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DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
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TRABALHOS DO AUCTOR
A Constituição riograndense.
Riogrande do Sul. Descripeão physica, histórica e econômica.
Pátria ! Livro da mocidade destinado a s~>us jovens patrícios do
Brazil, especialmente do Riogrande do Sul.
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A ENTRAR PARA O PRELO :
EM PREPARO :
Pt»
ALFREDO VARELA
LENTE DA FACULDADE LIVRE DE DIREITO
DIREITO CONSTITUCIONAL
BRAZILEIRO
REFORMA DAS INSTITUIÇÕES NACIONAES
SEGUNDA EDIÇÃO
RIO DE JANEIRO
LIVRARIA H. GARNIER
71, Rua do Ouvidor, 71
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Dedico este livro á memória de minha avó, D. Maria Perpetua
Dutra Varela, senhora de peregrina formosura moral, a cujo santo
influxo devo o amor á ordem, que me guiou ao escrevel-o.
Possa elle, de par com o justo zelo de uma sã liberdade, infundir
idéas mais conservadoras em nossa revolta sociedade brazileira, —
como a firme adhesãõ da nobre velhinha á monarchia sob que se
educara, cooperou para corrigir meus sentimentos republicanos,
expurgando-os de todo vão revolucionarismo.
Rio-de-Janeiro, 1898.
PREFACIO
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XII PREFACIO
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XIV FPRE ACIO
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XVI PREFACIO
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XVIII PREFACIO
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XX PREFACIO
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XX.I PREFACIO
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XXIV PREFACIO
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XXVI II PREFACIO
Setembro 1901.
J. IZIDORO MARTINS JUNIOR.
DISCURSO PREAMBULAR
grandes são para o Estado um fraco baluarte: o fraco obtém seu êxito com
ajuda do forte, e o grande precisa de ser sustentado pelos pequenos. » —
Theatro, coro de Ajaas.
4
Isto é, quando essa vontade seja contraria ao bem social.
* Bonald, Théorie du pouvoir, vol. I. pag. 173.
3
Extranho é que escriptores democratas de nosso tempo se mostrem tão
alheios aos princípios que regulam a materia, admittindo o arbítrio popular
em assumpto de fôrma e origem de governos, quando já no século ultimo
pensador existia que se pronunciava desta maneira : « As necessidades
obrigam os homens a viver em sociedade. A vida social os põe em situação
de satisfazel-as melhor : em favor dessas vantagens, cada um é forçado a
sacrificar ao bem-estar e ao mantenimento do todo, o exercicio illimitado
de sua vontade, de suas forças ou faculdades : em uma palavra, sua indc-
pedencia. Renuncia por seu próprio bem ao direito de seguir em tudo os
impulsos dos próprios desejos: seu interesse o leva a deixar-se guiar pelas
vontades do corpo de que é membro ; sem isto a sociedade não tardaria a
destruir-se pelo choque continuo de todas as vontadas particulares.
Cumpre, pois, que cada indivíduo seja contido por uma força geral.
Cumpre que submetta sua vontade pessoal ã da sociedade : os benefícios
que esta lhe proporciona, dão-lhe o direito incontestável de conter ou dirigir
as paixões dos que fazem parte do grêmio, de prescrever limites á liberdade de
cada um, e de os forçar a contribuírem para a segurança e bem-estar de
seus semelhantes. Mas, como pode a sociedade exprimir sua vontade ?
Esta vontade se não pode tornar sensível senão estabelecendo uma auclori-
dade que tenha o direito de commandar a todos e de os obrigar a exe-
cutar suas ordens. Aquelleou aquelles que são depositários desta auetoridade
representam, pois, a sociedade inteira ; qualquer que seja a fôrma de seu
governo, é delia mesma que o soberano houve sempre o direito de commandar
DISCURSO PREAMBULAR 9
0 que esta pode fazer é influir sobre elle de sorte que sua
acção se modifique e se conforme com as aspirações geraes
da sociedade.
Assim como fora absurdo sujeitar o povo em absoluto á
soberania do governo, absurdo também subalternisar este,
erguendo o indivíduo á condição de soberano.
Admira que neste século de sciencia, em o qual não é licito
ignorar que todos os phenomenos se acham submettidos á leis
naturaes immutaveis, haja ainda quem fale em soberania
real ou popular... SOBERANA É TÃO SOMENTE ESSA INTANGÍVEL
SUPREMA ORDEM UNIVERSAL, cujo arranjo não nos é dado
alterar1.
Incapaz de mudal-a o Monarcha mais absoluto, o povo mais
voluntarioso do Universo. Exemplifiquemos.
— As leis históricas que dirigem o movimento da civili-
sação occidental, preparam o surto, em nossos dias, de um
governo pacifico, baseado na industria. Bonaparte, com um
poder immenso, imagina pôr-se em antagonismo com seu
tempo, resuscitando o despotismo militar, e vê cair sua obra,
como se fora, « um edifício de neve sobre um solo ardente!2 »
a seus membros : em uma palavra, não c senão com seu consentimento que
se pode tornar seu orgam.— » D'Holbach, Politique naturelle, discour III, g 2o.
Já mesmo em pleno século 17° um espirito illuminado proclamara :
« Cumpre reconhecer que o asar não conduz os acontecimentos, mas que
o caracter dos homens regula muitas vezes sua fortuna, e que a duração
de sua prosperidade é a de sua virtude. (Freinshemius, Supplementos a
Quinto Curcio, livro 1, capitulo I). » Grande verdade que a valente intelli-
gencia de De Maistre ousara sustentar ao tempo que a França inteira, con-
vencida de que era senhora de seus destinos, julgava podia caprichosamente
fazer c refazer governos: «Rien ne marche au hasard; le monde politique
est aussi réglé que le monde plrysique ; mais comme la liberté y joue un
certain rôle, nous finissons par croire qu'elle y fait tout. » — Carta citada
por Pompery no prefacio das Soire'es de S. Pétersbourg.
1
Calderon nos sublimes versos de« La vida es sueho, » bem mostra recon-
hecer — na época do apogeu do absolutismo monarchico — a relatividade
do poder que possuem os potentados de qualquer espécie :
Sueha ei Rey que es Rey, y vive
Con este engano mandando,
Disponiendo y gobernando. {Teatro, vol. I, pag. 92).
* Bonald, Théorie du pouvoir, vol. I, pag. 316.
10 DISCURSO PREAMBULAR
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16 DISCURSO PREAMRULAR
1 Devotamento dos fortes pelos fracos e veneração dos fracos pelos fortes,
definiu o philosopho republicano, formula esta já pressentida por Plutar-
cho, ao explicar o nome dado aos senadores romanos. « Parece mais fun-
dadamente, diz. que Romulo lhes deu esse nome, porque pretendia, como e'
j usto, que os mais rico^ e mais poderosos tivessem um paternal desvelo
pelos pobres e pequenos ; e que os pequenos, bem longe de temer os grandes
e de amoíinar-be com as suas honras e preeminencias, os acatassem e
recorressem a elles com toda a sorte de doçura, de amisade e confiança,
DISCURSO PREAMBULAR 19
tanto da auctoridade, como do povo, limite a esphera de acti~
vidade política de cada um, para que o abuso se torne impôs»
sivel1.
Acertava, portanto, Cicero quando se pronunciou por um
governo mixto;2 o que não soube definir em sua Repu-
blica foram as condições que tornam possivel esse governo.
E' o objecto do presente livro. Estudando a Constituição
entre nós em vigor, faremos resaltar quaes são ellas e como
foram respeitadas pelos organisadores da Republica.
dando-lhes o nome de pais e tendo-os verdadeiramente nessa conta. » Vidas
dos homens illustres, vol. I, pag. 229.
