3) calcule X = X.C
n4) calcule Y = B.B
n5) calcule X = Y-X
nó) se X< 0, vá para nl2
n7) calcule X = VX"
n8) calcule X = -B + XeY= -B-Y
n9) calcule X = X/Z e Y = Y/Z
nlO) escreva X e Y na coluna de resposta
nil) vá para nl3
nl2) escreva “não há raízes reais”
nl3) fim

O Micro Finalmente, imaginemos o que aconteceria se o nosso no­


executante vo executante fosse um microprocessador abrigado dentro de
um console com uma memória, teclado e vídeo. O número A
entra pelo teclado, e seriam necessárias instruções que aceitas­
sem os toques entrados, verificassem se os toques são numéri­
cos, transformassem-nos em cadeias de zeros e uns, levassem
estas cadeias para uma gaveta da memória e guardassem seu
endereço etc. etc. etc. Nesse caso, em vez de dezenas de ins­
truções, teríamos centenas delas. A nossa sorte é que, se o mi­
croprocessador não é um executante muito habilidoso, ele é
rapidíssimo. Ele executaria qualquer dessas operações em mi­
lionésimos de segundo e, se bem instruído, acabaria por dar a
resposta antes mesmo que o nosso brilhante aluno da oitava
série do primeiro ciclo.
Níveis A árdua tarefa de programar um processador limitado foi
de programas facilitada, ao longo dos anos, de duas formas, em dois níveis.
No primeiro nível, automatizaram-se as tarefas mais comu-
mente utilizadas pelos programadores. Essas rotinas de auto­
matização constituem os chamados sistemas operacionais dos
microprocessadores. No segundo nível, em vez de o homem
falar a linguagem da máquina, fez-se a máquina aprender lin­
guagens mais humanas, interpretando-as ele próprio. Vere­
mos nos próximos itens como isso foi realizado.
100
PROGRAMAS PARA O MICRO

PROGRAMAS
APLICATIVOS
LINGUAGENS
DE ALTO NÍVEL

SISTEMA OPERACIONAL

Níveis de programas - Há três níveis de que permitem aos homens uma comunica­
programas para o Micro. O primeiro nível é ção mais ágil com os Micros. No terceiro ní­
o fisiológico. Os programas desse nível ensi­ vel estão os programas que realmente inte­
nam o Micro a suprir suas funções elemen­ ressam ao usuário: os programas aplicati­
tares automaticamente, e chamam-se, cole­ vos. Estes programas ensinarão ao Micro as
tivamente, Sistema Operacional. No segun­ rotinas de automatização que queremos ou
do nível, estão as linguagens de alto nível, que precisamos.

2. Sistemas Operacionais

No corpo humano há cerca de cem trilhões de células Metabolismo


(1014) que devem ser alimentadas todos os dias. Se nós tivés­ basal
semos que monitorar conscientemente cada um desses pro­
cessos, não sobraria consciência para a inconsciência. Sendo
automática, a fisiologia da alimentação das células obedece a
um programa cujas instruções nós não conhecemos em todos
os seus detalhes.
Um computador, mesmo Micro, também tem suas funções
fisiológicas. Seria ótimo se elas fossem igualmente automatiza­
das, assim o usuário final não teria que escrever centenas de
instruções apenas para somar os números 2 e 3. Porque ou­
tros pensaram nisto antes de nós, assim foi feito. Um grande
número de rotinas fisiológicas do Micro foram criteriosamente
programadas em benfazejos pacotes chamados sistemas ope­
racionais (operating systems). Com essas rotinas o micropro­
cessador adquire espantosas habilidades. Vejamos algumas:
a) ele recebe o último conjunto de toques entrados pelo tecla­
do, traduz os toques em ticos, e guarda-os na memória,
nas gavetas que lhe forem designadas;
101
CAPÍTULO 5

b) para você poder examinar um programa ou um conjunto


de dados, há uma rotina em que o microprocessador es­
creve em seu vídeo, endereço por endereço, o conteúdo
das gavetas da memória;
c) para você não perder o conteúdo da memória RAM ao
desligar seu Micro, há uma sub-rotina que grava todos os ti­
cos que você quiser numa fita minicassete. A velocidade da
transferência é devidamente ajustada para não exceder a
capacidade de transferência do cassete;
d) a seu comando, leitor, o microprocessador começa a ler as
mensagens que estão na memória, executando cada ins­
trução lá escrita. Se houver algum erro (bug, em portu­
guês: grilo), o microprocessador pára e escreve o tipo de
erro no seu terminal de vídeo;
e) cada vez que você mandar escrever no vídeo, ele guarda,
automaticamente, onde escreveu o último toque, e escreve
os demais toques observando sempre a ordem da esquer­
da para a direita, mudando para a linha de baixo sempre
que necessário. Se você for japonês, e avisar com antece­
dência, ele escreverá de baixo para cima, e só mudará para
a coluna da esquerda, quando terminar a coluna em uso;

Sistema Operacional - Sistema operacio­ do teclado, do video, da memória principal,


nal é o nome dado a um conjunto de pro­ as interrupções do processamento, o uso do
gramas que permitem a um microcomputa­ disquete etc. Sem sistemas operacionais o
dor realizar, sem a interueniência do opera­ uso de microcomputadores ficaria muito
dor, as operações básicas em relação ao uso restrito aos especialistas de Informática.

102
PROGRAMAS PARA O MICRO

f) se solicitado a tanto, ele inicializa um disquete em branco,


desenhando magneticamente cada trilha e setor, tudo de
acordo com um plano pré-estabelecido;
g) se você mandar ele transferir um programa da memória
para o disquete, ele pede o nome do programa, compassi-
vamente diminui sua astronômica velocidade para facilitar a
vida do cabeçote do acionador, analisa onde há espaço li­
vre no disquete, grava o programa nestes espaços, grava o
nome e o endereço no catálogo magnético do disquete, e
informa-lhe que já terminou o serviço. Se porventura faltar
espaço livre no disquete, cortesmente o Micro escreve em
seu vídeo a verdade, somente a verdade, e toda a verdade.

Essa lista não pretende esgotar o assunto. Está aí apenas


para dar ao leitor uma pálida idéia do que são essas úteis roti­
nas fisiológicas no caso do Micro. Boa parte dessas rotinas po­
de ser executada mediante um simples comando (command)
dado em linguagem criptográfica. Senão vejamos.
Num micro-sistema há um acionador devidamente ligado
com um disquete preparado. Você datilografa (pelo teclado, é
claro): “DIR”. Imediatamente seu Micro atende ao comando e
começa a executar a seguinte rotina fisiológica:

h) faça o rotor do acionador girar e acenda a luz indicadora


para avisar o dono. Encoste o cabeçote — com delicadeza
— na superfície do disco, trilha 17, setor 15 (isto parece um
endereço de Brasília, mas afinal trata-se de uma máquina).
Ache o início do setor e comece a mandar para o abafador
próprio os ticos que for lendo. Transforme estes ticos em
toques e imprima-os ordenadamente no vídeo. Desligue o
acionador e espere novos comandos do dono.
Cabem aqui algumas considerações: se você, polidamente, Erro
datilografar no seu Micro: de sintaxe

“POR FAVOR, DIR”

ele lhe responderá:

“SYNTAX ERROR” (erro de sintaxe)

Não o leve a mal. Qualquer variante, por menor que seja,


não será entendida pelo Micro, e esta é a sua maneira de dizer
que não compreendeu.
Como nós já vimos, os programas são a inteligência de um
Micro. Um microprocessador entende, tipicamente, cerca de
103
CAPÍTULO 5

60 instruções, todas tão lógicas, que dificilmente teriam algu­


ma utilidade para você, leitor, ou para mim. Quando nós pas­
samos de um microprocessador para outro, essas instruções
lógicas variam de formato, e, às vezes, de conteúdo. As roti­
nas fisiológicas que formam um sistema operacional são escri­
tas para um dado microprocessador e, portanto, também va­
riam. Tenha pois em mente, leitor, que os sistemas operacio­
nais não são todos iguais. Porém não se iluda de que haja sis­
temas melhores ou piores. Este juízo depende sempre do uso
pretendido. Escrever as rotinas de um sistema operacional é
um trabalho tão espantoso que, para amenizá-lo, o sistema é
dividido em subsistemas. Anteriormente já nos referimos a um
destes subsistemas: o sistema operacional do disco DOS (disk
operating system).

o nível de programao do micrinho caiu ada i xo do


NORMAL. RECOMENDO UM URGENTE EGCOR VA MENTO
PARA RECUPERAR 0
3/5TEMA
OPERACIONAL

Escorva - A operação de escorvar (booting) um Micro permite recu-


perâ-lo do completo estado de estupidez em que ele fica sem progra­
mas na memória. Para evitar esses estados críticos é que se usam as me­
mórias ROM com sistemas operacionais gravados.

104
PROGRAMAS PARA O MICRO

Um programa só pode ser executado quando estiver na


memória de linha do Micro. Os Micros que nós compramos
costumam vir desligados e, portanto, sem nenhum programa
na memória volátil (RAM). Como colocar na memória do Mi­
cro as rotinas fisiológicas? Sem elas, não é possível (para nós,
leitor) conversar com o Micro, e sem conversa, não é possível
gravar-lhe o sistema operacional na memória. Esse impasse é
muito semelhante ao do pequeno empresário no Banco: sem
capital não se cresce, sem crescer não há capital. Felizmente, o
problema do Micro é de solução muito mais fácil. Aliás, há
duas soluções:
— a primeira consiste em gravar num disquete as rotinas fi­ Escovar
siológicas, numa ordem bem conveniente, e num lugar bem (booting)
acessível (trilhas 0, 1 e 2). Aí, prepara-se o Micro para inconti-
nentemente, assim que for ligado, ligar também o acionador
de discos e sugar tudo o que estiver nessas trilhas. Pronto. Esta
operação de escovar chama-se, em inglês, “booting”.
— a segunda é bem mais simples: gravam-se esses progra­
mas fisiológicos em memória não-volátil (ROM), e com isto
pode-se desligar o Micro sem se perder seu sistema operacio­
nal. Nesse caso, o sistema operacional é dito residente (no ca­
so anterior, transidente).

3. Linguagem de Máquina

Como vimos, sistema operacional é um conjunto de pro­


gramas fisiológicos que regulam e supervisionam as comuni­
cações entre os diversos componentes de um micro-sistema
(memória de linha, memória de massa, teclado, vídeo).
E bem mais fácil escrever um programa para um Micro já
programado com um sistema operacional pois, além das ope­
rações que o microprocessador sabe fazer, podemos, median­
te comandos, executar sub-rotinas do sistema operacional.
Bem mais fácil... em termos. Programar em linguagem de Linguagem
máquina é sempre uma tarefa aborrecida. Os únicos elemen­ de máquina
tos utilizados na linguagem de máquina são endereços, valo­
res e comandos; todos eles expressos em zeros e uns.
Antes que o leitor ache que o autor é quem se aborrece à
toa, vou mostrar-lhe, com um exemplo, o que é linguagem de
máquina:
• rotina: “Maquinês”
• objetivo: somar o conteúdo da memória 96 ao da me­
mória 97 e guardar a soma na memória 98.
105
CAPÍTULO 5

• executante: microprocessador 6502 da MOS Techno­


logy, Inc.
• instruções: (Bl) 10100101
01100000
(B2) 01100101
01100001
(B3) 10000101
01100010
Os microprocessadores digerem essas instruções com uma
banalidade assustadora. Para os seres humanos, até a verifica­
ção é difícil. Sobre esse abismo entre as habilidades de um e
de outro, precisa ser construída uma ponte.

