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Uma breve reflexão sobre a teologia contemporânea

Teologia contemporânea é a tarefa de articular e refletir sobre a pergunta: Quem


é Deus e o que Deus está fazendo hoje, na minha vida, na minha família, em uma
comunidade cristã, neste contexto local, neste país, continente e mundo?
 
A teologia - o estudo de Deus, sobre Deus - só existe por causa da fé. A fé busca
entender, conhecer, saber. E, procuramos conhecer aquilo que amamos.
 
Há, pelo menos, quatro tipos de teologia: a teologia bíblica (teologia bíblica do
Antigo Testamento; Teologia bíblica do Novo Testamento), a teologia histórica, a
teologia sistemática (ou dogmática) e a teologia prática.
 
Contemporâneo é, por definição, o que está acontecendo neste exato momento. O
que é contemporâneo é algo mais fluido e difícil de definir.
 
O moderno é diferente do contemporâneo. O moderno tem a ver com um passado
recente. De alguma maneira o contemporâneo e o moderno se relacionam muito
intimamente e em vários casos se confundem.
 
O Pano de fundo da teologia contemporânea tem muito a ver com a filosofia. Na
verdade, a teologia contemporânea faz uso das ideias filosóficas e da linguagem
bíblica. Para entender a teologia contemporânea precisamos compreender essas
duas coisas: as ideias filosóficas e as narrativas bíblicas. Não apenas as ideias
filosóficas, mas a gênesis das mesmas.
 
Uma breve reflexão sobre teologia e filosofia nos ajudará na compreensão do
tema: teologia contemporânea.
 
Houve um tempo em que o filósofo era também um teólogo e vice-versa. Na idade
média (500-1500), a teologia era considerada a rainha das ciências, das disciplinas,
do saber.
 
Assim sendo, o estudo da cosmologia, lógica, matemática, línguas, literatura,
filosofia, metafísica, epistemologia, ética, tudo em fim encontrava-se abaixo do
estudo teológico. De certa maneira, todas as demais disciplinas, ciências, estavam a
serviço da teologia. O estudo de Deus era o ponto inicial, o bem supremo do saber.
 
René Descartes, 1596-1650, foi um filósofo francês que estabeleceu a teoria
conhecida como o Racionalismo. O conhecimento, de acordo com ele, é adquirido
por meio da razão e não dos sentidos, e não da experiência. Seu pensamento é
denominado cartesiano devido ao seu nome em latim – Renatus Cartesius. Para
Descarte o ponto de partida para a filosofia é a razão, a sua própria existência –
cogito ergo sum – penso, logo/portanto sou/existo. Descartes rejeita a tradição
como fonte de autoridade, semelhante a Sócrates. Descartes procura estabelecer a
razão como a base, o alicerce da autoridade. Para ele, é a razão que dá validade ao
conhecimento.
 
Descartes destrói Deus como fundamento do conhecimento, da realidade, da
existência. O Eu, a razão desse Eu se torna a base da realidade. Esta filosofia, esta
maneira de pensar, influenciou e tem influenciado a modernidade e a pós
modernidade.
 
John Locke, 1632-1704, foi um filósofo inglês que é considerado o pai do
Empirismo, uma teoria filosófica que ensina ser o conhecimento resultado da
experiência sensorial, isto é, de nossos sentidos. E, ao seu lado, podemos citar:
George Berkeley (12/03/1685-14/01/1753) e David Hume (07/05/1711-25/08/1776).
 
Tudo isso - o racionalismo e o empirismo - tem a ver com a epistemologia, que é
uma área da filosofia que se ocupa do processo do conhecimento. E tudo isso tem a
ver com a teologia contemporânea. 
 
No Empirismo o que determina o valor da verdade é sua experiência e/ou sua
utilidade. Enquanto no racionalismo o que determina o valor da verdade é sua
teoria, sua racionalidade, sua lógica.
 
Assim como a razão, a mente, é a parte central da fonte do conhecimento para o
Racionalismo; os sentidos são a parte central da fonte do conhecimento para o
Empirismo.
 
Para John Locke aquilo que eu não posso experimentar através dos meus sentidos,
não posso conhecer, não é conhecimento verdadeiro.
 
Os nossos sentidos - isto é, tudo aquilo que está relacionado com a percepção do
meio interno e externo - são: o olfato, paladar, visão, audição e tato.
 