Esta' ahi toda a solução da difficaldade.
Vide no appendice a nota B .
1 Ingram define o problema po lesta fôrma : « A consideração dos inte-
resses, como perfeitamente disse Georges Elliot, deve ceder a primazia á
das funcçoes. A velha doutrina do direito, que era a base do systema da
liberdade natural, prestou seu serviço temporário ; deve subsliluil-a uma
doutrina de dever, que fixe dentro de limites positivos a natureza da
cooperação social de cada classe e de cada membro da communidade, e as
regras que regulamentem seu exercício justo e benéfico. » — Histoire de
l'économie politique, pag. 347.
2 « Por todas as razões, julgo a realeza muito preferível ao governo
dos grandes ou ao do povo ; mas, a realeza mesmo cede a prima/.ia em meu
espirito a uma constituição que reuna o que as outras tem de melhor, e que
allie em uma justa medida as vantagens daquelles três systemas. Desejaria
que o estado tivesse a magestade de um Rei ; que nello influíssem os grandes,
e que certas cousas ficassem reservadas ao julgamento e vontade do povo.
Esta fôrma de governo tem, primeiro, a vantagem de garantir uma grande
equidade, beneficio de que um povo livre não pode ser privado por muito
tempo : ella, em segundo lugar, gosa de condições de estabilidade, emquanto
que as outras estão prestes sempre a alterar-se, a realeza inclinando-se
para a tyrannia, o poder dos grandes para a olygarchia facciosa, e o do povo
para a anarcliia, » — Da Republica, liv. I. c a p . 45.
« As leis (segundo um outro antigo, Hippodamo) serão estáveis, se o
Estado for de uma natureza mixta e composta de todas as outras consti-
tuições políticas, bem entendido, áaquellas que são conformes a' ordem
natural. » — João Francisco Lisboa, Obras, vol. I. pag. 458.
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LIVRO I
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LIVRO I
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Da organisação federal
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LIVRO II
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dade do meio paulista. A lei, todavia, deve ser por certo refor-
mada só quando não corresponda mais ao estado das relações
que tem de regular. Xotemos que seria oportuno fazel-o em
S. Paulo, mas que naquelles Estados perturbava, sem van-
tagem nenhuma, hábitos adquiridos, que cumpre manter
estáveis quanto possível.
— As operações que têm por base o empréstimo hypo-
thecario, num grande centro como o Rio-de-janeiro, em o
qual os contractadores são pouco ou nada conhecidos uns
dos outros, convém que sejam rodeadas de mais completas
formalidades do que em praças como, por exemplo, Floria-
nópolis ou Curityba. 0 que lá, porém, salvaguarda os inte-
resses das partes, aqui pode ser um embaraço inutil, uma
despeza supérflua.
— A liberdade de testar desde muito é urgente no Rio-
grande do Sul, trazendo-lhe entre outras vantagens a de
diminuir talvez a extrema divisão dos prédios rústicos, ao
passo que em S. Paulo agora apenas é que seria opportuna,
pois antes o regimem vigente prestou o bom serviço de faci-
litar o fragmentamento de descommunaes latifúndios.
— A pena é não somente um recurso de defeza da socie-
dade, é também um processo de melhoramento moral, pelo
temor que inspira. Em paiz em que o furto do gado é raro,
como no Amasonas, não ha conveniência de que a pena seja
de extrema severidade, necessária, aliaz, no Riogrande e
Pernambuco, onde é esse delicto o mais commum.
— 0 contrabando entrou nos costumes do penúltimo Es-
tado e nelle precisa ser perseguido sem piedade, atten-
dendo-se sobretudo ao facto de florescerem nessa região as
qualidades de caracter indispensáveis a uma industria tão
aventurosa. Tal rigor seria excessivo em Goyaz.
— 0 pernambucano é rixento, brigador; o mineiro, sereno,
pacifico. A rebellião daquelle punir-se-á com a indulgência
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54 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIKO
Examinemos o primeiro.
A lei, antes de o ser, foi preceito religioso. Aceito, prati-
cado regularmente, entra a formar costumes e hábitos, que
o legislador com o tempo define precisamente, crystalisa em
fôrmas perfeitamente determinadas : sua intervenção não
passa disto.
Se a lei é expressão dos costumes, ella será igual só onde '
os costumes forem iguaes.
Isto se dá no Brazil? — Não. Já o mostramos com abun-
dância de exemplos no Discurso preambular.x
Quid proficiunt leges, sine moribus? perguntava com rasão
o romano. E lei que não corresponde aos costumes, nunca é
observada, importando isso no descrédito das proprias leis.
Ha uma outra ordem de considerações que põe em evi-
dencia as vantagens da pluralidade legislativa.
1
« A unidade de legislação resulta da unidade de opiniões e de costumes.
Portanto, emquanto as opiniões e os costumes forem mais ou menos os mes-
mos em todos os Estados, a legislação será mais ou menos uniforme. E,
quando as opiniões mudarem, e com ellas os costumes, a pretenção de im-
por uma legislação uniforme só pode acarretar um dos dois resultados
seguintes :
Ou os Estados mais fortes imporão suas opiniões atrazadas ou anarchicas
e seus costumes aos mais fracos, apesar destes terem progredido mais, o
que impediria que os últimos reajam moral e intellectualmente sobre os
primeiros : ou os Estados mais fortes imporão pela violência os progressos
que houverem realisado, quando só deviam influir moral e intellectualmente
sobre os mais fracos.
Já tivemos um exemplo disso na desastrada, absurda e chimerica lei de
grande naturalisação, hoje desfeita aos pedaços, e que foi imposta ao Brazil
porque o Estado de S. Paulo a queria para si. — Pelo mesmo motivo, esta-
mos ameaçados de ver o divorcio erigido em lei, quando algum dos Estados
fortes mais favorecidos pela immigração protestante, julgar que tal medida
é necessária a seu progresso material.
Entretanto, uma sufficiente liberdade daria como resultado circumscrever
taes aberrações nos limites de alguns Estados.
A conseqüência em qualquer das hypotheses acima figuradas será desen-
volver os sentimentos de completa autonomia e as rivalidades quepodem tra-
zor justamente a ruptura do laço federal. Assim, a preoccupação empírica
de manter a unidade brazileira, violando as leis naturaes da organisação
humana, só poderá acarretar a quebra da mesma unidade. E' o caso da velha
sentença : por causa du rida perder todas as rasões de eicer. » — An-
naes do Congresso constituinte, vol. I, emendas do-> Srs. Miguel Lemos e
Teixeira Mendes.
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LIVRO III
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PROJECTO DE LEI — V
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PROJECTO DE LEI — B
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PROJECTO DE LEI — D
PROJECTO DE LEI — E
PROJECTO DE LEI — F
PROJECTO DE LEI — G
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Intervém elle nessa grande operação por meio do voto das
orçamentos, tomada de contas, e accusação dos responsá-
veis infiéis. Sobre isto providenciam o actual projecto A, e os
projectos que enumeramos com as lettras B, C, D, E, F, G, e
uma indicação das reformas decorrentes, no Regimento da
Câmara. Notae bem que todas as modificações tendem para
o mesmo alvo, completam-se mutuamente, formando um sys-
tema cujas varias partes não é licito separar.
Quanto aos orçamentos, a mudança é radical.
No projecto de lei A, o orçamento da receita, em vez de ser
annuo, é organisado para um triennio. Fáceis de mostrar as
vantagens da idéa.
A continua alteração do regimen tributário acarreta os
mais sérios prejuízos á economia da communidade. Não ha
calculo possível para firmar-se o computo da receita e des-
peza das famílias, dos indivíduos, em geral ; não ha nenhum
sobre que se possa regular o curso dos negócios, nenhum
que sirva de base para as varias combinações mercantis.