Linguagem de máquinas - Microprocessa­ de traços e pontos. Para nós, humanos, esta


dores entendem apenas zeros e uns (ticos). linguagem não é natural. Por isso é que nós
A linguagem de máquinas, portanto, é não conseguimos entender muito bem o in­
constituída de cadeias de ticos, da mesma teressante diálogo acima sem recorrermos à
forma que os telégrafos só falam por meio figura da página 37.

A primeira idéia para atravessar esse abismo não foi uma


ponte propriamente dita. Foi uma pinguela. Existe uma ma­
neira de escrever números, chamada hexadecimal, em que os
números são escritos com 16 dígitos: 0, 1,2, 3, 4, 5, 6, 7, 8,
9, A, B, C, D, E, F. Assim, com dois dígitos hexadecimais
podem-se discriminar 256 (16 x 16) alternativas, isto é, o
mesmo número de alternativas que se discriminam com 8 ti­
cos (28 = 256). Dessa forma, a cada toque de oito ticos corres­
pondem dois dígitos hexadecimais.
106
PROGRAMAS PARA O MICRO

Linguagens de alto nível - Aos poucos foi se descobrindo que a lingua­


gem montadora não é tão humana, afinal. Criaram-se então as lingua­
gens de alto nível que, presumivelmente, seriam bem mais humanas: o
Algol, o Fortran, o Cobol etc.

Se parássemos por aqui, as instruções da rotina “Maquinês”


poderíam ser reescritas assim (rotina “Hexadecimal”):
(Hl) A5 60
(H2) 65 61
(H3) 85 62
A transformação de cada par de dígitos hexadecimais em
cadeias de zeros e uns seria feita com um programa especial
para esse fim.
Mas a idéia continuou. Que se usem números para desig­
nar endereços e dados, tudo bem. Por que não usar letras pa­
ra designar os comandos pelo menos? Parece uma ótima
idéia. Implementando-a, as instruções da rotina “Maquinês”
passariam a ser escritas (rotina “Montadorês”):
(Al) LDA 60
(A2) ADC 61
(A3) STA 62
Da mesma forma, poder-se-ia ensinar a máquina, median­
te uma rotina especial, a traduzir as letras em códigos binários,
automaticamente.
107
CAPÍTULO 5

A linguagem em que essas últimas instruções estão codifica­


das ainda não é nada óbvia, embora já se pareça mais huma­
na. Essa linguagem é chamada de Linguagem Montadora
(Assembler Language). O programa que traduz mensagens
em linguagem montadora para a linguagem binária do micro­
processador é chamado programa montador (assembler pro­
gram, em inglês).

Programa montador - A primeira tentativa para diminuir a distância


entre o que uma pessoa fala e o que um computador entende consistiu
em criar-se um programa (programa montador) que traduz a lingua­
gem montadora em linguagem de máquina, automaticamente (pelo
computador, é claro).

Fonte As rotinas “Maquinês” e “Montadorês” são intimamente re­


& Objeto lacionadas: elas têm o mesmo objetivo e usam a mesma lógica
para atingi-lo. Elas diferem basicamente pelo seu executante e,
portanto, pelas instruções que cada executante entende. Para
a rotina “Maquinês” as instruções são escritas em linguagem
de máquina. Programas escritos nessa linguagem são chama­
dos programas-objeto (object programs). A rotina “Montado­
rês” foi escrita para um executante mais sofisticado: o micro­
processador mais a inteligência do programa montador. Suas
instruções são mais humanas, e é chamado de programa-
fonte por dar origem ao programa-objeto. Pode-se dizer que o
programa montador traduz a rotina “Montadorês” (fonte) na
rotina “Maquinês” (objeto).
108
PROGRAMAS PARA O MICRO

Esse programa montador pode ser parte integrante do siste­


ma operacional do Micro. E, assim sendo, ele pode ser grava­
do em memória não-volátil (ROM), ficando residente na me­
mória do Micro.
As desvantagens da linguagem montadora são duas: ela Desvantagens
não é imediatamente transparente ao usuário (seu uso requer
um pouco de estudo e prática), e ela depende do micropro­
cessador e do sistema operacional para o qual foi escrita. Por­
tanto, as linguagens montadoras de diferentes Micros apresen­
tam diferenças entre si, o que acarreta dois outros problemas:
primeiro, os programas escritos em uma linguagem montado­
ra perdem a portabilidade, isto é, não servem para outras es­
pécies de Micros; segundo, os programadores devem conhe­
cer a linguagem montadora de cada máquina para a qual es­
crevem programas.
A linguagem montadora apresenta as seguintes vantagens: Vantagens
o programa montador ocupa um pequeno espaço na memó­
ria, permitindo uma boa sobra para os programas-fonte e ob­
jeto; essa linguagem permite utilizar todas as versatilidades do
microprocessador; os programas escritos na linguagem mon­
tadora são eficientes e rápidos.

4. Linguagens de Alto Nível

Enquanto a disponibilidade dos computadores era restrita,


a demanda de programas podia ser atendida pelos programa­
dores dos fabricantes, especializados na linguagem montadora
de cada máquina em particular. Com a popularização do uso
do computador, entretanto, os usuários foram, paulatinamen-
te, assumindo o papel do programador. Simultaneamente, os
modelos de máquinas se multiplicavam, e a falta de portabili­
dade dos programas escritos em linguagem montadora impe­
dia que os mesmos programas fossem executados em mode­
los diferentes de máquinas.
Esse estado de coisas levou os profissionais da área a cria­ Linguagens
rem linguagens cada vez mais fáceis de serem utilizadas para de alto nível
programação. A idéia de uma linguagem de alto nível é um
pouco mais complexa do que a da linguagem montadora. Em
primeiro lugar, cria-se uma linguagem que seja orientada para
a resolução de uma determinada gama de problemas. Essa
linguagem possui algumas palavras-chaves (key-words) e um
conjunto de regras para seu uso chamado sintaxe (syntax).
Em programas científicos, por exemplo, as funções seno,
cosseno, raiz quadrada são utilizadas com freqüência. Esco­
109
CAPÍTULO 5

lhe-se então criar palavras-chaves para essas funções, como


SIN, COS e SQR (square root), respectivamente. A partir das
palavras-chaves, estabelecem-se algumas regras de utilização
como a seguinte: “em seguida da palavra-chave SQR deve ser
escrito um número não-negativo ou uma expressão aritméti­
ca, cujo valor seja não-negativo”.

Compilador - Compiladores são programas que transformam, auto­


maticamente, a totalidade de uma rotina escrita numa linguagem de al­
to nível (programa-fonte) em uma rotina completa escrita em lingua­
gem de máquina que é chamada programa-objeto.

A segunda etapa na criação de uma linguagem é escrever


um programa, mediante o qual o próprio computador traduza
essas instruções para linguagem de máquina ou, quando não
conseguir traduzir, imprima uma mensagem acusando o erro.
Compiladores Há duas grandes classes desses programas: os compilado­
e interpretadores res (compilers) e os interpretadores (interpreters). Os compi­
ladores traduzem o programa todo escrito em linguagem de
alto nível para linguagem de máquina, de uma única vez. Os
interpretadores, ao contrário, traduzem linha por linha, e
executam-na em seguida.
Na década dos 50 e 60, as linguagens de alto nível mais po­
pulares eram o ALGOL (Algorithmic Oriented Language), o
FORTRAN (Formula Translator) e o COBOL (Common Bu­
siness Oriented Language). Cada uma dessas linguagens era
orientada para um tipo de problema: o Fortran e o Algol para
aplicações científicas, o Cobol para aplicações comerciais.
110
PROGRAMAS PARA O MICRO

Essas linguagens são muito mais fáceis de usar do que a lin­ * Portabilidade
guagem montadora, e, sendo independentes das particulari­
dades de cada máquina, gerariam programas portáveis — ao
menos teoricamente. Apenas os programas compiladores de
cada língua seriam dependentes da máquina. Vale dizer que,
no momento em que um usuário adquire um compilador Co-
bol para seu computador, ele deveria poder executar qualquer
programa aplicativo escrito em Cobol.
Esse sonho nunca foi completamente realizado. Os dialetos Dialetos
de cada linguagem se multiplicavam, aperfeiçoando-se aqui
ou acolá. Para minorar esse problema, foram criadas comis­
sões especiais para padronizar essas linguagens (ANS, ANSI,
ISO). Há um conflito natural entre os padrões e o progresso.
Há também uma aliança natural entre ambos. Essas comissões
constantemente atualizam versões de linguagens, garantindo a
compatibilidade das versões anteriores. Assim, o Fortran IV é
compatível com sua versão mais moderna, o Fortran V. A uti­
lização de versões mais modernas é útil, porém não é essen­
cial, mesmo porque não faria sentido descartar todo o patri­
mônio constituído com programas escritos em versões anterio­
res, pelo simples prazer da modernidade.
As linguagens Cobol e Fortran são, de certa forma, comple­
mentares, no sentido em que os pontos fortes de uma são os
pontos fracos da outra. Assim, outras linguagens, menos es­
pecializadas, de uso geral, surgiram: entre elas PL/I, BASIC,
PASCAL e MUMPS.
A linguagem BASIC (Beginners All-purpose Symbolic Ins­ BASIC
truction Code) foi desenvolvida no Dartmouth College, no fi­
nal dos anos 60. A idéia original era criar uma linguagem por
meio da qual todos os alunos da escola pudessem ter acesso
ao computador. Em vez de compilador, o Basic possui um in-
terpretador. O sucesso do Basic foi enorme. Quando os
microcomputadores surgiram, cinco anos mais tarde, a esco­
lha universal foi o Basic. Numa enquete entre seus leitores, em
junho de 1979, a revista americana Practical Computing des­
cobriu que 74% da população entrevistada programava em
Basic.
Inevitavelmente, a proliferação do uso do Basic gerou um Interpretador
grande número de dialetos, e a portabilidade dos programas Basic
escritos em Basic ficou comprometida. Em relação às lingua­
gens compiladas, o interpretador de Basic é mais lento e ocu­
pa um bom espaço da memória. Quando um programa é
compilado, o usuário fica com uma versão do mesmo em lin­
guagem de máquina e, a partir daí, pode usá-la exclusivamen­
111
CAPÍTULO 5

te, esquecendo-se do programa-fonte original. O mesmo, po­


rém, não se dá com o Basic interpretado. O programa-objeto
nunca é totalmente disponível como é o programa-fonte. Ca­
da instrução é traduzida em linguagem de máquina, executa­
da e substituída pela próxima, todas as vezes que o programa
for executado. Daí a maior lentidão relativa dos programas em
Basic.

PROGRAMA-FONTE

JONExr/ /
40 END /

\Z

INTERPRETADOR

QUE DROGA!
CADA VEZ
ERRAM
MENOS!

Interpretador - Interpretador é o nome de um programa que transfor­


ma instrução por instrução de uma rotina escrita em linguagem de alto
níuel, em linguagem de máquina que, imediatamente, é executada pe­
lo Micro, enquanto espera a próxima...