Para John Locke o que se encontra fora do alcance dos sentidos, não tem base
para ser aceito como verdade. Para ele, na verdade, é possível que a verdade não
exista de fato, apenas o que é bom e mau, prazer e desprazer (isto é, dor), alegria e
tristeza, etc.
 
A proposta de John Locke tem a ver com a organização das experiências sensórias
para assim gerar entendimento e, consequentemente, conhecimento.
 
Assim sendo, temos de um lado o idealismo, que vem do mundo das ideias de
Platão. Este filósofo grego, Platão, acreditava e ensinava que por de trás do nosso
mundo, chamado mundo dos sentidos, existe uma realidade abstrata, chamada de
mundo das ideias, onde tudo é perfeito e eterno. Nós só podemos chegar a este
mundo, onde se encontra o verdadeiro conhecimento, por meio da razão. John
Locke propunha algo diferente disso, ele estabeleceu os sentidos como fonte segura
do conhecimento, a experiência, empirismo.
 
Depois de René Descartes e John Locke, temos Immanuel Kant, 1724-1804, um
filósofo alemão (prussiano) que em sua síntese do Racionalismo e Empirismo,
criou o relativismo. Kant, também, encontra-se ligado a Epistemologia, isto é, o
processo do conhecimento. Para ele, o conhecimento passa pela causa e efeito, o
princípio da causalidade. Tudo tem uma causa. Há, também, o princípio da
disjunção ou separação, ou seja, se algo/uma sentença é verdadeira a outra
sentença/realidade é falsa.
 
Além disso, Kant trabalhou em cima do princípio da transcendência, isto é, há
algo que transcende, ultrapassa os limites do que é considerado normal ou
aceitável. Para Kant as distorções do conhecimento, do processo de obter
conhecimento – epistemologia – ocorre não apenas por causa dos sentidos, mas,
também, por causa da mente, da razão.
 
Assim sendo, para Kant, precisamos compreender e aceitar o fato de que algo/uma
coisa é uma realidade ou pode ser uma realidade distinta daquilo que
experimentamos através dos sentidos ou até mesmo daquilo que pensamos através
da razão, do pensamento, trata-se, portanto, do relativismo. As possiblidades de
distorção, disjunção, entre a coisa em si e os nossos sentidos ou razão são enormes
e verdadeiras.
 
Ninguém é capaz de ver, compreender, conhecer, saber de algo, uma realidade
como ela é de fato, mas apenas como eu a experimento ou penso ser. Em síntese,
ao ser humano falta a capacidade de precisão, correção, exatidão, entre uma
realidade e seus sentidos ou razão.
 
Em continuidade aos seus estudos, Kant, na Metafísica, a Natureza e Estrutura da
Realidade, ensina que há realidades, saberes, que não podem ser alcançados por
meio de estudos objetivos da realidade material, tais como Deus, a mente humana,
a alma, o tempo, a imortalidade, etc. Todas essas coisas encontram-se além de
nossa experiência ou razão. Essas coisas da metafísica foram chamadas por Kant
de: Númeno ou noúmeno – plural - noúmena (do grego νοούμενoν). Trata-se de
um objecto ou evento postulado que é conhecido sem a ajuda dos sentidos. Na
filosofia antiga, a esfera/o reino do númeno é a realidade superior conhecida pela
mente filosófica. Também pode ser entendido como a essência de algo, aquilo que
faz algo ser o que é. O termo é geralmente usado em contraste ou em relação com
fenómeno, que em filosofia se refere ao que aparece aos sentidos, isto é, um objeto
dos sentidos. Platão utilizou esse conceito para se referir ao seu mundo das ideias.
 
No entanto, este termo - Númeno ou noúmeno – plural - noúmena (do
grego νοούμενoν) - é melhor conhecido na filosofia de Immanuel Kant. No
kantismo, o númeno é o real tal como existe em si mesmo, de forma independente
da perspectiva necessariamente subjetiva em que se dá todo o conhecimento
humano, sem o auxílio dos sentidos; como a coisa é em si (Ding an sich), nômeno,
noúmeno (embora possa ser meramente conceituado, por definição é um objeto
incognoscível).
 
Assim sendo, Deus que era a fonte de conhecimento, do saber, agora não é mais
nem objetivo de conhecimento, pois é metafísico. Neste mundo ou reino, não se
discute se Deus existe ou não, se a imortalidade é um fato, um fenômeno ou não,
pois não são objetos de estudo não se pode provar, experimentar.
 