Ter-se-á mais claro conhecimento da gravidade do defeito,
considerando-se que a immensa maioria da nacionalidade se
compõe de contribuintes para quem um qualquer augmento
de imposto representa a mais profunda perturbação no orça-
mento de cada casa.
Sabendo por largo praso o que tem ao certo de pagar anno
a anno, a vida dos particulares procura accommodar-se ás
circumstancias e distribuir os haveres, de fôrma que a parte
destinada ao Estado, se se faz no começo com real sacrifício,
acaba por ser uma restricção que o habito torna insensível ;
agora o que lhes é insuportável é verem-se seguidamente
ameaçados de um accrescimo de despeza que não sabem de
ante-mão qual seja, para terem meças na economia.
No que respeita aos impostos percebidos, de conformidade
com as tarifas aduaneiras, sobe de ponto a importância do
successo : sua estabilidade é de cardealissima influencia nas
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00 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
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E o peor é que esta immoralidade tem sua fonte nas proprias entranhas
do systema. »
Corrompido o pinta o grande Hume, de inutil o taxa Faguet, que aliaz
é parlamentarista : c Ce qui frappe tout d'abord et dont tous les yeux sont
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LIVRO V
Do systema eleitoral
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LIVRO V
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LIVRO VI
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Para tornal-as mais adequadas ao uso que délias se queria fazer, o melhor
meio que se achou foi declaral-as todas electivas e encurtar o mais possível
o praso dos mandatos. Era o modo de mettel-as mais completamente no
jogo da política e renovar a todo o momento as disponibilidades, restaurar
o fundo de estipendio no orçamento eleitoral de cada partido. » — Boutmy,
Estudos de direito constitucional, pag. 219.
1
« Quando as instituições permittam o abuso, diz Bernai, as ambições
abusarão sempre ; quando não o permittam, não abusarão nunca. »
1
Sobre a auctoridade délies attribue Tito Livio estas palavras a Teren-
tillus Arsa : « O nome só (dos cônsules) é menos odioso (do que o dos reis',
mas, realmente, nós temos dois, revestidos de um poder absoluto, illimita-
do. » — Historia de Roma, liv. Ill, § IX.
« A magistratura suprema, que os eduos chamam Vergobr.et, é um cargo
annual, » diz Cesar, a mas dá o direito de vida e de morte. >> — Obra
completas, Guerra das Gallias, liv. I, § XVI.
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Estado. Quando entra a exercer suas funeções, vae formado, leva comsigo
a aureola da popularidade, e uma consummada pratica. Apoderei-me desta
idea e a estabeleci como lei.
O Presidente da Republica nomeia o Vice-presidente, para que administre
o Estado e o succéda no mando. Com esta providencia evitam-se as eleições,
que produzem o grande flagello das republicas, a anarchia, a qual é... o
perigo mais terrivel dos governos pooulan s
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196 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
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11)8 DIREITO CONSTITUCIONAL BKAZILEIRO
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LIVRO VJI
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204 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
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200 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
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210 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
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212 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
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Quadro da marcha da funcção legislativa
NO SYSTEMA NO SYSTEMA NO SYSTEMA NO SYSTEMA
PROPOSTO BRAZILEIRO DO IMPBRIO INGLEZ
A iniciativa da proposição
E' livre : compete ao E'inonopolisadapclo Con- E' monopolisada pelo po- Idem.
chefe do Estado, como a gresso. der executivo c Parlamento.
qualquer cidadão.
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A publicação
Compete ao chefe do Es- Idem. 1 Idem. Idem.
tado.
A discussão
E' livre : compete á na- E' monopolisada pelo Con- E' monopolisada pelo po- Idem.
ção inteira. gresso. der executivo e Parlamento.
1 Ou o mondas.
2 No systema brazileiro actual, o chefe do Estado, de fado, propõe alterações aos projcclos de lei, quando fundamenta seus vetos.
Depois da primeira ediçfio desta obra, igualmente os particulares podem propor emendas, em se tratando dos códigos de leis da
Republica braziloira, conforme se vê da pagina 210.
! Neste systema, como no inglcz, o ministério podo apresentar «Iterações aos projcclos, no decurso da discussão parlamentar,
como o chefe do Estado também as propõe, ao fundamentar os vetos.
4 A approvação e sancção reduzem-se a uma só operação, no systema riograndonse, que imitamos; a approvação ou sancção ò
tácita, e sua negação compete aos conselhos municipaes, corporações verdadeiramente populares.
5 Neste systema, como se disse, o veto suspensivo é praticado em relação ás emendas apresentadas pelo povo em geral : não
concordando com ellas, o chefe de Estado mantém o projecto primitivo. Neste caso, se o povo nao recusar sancção ã lei, o veto das
emendas é approvado; no caso contrario, c preciso recomeçar o trabalho legislativo, com um novo projecto.
6 No systema riograndonse, o veto absoluto é opposto pelos conselhos municipaes.
216 DIREITO CONSTITUCIONAL BEAZILEIRO
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220 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
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226 DIEEITO CONSTITUCIONAL BEAZILEIEO
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228 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
Dos Juizes
LIVRO VIII
:
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238 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
1
Marehionni, obra citada, pag. 21.
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LIVRO IX
Da cidadania
LIVRO IX
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252 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
Da l i b e r d a d e
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LIVRO X
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200 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
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27U DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
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272 • DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
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274 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
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278 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
seguir sem ter visto um doente, sem ter feito por si mesmo
nenhuma observação sobre o homem vivo, sem ter o menor
conhecimento tcchnico nem das enfermidades, nem da arte
de as curar? Que grande mal haveria pois em deixar de ser
obrigatória a apresentação de diplomas?
Tudo me leva a pensar que haveria, ao contrario, grande
proveito em que se não ligasse a elles nenhum privilegio
legal, nenhum valor official. Quanto menos possível fosse o
ser medico pela simples obtenção do diploma, tanto mais
obrigados se julgariam todos a procurar sel-o pelos conhe-
cimentos próprios. 0 aspirante a esta profissão não sendo
mais admittido a justificar sua capacidade por via de titulos,
ver-se-ia obrigado de certo a procurar justifical-a por outra
maneira. Não desdenharia elle os diplomas, sem duvida. È'
ao contrario muito provável que os procuraria, tanto mais
quanto tendo deixado de ser obrigatórios, e podendo ser
mais facilmente recusados, ganhariam maior fama e adqui-
ririam um valor mais considerável ; como, porém, por si sós
não constituiriam um titulo, veríamos fazer maiores esforços
para dar-lhe por completo esta significação. Fora preciso
trabalhar seriamente para ser capaz, e em seguida mostrar
por suas obras que se o é realmente. Como todas as outras
classes de artistas, o joven medico esmerar-se-ia, sobretudo,
em offerecer como fiança da capacidade que tivesse, sua pra-
tica, seus casos de êxito, seu renome, e isto valeria bem a
segurança que pode offerecer o diploma.
O verdadeiro effeito dos diplomas e certificados officiaes
é permittir áquelles que os trazem, que commettam impune-
mente erros que, em um systema de liberdade e responsa-
bilidade, poderiam ter muito mais serias conseqüências,
pondo-se, portanto, maior cuidado em não commettel-os. No
systema estabelecido, pode um homem tornar-se culpado
clinicando sem titulo, logo que tenha o descuido de não se
conformar com algum regulamento ; mas, observando o que
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318 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
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320 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
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324 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
penas que consigna o titulo III, artigo 156.°, são, pois, alem
de inconstitucionaes, exorbitantes dos poderes naturaes do
Estado.
