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Capítulo 4
Os problemas do inatismo e do empirismo:
soluções filosóficas
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Convite à Filosofia
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Marilena Chauí
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Convite à Filosofia
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Marilena Chauí
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Não interessa se cada um de nós vê cores de uma certa maneira, gosta mais de
uma cor ou de outra, ouve sons de uma certa maneira, gosta mais de certos sons
do que de outros, etc. O que importa é que nada pode ser percebido por nós se
não possuir propriedades espaciais; por isso, o espaço não é algo percebido, mas
é o que permite haver percepção (percebemos lugares, posições, situações, mas
não percebemos o próprio espaço). Assim, o espaço é a forma a priori da
sensibilidade e existe em nossa razão antes e sem a experiência.
Também só podemos perceber as coisas como simultâneas ou sucessivas:
percebemos as coisas como se dando num só instante ou em instantes sucessivos.
Ou seja, percebemos as coisas como realidades temporais. Não percebemos o
tempo (temos a experiência do passado, do presente e do futuro, porém não
temos percepção do próprio tempo), mas ele é a condição de possibilidade da
percepção das coisas e é a outra forma a priori da sensibilidade que existe em
nossa razão antes da experiência e sem a experiência.
A percepção recebe conteúdos da experiência e a sensibilidade organiza
racionalmente segundo a forma do espaço e do tempo. Essa organização espaço-
temporal dos objetos do conhecimento é que é inata, universal e necessária.
O entendimento, por sua vez, organiza os conteúdos que lhe são enviados pela
sensibilidade, isto é, organiza as percepções. Novamente o conteúdo é oferecido
pela experiência sob a forma do espaço e do tempo, e a razão, através do
entendimento, organiza tais conteúdos empíricos.
Essa organização transforma as percepções em conhecimentos intelectuais ou em
conceitos. Para tanto, o entendimento possui a priori (isto é, antes da experiência
e independente dela) um conjunto de elementos que organizam os conteúdos
empíricos. Esses elementos são chamados de categorias e sem elas não pode
haver conhecimento intelectual, pois são as condições para tal conhecimento.
Com as categorias a priori, o sujeito do conhecimento formula os conceitos.
As categorias organizam os dados da experiência segundo a qualidade, a
quantidade, a causalidade, a finalidade, a verdade, a falsidade, a universalidade, a
particularidade. Assim, longe de a causalidade, a qualidade e a quantidade serem
resultados de hábitos psicológicos associativos, eles são os instrumentos
racionais com os quais o sujeito do conhecimento organiza a realidade e a
conhece. As categorias, estruturas vazias, são as mesmas em toda época e em
todo lugar, para todos os seres racionais.
Graças à universalidade e à necessidade das categorias, as ciências são possíveis
e válidas; o empirismo, portanto, está equivocado.
Em instante algum Kant admite que a realidade, em si mesma, é espacial,
temporal, qualitativa, quantitativa, causal, etc. Isso seria regredir ao forno
girando em torno do frango. O que Kant afirma é que a razão e o sujeito do
conhecimento possuem essas estruturas para poder conhecer e que, por serem
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