Para o leitor vislumbrar a facilidade de um programa em


Basic, veja a rotina abaixo:
• rotina: Tabela de quadrados e cubos.
• objetivo: cálculo do quadrado e do cubo dos primeiros 10
números inteiros positivos.
• executante: Micro com um interpretador Basic.
• instruções: 10 FOR 1 = 1 TO 10
20 PRINT I2, 13
30 NEXT I
40 END
112
PROGRAMAS PARA O MICRO

Como todos, esse programa seria digitado no teclado. Após Digitação


cada instrução, a tecla RETURN (ou ENTER) é apertada para
avisar o Micro que nada mais será batido naquele lote. Postas
todas as instruções, para executá-las datilografa-se RUN e
bate-se a tecla RETURN. Imediatamente, a tabela solicitada é
exibida no vídeo.

5. Programas de Aplicação

Do que vimos até agora, há três níveis de programas: os


programas fisiológicos, que constituem o sistema operacional;
os programas compiladores ou interpretadores, que determi­
nam as linguagens; e, finalmente, os programas de aplica­
ção, que são escritos na linguagem de escolha do cliente.
Esses últimos, os programas de aplicação, são realmente os
únicos que nos interessam como atividade-fim. Como usuá­
rios, devemos conhecer a linguagem que vamos usar. E im­
provável que jamais precisemos escrever programas operacio­
nais, compiladores, ou interpretadores. Por essa razão, dora­
vante, sempre que falarmos em programa, entenda-se progra­
ma de aplicação.
Escrever um programa não é uma tarefa difícil. Escrever um A arte
bom programa é outra coisa. E como escrever boa literatura: de programar
— é arte. Como toda arte, demanda alguma inspiração e uma
grande dose de transpiração. Essa elaboração pode ser dividi­
da em cinco etapas:
1. isolamento e definição do problema;
2. análise dos recursos e desenvolvimento de uma so­
lução lógica;
3. codificação das instruções;
4. teste da rotina. Havendo erros, corrigi-los;
5. documentar a rotina.
Discutamos as duas últimas etapas.
Qualquer que seja seu nível, o programador que estiver co­ Erros
dificando um conjunto de instruções, que não seja curtíssimo,
está apto a cometer erros (grilos). Como em outras atividades
humanas, a melhor maneira de conviver com erros é admiti-
los e aprender a corrigi-los. Todas as linguagens e sistemas
operacionais possuem rotinas para ajudar o programador nes­
te mister.
A depuração de um programa (debug) é a atividade pela
qual erros, efetivamente chamados de grilos, são eliminados.
Apenas quem nunca programou pode pensar em eliminar es­
sa etapa, ou envergonhar-se dela.
113
CAPÍTULO 5

A arte de programar - Escrever um programa não é uma tarefa difícil.


Escrever um bom programa ê outra coisa. E como escrever boa literatu­
ra: é arte. Como toda arte, demanda alguma inspiração e uma grande
dose de transpiração.

Documentação Outra etapa, amiúde negligenciada, é a da documentação.


Documentar um programa consiste em redigir, de forma co­
municativa, seu objetivo, suas premissas lógicas, suas limita­
ções, as habilidades requeridas do executante, as instruções de
cada parte do programa e as articulações entre as partes. Mais
cedo ou mais tarde, um programa pode ter que ser modifica­
do ou atualizado. Nestas horas, a ausência da documentação
pode ser trágica. Sem ela, pode-se levar horas para fazer mi­
nutos de atualização. Pode mesmo ocorrer que o usuário não
faça e, pensando ser inútil, dispense um programa capaz de
prestar-lhe ainda bons serviços.
Os usuários de Micros tem duas abordagens para construir
sua biblioteca de programas aplicativos: a da alta costura e a
do prêt-a-porter. Na primeira abordagem os programas são
escritos exclusivamente para o usuário: por ele próprio ou por
programadores profissionais. Na segunda abordagem, o usuá­
rio compra o programa feito, “enlatado”. Em qualquer um
dos casos, a documentação é parte essencial. Sem ela, pode­
mos ficar sem saber exatamente como, e o que, os programas
são capazes de fazer. Esperamos que o leitor não precise
frustrar-se para exigir sempre uma completa documentação.
114
PROGRAMAS PARA O MICRO

Sumário
• Programa é uma rotina cujo executante é um computador eletrô­
nico digital.

• Piogramas devem satisfazer os atributos de finitude, eficácia, cla­


reza, exeqüibilidade, e transformar entradas em saídas.

• Há três níveis de programas: sistemas operacionais, linguagens e


programas aplicativos.

• Sistema operacional é um conjunto de programas cuja função


consiste em automatizar os fluxos e armazenagens de informa­
ções que são necessários a um grande número de utilizações do
computador. Esses programas são ditos fisiológicos.

• Linguagem de máquina é o conjunto de instruções inteligíveis di­


retamente pelo microprocessador. Ela é sempre codificada em
alfabeto binário (zeros e uns).

• Linguagem montadora é uma versão da linguagem de máquina,


onde se usam letras para designar operações e números codifica­
dos em hexadecimal para endereços e dados.

• Linguagem de alto nível é um conjunto de palavras-chaves (léxi­


co) e regras (sintaxe) cuja utilização permite escrever instruções
de programas de forma mais próxima das línguas naturais.

• Fortran, Algol, Cobol, Basic e Pascal são alguns exemplos de lin­


guagens de alto nível.

• Programa-fonte e programa-objeto são versões de uma rotina, a


primeira em linguagem de alto nível; a segunda em linguagem
de máquina.

• Compilador e interpretador são programas escritos para um


computador transformar, automaticamente, rotinas em lingua­
gem de alto nível em linguagem de máquina.

• Portabilidade é a qualidade que um programa possui quando é


capaz de ser executado por diversos tipos de computadores.

• Programas aplicativos são aqueles que visam à utilização final do


computador na automatização de alguma rotina que aproveite
diretamente ao usuário.
115
CAPÍTULO 5

Problemas
Um cidadão investe seu tempo e cria um programa para auto­
matizar a solução de um determinado problema técnico.

1) Os parágrafos 24 e 25 do artigo 153 da Constituição Brasileira


rezam:
§ 24. A Lei assegurará aos autores de inventos industriais privi­
légio temporário para sua utilização...
§25. Aos autores de obras literárias, artísticas e científicas per­
tence o direito exclusivo de utilizá-las...
Em sua opinião, as criações do espírito são patrimônio da Hu­
manidade ou de seu criador? Há contradição nesses pontos de
vista? Um criador que não utiliza sua criatura impede o progres­
so da sociedade? Não havendo um incentivo aos criadores, ha­
verá criação?
2) O Código de Propriedade Industrial (Lei 5.772/71) reza, em
seu capítulo II, “Das Invenções Não Privilegiáveis”:
Art. 9 - Não são privilegiáveis:

i) As concepções puramente teóricas.

Você acha que um programa é uma concepção puramente teó­


rica? Se o programa fizer uma diagnose e recomendar um re­
médio, você acha que o farmacêutico teria o direito de exigir re­
ceita médica para vender o medicamento? A prefeitura aceitaria
um cálculo de estrutura feito por um computador sem a interve-
niência de um engenheiro? E os contribuintes, são eles obriga­
dos a aceitar uma arbitragem fiscal feita por um computador?
3) A Lei 5.988/73 regula os Direitos autorais:

Art. 6 - São obras intelectuais as criações do espírito, de qual­


quer modo exteriorizadas...
Art. 29 - Cabe ao autor o direito de utilizar, fruir e dispor de obra
literária, artística ou científica, bem como autorizar sua utilização
ou fruição por terceiros, no todo ou parte.
Se um programa contiver uma sub-rotina para achar as raízes de
um trinômio, ninguém mais poderia escrever programas com
essa rotina? Seria necessária a autorização do primeiro autor? A
proteção legal a uma obra intelectual protege sua forma ou sua
substância?
Se você comercializar as cópias de um programa sem a autoriza­
ção de seu autor, você estará violando os direitos dele? Se você
116
PROGRAMAS PARA O MICRO

der a seus amigos cópias do tal programa, ainda assim se carac­


teriza a contrafacção? E no caso de xerox de livros, há alguma
violação?
4) Há editoras de programas que protegem os disquetes que co­
mercializam contracópias. Nestes casos você não pode sequer
fazer sua cópia cautelar. Os seus direitos estão sendo violados?
Como defender os direitos do autor sem ferir os direitos do
usuário? E isto que se chama civilização?
5) A anterioridade da autoria somente é passível de ser estabeleci­
da mediante o registro da obra em algum órgão que tenha fé
pública. Como, entretanto, conferir a originalidade? E necessá­
ria essa conferência? Esse órgão, ao admitir um registro, deve
responsabilizar-se pela eficácia do programa? Como compatibili­
zar a dinâmica do setor de Informática com a lentidão dos ór­
gãos públicos, e com os direitos de autoria? Há solução?

Bibliografia
1) Laurie, Peter, “The Micro Revolution: Living With Computers”,
Universe Books, NY, 1981.
Um livro legível e interessante para o não-técnico.
2) Skier, Ken, “Beyond Games: Systems Software For Your 6502
Personal Computer”, Byte/McGraw-Hill, NH, 1981.
Livro técnico contendo alguns programas operacionais para o
microprocessador 6502 da MOS-TECH, utilizado pelo Apple,
Commodore e Atari.
3) Murtha, Stephen M. & Waite, Mitchell, “CP/M Primer”, Ho­
ward Sams, Ind., 1982.
CP/M (Control Programs/Microprocessors) é um sistema ope­
racional projetado pela Digital Research Inc. para os micropro­
cessadores 8080 da Intel e Z-80 da Zilog. Esse livro descreve em
algum detalhe os sub-sistemas do CP/M.
4) Hofeditz, Calvin A., “Computers and Data Processing Made
Simple”, Doubleday & Co., NY, 1979.
O primeiro capítulo, intitulado “The Fundamentals”, possui uma
leitura fácil e instrutiva.
5) Pereira Filho, Jorge da Cunha, “Basic Básico”, Editora Cam­
pus, RJ, 1981.
Um livro em língua portuguesa, escrito no Brasil, com um apa­
nhado bastante compreensivo da linguagem de alto nível mais
utilizada atualmente.

117
( CAPÍTULO 6 )

MICRO-SISTEMAS
1. O Esforço de Síntese
2. Análise de Sistemas . 123
3. Micro-sistemas......... 128
4. O Mercado............... . 130
5. Conclusão................. 134

O mundo passou na janela,


Esó Carolina não viu...