Tanto é verdade que a exigência de habilitações legaes
nada tem com a saúde dos cidadãos e delia se cuida como
cousa á parte, é que o código impõe penas para um e outro
caso, em separado : « Pelos abusos commettidos no exercício
illegal da medicina em geral, os seus auctores soffrerão,
alem das penas estabelecidas, as que forem impostas aos
crimes a que derem causa (artigo 156.°, § único). Se o Legis-
lador do código houvesse isto decretado com o puro zelo da
« saúde publica, » elle ter-se-ia limitado a comminar as penas
da ultima parte do paragrapho, pois de outras não precisa
para resguardal-a ; como, porém, quiz proteger o mono-
pólio, dando á cubiça o colorido do bem-publico, aproveitou
o ensejo para aggravar odiosas penas impostas aos que com-
mettam delictos contra as pessoas, no exercício da medicina.
Resulta de tal instituto jurídico o seguinte absurdo : que o
simples assassino, o que calmamente concebe o crime e o
réalisa, é passível de uma só pena ; o cidadão que, por inex-
periência, engano ou ignorância, — na humanitária pratica
de curar — mata ou lesa a outrem, é passível de dupla pena :
a lei o considera mais criminoso do que aquelle scelerado!
A que deploráveis contrasensos conduz os homens o triste
desejo de assegurar un mal entendido interesse!...
Não! a saúde publica não exige uma excepcional garantia
contra os curandeiros : sim, contra todos os que lhe tragam
prejuisos, qual se define em outros artigos do Código. Isto
lhe basta.*
4
Demais, a repressão da chamada pratica illegal da medecina é irreali-
savel. Como responsabilisar o chefe de familia que, no recesso do lar, admi-
nistra drogas aos doentes de sua familia ? — Impossível ! Ora, se este se
livra das penas da lei, é justo punir a outros, porque commcttem o mesmo
delicto ás claras, quando « a lei, segundo a Constituição, é igual para todos,
quer proteja, quer castigue ?» — Não é do mesmo modo impraticável, se o
s*
326 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
£
330 DIREITO CONSTITUCIONAL BEAZILEIRO
v':
332 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
V1
334 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
#
336 DIEEITO CONSTITUCIONAL BEAZILEIRO
~
338 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
#'
340 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
Liberdade de transito
O Estado não pode impor Idem. O Estado pode impor algu- Idem.
nenhuma restricção. I mas restricções.
1 Houve modificação no sentido liberal, depois de nossa primeira edição. Vide pagina 224.
* Apesar de haverem sido conservadas as inconstitucionaes restricções da antiga legislação portugueza.
LIVRO XI
x*
350 DIKEITO CONSTITUCIONAL BEAZILEIRO
•^
352 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
A clemência mata,
Se do perdão de um assassino trata ! 3
^
354 DIREITO CONSTITUCIONAL BEAZILEIRO
^
-..
APPENDICE
^
APPENDICE
Nota A
A' pagina 16 :
O conselheiro Sylvestre Pinheiro Ferreira, como verificamos em
leitura posterior á primeira edição desta obra, entrevia a distincção
feita á pagina 30. « Os povos, diz elle, resignam-se, conformam-se
ou folgam com as leis e regimen, que entre elles o encadeamento de
successos sempre locaes, sempre emanados de um ou poucos indiví-
duos, poz em execução. Assim os povos querem a continuação do
que por longa experiência sabem, que contribue para a sua felici-
dade... não querem o que por experiência sabem, que faz a sua des-
graça.
Mas os povos espalhados pela extensão de qualquer paiz o mais
limitado não falam entre si, não tratam, não deliberam : a maior e
maxima parte dos indivíduos de que elles se compõem, quando
fosse possível concorrerem, não tem os mesmos conhecimentos
nem a força de rasão precisa para deliberar, escolher ou querer o
que de futuro melhor puder clonvir ao seu bem commum. * E por-
tanto sempre que se disser, que — os povos querem certas e deter-
minadas innovações no seu modo de governo em existência — asse-
vera-se uma cousa falsa e absurda.* Sempre que se disser, que
elles desejam mudar de estado em geral, emtanto e' verdade em-
quanto se quer dizer com isso, que desejam em geral a reforma dos
males e abusos que são inhérentes a qualquer governo. Mas esta
verdade e' tão trivial e insignificante, que jamais pode ser neste sen-
tido, que se diz os povos querem. » — Cartas sobre a revolução do
Brazil ; a 18.\
Nota B
A' pagina 19, nota :
» Na essência de todas as associações humanas, em todas as épo-
cas e por toda a parte actuam dois princípios : um de ordem moral,
intimo, subjectivo ; outro de ordem material, visível, objectivo. E' o
primeiro o sentimento innato da dignidade e liberdade pessoal ; é
o segundo o facto constante e indestructivel da desigualdade entre
os homens. As revoluções interiores das sociedades, as suas luctas
externas, as mesmas mudanças lentas e pacificas da sua indole e
organisação constituem phases mais ou menos perceptíveis, do as-
cendente que toma um ou outro desses dois princípios em lucta per-
petua entre si. Cavando até o âmago de qualquer grande facto his-
tórico, lá vamos encontrar esse perpetuo combate. As conquistas,
o despotismo, as oligarchias, seja qual for o seu nome, são mani-
festações diversas do predomínio do mesmo principio de desigual-
dade, quer este se estribe na força bruta, quer na destreza e intelli-
gencia, quer na propriedade : as resistências, felizes ou infelizes,
das nacionalidades ou das democracias.
Emquanto não degeneram em exclusão e na tyrannia do maior
numero, são manifestações dos sentimentos da dignidade e liber-
dade humanas, do principio subjectivo ou de consciência.
Factos amb'os innegaveis e indestructiveis, a grande questão so-
cial é equüibral-os, 1 e não tentar o impossível, pretendendo annul-
lar um ou outro ; porque foi Deus quem estampou um na face da
terra, ao passo que escrevia o outro no coração do homem.
A inutilidade dos esforços deste século para assentar a sociedade
1
Os grypnos sü.o nossos.
DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIKO 361
em novas bases, a freqüência dos terríveis abalos- que agitam a
Europa tentando regenerar-se não procedem, porventura, senão
do exclusivo dos partidos que representam as duas ideas, da nega-
ção da legitimidade com que mutuamente se tratam. Sobranceiras
ao immenso campo de batalha onde se disputa o futuro, duas tyran-
nias esperam que se resolva a contenda para ver qual délias se
assentará no throno do Mundo.
A democracia absoluta, que desmente a lei natural das desigual-
dades humanas, ou a oligarchia oppressora e materialista que se ri
das aspirações do coração, que não crê na consciência das multi-
dões, que confunde o facto da superioridade com o direito de oppri-
mir as classes populares, cujos membros são para ellas simples
machinas de producção destinadas a proporcionar-lhe os commodos
e gosos da vida.
Seja, porém, qual for o desfecho do combate, a paz que resulta
do triumpho exclusivo de um dos princípios nunca será duradoura ;
por que esse triumpho importa a condemnação de uma lei eterna,
que não é licito offender impunemente : NUNCA A LIBERDADE E A PAZ
PODERÃO SUBSISTIR EMQUANTO CONCESSÕES MUTUAS NÃO TORNAREM
POSSÍVEL A COEXISTÊNCIA, A SIMULTANEIDADE DOS DOIS PRINCÍPIOS.
A historia dos successos políticos, que não é senão o resumo das
experiências do gênero humano, quer se refira á vida interna, quer
á vida externa das nações, cifra-se em descrever phenomenos mais
ou menos notáveis dessa lucta interminável. A' conquista emprc-
hendida ou realisada pelo mais forte corresponde a resistência ou a
reacção do mais fraco ; ao despotismo de um as conjurações de mui-
tos ; á oppressão oligarchica a revolução democrática.