Kant acreditava em Deus, mas nós não podemos provar a sua existência, pois Deus
é algo/alguém que se encontra em uma esfera onde não podemos trabalhar, provar
sua existência/realidade, e, para ele, a religião tem um propósito: fornecer o
fundamento da moral, da ética, da educação. Para Kant, é necessário negar o
conhecimento para arrumar um espaço para a fé. Para Kant há uma distinção
entre conhecimento e fé.
 
Kant estabeleceu o imperativo categórico como uma obrigação moral
incondicional que se aplica em todas as circunstâncias e não depende da inclinação
ou propósito de uma pessoa ou do lugar.
 
O imperativo hipotético diz assim: se você deseja atingir um determinado fim, age
desta ou daquela maneira.
 
O imperativo categórico diz assim: independente do fim ou de seu desejo, age
sempre assim.
 
Alguns dos imperativos categóricos de Kant:
 
1. Agir apenas segundo uma máxima tal que você possa ao mesmo tempo querer
que ela se torne lei universal.
 
Jesus ensinou sobre isso: “Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos
façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas” (Mt. 7:12).
 
2. Agir de tal maneira que você use a sua humanidade, tanto na sua pessoa como
na pessoa de qualquer outro, sempre e simultaneamente como fim e nunca
simplesmente como meio.
 
É interessante observar que esses filósofos acima citados entre outros do período
do Iluminismo estavam preocupados não apenas com a órbita solar, teorias sobre
as leis da matemática no universo, mas como pessoas de diferentes classes sociais
deveriam se relacionar unas com as outras; a fábricas o comércio em geral
deveriam trabalhar, e como tudo isso deveria se relacionar com o governo.
 
Os filósofos do iluminismo adotaram uma postura de questionamento de toda a
tradição, toda e qualquer declaração aceita com base no argumento da autoridade
começou a ser questionada, criticada à luz da razão para determinar se uma
tradição ou uma certa declaração de autoridade seja sacerdotal ou não era válida.
 
O iluminismo se proponha a construir um mundo melhor aqui e agora e a teologia
contemporânea armou suas tentas nesse terreno.
 
Há vários textos bíblicos relacionados a teologia contemporânea e com as suas
ideias filosóficas. 
 
Jesus convidou as pessoas para segui-lo, mas ele disse: “Se”.
 
E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada
dia a sua cruz, e siga-me (Lc. 9:23).
 
Jesus se apresentou para lavar os pés dos apóstolos (Jo. 13:1-9). Ele quis fazer
aquilo.
 
Forçar alguém a servir outros como apenas meio, está errado. Mas, caso alguém
queira servir outros como meio, mas o faz livremente e porque isto, este serviço, é
o que a pessoa quer fazer, ou se realiza fazendo, então não há problema.
 
É interessante observar que esse período do Iluminismo estava preocupado não
apenas com a órbita solar, teorias sobre as leis da matemática no universo, mas
como pessoas de diferentes classes sociais deveriam se relacionar unas com as
outras; a fábricas o comércio em geral deveriam trabalhar, e como tudo isso
deveria se relacionar com o governo.
 
No iluminismo toda a tradição começou a ser questionada, criticada à luz da razão
para determinar se uma tradição era válida ou não.
 
O iluminismo se proponha a construir um mundo melhor, para tanto essas
colocações de Kant e as ideias do filósofo francês Voltaire (1697-1778), cujo nome
verdadeiro era: François-Marie Arouet. Uma de suas principais obras é: Cândido,
que Voltaire escreveu com o pseudônimo de "Monsieur le docteur Ralph",
literalmente, "Senhor Doutor Ralph".
 
A obra de Voltaire, Cândido desfrutou de grande sucesso e causou grande
escândalo. Imediatamente após a sua publicação secreta, o livro foi amplamente
proibido por conter blasfêmia religiosa, sedição política e hostilidade intelectual
escondidos sob um fino véu de ingenuidade. 
 
No estudo da Teologia contemporânea, podemos ver as principais tendências e
movimentos teológicos e discursos ao longo do século XX, com destaque para a
segunda metade do século e anos recentes. Podemos ver os fundamentos teológicos
e ideias que caracterizaram mudanças significativas nas perspectivas teológicas,
inclusive no método e no contexto.
 