Chico Buarque de Hollanda

119
CAPÍTULO 6
MICRO-SISTEMAS

1. O Esforço de Síntese

Iniciamos este trabalho com a estória do professor de zoolo­


gia que foi devorado pelo leão que ele próprio fizera reviver.
Faltou-lhe a sabedoria que perdera em sua extraordinária
ciência. Faltou-lhe uma compreensão mais abrangente do
mundo. A complexidade das sociedades contemporâneas
leva-nos a uma reflexão semelhante. Estas sociedades são a
resultante de muitas idéias e ações, de infinitas invenções e ex­
perimentações, e, nem por isto, a agressividade dos homens é
menor, ou sua felicidade é mais acessível. Afinal, somos nós
partes de um grande mecanismo?
Num mecanismo, todas as partes contribuem para o seu Mecanismo
funcionamento, mas a sua função, justamente, é um fato esta­
belecido exteriormente — não representa a vontade do pró­
prio mecanismo. As engrenagens de um relógio não têm o li-
vre-arbítrio para escolher as horas que contribuem para mar­
car. Mesmo assim, houve tempo em que os mecanismos esti­
veram em grande moda. Representavam mesmo a máxima
complexidade assimilável pela ciência da época. Seus adeptos
chamavam-se mecanicistas. Para eles, relógios, plantas e so­
ciedades eram todos mecanismos que se diferenciavam ape­
nas pelo seu grau de complexidade.
Aos poucos, entretanto, foi ficando cada vez mais insusten­ Organismo
tável a semelhança estrutural entre um relógio suíço e uma
ameba latino-americana. As amebas possuíam intenções que
um relógio, mesmo suíço, jamais sonhara ter. Foi a biologia
que forneceu o novo modelo, o organicismo. Entrou em mo­
da. Os protozoários, os símios, e as sociedades eram todos or­
ganismos em escala crescente de complexidade.
Viveu-se nesse ledo engano até a segunda guerra mundial.
Nessa época, já não era mais disfarçável a incapacidade do or­
ganicismo para explicar as contradições internas das socieda­
des. Há diferenças essenciais entre uma centopéia e um lago.
As partes daquela não comem umas às outras; neste, seus mi­
lhares de componentes concorrem e devoram-se, ainda
quando em pleno florescimento. O lago não condivide a paz e
a harmonia do “orgânico”.
Foi, novamente, no final dos anos 40 que um novo esforço Sistemas
de síntese foi empreendido. O leitor há de se lembrar de al­
guns fatos da safra de 48: “Cybernetics” de Norbert Wiener,
“A Mathematical Theory of Communications” de Claude
Shannon, e a criação das Nações Unidas. Pois bem, nessa
121
CAPÍTULO 6

mesma época, o professor de biologia Ludwig von Bertalanffy


lançou a Teoria Geral dos Sistemas.
Essa teoria define sistema como sendo um conjunto de enti­
dades mais as relações que estas entidades mantenham entre
si. Esta visão, embora já utilizada em álgebra e no estruturalis-
mo, entrou na moda. Físicos, biólogos, sociólogos, economis­
tas, administradores etc, abraçaram-na, cultivaram-na e
tergiversaram-na. Tudo passou a ser classificado como mode­
lo de algum sistema. Mas a verdade é que a consciência do to­
do foi revivida na ciência. Com esse esforço de síntese, a ciên­
cia recuperou uma categoria esquecida na era analítica do en­
tre guerras. O lago, com suas contradições essenciais, passou
a ser um sistema — um eco-sistema. Assim também nosso
planeta e nossa galáxia.

Síntese - Em seu contínuo esforço de síntese conflito de interesses não era orgânico e as
o homem analítico estruturou o mecanismo, guerras menos ainda. Aí surgiu o conceito
mas o liure-arbítrio não coube no mecanis­ de sistema: um todo sem a harmonia do or­
mo; estruturou então o organismo, mas o gânico e sem a abulia dos mecanismos.

Num sistema, diz-se que o todo é mais do que a soma das


partes, pois, além delas, há que se considerar as relações que
essas partes guardam entre si. Essas relações de interdepen­
dência definem o modelo do sistema. Note-se que as entida­
des de um sistema não precisam ser homogêneas. Nos siste­
mas econômicos, por exemplo, são entidades tanto os bancos
como as famílias, o governo como o resto do mundo, o capi­
tal como o trabalho.
122
MICRO - SIS TEMA S

2. Análise de Sistemas

Nenhuma área do conhecimento apropriou-se com mais


zelo do termo “sistema” do que a Informática. Talvez por sua
natureza essencialmente interdisciplinar, a informática aplicada
assumiu o nome de análise de sistemas e seu profissional o
de analista de sistemas. E verdade que esta atividade exige
mesmo um ecletismo quase incompatível com a estratificação
que o sistema educacional perpetuou. A análise dos grandes
sistemas pode requerer conhecimentos de sociologia, psicolo­
gia, engenharia, economia, organização e métodos, contabili­
dade, administração etc.

Um desenvolvimento de um sistema de informação A

1 — O que pede o usuário. 2 — O que o Analista de


Sistemas entende projetam interpretando
que o usuário pediu. a interpretação do que
o Analista entendeu
do usuário.

4 — O que os programadores 5 — O resultado 6 — O que o usuário


programam interpretando da implantação do programa realmente precisava.
o projeto que interpreta baseado no projeto que
a interpretação do interpretava a interpretação
entendimento que teve do entendimento que teve
o Analista do o Analista do
que pede o usuário. que pede o usuário.

123
CAPÍTULO 6

Análise Sempre que usarmos, portanto, o termo “análise de siste­


de sistemas mas”, estaremos implicitamente nos referindo a um sistema de
processamento de dados com algum grau de automatização
provido pelo uso de um computador eletrônico. Nesse con­
texto, um analista de sistemas depara-se com dois tipos de
problemas: a criação de um novo sistema, ou a modificação
de um sistema já existente. Note o leitor que esses sistemas en­
volvem, usualmente, bem mais entidades e relações do que
equipamentos de computação e programas.
A velocidade de processamento de um computador é tão
grande que, para mantê-lo num certo nível de ocupação, é
necessário prover um bom fluxo de entrada de dados. Esta
entrada, em primeira instância, é sempre feita por seres hu­
manos e pressupõe uma atividade prévia de coleta e crítica de
dados. Essa coleta exige, por sua vez, a criação de planilhas e
o estudo de seus fluxos. Uma planilha é desenhada tendo em
vista a substância da informação, seu formato (para o compu­
tador), e sua forma (para os preenchedores). A forma de
apresentação de uma planilha possui uma importância impos­
sível de ser exagerada. A organização e agrupamento de seus
campos em uma diagramação comunicativa tem múltiplos
fins: 1) prevenir que erros ocorram, 2) facilitar a correção da­
queles que porventura ocorrerem, 3) inspirar o sentimento de
ordem, limpeza e relevância dos dados que contiver. Em con­
trapartida, o descuido nessa apresentação pode inspirar o
oposto de tudo isso.

Fila de entrada - A velocidade de processa­ sempre, o ponto de estrangulamento. O


mento de um Micro ê muito grande. O pro­ uso de planilhas bem projetadas permite a
jeto dos sistemas de informação deve levar contratação de mão-de-obra menos sofisti­
em conta que a entrada de dados é, quase cada e uma operação menos custosa.

124
MICROSISTEMAS

Outra característica que as planilhas devem possuir é a esta­


bilidade ao longo do tempo. Nós já vimos o quanto um com­
putador é estrito na interpretação de um formato. Não admite
improvisações. Menos intolerantes, os humanos também
agradecem (cometendo menos erros) que não se mude uma
planilha todas as vezes que ela tiver que ser preenchida. Auto­
matizar é também economizar a necessidade de raciocínio do
funcionário para que possa preencher a planilha “maquinal-
mente”. Alterá-las viola esses reflexos condicionados e pode
provocar grandes reduções de velocidade. Neste sentido, os
sistemas automatizados são bastante inflexíveis. Esta conside­
ração é de vital importância quando se modifica ou se cria um
sistema de processamento de dados.
Não menos vital é a importância que se deve emprestar aos Saída
relatórios de saída. Pessoas altamente motivadas, como de dadcs
Champollion, podem despender até anos tentando decifrar os
hieróglifos da Pedra Roseta. Esse, entretanto, não é o caso
mais comum. A motivação e o tempo disponível são recursos
carentes no contexto das sociedades contemporâneas. Por­
tanto, é dever dos analistas de sistemas criar relatórios sintéti­
cos e altamente comunicativos. Isto é uma arte que requer
muita prática. A quintessência dessa arte são as mensagens
publicitárias veiculadas na televisão: o comunicador dispõe de
trinta segundos para passar sua idéia a distraídos telespectado­
res. Balancear volume de informação, relevância e comunica-
bilidade é o dever dé um bom relatório de saída. Um exemplo
clássico é fornecido pela emissão de balancetes mensais para a
diretoria. Se esse balancete possuir 300 páginas de saldos de
contas, é provável que jamais seja lido. Não sendo lido, esse
relatório será apenas o túmulo das informações que contiver
— ao menos do ponto de vista gerencial.
Também cabe ao analista dimensionar os arquivos e decidir Armazenagem
o formato da informação arquivada. Cada aplicação requere­ de dados
rá um tipo de memória de massa e um tipo de acessibilidade
adequados. A segurança desses arquivos deve merecer aten­
ção muito especial. Quem deverá ter acesso aos dados arqui­
vados? Quem poderá atualizá-los ou modificá-los? Há inúme­
ros sistemas de segurança. Um dos mais usados é a senha.
Cada usuário possui uma senha (secreta, é claro), que lhe au­
toriza, automaticamente, o acesso a determinados arquivos e
poderes especiais para atualizá-los.
No verso da medalha da segurança está o problema da pri­
vacidade. Até que ponto o sujeito da informação de um Servi­
ço de Proteção ao Crédito deve ter o direito de conhecer as in­
125
CAPÍTULO 6

formações que estão armazenadas a seu respeito? Homonímia


e erros de entrada são fenômenos comuns. E justo prejudicar
o crédito de um cidadão por essas causas? Como defendê-lo
desses percalços?
Integridade Um terceiro aspecto do armazenamento de dados é a inte­
de dados gridade física dos dados. Diversos incidentes podem ocasionar
a destruição da informação. Temperatura e fortes campos
magnéticos, por exemplo. Boicote e sabotagem também po­
dem ocorrer dependendo da sensibilidade social do arquivo.
Os eventos mais comuns entretanto são as panes mecânicas
ou eletrônicas. Um disco rígido gira a uma velocidade de
2 000 rotações por minuto. O cabeçote de leitura e gravação,
em condições normais, não encosta jamais na superfície do
disco. Diversas causas aleatórias, entretanto, podem fazer com
que isso aconteça. Essa trombada destruirá segmentos inteiros
do arquivo. Como proteger-se dessas incidentalidades? A có­
pia cautelar dos arquivos ainda é o modo mais seguro. Perio­
dicamente (uma ou até várias vezes por dia), o arquivo é total­
mente copiado, e a “cautela” resultante (back up) é guardada
em outro ambiente, não raro, dentro de cofres fortes.

DE CABELO POEIRA GRAXA DA MÃO

A trombada - Os discos rígidos giram a partícula de poeira) no confronto da distân­


grande velocidade (tipicamente 2000 rpm) cia cabeçote-disco. Esta é a razão pela qual a
e o cabeçote paira acerca de 100 microns assepsia é um cuidado tão importante no
(1 micron = 10'6m) da superfície do disco. uso de discos rígidos. Uma “trombada” po­
A ilustração acima mostra o tamanho relati­ de destruir vários quilotoques e quilotoques
vo de sujeiras (fio de cabelo, graxa da mão, de informação.

Incumbe também ao analista de sistemas dimensionar o


equipamento necessário para a automatização dos processa­
mentos em estudo. O volume de entradas e o número de
126
MICRO-SISTEMAS

usuários, simultâneos ou não, determinarão se o processa­


mento será em lotes ou simultâneo, quantos terminais serão
necessários, qual o sistema operacional mais adequado. Nesta
etapa, serão dimensionadas também a memória de massa, as
seguranças e as cautelas necessárias. Para prover as saídas há
que se determinar o número e a natureza das impressoras, ví­
deos, unidades de comunicações, diagramadores etc.
Delineados o equipamento, as entradas, as saídas e o siste­ Programas
ma de arquivo, é preciso criar o programa (ou os programas) para o sistema
e codificá-lo na linguagem devidamente selecionada. A codifi­
cação deve atender exatamente às necessidades do equipa­
mento, senão ele simplesmente não será aceito pela máquina.
A aceitação do programa pelos operadores é mais delicada e
menos evidente. Com certeza não é menos importante para o
sucesso do sistema. Essa interface entre um programa e o
operador varia desde a hostilidade mais agressiva até a solida­
riedade mais simpática. A documentação costuma refletir a
atitude do programador em relação a esse problema.
Uma técnica que tem sido bastante utilizada para facilitar o Menu
relacionamento operador-programa é a técnica dos Menus.