Nenhum, porém, desses factos traz uma situação definitiva.
Na conclusão da peleja em que um dos princípios triumpha abso-
lutamente, começa a preparar-se a victoria do principio adverso.
Deste modo a historia encerra um protesto perenne da liberdade
contra a desigualdade, digamos assim, activa, e ao mesmo tempo
attesta-nos que todos os esforços para substituir por uma igualdade
absoluta têm sido inúteis e que esses esforços ou degeneram na
tyrannia popular, no abuso da desigualdade numérica, ou fortifi-
cam ainda mais o despotismo de um só, ou o predomínio tyrannico
das olygarchis da intelligencia, da audácia e da riqueza.
**
362 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
Allumiada pelo clarão do evangelho triumphante, a idade media,
época da fundação das modernas sociedades da Europa, offerece
no complexo das suas instituições e tendências o começo de solução
ao problema que o mundo antigo não soubera resolver.
Causas diversas prepararam, durante os séculos xiv e xv, o esta-
belecimento das monarchias absolutas, que impediram o desenvol-
vimento lógico daquellas instituições, na verdade barbaras e in-
completas, mas que, apesar da sua imperfeição e rudeza, continham
os elementos do equilíbrio entre a desigualdade e a liberdade.
Longe de negar ou condemnar com cólera infantil as differenças
de intelligencia, de força material e de riqueza entre os homens ou de
tentar inutilmente destruil-as, a democracia da idade media, repre-
sentante do principio de liberdade, confessava-as plenamente, acei-
tava-as até em demasia ; mas, por isso mesmo, mostrava instinctos
admiráveis em organisar-se e premunir-se contra as tendências
anti-liberaes dessas superioridades. Foram semelhantes instinctos
que produziram os concelhos ou communas ; esses refúgios dos
foros populares, essas fortes associações do homem de trabalho
contra os poderosos, contra a manifestação violenta e absoluta do
principio de desigualdade, contra a annullação da liberdade das
maiorias. Em nosso entender, a historia dos concelhos é em Portu-
gal, bem como no resto da Hespanha, um estudo importante, uma
lição altamente profícua para o futuro : porque estamos intima-
mente persuadidos de que, depois de longo combater e dolorosas
experiências politicas, a Europa ha de chegar a reconhecer que o
único meio de destruir as difficuldades da situação que a affligem,
de remover a oppressâo do capital sobre o trabalho, questão su-
prema a que todas as outras nos parecem actualmente subordina-
das, é o restaurar, em harmonia com a illustração do século, as
instituições municipaes, aperfeiçoadas sim, mas accordes na sua
indole, nos seus elementos, com as da idade media. Sem ellas o pre-
domínio do despotismo unitário, do patriciado do capital e da força
intelligente, QUE SOB O MANTO DA MONARCHIA MIXTA DOMINA HOJE A
MAIOR PARTE DA EUROPA, ou da democracia exclusiva e odienta,
expressão absoluta do sentimento exagerado de liberdade, QUE
AMEAÇA DEVORAR MOMENTANEAMENTE TUDO, não SÔO a UOSSOS Olhos
senão formulas diversas de TYRANNIA, mais ou menos toleráveis,
DIREITO CONSTITUCIONAL BBAZILEIRO 363
Nota C
A' pagina 32 :
Ha de causar extranhezas no meio republicano o modo por que
nos referimos a monarchia tradicional. A ignorância democrática
entende que aquillo foi um regimen todo de atraso, violências e ar-
bitrio, confundindo lamentavelmente o periodo de decadência com
o de seu florescimento regular, e como se podessemos explicar os
progressos da sociedade actual sem fazer justiça ás instituições do
passado!...
Pois mesmo tendo diante dos olhos o espectaculo do derrocamento
da monarchia antiga, que descambara para o despotismo, espiritos
houve que jamais se illudiram, confundindo cousas tão distinctas,
como é de uso fazer hoje nas rodas lettradas de nossos politicantes.
Como se vae ver de uma lição do eminente Montesquieu, a monar-
chia não era o arbitrio : este fructificou ao contrario quando o
declínio da ordem medieval deixou os testas-coroadas com um
poder absoluto, sem o contrapeso do poder espiritual. Ainda assim
prestaria immensos serviços, se opportunas reformas, nunca fei-
tas, a preparassem para o papel que lhe cabia na idade moderna.
Tentaram-se tardiamente essas precisas reformas, porém, como
foram, incompatíveis com a organisação social, o resultado é que o
arbitrio, de que se temem tanto nossos democratas, se enthronisou
mais do que nunca.
O arbitrio real encontrava diques a sujeital-o, na resistência das
cortes, das grandes corporações do Estado, dos conselhos munici-
^
364 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
Nota D
A' pagina 41 :
Do que o auctor escreve sobre o systema federal não se segue que
seja muito apologista delle : aceita-o como uma fôrma transitória,
por julgar impossível hoje a permanência da integridade do Brazil,
sob o regimen unitário!
Theoricamente, muito ao contrario do que pensam nossos demo-
cratas, esta segunda fôrma é bastante preferível, poisque uma fede-
ração ha mister de maior numero de homens de capacidade, para
as múltiplas governações, e taes homens são raros, rarissimos.
Se já não é fácil achar os precisos para o limitado pessoal de um
governo unitário, imaginemos quando se trate de vinte-e-um go-
vernos!
Veja-se o Brazil : salvo honrosas excepções, nos Estados imperam
mediocridades ou nullos.
Assim agora pronunciando-se não é incohérente o auctor : boa
ou má, cumpre confessar, a federação impunha-se, e julgamos ter
demonstrado que só alargando ainda mais as franquias que trouxe,
poder-se-á manter a unidade do Brazil.
Aquella phrase de Diderot : « Se concontrer, c'est s'affaiblir, * » tem
perfeito emprego no que respeita aos elementos componentes da
administração de paizes qual o nosso.
Mas... não ha que saber aqui de opiniões : ha que reconhecer uma
irresistível tendência nacional, uma inilludivel necessidade im-
posta pelas circumstancias, e, como diz o melodioso poeta devo-
rado por essa grande tormenta política do fim do século 18.°, 2 Ia
Nécessité traîne, inllexible et puissante :
1
Citada por Avenel, Anacharsis Cloots, vol. I, pag. 11.
* A. Chénier, Œuvres, pag. 208.
Y*
36G DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
Nota E
A' pagina 76 :
Na Inglaterra, como na Allemanha e Prussia, é dô uso o que pro-
pomos sobre o modo de fazer os orçamentos.
«... Une fraction notable des dépenses et des recettes n'est pas
soumise annuellement à la Chambre : ce sont les recettes et les
dépenses du fonds consolidé. Les dépenses de ce fonds sont celles
que l'on a considérées jadis comme ne pouvant être refusées sans
qu'une atteinte grave fût portée au crédit anglais et à l'organisation
nationale.
Ces dépenses concernent la liste civile, la dette publique, les trai-
tements diplomatiques et les grandes cours de justice, certaines
pensions et quelques autres services auxiliaires.
A ces dépenses sur le fonds consolidé, il est pourvu par des im-
pôts permanents, qui durent tant qu'ils n'ont pas été abrogés par
une loi spéciale, et sur lesquels le Parlement n'a pas à se prononcer
à chaque session. » — Leroy-Beaulieu, La science des finances,
vol. II, pag. 61. »
Achamos de muita actualidade o que a respeito do trabalho orça-
mentário escreveu o economista Julio Roche, no Figaro, de Pariz, e
o transcrevemos aqui, de uma traducção da Gazeta de noticias, do
Rio-de-janeiro.