O discurso teológico pós-moderno, como as teologias da libertação, aponta as
maneiras pelas quais a teologia tradicional tem sofrido críticas crescentes, pois
alienada dos problemas sociais e humanos, tais como o colonialismo ocidental e a
opressão do capitalismo no mundo contemporâneo.
 
A teologia contemporânea é um convite à reflexão crítica sobre o mundo pós-
moderno e o pós-colonial, os estudos, as teologias feministas, teologias da
libertação, bem como compromissos com a relação entre teologia e Império.
Relacionado a teologia contemporânea temos os temas da tecnologia, secularização
na igreja e na sociedade e o contexto sociopolítico no qual a Igreja existe hoje e de
onde ela, a Igreja, se evadiu como agente profético, interpelador, crítico.
 
A teologia contemporânea busca a compreensão e resposta para os principais
desafios para a existência de uma sociedade justa, humana, cristã desde o final do
século XX e início do século XXI, e assim apresenta uma teologia que não ignora
as questões teológicas e éticas relacionadas as questões de raça, gênero, classe,
sexualidade e etnia.
 
A teologia contemporânea discuti o problema e desafio de uma linguagem bíblica
inclusiva, que vença os problemas de gênero e pronomes masculinos usados para
Deus e vença também a figura da mulher na Biblia como alguém inferior ao
homem. Tudo isso com o proposito de construir um mundo melhor.
 
Os teólogos da teologia contemporânea querem fazer isso construindo uma
teologia engajada com os todos os problemas sociais e políticos em geral.
 
Alguns textos bíblicos que revelam um Deus preocupado com a construção de um
mundo melhor e que age:
 