Menus - A técnica dos Menus tem sido utilizada para aumentar a co-
municabilidade entre operadores e programas. Esta técnica oferece ao
operador uma lista de todas as alternativas que o programa lhe faculta,
em cada estágio da execução.

Nesta técnica, todas as vezes que o operador deve tomar uma


decisão, aparece no vídeo a lista de opções (Menu) a decidir.
Esta lista é tal qual um cardápio de restaurante, apenas, espe­
127
CAPITULO 6

ra-se, com menos pratos. Essas opções precisam ser concei-


tualmente bem definidas e hierarquizadas na documentação.
Comumente, menus levam a submenus, que levam a sub-
submenus etc. Assim, o operador, que entendeu bem a abor­
dagem do programa, não precisa usar o seu espaço de me­
mória para guardar as, freqüentemente, numerosas opções a
escolher — o próprio programa lhe servirá de guia.
As pinceladas acima apenas debuxam as funções do profis­
sional ao criar ou modificar um sistema de processamento au­
tomático de dados com auxílio de um computador — grande,
médio, ou mini. Esse profissional, o analista de sistemas, é de
importância visceral para o sucesso ou insucesso da implanta­
ção do sistema. Sua escolha criteriosa é o melhor investimento
que o usuário pode fazer. Peça referências e ouça-as. Escolha-
o com o mesmo zelo que você escolhería o arquiteto para sua
moradia. Não confunda o analista com o programador, da
mesma forma que você não confundiría o arquiteto com o
mestre-de-obra.
O mercado de micro-sistemas ainda é muito recente para
nós nos aventurarmos a dizer quem fará o que neste setor. Se
considerarmos a remuneração do analista como uma porcen­
tagem do custo total do sistema, o espaço deixado para um
analista em um micro-sistema não é muito amplo. Parece-nos
natural, portanto, que o usuário de um micro-sistema terá que
desempenhar, em primeira pessoa, algumas funções do ana­
lista. E preciso, pois, preparar-se para tanto.

3. Micro-sistemas
Protagonistas Dividamos os protagonistas de um micro-sistema em 4 clas­
ses: o analista e o programador, de um lado, e o usuário e o
operador, de outro. Neste item, importa-nos considerar como
usuário aquele a quem aproveita o sistema, e como operador,
aquele que realmente interage com o equipamento. E o usuá­
rio quem, normalmente, figura como contratante dos serviços
de analista de sistemas, do programador e do operador.
A utilização de um micro-sistema pode ser classificada em
pessoal, profissional ou empresarial.
A utilização pessoal pode ser caracterizada pela ausência de
interesse econômico, as aplicações são curtas e variadas (prin­
cipalmente lazer, educacionais e pequenas utilidades), os pro­
gramas são comprados prontos e, ocasionalmente, alguns pe­
quenos programas são concebidos, codificados e operados
128
MICRO-SISTEMAS

pelo próprio usuário. Os sistemas, quase sempre, coincidem


com os próprios programas. Para a Informática, a importância
da utilização pessoal é o treinamento a que se submetem o
usuário e seus familiares, preparando-os para usos de maior
valor econômico.
Na utilização profissional, há um interesse econômico. O
microcomputador passa a ser um instrumento e, seu uso, uma
atividade-meio. Os sistemas são arquitetados, em geral, pelo
próprio profissional, em tomo de programas adquiridos pron­
tos. O usuário é analista e operador simultaneamente. Quan­
do as aplicações forem muito específicas, e não existirem pro­
gramas prontos, o usuário terá que construir seu próprio siste­
ma e escrever o programa correspondente..

A
Mercado de computadores na Europa
Participação em valor

Fatias de mercado - Analisando as tendências de vendas do início da


década de 80, os consultores Gould-Sei estimam um progressivo au­
mento da fatia dos Micros no bolo geral de vendas de computadores no
Mercado Europeu. O gráfico acima sintetiza suas projeções.

A utilização empresarial é mais complexa. Geralmente, o


usuário e o operador não se confundem. O conselho técnico
de um analista é indicado para saber se a tarefa a ser automati­
zada não excede a capacidade de um microcomputador, e,
em caso negativo, qual a configuração mais indicada. O ana­
lista participará do delineamento do sistema, indicará sistemas
que já existam prontos, e, caso estes não sejam totalmente
adequados, assistirá o usuário em sua adaptação.
129
CAPÍTULO 6

Com o advento dos Micros, o mercado de programas


prontos aumentou consideravelmente. Se este ainda não é o
caso brasileiro, é a realidade inequívoca do mercado norte-
americano. Há programas para quase todos os fins. Esses pro­
gramas podem atingir níveis de sofisticação comparáveis aos
dos grandes sistemas. Seus preços são tão baixos (em muitos
casos) que não compensaria nem ao mais habilidoso progra­
mador reescrevê-los. Sua documentação, entretanto, varia
muito de qualidade.
Analogia Para um prospective usuário saber se uma determinada ta­
refa pode ou não ser automatizada com o auxílio de um mi­
crocomputador, o método mais usado é o da analogia com
outros micro-sistemas que já automatizaram a mesma tarefa,
ou tarefas semelhantes. O método da analogia subentende o
acesso à informação do que aconteceu, ou está acontecendo,
no campo da micro-informática.
Fontes Para manter-se informado, o prospective usuário pode re­
correr a livros, revistas, associações de usuários, seminários es­
pecializados, feiras de Informática e literatura promocional.
Como o mercado editorial brasileiro ainda não é farto na
área de micro-informática, é preciso ter acesso aos mercados
estrangeiros, em especial ao norte-americano. O melhor veí­
culo de atualização são as revistas Sendo ainda recente, a in­
dústria de micro-informática movimenta-se a passos largos.
No final deste trabalho, o leitor encontrará uma lista de publi­
cações na área, e é fortemente encorajado a tomar contato
com o maior número possível delas.
As associações de usuários permitem um intercâmbio per­
sonalizado e útil, não somente na troca de experiências passa­
das, mas também no encorajamento de experiências futuras.
A classe de usuários de microcomputadores é muito solidária,
e terá prazer em abrigar você também, leitor.
As feiras de Informática (indústria, serviços e comércio),
bem como a literatura técnica de promoção comercial, pos­
suem uma valia inestimável em termos de atualização. E por
intermédio delas que muitos produtos têm seu primeiro en­
contro com o mercado.

4. O Mercado

Os agentes desse mercado podem dividir-se em públicos e


privados. No Brasil, a Secretaria Especial de Informática (SEI)
é o órgão público encarregado de assessorar o Conselho de
130
MICRO-SIS TEMA S

Segurança Nacional na formulação da Política Nacional de In­


formática, coordenando sua execução, orientação, planeja­
mento, supervisão e fiscalização, tendo em vista, especialmen­
te, o desenvolvimento científico e tecnológico no setor”. A As­
sociação Brasileira da Indústria de Computadores (ABI-
COMP) congrega a indústria de computadores. Essa indústria
pode produzir componentes e acessórios, como teclados, cir­
cuitos impressos, acionadores de discos, impressoras, discos
flexíveis, ou pode produzir os computadores prontos.

131
CAPÍTULO 6

No setor de serviços encontram-se os bureaux, que ven­


dem o processamento de dados em lotes (batch), e as centrais
(time sharing services) que, mediante terminais, vendem o
processamento em linha (on line). Futuramente, deveremos
ter as centrais de rede de Micros, à moda da Source ou Micro-
Net, norte-americanas. Nesses casos, em vez de terminais, os
clientes acoplarão seus próprios Micros à rede por meio de
modems. Também no setor de serviços, encontram-se as em­
presas de engenharia de sistemas (software houses), que pres­
tam serviços de análise de sistemas.
Editoras No Brasil, estão em vias de se estabelecerem as editoras de
programas para Micros. A falta dessas editoras tem sido, pre­
cariamente, substituída pelos próprios fabricantes de Micros. O
sistema de edição de um programa é muito semelhante ao sis­
tema de edição de livros. O “produto” vendido é um disque­
te, onde está gravado o programa, e um manual que contém
(ou deveria conter) toda a documentação do programa. Os
programas mais freqüentemente comercializáveis aqui no Bra­
sil são os aplicativos administrativos de contabilidade, folha de
pagamentos, controle de estoques, contas a receber, contas a
pagar, e controle de ativo fixo.
Programação Nos Estados Unidos essas editoras tiveram um desenvolvi­
mento extraordinário, tendo, mesmo, desempenhado um pa­
pel importante no desenvolvimento da própria indústria de
equipamentos. Uma dessas editoras, a Personal Software,
Inc., publicou um programa gerenciador de tabelas chamado
VisiCalc. Este programa é o best-seller inconteste do mercado
mundial de programas. Sua versatilidade é espantosa. Acom­
panha o programa não apenas uma excelente documentação,
mas também um boletim mensal das novas aplicações que os
usuários vão devisando para o programa. Outro sucesso é o
programa WordStar, que é um completo processador de tex­
to, publicado pela MicroPro International Co. Os catálogos de
publicações disponíveis no mercado norte-americano contêm
dezenas de milhares de programas em quase todas as áreas.
Devido às diferenças de equipamentos, boa parte deste pro­
gramas apresentam versões adaptadas para as marcas mais
vendidas de Micros. Para orientar os usuários, diversas revistas
possuem seções especializadas em análise crítica e comparati­
va dos programas.
A área de desenvolvimento de programas é vital para o
progresso do setor de Informática, e, em especial, para o setor
de micro-informática. Essa área depende, em última análise,
da pessoa dos analistas de sistemas e programadores, que ati­
132
MICRO-SISTEMAS

vamente criam e escrevem programas para as editoras ou para


um cliente específico.

—---------------X
Emprego de mão-de-obra no setor

FONTE: Revista Byte


|—| Agricultura |—| Informática

[•—| Indústria |«»»| Outros serviços

Mão-de-obra - A figura acima mostra a computadores comerciais apareceram no


evolução temporal da porcentagem da força Mercado (fonte: revista Byte de agosto de
de trabalho norte-americana que está enga­ 1982). 0 medo do desemprego gerado pe­
jada no setor de serviços relacionados com la indústria da informática deve ser apenas
Informática. Note o grande salto que houve encarado como um (legítimo) problema in­
a partir dos anos 50, quando os primeiros dividual, e não social.