/ v^°
368 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
\*
370 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
«
312 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZlLEIRO
mas também as mais dignas da liberdade, pelo uso que delia sabem
fazer, em proveito da prosperidade publica, bem como em proveito
dos interesses individuaes.
E agora, contribuintes francezes, conhecendo o remédio, a vós
cumpre dizer se quereis extirpar o mal, ou se preferis que o cancro
continue ! »
Parte das idéas advogadas por Julio Roche e que também pre-
gamos, já se acham consignadas na ultima lei orgânica do Districto
federal, como se vê dos pontos que gryphamos, em a nota N.
E' muito de consignar-se a recente adhesão do Jornal do com-
mère io do Rio-de-janeiro ao programma do economista francez. O
vulgarisado periódico assim se manifesta, em o numero de 16 Je
fevereiro : 1
d Se o Congresso na próxima sessão ajudar o governo, é de esperar
que a situação melhore ainda mais. Infelizmente, as sessões legisla-
tivas têm sido esterilissimas. Perdidos em divagações politicas os
primeiros mezes do período marcado para seus trabalhos, as
câmaras têm abusado das prorogações remuneradas, para votar os
orçamentos á ultima hora de roldão.
Essa condueta tem levantado não só grande malquerença contra
os representantes da nação, que em uma época de penúria consomem
quantia considerável do Thesouro, como também tem creado serias
dilliculdades ao governo, que não tem tempo para preparar-se, como
ainda agora aconteceu, afim de arrecadar do melhor modo cs
impostos novos e providenciar sobre outras alterações dos ser-
viços.
A Câmara actual se recommendaria d estima 'publica se cerceasse.
em disposição regimental, a liberdade de augmentar as despezas
do Estado e reduzisse para a futura legislatura o subsidio dos repre-
sentantes da nação. Esse acto, estendido proporcionalmente aos
vencimentos do Presidente e Vice-presidente da Republica, produ-
ziria o bom effeito de demonstrar aos contribuintes que os seus man-
datários são os primeiros a se sujeitarem ás contingências da
situação que atravessamos. »
i 1899.
DIREITO CONSTITUCIONAL BEAZILEIRO 373
Nota F
A' pagina 90 :
Leia-se este parecer de um parlamentarista : « Vi sono nello Staío
certe funzioni le quale non potrebbero cessare senza portar seco
la cessazione dello Stato stesso, vi sono certe spese la cui uniforme
e costante esecuzione é conncssa colle condizione piú vitali per
l'esistenza dello Stato, per la prosperità e la sicurezza della nazione.
Ricordiamo fra queste spese e funzioni, solo in via d'esempio, il
servizio del debito publico e délie pensioni, il trattamento degli
impiegati, il servizio di publica sicurezza interna, Fesercizio dei mezzi
di communicazione, l'esercito, la flotta e molti altri ancora. Questi
servizii — qualunque sia la forma di governo, qualunque sia il
nome delle persone che stanno a capo deiramministrazione, —
hanno un tal carattere di necessita e quindi stabilità che riusci-
rebbe assurdo il volerne anche per un solo istante sospeadere l'atti-
vità : ebbene, il bilancio dovrebbe essere indiscutibile per questo
servizii essenziali o meglio per la parte stabile di essi e non dovreb-
bero sottoporsi a discussione se non le variazioni che il potere ese-
cutivo credesse di dovervi introdurre. Per tal modo sarebbe conce-
pibile, al meno parzialmente, anche il rifiuto del bilancio, perc'-iè-
nella peggiore ipotesi lo stato procederebbe nella sua amministra-
zione secondo le norme del bilancio antecedente. L'esempio del-
l'lnghiltcrra e quel che più conta, la pratica cfiectiva dei moderni
parlamenti dovrebbe incoraggiare i legislatori a proclamare statuta-
riamente Ia distinzione fra entrate e spese intangibüi e le entrate e
spese discutibili o variabili. Non ultimo vantaggio di tal distinzione
sarebbe anche un risparmio preziosissimo di tempo per le assemblée
parlamentari e 1'altro di redurre ai veri casi di straordinaria ecce-
zionalità Ia concessione dei bilanci provisori. » — Roncali, Scienza
finanziaria, pag. 86.
374 DIREITO CONSTITUCIONAL BEAZILEIBO
Nota G
A' pagina 130, nota :
O seguinte telegramma, passado em dezembro de 1900 a' Noticia,
do Rio-de-janeiro. patenteia a justeza de taes julgamentos e bem
mostra o que e ' e o que vale essa olygarchia parlamentar britannica,
apresentada ao Mundo como o modelo dos governos :
« Londres, 11 de dezembro. — Mr. Barthey. membro da Câmara
dos communs, apresentou hontem uma moção em que se lamen-
tava o facto de grande numero de membros da família Salisbury
occuparem actualmente posições na administração dos públicos
negócios, accrescentando-se que a Câmara veria com satisfação
modificar-se essa situação anormal. Posta a votos, foi a moção
rejeitada por 220 votos contra H8. Outra moção, prohibindo que os
ministros tivessem interesses pecuniários em emprezas commer-
ciaes e industriaes que mantêm relações com o governo, foi igual-
mente rejeitada por grande maioria. »
Veja-se agora um episódio interessante da vida parlamentar ita-
liana, outro modelo do gênero, relatado em telegramma do mesmo
anno, ao Jornal do Brazil, da capital federal :
(( Milão, 3 de janeiro. — O jornal Tempo publica uma carta
que o general Mirri, actual ministro da guerra, dirigiu em 1894,
quando era governador da Sicilia, ao procurador-geral Venturini.
pedindo a libertação do homicida Saladino, que devia servir ao
governo para sustentar a eleição do candidato situacionista Abel
Damiani. »
Pode descer mais a. chamada burguezocracia ?
No Chile, onde sacrificaram o eximio patriota Balmaceda, para
enthronisal-o, o parlamentarismo apresenta agora (1900-1901) um
curioso aspecto. Com o annuncio da próxima eleição presidencial,
surgem dois candidatos : Montt, pelos conservadores, Riesco, pelos
liberaes. Apesar de parente do segundo, o Presidente Errazuriz quer
manter-se neutro no pleito e por isso procura organisar um minis-
tério sem côr partidária. Mas... o Parlamento é liberal, quer a seu
turno um gabinete que favoreça a Riesco e como o Presidente se não
DIBEITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO 375
Nota H
A' pagina 151, nota 3.» :
« O município., em parte nenhuma, talvez, durante a idade meaia,
teve mais influencia no progresso da sociedade, foi mais enérgico e
vivaz do que em Portugal. 1 »
Em um manifesto eleitoral do sr. almiranie Ignacio Joaquim da
Fonseca, demos com o conceito acima estampado do eminente Her-
culano, quando já estava quasi prompta a primeira edição deste
livro ; e como dava a auctoridade de um grande nome ao que dizemos
em a nota 2.» á pagina 160, reencetamos a leitura da monumental
obra do historiador, cujo primeiro volume folheáramos na quadra
acadêmica.
E' de calcular o profundo desvanecimento com que na Historia de
Portugal se nos deparou uma para nós muito honrosa conformidade
i Historia de Portugal, vol. IV, pag. 4.
f
376 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
Nota I
A' pagina 153, nota 3. a :
Leia-se o caloroso parecer de Machiavel, esse mestre na arte de
governar, em favor da indicação do successor :
« Porque foram maus, exceptuando Tito, os imperadores que
receberam o Império por herança? Porque foram bons todos os que
o tiveram por adopçâo, exemplo os cinco imperadores a partir de
Nero até Marco Aurélio? Porque emfim cae o Império em ruinas no
momento em que é entregue a herdeiros ? — Que um Príncipe
ponha os olhos nos tempos que correm entre Nero e Marco Aurélio,
compare esses aos que os precederam e seguiram, e que escolha em
seguida a época em que houvera querido nascer, aquella que esco-
lheria para commandai1. » — Discurso sobre Tito Livio, citado por
Ferrari, no prefacio do Principe.