1. O Livro do Êxodo – A história da libertação de um povo escravo.
2. Amós 4:12
3. Miqueias 6:8
4. Mateus 25:31-46
5. Lucas 10:25-37
6. Carta do Apóstolo Paulo a Filemom
Apêndice I
O Sentimento da dependência absoluta de Deus
O sentimento da dependência absoluta se encontra baseado na teologia da graça,
esse sentimento surge por causa do caráter de Deus e não necessariamente por
causa de uma iniciativa do ser humano, ou mérito do ser humano.
A fé do ser humano tem suas raízes na graça de Deus revelada na pessoa de Seu
Filho, o Senhor Jesus Cristo. Deus, o Pai de Jesus, é amor. Jesus é o nosso
redentor.
Esse sentimento da dependência absoluta tem a ver, também, com a sensibilidade
do ser humano que o conduz pelos caminhos do entendimento, da reflexão
cognitiva, da volição em direção a Deus, nos níveis mais profundos.
A busca do conhecimento de Deus ao longo da história e, de uma maneira mais
específica, como ele se encontra revelado em nosso mundo hoje, implica na busca
da comunhão com ele, da unidade com o infinito no meio do finito, isto tem
relação direta com o sentimento da dependência absoluta e total de Deus.
Entender Deus ou conhece-lo não é algo produto de uma reflexão abstrata, teórica,
no vácuo, não é isso o que a Bíblia ensina. O que Deus é, vê, fala e faz, tem a ver
com o passado, o presente e o futuro, em uma realidade concreta, histórica. E, ele
vem ao nosso encontro sempre cheio de graça e verdade.
O conhecimento de Deus tem a ver com o nosso encontro com ele na história
pessoal, coletiva, global. Trata-se de uma experiência concreta e não apenas
especulativa, algo que abarca o nosso sentimento mais profundo de ser, de
autoconsciência.
Deus nunca se revelou ou falou ou agiu em vácuo, em um vazio, mas na história,
em um mundo concreto. Deus se fez carne. Podemos conhecer Deus através de seu
agir na história, não apenas na história do passado, mas do presente e no futuro já
anunciados nas Escrituras.
Há religiões animalísticas e há, também, as politeístas, e as monoteístas, mas o
Cristianismo é a expressão mais singular do monoteísmo, pois apresenta o Deus
triuno, três em um. A nossa relação com esse Deus trino caracteriza-se pela
comunhão, a experiência, e não pela aderência as regras, doutrinas, dogmas, ritos.
O sentimento de dependência absoluta de Deus é o que existe de mais essencial no
ensino das Escrituras.
Anexo II
O LIBERALISMO E A TEOLOGIA CONTEMPORÂNEA
O liberalismo foi um desenvolvimento da teologia alemã que surgiu como um
protesto contra os ortodoxos e suas visões da Bíblia. Surgiu na América do Norte
no final do século XIX e tornou-se virtualmente sinônimo de evangelho social.
Tinha quatro bases: (1) Filosoficamente, era fundamentado em alguma forma de
idealismo filosófico alemão. (2) Colocou confiança sem reservas na nova crítica dos
estudos da Bíblia, que continham uma negação das doutrinas históricas de
revelação e inspiração. (3) Acreditava-se que o desenvolvimento da ciência da
época era muito antiquado nas Escrituras. (4) Foi enraizado na nova
aprendizagem, e neste sentido é modernista (preferência pelo novo sobre o
tradicional) e liberal (o direito de crítica livre de todas as reivindicações
teológicas).
A Teologia Contemporânea, com base no liberalismos, alterou o cristianismo para
se adequar à sua filosofia e reinterpretou todas as principais doutrinas. A doutrina
tradicional da trindade foi rejeitada e substituída por algum tipo de trindade
funcional; a transcendência e a ira de Deus foram substituídas por doutrinas
enfatizadas demais da imanência e do amor divinos; o Reino de Deus foi
considerado não como mais baseado na morte e ressurreição de Cristo, mas sobre
a qualidade espiritual e ética da vida de Jesus; a salvação não foi mais vista como
liberdade da ira e do pecado, mas da sensualidade ou de uma atitude materialista
ou egoísta ética; a divisão dos salvos ou perdidos foi negada, e todos os homens
foram considerados como possuidores do mesmo potencialidade religiosa, todos os
homens formavam a chamada "irmandade dos homens,  cujo corolário era a
"Paternidade de Deus"; o propósito da igreja era trazer todos os homens sob a
ética cristã em todos os aspectos de suas vidas, e pregou o chamado evangelho
social.
As tentativas da Teologia Contemporânea para explicar e aplicar a Bíblia á vida
do homem contemporâneo, em meio as guerras do século XX (e XXI) e a enorme
crise epidêmica de depressão que tem alcançados a todos independete de idade,
sexo, posição social ou nacionalidae, fizeram com que os homens se voltassem
para  o liberalismo e em o existencialismo 
EXISTENCIALISMO E A TEOLOGIA CONTEMPORÂNEA
O existencialismo começou com Kierkegaard, um teólogo dinamarquês (1813-55).
Este termo é vago e quase indefinível, pois tem muitas e complexas possibilidades
de compreensão, devido em parte as filosóficas interpretações de seus diversos
adeptos.
A definição mais ampla do existencialismo é que ele seja uma reação realista
contra o otimismo superficial e o racionalismo fácil dos liberais do século XIX. No
entanto, é ingenuamente realista e, portanto, historicista, e na medida em que
segue a metodologia histórica, pode-se dizer que é fundamentalmente liberal.
O existencialismo segue a tradição que diz que a existência é anterior a essência, e