O florescimento da criatividade intelectual é indissolúvel- Proteção


mente ligado à proteção legal conferida aos autores, tanto do
ponto de vista moral, quanto do ponto de vista da exploração
econômica. No Brasil, os direitos autorais ainda não foram es­
tendidos a esta modalidade de criação, embora, em princípio,
nada obste a aplicação da lei 5.988/73 desde já.
Qualquer que seja o ciclo produtivo, são os estabelecimen­
tos comerciais varejistas que promovem fisicamente o encon­
tro da oferta e da procura. No caso especial da micro-informá-
tica, essa rede de lojas é de fundamental importância, pois ne­
las os usuários serão individualmente orientados na compra
dos equipamentos, seus acessórios, sua manutenção, progra­
mas, e publicações.
133
CAPÍTULO 6

5. Conclusão
O aparecimento dos circuitos integrados provocou um des­
vio qualitativo na indústria de computadores. Um dos aspec­
tos deste impacto foi a diminuição progressiva do preço,
e, portanto, o aumento da clientela. Este aumento permitiu
que a indústria de programas se desenvolvesse. O desenvolvi­
mento dos equipamentos e programas e o aumento da clien­
Revolução tela favoreceram a criação e florescimento de uma mídia espe­
cializada que, por sua vez, realimenta todo o ciclo. Este siner-
gismo sem paralelo lembra o desenvolvimento anterior de
nossa indústria automobilística.
Quem, dentre os leitores, podería hoje indulgir-se em não
saber dirigir um automóvel? Até as cidades transformaram-se
para recebê-los, várias delas mesmo não conseguiram acom­
panhar o ritmo do crescimento de sua população automotiva.
No mundo da micro-informática, espera-se que, em menos de
meia geração, os microcomputadores venham a ser tão co­
muns como os automóveis. As estatísticas de vendas norte-
americanas, até o momento, não desmentem este prognósti­
co, antes o confirmam.
134
MICRO-SISTEMAS

Que fazer, leitor, nessa situação? A observação do convívio


dos jovens com o Micro mostra que, no futuro, a micro-alfa-
betização será tão importante quanto a alfabetização ela pró­
pria. Na Inglaterra, o governo investe uma apreciável soma
para equipar escolas com microcomputadores. Na França, o
conhecido Jean-Jacques Servan-Schreiber (autor do “Desafio
Americano”) logrou convencer o governo a criar o “Centro
Mundial de Computação” (World Computer Center) para
amparar e assegurar o acesso de todos à Informática. Nos Es­
tados Unidos, sendo menor a tutela do governo, as empresas
de microcomputadores apenas pleiteiam um incentivo fiscal
para colocarem, elas próprias, um microcomputador em cada
escola do país. No Brasil, ainda não há movimentos comuni­
tários nesse sentido. Há, sim, pais que, reunindo o esclareci­
mento e a condição econômica necessários, têm colocado Mi­
cros à disposição de seus filhos, criando-lhes destarte uma
oportunidade de micro-alfabetização.
As conseqüências que esta micro-alfabetização poderá tra­
zer para a sociedade do futuro ainda são meramente especu­
lativas. Faltando ao autor a vocação para a futurologia, gosta­
ria de condividir com você, leitor, a palavra, a ação, e a res­
ponsabilidade de democratizar a micro-informática, sem que a
ciência se perca na informação; sem que a sabedoria se perca
na ciência...

135
CAPÍTULO 6

Sumário
• Sistema é um conjunto de entidades acrescido de suas relações
de interdependência.
• Mecanismo x organismo x sistema
• Análise de sistemas em nosso contexto sempre envolve rotinas
de automatização com uso de computadores eletrônicos digitais.
• Analista de sistemas & programador.
• Usuário & operador.
• Coleta e crítica de dados — planilhas, prevenção, correção e re­
levância dos dados.
• Armazenagem de dados — volume e capacidade de memória,
acesso, segurança, privacidade, cópias cautelares.
• Relatórios de saída — volume versus relevância das saídas, co-
municabilidade do relatório.
• Equipamento necessário — núcleo e periféricos.
• Programas necessários.
• Sistema envolve coleta, armazenagem e saída de dados, equipa­
mentos e programas, mão-de-obra executora e gerenciadora,
eficiência e eficácia.
• Mercado: mercadorias (componentes, computadores, periféri­
cos), serviços de processamento (bureaux, time sharing, centrais
de redes), serviços de sistemas '(análise de sistemas, programa­
ção, edição de programas), serviços de manutenção, comércio e
distribuição de bens e serviços.

Problemas
A definição de uma política setorial é um problema de grande
complexidade. Não há escolhas simples, há apenas compromissos
inteligentes. Desse mister é preciso que todos os cidadãos cons­
cientes participem, evitando os extremos fáceis da subserviência
cega ou da oposição sistemática. Reflitamos sobre alguns aspectos
da Política Nacional de Informática (PNI).
1) Em sua opinião, qual o objetivo para uma Política Nacional de
Informática (objetivo, não estratégia):
a) Atender à demanda dos empresários e profissionais brasilei­
ros, assegurando-lhes o acesso aos recursos modernos da Infor­
mática disponíveis no mundo, respeitando assim seus anseios
de aumento de produtividade e eficiência a nível internacional?
b) Fomentar a criação de uma tecnologia autóctone para poder
136
MICROSISTEMAS

desenvolver nossos produtos na área, e, a partir daí, produzi-los


industrialmente?
c) Criar uma indústria genuinamente nacional de insumos,
equipamentos, periféricos, sistemas e programas, com tecnolo­
gia e capital genuinamente brasileiros para, a partir daí, atender
à demanda?
Pondere o ônus e o bônus de cada objetivo isoladamente.
2) Em sua opinião, que métodos seriam admissíveis para alcançar
os objetivos estipulados no item anterior?
a) Proibir a importação de produtos acabados, permitindo-se
apenas a importação dos insumos (chips) e tecnologia.
b) Proibir todas as importações.
c) Incentivar o setor privado nacional sem tutelar a formação do
mercado (ela é tutelável?).
d) Criar empresas estatais para competir com as multinacionais.
e) Estabelecer uma reserva de mercado excluindo capitais e tec­
nologias estrangeiras de determinadas faixas de mercado.
f) Estabelecer uma divisão do mercado entre algumas empresas
nacionais para que elas fortaleçam-se por intermédio do oligo­
pólio, ainda que às custas do consumidor e do princípio consti­
tucional da livre iniciativa.
3) Compare os 10 primeiros anos da Indústria Automobilística
(1957-1967) com os 10 primeiros anos da Indústria Informática
(1971-1981) no Brasil.
a) A tecnologia e o capital estrangeiros são um mal necessário?
b) Como comparam-se os preços internos e externos dos auto­
móveis e dos computadores?
c) Que objetivos foram atingidos?
4) Em sua opinião, a Política Nacional de Informática deveria ser
gerida por um órgão
a) constituído principalmente de produtores do setor público e
privado, sem a participação ativa de representantes dos
consumidores?
b) constituído de membros do governo apenas, com amplos
poderes para poder definir o porvir do mercado brasileiro como
melhor julgassem apropriado?
c) constituído com uma representação de todos os segmentos
interessados da sociedade?
Em sua opinião, qual desses conceitos é o que prevalece hoje
no Brasil? Qual deveria prevalecer?
5) A indústria de micro-eletrônica (circuitos integrados) envolve al­
ta tecnologia, grande capital, é muito sensível à economia de
escala e apresenta um dinamismo de pesquisa e desenvolvi­
mento que, na prática, apenas o Japão e os Estados Unidos
conseguem manter-se à tona.
Em sua opinião, que alternativas de desenvolvimento as condi-
cionantes acima deixam para o Brasil?
137
CAPÍTULO 6 - MICRO SISTEMAS

Bibliografia
1) Rinder, Robert M., “A Practical Guide To Small Computers —
For Business And Professional Use”, Monarch Press, 1981.
O livro contém uma abordagem prática e rica de exemplos. O
autor tem grande experiência na área de minis e micros.
2) Sippl, Charles, “Microcomputers Dictionary”, Howard Sams,
Ind., 1981.
Trata-se de um dicionário técnico contendo conceituações cla­
ras e ilustradas. Há também dois apêndices com excelentes re­
sumos sobre microprocessadores e microcomputadores que
merecem uma leitura.
3) Dertouzos, M.L., & Moses, Joel, ed., “The Computer Age: A
Twenty-Year View”, MIT Press, 1981.
O livro contém mais de 20 ensaios sobre o impacto social dos
computadores, escritos por especialistas de diferentes forma­
ções, e comentado pelos editores.
4) Von Bertalanffy, Ludwig, “Teoria Geral dos Sistemas”, Editora
Vozes, 1977, tradução de Francisco M. Guimarães.
Obra de referência sobre a teoria dos sistemas que deve ser lida
por todos aqueles que queiram dedicar-se ao assunto.
5) Shimizu, Tamio, “Processamento de Dados — Conceitos Bási­
cos”, Editora Atlas, SP, 1981.
Livro enxuto e direto sobre processamento de dados em geral,
sem abordagem específica de micros. Vale uma leitura.
6) Melo, J. C., “A Incrível Política Nacional de Informática”, Rio de
Janeiro, 1982.
Livro enérgico, bem documentado e, às vezes, severo com a
Política Nacional de Informática.

138
apêndice A

MICRO DICIONÁRIO

139
APÊNDICE A

Introdução
O Micro Dicionário que segue não pretende ser um dicionário da
língua portuguesa, nem tampouco um dicionário completo de ter­
mos técnicos de Informática. E o que o nome diz: um micro dicio­
nário. Descreve tão somente os termos técnicos aqui utilizados,
mais como uma proposição do que como uma postulação.
Nossa abordagem ao preparar esse trabalho foi a de fazê-lo em
língua portuguesa, e não na linguagem híbrida em que se tem es­
crito uma boa parte da literatura de Informática no Brasil. Nenhu­
ma língua é mais apta do que outra. Partindo dessa premissa tra­
duzimos, sem xenofobia, todos os termos para o português. Não
traduzimos, entretanto, as acrossemias. Encarando-as como novas
palavras cuja formação interessa à maioria dos leitores como sim­
ples curiosidade, deixamos a palavra em português igual à sua cor­
respondente em inglês. Perdemos destarte apenas a origem etimo-
lógica e ganhamos, pelo mesmo fato, uma intercambialidade.
Devido à importância da literatura técnica em língua inglesa nes­
sa área, entendemos que seria útil ao leitor a versão para o inglês
dos termos listados no micro dicionário. Assim sendo acrescenta­
mo-la ao lado de cada verbete.

140
MICRO - DICIONA RIO

Acionador de discos (Disk drive)


Periférico eletromecânico para efetivar a leitura e gravação de men­
sagens magnéticas na superfície de discos flexíveis ou rígidos.

Acumuladores (Registers)
Memórias auxiliares e transitórias de um microprocessador.

Alfabeto (Alphabet)
Conjunto estruturado e finito de símbolos. O alfabeto binário (binary
alphabet) é aquele que contém apenas dois símbolos: SIM e NÃO,
0 e 1,__ e . etc. ...

ALGOL (ALGOL)
Linguagem de alto nível especial para algoritmos. Acrossemia de
ALGOrithm Language.

Algoritmo (Algorithm)
Rotina matemática ou lógica.

Alimentação por extrator (Tractor feed)


Tipo de alimentação de formulários contínuos por meio de rodas
dentadas que se encaixam na perfuração do papel.

Alimentação por fricção (Friction feed)


Alimentação de impressora em que o papel é introduzido na posi­
ção própria por atrito contra o rolo.

Alvo (Target)
Numa comunicação, o alvo é a pessoa para quem a mensagem é
enviada.

Análise de sistemas (Systems analysis)


Atividade de estudar um problema e elaborar todas as rotinas ne­
cessárias para automatizá-lo.

Arquivo (File)
Conjunto estruturado de registros. V. registros.