Nota J
A pagina 158, nota 2.a :
Com a regressão ás fôrmas primitivas de supremacia bastarda
do numero, o primordial processo consular de eleições, transfor-
mou-se, no andar dos tempos : o consul foi obrigado a fazer a apre-
sentação nos comicios de todos os nomes de candidatos que sur-
giam, escolhendo dentre esses o povo.
As convulsões sociaes que se seguiram, impuzeram, todavia, a
volta aos bons princípios : <( o poder de um só tornou-se condição
DIREITO CONSTITUCIONAL E-RAZILEIRO 377
Nota K
A' pagina 165, nota 2.a :
0 Jornal do commercio do Rio-de-janeiro publicou a 12 de de-
zembro de 1898, as considerações que abaixo reproduzimos, acom-
1
Vide legislado?^.
380 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
Nota L
A' pagina 180, nota:
Estas distincções vão ganhando terreno. Ultimamente, nos aponta-
ram trecho de outro escriptor, bastante expressivo :
« Les Espagnols, en colonisant les deux Amériques, y avaient ap-
porté les institutions, les mœurs, les traditions de la mère patrie.
Or, l'Espagne est, de tous les pays de l'Europe, celui qui jouissait
des libertés civiles les plus étendues et où le sentiment de l'égalité
est le plus généralement répandu. C'était et c'est encore le pays le
382 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
Nota M
A pagina 189, nota 1.» :
Livio i\linguzzi, superficial em seus juizos, mostra segura obser-
vação no que emitte sobre este assumpto. « Quanto alia persona del
Presidente, diz elle, la immutabilité del termine (immutabilidade
absoluta, é bem de ver) Io tiene necessariamente ai potere, qua-
íunque sia Ia prova che cgli vi faccia. Quanti rimpianti, quanti
rimorsi forse, scrive Caro (La vraie et la fausse démocratie, « Revue
des deux mondes. » 1 giugno 1870), quando la volonté del popolo s:
sia legata ad un capo incapace, o peggio ancora capace di malvagi
disegni contro la sovranità nazionale? Chè se invece si abbia un
Presidente accetto al Congresso ed al paese, al termine dei suo uffi-
cio è egli pure obbligato a cedere il potere quantunque soddisfi gene-
ralmente. È ben vero che puo essere rieletto, ma in tal caso la con-
tinuazione dei suo ufficio che dovrebbe avvenire de piano è per lo
meno, come osserva Freeman, messa a repentaglio ed il paese è co-
stretto a sottostare ail' eccitamento e scompiglio délia elezione presi-
denziale ; senza poi dire che aï nuovo termine il Presidente è co-
DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO 383
Nota N
Nota O
A' pagina 192, nota 2.a :
« Quant à la durée des fonctions du Président, les idées étaient
très divergentes et les systèmes bien contradictoires. Les uns
demandaient que ce haut fonctionnaire fût nommé à vie, c'est-à-dire
till good behaviour, ou tout au moins pour une longue durée. Un
25
s
386 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
Nota P
A' pagina 193, nota :
Esta lisonjeira opinião de Bolivar sobre Pétion é partilhada por
um escriptor francez de nossos dias, Bonneau. « Organiser, diz elle,
une société pour des hommes qui, naguère, étaient exclus de la vie
sociale ; régler la liberté pour un peuple qui ne l'avait jamais
connue ; conférer les droits de citoyens à des esclaves récemment
émancipés ; assimiler dans la même unité nationale une masse
profondément ignorante et une minorité intelligente, éclairée, initiée
à tous les secrets de la civilisation ; réaliser la fusion de deux classes
dont les intérêts étaient, il est vrai, solidaires, et qui appartenaient
par leurs mères à la même race, mais qui se rattachaient par leurs
pères à deux races hostiles ; tel était le problème à résoudre. Il se
trouvait posé pour la première fois depuis le commencement du
Monde, et de sa solution dépendait l'existence d'une nation destinée
à devenir en Amérique le point de départ d'une civilisation nou-
velle.
C'était à Pétion qu'était réservé l'honneur de présider à cette œuvre
de réparation, de conciliation, de progrès et d'avenir ; disons mieux,
c'était à lui qu'il était donné de l'accomplir. » — Haïti, pag. 112.
DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO 387
Nota Q
a
A' pagina 206, nota 2. :
Fustel de Coulanges sustenta doutrina contraria ao texto e dis-
semos que sem fundamento serio, porque se limitou a' simples pes-
quisa nos documentos, e ainda que estes não faltem, como citamos,
isto não basta, e e' antes fonte muito capaz de inclinar a errôneas
inducções. De facto, saidos da barbarie, em face de uma pomposa
civilisaçâo que se apressavam a imitar em tudo que lhes era pos-
sivel, os homens oriundos da Germania e senhores então do occi-
dente, reproduziam naturalmente, nos seus actos legislativos, as
fôrmas externas usuaes entre os romanos, sendo dessa origem cer-
tamente todo o pessoal capaz de os redigir nesse tempo. Tanto mais
é de crer que isto assim se desse, quando facilmente se comprehende
o prestigio que taes fôrmas deviam ter diante de chefes guerreiros
cujo poderio se via ampliado nas expressões communs da chancel-
laria cesariana.
Não so' nos documentos devera ficar o brilhante espirito inves-
tigador de Fustel de Coulanges, sobretudo tratando-se de época em
que havia tamanha falta délies, e cumpria-lhe estudar o assumpto
explorando sociedades em análogo estádio de cultura.
Como muito bem sentenciou Robertson, « os homens collocados
nas mesmas circumstancias, apresentarão os mesmos costumes e
se mostrarão sob a mesma fôrma. »
Os germanos, inda que um pouco mais civilisados, viviam a vida
daquelle estado social em que se encontravam as tribus americanas
da época do descobrimento.
Comparem-se as descripções de Cesar (liv. VI, cap. XXIII) e Tácito
(cap. VII, n. 11) ás de Azara (vol. 1, §§ 20, 54, 111, da Description del
Paraguay o rio de la Plata), Garay (Historia del Paraguay, introd.
n. 5), Gabriel Soares (cap. CLI et CLXIV), e as conclusões não serão
em desaccordo comnos^o.
A' auctorisada opinião de Fustel de Coulanges oppomos a não
menos competente de A. Thierry. Vide Œuvres, lettre XXV sur
l'histoire de France, cuja opinião e' mais ou menos igualmente a
de Guizot, na Histoire de la civilisation en France, vol. 11, pag. 255.
#
388 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
Nota R
A' pagina 210 :
Em data de 25 de maio, apresentamos, com a assignatura de vários
collegas da representação riograndense, o projecto n. 30 de 1900
relativo á adopção do código civil, assim justiíicando-o :
<( O elevado tentamen de dotar a Nação brazileira com um código
civil ha de ser posto em pratica e realisado com aquella meditação e
estudo que requerem obras de tal magnitude, ou dará fructo imper-
feitissimo. Julgar que possa ter bom exito o propósito de obter sua
adopção do Congresso, pelo processo ordinário de legislar, é des-
conhecer que precisa um instituto dessa ordem revestir-se da mais
completa unidade, moldar-se no mais rigoroso systema, fazer-se
com a mais segura coordenação. E isso se não pode conseguir por
meio de um debate parlamentar, conforme usamos, em o qual se
perde quasi sempre o primitivo producto do pensamento creador,
nos remodelamentos parciaes de desconnexas emendas, quebrada
a harmonia do plano originário com a adjuncção de accessorios
dispares. Assim, teriamos, em vez da genesis fecunda de uma legis-
lação primorosa, o parto horripilante de um monstro, informe aggre-
gado de partes heterogêneas : encontradas theorias e ideas, que
mutuamente se repellem.