de fato toda a realidade está na experiência histórica, e que as essências são apenas
nomes abstratos. Não há existência real além da história, seja em um sentido ideal
ou místico acima da história, ou em um sentido escatológico no final da história.
Observe como a teologia existencial afeta as doutrinas de Cristologia, a
Ressurreição, Igreja e a Palavra de Deus. O Jesus histórico é o Cristo, mas não no
sentido tradicional como o Senhor pessoal cujo corpo foi levantado da tumba. Em
vez disso, Jesus é a ocasião para o encontro entre a cruz e o pecador que toma a
decisão final. Além deste encontro, não há mais significado para Jesus do que
qualquer outro mártir na história. Não é o Jesus da história que preocupa o
teólogo existencialista, mas a revelação que encontramos no momento da decisão.
A ressurreição é redefinida para significar não uma vida futura em um corpo
incorruptível em um novo céu ou era eterna, mas uma vida regenerada aqui e
agora livre da frustração da morte. Embora a morte seja inevitável, não a
tememos porque a aceitamos. Em outras palavras, a redenção é não uma vitória
futura, mas um ajuste presente. O conceito de igreja é radicalmente mudado por
causa de sua interioridade de subjetividade. Deus está sempre sujeito; sempre Tu,
nunca Ele. Deus, o Senhor,  só pode ser movido em resposta ao seu chamado, que
vem interiormente. Deus sempre me trata como sujeito também, e nunca como
objeto. Assim, a relação entre Deus e o homem só acontece por uma experiência
emocional a ser realizada por um sentimento genuíno.
O relacionamento com Deus e com Sua Palavra é decisão. Mas nenhum homem
pode tomar essa decisão por outro. Para a maioria dos existencialistas, a igreja
como uma estrutura visível apenas atrapalha a conversa decisiva entre o Eu e o Tu
(Ele/Deus – sobre este tema veja a obra de Martin Buber – Eu e tu – Editora
Cortez & Moraes Ltda 170p). Parece não haver lugar para a igreja, como corpo
de Cristo,  pois ela se transformou em um estorvo semelhante a religião e seus
líderes no tempo de Jesus.
A mesma observação pode ser feita em relação à Palavra Viva e às Escrituras. O
existencialista considera a Palavra escrita um obstáculo incômodo no caminho de
uma decisão decisiva. Como resultado, a Palavra Viva é separada da Palavra
Escrita, e ficamos sem uma regra ou norma de autoridade. Assim, os
existencialistas separam o que chamam de Cristo, de Jesus, bem como de igreja,
das Escrituras e das ordenanças ou sacramentos.
O existencialismo aparece em várias formas, conforme proposto por seus adeptos
individuais. No entanto há muitos homens associados a esta filosofia, e cada um
acrescentou sua própria virada paradoxal àquilo que foi originalmente
estabelecido por Kierkegaard, duas formas principais de pensamento existencial
são atualmente fluindo na corrente teológica. A primeira é a neo-ortodoxia, que
teve seus primórdios com Karl Barth quando escreveu uma exposição de Romanos
em 1919. O outro é o bultmanismo, que recebeu o nome de Rudolph Bultmann,
professor da Universidade de Marburg, na Alemanha. Das duas teorias do
existencialismo, a de Barth é a mais conservadora. A linha básica de clivagem
entre os dois decorre de suas visões divergentes sobre a Bíblia. Embora o
existencialismo fosse em geral colocou a Bíblia na periferia do círculo da
revelação, e a experiência do homem em si mesmo em relação ao Cristo como o
núcleo, Barth seguiria um entendimento mais bíblico do que seria Bultmann. A
atitude de Bultmann é que a história do evangelho, em seu cenário bíblico, é
incrível para o homem moderno, pois os evangelhos têm um caráter mitológico.
Ele deseja desmitologizar o Novo Testamento.
A opinião que prevalece hoje é que a filosofia de Bultmann assumirá o controle
teológico pensamento nos próximos anos, e a Neo-ortodoxia de Barth entrará em
declínio. Tem sido dito que a Alemanha hoje é quase tão bultmaniana quanto era
barthiana uma geração atrás, e liberal meio século atrás. Vamos examinar
brevemente o existencialismo de Barth e Bultmann.
Bibliografia
BARTH, K. Teologia do Novo Testamento. Editora teológica - 924pg
BARTH, K. Dádiva e louvor – artigos selecionados. Trad. Walter O. Schlupp, Luís
Marcos
Sander e Walter Altmann. 2. ed. São Leopoldo: Sinodal / IEPG, 1996.
_________. Fé em busca de compreensão. São Paulo: Novo Século, 2000.
BROWN, C. Filosofia e fé cristã – um esboço histórico desde a idade média até o
presente. Trad. Gordon Chown. São Paulo: Vida Nova, 1983.
BULTMANN, Rudolf - Teologia do Novo Testamento. Editora Academia Cristã.
925p. 2009.
BUBER, Martin - Eu e Tu - Editora Cortez & Moraes. 1977. 170p.
CONN, H.M. Teologia contemporânea em el mundo. Trad. José Maria Blanch.
Michigan: T.E.L.L., s.d.
Friedrich Schleiermacher – Christian Faith. Louisville: Westminster John Knox
Press, 1160p. 2016.
GUNDRY, S. Teologia contemporânea. São Paulo: Mundo Cristão, 1983.
MONDIM, B. Os grandes teólogos do século vinte  -  os teólogos católicos. Trad.
José Fernandes. 3. ed. São Paulo: Paulinas, 1979. 2 v.
MORENTE, M. G. Fundamentos de Filosofia Trad. Guilhermino de la Cruz
Coronado. Ed. Mestre Jou ‘ São Paulo. 1970.
SCIACCA, M. F. Historia da Filosofia. 3 volumes ‘ Trad. Luis Washington Vita.
Ed. Mestre Jou Sao Paulo. 1968
Paul Tillich – Teologia Sistemática. Editora Sinodal. 868p. 2005.

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