ASCII (ASCII)
Padrão norte-americano para intercâmbio de informações via tecla­
do. Pronuncia-se ásqui (American Standard Code for Information
Interchange).

Base de dados (Data base)


Conjunto de arquivos inter-relacionados e interdependentes.
141
APÊNDICE A

BASIC (BASIC)
Linguagem de alto nível especial para urn largo espectro de aplica­
ções. Acrossemia de Beginners All-purpose Simbolic Instruction
Code.

Baud (Baud)
Unidade de fluxo de informação igual a um tico por segundo (one
bit per second)

Bureau (Bureau)
Tipo de empresa de prestação de serviços na área de Informática.
Os clientes enviam os dados em papel e, em papel, recebem as saí­
das das rotinas processadas no Bureau.

Busca (Search)
Numa Base de Dados, operação pela qual selecionam-se registros
que satisfaçam determinado critério, dito de busca (por exemplo,
todos os registros com “MICRO” no campo 4).

Campo (Field)
Unidade significativa de informação com um certo número de to­
ques. Campos formam registros, registros formam arquivos que,
por sua vez, formam bases de dados.

Canal (Channel)
Dispositivo que desloca mensagens no espaço e no tempo. Veícu­
lo, mídia.

Cartucho (Cartridge)
Embalagem própria para programas gravados em memória ROM,
que encaixa em porto especial que algumas CPUs possuem.

Circuito integrado (Integrated circuit)


Dispositivo eletrônico embalado em suporte de cerâmica ou plásti­
co, cujo núcleo é constituído por uma pastilha (chip).

COBOL (COBOL)
Linguagem de alto nível especial para programas empresariais.
Acrossemia de COmmon Business — Oriented Language.

Codificador (Coder)
Dispositivo que transforma a mensagem da fonte em uma outra
mensagem, codificada, que seja adequada ao canal.

Codificador Binário Universal (Binary Coder)


Rotina universalmente aceita para transformar números inteiros
positivos em cadeias de zeros e uns. Abrevia-se CBU.
142
MICRO - DICIONÁ RIO

Código (Code)
Regra de transformação de uma mensagem em outra. Os alfabetos
das duas mensagens não são, necessariamente, o mesmo.

Compilador (Compiler)
Programa para traduzir uma rotina escrita em linguagem de alto ní­
vel para a linguagem de máquina.

Compuconto (Compunovel)
Gênero literário adequado ao computador como mídia.

Configuração (Configuration)
Conjunto de equipamentos que, num determinado instante, forma
a parte física de um sistema de computação.

Cópia cautelar (Back Up)


Cópia de um arquivo feita para recuperar a informação armazena­
da na eventualidade de dano ser causado ao original.

CPU (CPU)
Unidade central de processamento de um computador digital. As
iniciais vêm de Central Processing Unit.

Cursor (Cursor)
Retângulo piscante na tela de um terminal de vídeo que indica on­
de será posicionado o próximo toque a ser digitado.

Dado (Data)
O conteúdo de cada posição de memória de um computador. O
mesmo que informação.

Decodificador (Decoder)
Dispositivo com a finalidade oposta à do codificador. Interface ca-
nal-alvo.

Decodificador Binário Universal (Binary Decoder)


Rotina universalmente aceita para transformar cadeias de zeros e
uns em números inteiros positivos. Abrevia-se DBU.

Depurar (Debugging)
Correção e eliminação dos erros de um programa. Estes erros são
chamados de BUGs em inglês, e de grilos em português.

Deslizar (Scroll)
Ação de movimentar um texto por trás de uma janela fixa, uma di­
reção vertical ou horizontal.
143
APÊNDICE A

Diagrama de blocos (Flowchart)


Apresentação gráfica de uma rotina mediante o uso de símbolos e
regras convencionais.

Diagramador (Plotter)
Equipamento periférico que imprime as saídas de uma CPU em
forma de gráficos, coloridos ou não.

Dígito (Digit)
Qualquer símbolo de um alfabeto usado para exprimir quantidades
exclusivamente. Dígitos decimais: 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9; dígi­
tos binários: 0 e 1; etc....

Disco flexível (Floppy disk)


Disco de Mylar recoberto com uma camada magneto-sensível mui­
to fina (200 microns), para gravação de mensagens. As duas di­
mensões comumente usadas são 8 e 5^4 pol.

Disco rígido (Hard disk)


Periférico que se utiliza de mídia magnética para guardar e ler men­
sagens de uma CPU. A mídia magnética é depositada sobre um
disco rígido que gira a grande velocidade.

Disquete (Diskette)
Disco magnético flexível com diâmetro de 5x/4 pol.

Documentação (Documentation)
Material impresso explicativo que acompanha, ou deveria acompa­
nhar, os programas.

DOS (DOS)
Programa para automatizar a operação dos acionadores de discos.
Acrossemia de Disk Operating System (Sistema operacional do dis­
co).

Editoração (Editing)
Conjunto de operações que criam ou modificam a forma de apre­
sentação de um texto: formatação, correção, supressão, inclusão,
ilustração etc.

Endereço (Address)
Designação diferenciada de cada posição da memória de linha de
um computador. O mesmo que a posição da gaveta.

Entrada (Input)
Informação fornecida anteriormente à execução de uma rotina. In­
formação inicial para um determinado processamento.
144
MICRO - DICIONÁ RIO

EPROM (EPROM)
Tipo de memória ROM passível de ser gravada e desgravada por
processos especiais. Acrossemia de Erasable-Programmable ROM.

Equipamento (Hardware)
Parte física, tangível, de um computador. Compõe-se do núcleo e
dos periféricos.

Escorva (Booting)
A delicada operação de começar a carregar programas num com­
putador completamente desprovido deles.

Fonte (Source)
Numa comunicação, aquele que emite a mensagem.

Fonte (Font)
Conjunto de letras, dígitos, símbolos de pontuação e acentuação
desenhados com coerência de estilo.

Fonte de potência (Power suplly)


Dispositivo que fornece potência elétrica a uma CPU.

Formato (Format)
A coleção de possibilidades de ocorrência de um fenômeno aleató­
rio. O universo das incertezas que uma informação destrói.

FORTRAN (FORTRAN)
Linguagem de alto nível especial para programas científicos. Acros­
semia de FORmula TRANslator.

Hexadecimal (Hexadecimal)
Sistema de codificação de números que se utiliza de 16 dígitos .

Impressora (Printer)
Equipamento periférico destinado à impressão, sobre suporte pa­
pel, das saídas de um determinado processamento.

Impressora de tipos formados (Fully formed type printer)


Impressora cujos caracteres são previamente embossados numa
matriz apropriada.

Impressora matricial (Dot matrix printer)


Tipo de impressora cujos caracteres são formados mediante a com­
posição apropriada de pontos.
145
APÊNDICE A

Incerteza (Incertitude)
Estado mental de um observador antes de saber qual o resultado
de um fenômeno aleatório cujas alternativas são-lhe conhecidas.

Informação (Information)
O que destrói o estado de incerteza em que fica um observador pe­
rante a ocorrência de um fenômeno aleatório cujas alternativas são
conhecidas. A medida da incerteza destruída.

Informática (Computing science)


Ciência que trata do processamento automático de informações.

Interface (Interface)
Dispositivo para compatibilizar os fluxos de informações entre duas
unidades de um mesmo sistema.

Interpretador (Interpreter)
Programa destinado a traduzir as instruções de uma rotina escrita
em linguagem de alto nível para a linguagem de máquina.

Justificação (Justification)
Alinhamento vertical das diversas linhas que compõem um texto.
Há justificação à direita, à esquerda, central etc.

Lápis ótico (Optical pencil)


Dispositivo periférico para entrada de dados que consiste num cilin­
dro capaz de ler barras negras impressas em sinais elétricos.

Leitora ótica (Optical reader)


Periférico destinado a ler marcas escuras em papel, transformando-
as em impulsos elétricos.

Léxico (Lexicon)
Conjunto de termos de uma língua.

Linguagem de alto nível (High level language)


Linguagem para escrever programas cuja aparência é a das línguas
naturais humanas.

Linguagem de máquina (Machine language)


Linguagem escrita em alfabeto binário para passar as instruções de
um programa para uma CPU.

Linguagem montadora (Assembly language)


Linguagem em que as instruções são dadas usando-se letras para
as operações e números em hexadecimal para dados e endereços.
146
MICRO - DICIONÁRIO

LSI (LSI)
Acrossemia indicativa do grau de complexidade do circuito eletrô­
nico de uma pastilha (chip). Large Scale of Integration — grande
grau de integração.

Manche (Joy stick)


Periférico com dois botões e uma alavanca acoplada a resistores
para entrada de dados. Usado principalmente em jogos de vídeo.

Memória de linha (On line memory)


Dispositivo para armazenagem de informação a que o micropro­
cessador tem acesso direto. O mesmo que memória principal
(main memory).

Memória principal (Main memory)


O mesmo que memória de linha (on line memory).

Menu (Menu)
Apresentação das alternativas disponíveis ao usuário em um ponto
de um programa numa única tela do vídeo.

Modem (Modem)
MOdulador-DEModulador utilizado para acoplar computadores
por meio de linhas telefônicas. Pode ser acústico (que produz sons)
ou direto (que produz sinais elétricos para o canal).

Monitor (CRT)
Ver VÍDEO. CRT abrevia Cathode Ray Tube.

MSI (MSI)
Acrossemia indicativa do grau de complexidade do circuito eletrô­
nico de uma pastilha (chip). Medium Scale Integration — Grau
médio de integração.

Operador (Operator)
Pessoa que está em contato direto com o computador ou seus peri­
féricos em operação corrente.

Ordenamento (Sorting)
Operação mediante a qual registros de um arquivo são dispostos
na ordem prescrita pelo critério de ordenamento (pôr exemplo, or­
dem alfabética do quarto campo).

Palavra (Word)
Conteúdo que pode ser armazenado em cada gaveta da memória
de linha de um computador. As palavras podem ser de 1 a 8 to­
ques dependendo do porte do computador.
147
APÊNDICE A

Palavra-chave (Keyword)
Numa Base de Dados, palavras que denotam conceitos tão impor­
tantes que são usadas como chaves para as operações de busca,
ordenamento, recuperação etc....

PASCAL (PASCAL)
Linguagem de alto nível especial para programas estruturados. O
nome homenageia o matemático francês inventor da máquina arit­
mética.

Pastilha (Chip)
Circuito eletrônico à base de semicondutores fabricado num único
cristal de silício ou outro material.

Periférico (Peripheral)
Equipamento ligado ao núcleo de um computador que comple­
menta as funções do mesmo. O teclado, o vídeo, o acionador de
discos são exemplos de equipamentos periféricos.

Pixel (Pixel)
A menor porção de uma tela afetada independentemente por raios
catódicos programáveis.

Portabilidade (Portability)
A qualidade de um programa que pode correr em vários computa­
dores diferentes.

Portos de entrada e saída (I/O ports)


Parte de uma CPU destinada ao acoplamento de periféricos me­
diante o uso de interfaces.

Processador de texto (Word processor)


Classe de programas destinados a automatizar as operações relati­
vas a redação, impressão, edição, arquivamento etc. de textos.

Programa (Software)
Rotina escrita para um computador eletrônico digital executar.

Programa montador (Assembly program)


Programa cujo objetivo é traduzir instruções em linguagem monta­
dora para linguagem de máquina.

Programador (Program mer)


Pessoa especializada em escrever programas para computadores
eletrônicos digitais.

PROM (PROM)
Tipo de memória ROM passível de ser gravada por processos espe­
ciais. Acrossemia de Programmable ROM.
148
MICRO - DICIONÁRIO

RAM (RAM)
Tipo de memória que pode ser gravada durante o processamento
normal, mas que “esquece” seu conteúdo sempre que a máquina
for desligada. Acrossemia de Random Access Memory.

Raquete eletrônica (Paddle)


Periférico com uma resistência e um botão destinado principalmen­
te a jogos de vídeo.

Receita (Recipe)
Rotina culinária.

Rede de Micros (Network)


Conjunto de Microcomputadores interligados mais a estrutura ne­
cessária a essa interligação.

Registro (Record)
Conjunto estruturado de campos.

Relatório (Report)
Qualquer saída estruturada de dados, principalmente pela impres­
sora.

Relógio (Clock)
Dispositivo que fornece os pulsos elétricos regulares a uma CPU.
Ao ritmo desses pulsos transitam as informações.

Retroação (Feedback)
O mecanismo pelo qual um agente é guiado também pelo resulta­
do de suas ações anteriores.

ROM (ROM)
Tipo de memória que retém seu conteúdo mesmo ao desligar-se o
computador, porém não pode ser gravada em processamento nor­
mal. Acrossemia de Read Only Memory.

Rotina (Routine)
Conjunto ordenado de instruções para orientar um executante na
realização de uma tarefa com objetivo bem definido. Receita, pro­
grama, algoritmo, procedimento.

Saída (Output)
Informação fornecida pela execução de uma rotina. Informação fi­
nal de um processamento.

Sintaxe (Sintax)
Regras de uso dos termos e relações de uma linguagem.
149
APÊNDiCE A

Sistema (System)
Conjunto de objetos e de suas relações de interdependência.

Sistema operacional (Operating system)


Conjunto de programas destinados à automatização das funções fi­
siológicas de um computador eletrônico digital.

SSI (SS/)
Acrossemia indicativa do grau de complexidade do circuito eletrô­
nico de um pastilha (chip). Small Scale Integration — Pequeno
grau de integração.

Tablete (Digitizer)
Equipamento periférico que permite a entrada de dados na forma
de gráficos.

Teclado (Keyboard)
Conjunto ordenado de teclas em posição convencionada, para ge­
ração de sinais gráficos, sonoros, elétricos ou óticos.

Teletexto (Video-text)
Sistema de comunicação à distância de texto mediante o uso de
terminais de vídeo.

Tico (Bit)
Quantidade de incerteza destruída por um SIM ou NÃO (0 ou 1)
isoprováveis. Qualquer um dos dois símbolos 0 ou 1. Medida de
informação.

Toque (Byte)
Quantidade de informação igual a 8 ticos. Qualquer símbolo gera­
do por um teclado padrão com 256 “teclas”. Medida de quantida­
de de informação.

Transistor (Transistor)
Dispositivo eletrônico construído com semicondutores.

Trem (Bus)
Conjunto de condutores por onde transitam as informações inter­
nas de uma CPU. Há três tipos de trens: de dados (data bus), de
endereços (address bus) e de controle (control bus).

Trilha (Track)
Cada uma das porções concêntricas de um disco magnético onde
são gravadas as mensagens.
150
MICRO - DICIONÁ RIO

ULSI (ULSI)
Acrossemia indicativa do grau de complexidade do circuito eletrô­
nico de uma pastilha (chip). Ultra Large Scale Integration — Grau
de integração ultragrande.

Usuário (Final user)


Pessoa, física ou jurídica, que se beneficia da automatização de
processamento de dados diretamente.

Vídeo (Monitor)
Equipamento periférico destinado à comunicação da CPU com o
operador. Consiste de um monitor ou televisor, a cores, em branco
e preto, verde ou âmbar.

Video-disco (Optical disk)


Periférico destinado à memória de massa que se utiliza de discos
gravados e lidos com auxílio de raios laser. Possuem grande capa­
cidade de armazenagem (1 GT!).

VLSI (VLSI)
Acrossemia indicativa do grau de complexidade do circuito eletrô­
nico de uma pastilha (chip). Very Large Scale Integration — Grau
de integração muito grande.

151
apêndice B

MICRO VOCABULÁRIO
inglês-português

153
APÊNDICE B

Word Verbete

Address Endereços
ALGOL ALGOL
Algorithm Algoritmo
Alphabet Alfabeto
ASCII ASCII
Assembly Language Linguagem Montadora
Assembly Program Programa Montador
Back up Cópia Cautelar
BASIC BASIC
Baud Baud
Binary Coder Codificador Binário Universal
Binary Decoder Decodificador Binário Universal
Bit Tico
Booting Escorva
Bureau Bureau
Bus Trem
Byte Toque
Cartridge Cartucho
Channel Canal
Chip Pastilha
Clock Relógio
COBOL COBOL
Code Código
Coder Codificador
Compiler Compilador
Compunovel Compuconto
Computing Science Informática
Configuration Configuração
CPU CPU
CRT Monitor
Cursor Cursor
DOS DOS
Data Dado
Data Base Base de Dados
Debugging Depurar
Decoder Decodificador
Digit Dígito
Digitizer Tablete
Disk Drive Acionador de Discos .
Diskette Disquete
Documentation Documentação
Dot Matrix Printer Impressora Matricial
Editing Editoração
EPROM EPROM
Feedback Retroação
154
MICRO- VOCABULÁRIO

Word Verbete

Field Campo
File Arquivo
Final User Usuário
Floppy Disk Disco Flexível
Flowchart Diagrama de Blocos
Font Fonte
Format Formato
Fortran Fortran
Friction Feed Alimentação por Fricção
Fully Formed Type Printer Impressora de Tipos Formados
Hard Disk Disco Rígido
Hardware Equipamento
Hexadecimal Hexadecimal
High Level Language Linguagem de Alto Nível
I/O Ports Portos de Entrada e Saída
Incertitude Incerteza
Information Informação
Input Entrada
Integrated Circuit Circuito Integrado
Interface Interface
Interpreter Interpretador
Joy Stick Manche
Justification Justificação
Keyboard Teclado
Keyword Palavra-Chave
Lexicon Léxico
LSI LSI
Machine Language Linguagem de Máquina
Main Memory Memória Principal
Menu Menu
Modem Modem
Monitor Vídeo
MSI MSI
Network Rede de Micros
On Line Memory Memória de Linha
Operating System Sistema Operacional
Operator Operador
Optical Disk Vídeo-Disco
Optical Pencil Lápis Ótico
Optical Reader Leitora Ótica
Output Saída
Paddle Raquete Eletrônica
PASCAL PASCAL
Peripheral Periférico
Pixel Pixel
155
APÊNDICE B - MICRO-VOCABULÁRIO

Word Verbete

Plotters Diagramadores
Portability Portabilidade
Power Supply Fonte de Potência
Printer Impressora
Programmer Programador
PROM PROM
RAM RAM
Recipe Receita
Record Registro
Registers Acumuladores
Report Relatório
ROM ROM
Routine Rotina
Scroll Deslizar
Search Busca
Sintax Sintaxe
Software Programa
Sorting Ordenamento
Source Fonte
SSI SSI
System Sistema
Systems Analysis Análise de Sistemas
Target Alvo
Track Trilha
Tractor Feed Alimentação por Extrator
Transistor Transistor
ULSI LJLSI
Video-Text Teletexto
VLASI VLSI
Word Palavra
Word Processor Processador de Texto

156
apêndice C

ÍNDICE ALFABÉTICO

157
APÊNDICE C

Verbete

Acionador de Discos, 79-80


Acumuladores, 40
Adam Smith, 8
Aiken, H., 25
Alfabeto, 30, 34
ALGOL, 110
Algoritmo, 10
Alimentação por Extrator, 90
Alimentação por Fricção, 90
Alvo, 27
Análise de Sistemas, 123-128
Arquivo, 54
Ascii, 35, 87
Babbage, C., 10, 39
Base de Dados, 55, 61
Basic, 111
Baud, 91
Bertalanffy, L.V., 122
Buarque de Hollanda, C., 119
Bureau, 132
Busca, 55
Bushnell, N., 52
Camões, L., 59
Campo, 55
Canal, 27
Cartucho, 78
Circuito Integrado, 51
COBOL, 110
Codificador, 27
Codificador Binqrio Universal, 31-32
Código, 28-29, 35
Compilador, 110
Compuconto, 58
Configuração, 54
Cópia Cautelar, 81
CPU, 40
Cursor, 83
DOS., 80, 104
Decodificador, 27
Decodificador Binário Universal, 32
Depurar, 113
Deslizar, 83
Diagrama de Blocos, 16, 92
Diagramadores, 92
Disco Flexível, 79
Disco Rígido, 80
Disquete, 79
Documentação, 114
Eckert, J.P., 25
Editoração, 83
158
ÍNDICE ALFABÉTICO

Verbete

Eliot, T.S., 1
Enderêço, 40
Entrada, 14, 124
EPROM, 76
Equipamento, 54
Escorva, 105
Fonte, 27, 83
Fonte de Potência, 41
Formato, 4, 42
FORTRAN, 110
Hexadecimal, 106
Hollerith, H„ 10
Impressora, 54, 83
Impressora de Tipos Formados, 86, 89
Impressora Matricial, 86-88
Incerteza, 4
Informação, 4
Informática, 7, 42
Interface, 77
Interpretador, 110
Jacquard, J.M., 9
Jobs, S., 53
Justificação, 85
Lao Tse, 4
Lápis Ótico, 91
Leitora Ótica, 92
Linguagem de Alto Nível, 109
Linguagem de Máquina, 105-106
Linguagem Montadora, 108-109
Lin Yutang, 6
LSI, 51
Machado de Assis, J.M., 49
Manche, 78
Mauchly, J.W., 25
Memória de Linha ou Principal, 39, 75
Memória de Massa, 41, 54
Menu, 127
Modem, 54, 67, 91
Monitor, 82
Morse, S., 28
MSI, 51
Ordenamento, 55
Palavra-Chave, 109, 110
PASCAL, 111
Pastilha, 51
Periférico, 54
Pessoa, Fernando, 73, 74
Pixel, 82
Portabilidade, 109
Portos de Entrada e Saída, 41
159
APÊNDICE C - ÍNDICE ALFABÉTICO

Verbete

Powers, J., 25
Processador de Texto, 56
Programa, 10, 54, 99
Programa Montador, 108
Programador, 113, 128
PROM, 76
RAM, 75
Raquete Eletrônica, 78
Receita, 10
Rede de Micros, 66-68
Registro, 54
Relógio, 41
Retroação, 9
ROM, 76
Rotina, 10
Saída, 14
SEI, 130
Setor, 79
Shannon, C., 26, 27, 121
Sholes, C.L., 34
Sintaxe, 109
Sistema, 122
Sistema Operacional, 101-105
SSI, 51
Tablete, 92
Teclado, 35-38, 54, 77
Tico, 30-31
Toque, 35-38
Transistor, 27
Trem, 41
Trilha, 79
ULSI, 51
Usuário, 114
Vídeo, 54
VLSI, 51
Von Neumann, John, 25
Walt, James, 9
Wiener Norbert, 9,
Wittgenstein, L., 97
Wosniak, S., 53

160
Composição Linoart
Fotolitos: DCI
Impressão: Círculo do Livro
UNICÓRNIO PUBLICAÇÕES
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Tel: (01 1) 64 3750

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