Este o motivo por que nenhuma concepção do gênero da que nos
occupa jamais se operou pelas normas em pratica no seio das assem-
bléas. Se por accaso alguma vingou em taes grêmios, é que alcan-
çara o decidido patrocínio de qualquer personalidade politica de
alto relevo, que emprega seu valimento para que saia do tumulto
parlamentar, pura e escoimada de defeitos inhérentes aos trabalhos
collectivos.
O espirito pratico dos inglezes ha muito descobrira o mal, e bus-
cou-lhe efficaz remédio : ali, hoje em dia., o Parlamento vota e
retoca, mas a obra legislativa é de facto quasi exclusiva producção
de um redactor official, jurisconsulto notável, nomeado pelo
governo.
O illustre publicista argentino Alberdi, um dos mestres da
DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO 389
geração constitucional das províncias unidas do Prata e intransi-
gente adversário do dictador Juan Manuel de Rozas, opinava que
em muitos pontos um processo especial « es ei único medio de llevar
á cabo ciertas reformas de larga, difficil é insegura ejecucion, si se
entregan á legislaturas compuestas de ciudadanos mas practicos
que instruidos, y mas divididas por pequenas rivalidades que dis-
puestas á obrar en el sentido de un pensamiento comun. Tales son
las reformas de las leyes civiles y comerciales, y en general todos
esos trabafos que por su extension considerable, Io técnico de las
matérias y la necessidad de unidad en su plan y ejecucion, se desem-
penan mejor y mas pronto por poças manos competentes que por
muchas y mal preparadas. »
A prudência, que deve presidir a toda seria resolução, aconselha
ainda se encare intelligentemente outro aspecto da questão. Importa
não prescrever um código que deva ser logo reformado, que deva
ser logo invalidado por um dilúvio de leis extravagantes. Cumpre
que tenha uma indispensável fixidez relativa, ao menos por algumas
décadas. Para que assim seja, é mister consagre elle as aspirações
do presente e do mais proximo futuro.
Pensam os legisladores actuaes do Brazil que todas as leis e n
vigor hoje a codificar definitivamente — algumas vetustissimas,
outras adoptadas por frágil amor á novidade — estão nesse caso,
sem exceptuar-se uma só ? Não é de boa cautela indigar se o povo
está conforme com ellas, antes de lhes imprimir a forma solemne
da codificação ? Não é de provido conselho ouvir a respeito o pare-
cer dos doutos, não só os da capital federal, como os jurisconsultes
do paiz inteiro?
Convidada a nação a pronunciar-se sobre as instituições do direito
civil, como o foi em 1890, para dizer sobre o direito politico pelo
orgam da Constituinte, não garantiríamos á obra actual uma feição
mais duradoura, assentando sua legitimidade no expresso apoio da
nacionalidade em peso ? Não lhe daríamos assim uma feição mais
popular e livre, consultando, pelo significativo modo apontado, a
universalidade da opinião brazileira ?
Sujeito a estas liberrimas e racionálissimas praxes, o código
entrava em vigor, não ha duvida, com o immenso prestigio que lhe
adviria de uma positiva e patente aceitação de todos os nossos
$
390 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
#
392 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
o
396 DIREITO CONSTITUCIONAL BEAZILEIRO
Nota S
A' pagina 211, nota 2.a :
Eis todos os artigos da Constituição do Riogrande, a que se allude
no texto :
» Art. 20.° — Como chefe supremo do governo e da administração,
compete ao Presidente, com plena responsabilidade :
1.° Promulgar as leis que, conforme as regras adiante estabeleci-
das, forem da sua competência. »
« Art. 33.° — Os preceitos do artigo precedente não abrangem as
resoluções tomadas pela Assembléa no uso da competência que lhe
é conferida nos arts. 46.°, 47.° e 48.°.
Essas resoluções, qualquer que seja a sua fôrma, serão promul-
gadas pelo Presidente como leis do Estado, nos termos do art. 31.°. »
d Art. 46.° — Compete privativamente a Assembléa :
1.° Fixar annualmente a despeza e orçar a receita do Estado, re-
clamando para esse fim, do Presidente, todos os dados e esclareci-
mentos de que carecer.
2.° Crear, augmentar ou supprimir contribuições, taxas ou im-
postos, com as limitações especificadas na Constituição federal e
nesta.
3.° Auctorisar o Presidente a contrair empréstimos e realisar ou-
tras operações de credito.
£
398 DIREITO CONSTITUCIONAL BEAZILEIBO
Nota T
A' pagina 273, nota 2.a :
Lê-se no Jornal do commercio, do Rio :
O Direito de curar. — Parece opportuna a publicação do artigo
abaixo, traduzido do « Homoeopathic World, » de 2 do cor-
rente anno, como um elemento para regular a decisão do mesmo
assumpto — a liberdade profissional, garantida pelo preceito cons-
titucional, e esclarecer o Congresso, na resposta á « interpellação
Ellis. » Cumpre notar que o alludido artigo tem as honras de « artigo
de fundo, » em revista dirigida pelo sr. John C. Clarcke, que é Aí.
D., isto é, charlatão diplomado secundum legem. Eis o artigo :
« Com todas as suas incoherencias e anomalias, a lei ingleza, no
que se refere á medicina, não é destituída de um certo abono de senso
commum. O Medical act que agora fingem existir na legislação, cer-
cou de vários privilégios aquelles que com êxito venceram os diffé-
rentes estágios da instrucção medica ; porém não prohibiu, fazendo
disso crime, que um de fora dê auxilio curativo a outrem, ou mesmo
que soffra accusação por assim proceder. Pelo que respeita á compo-
sição, dispensação e administração de drogas, a Sociedade dos phar-
maceuticos tem a faculdade de proceder contra quem infringir seus
direitos commerciaes a esse respeito ; porém onde não se trata de
drogas, a Sociedade nada pode e o insuecesso do caso contra cs
'assistentes do fallecido Harold Frederic mostra que um novo perigo
ameaça os interesses mercantis da profissão.
Faz-se agora nova tentativa de interpretar o Medical act do modo
que signifique elle que só as pessoas devidamente qualificadas, cujos
nomes figurarem no Registro, tenham o direito de tratar medica-
mente; ou, em qualquer caso, de o fazer « para lucro. » Que tal não
r^
400 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
Nota U
A' pagina 310, nota :
« Sessão de 14 de janeiro de 1850. — Continua a discussão da reso-
lução que habilita a Ignacio Accioli de Cerqueira e Silva a advogar
ern todo o Império, independente de licença dos presidentes das
relações, como se fora bacharel formado ou doutor em sciencias
jurídicas e sociaes. ficando para esse fim dispensado o § ?.° do
art. 2.° da lei de 22 de setembro de 1828.
O sr. Cândido Mendes de Almeida — Sr. presidente, eu não posso
deixar de dar o meu voto a favor desta resolução, porque me parece
que não é justa, mas até mui necessária. Aqui se disse que esta
resolução não era necessária, porque abundavam os advogados na
Bahia e no Império, e não havia motivo para dispensar-se numa lei :
disse-se mais que a dispensa era prejudicial porque, alentando a con-
corrência dos advogados práticos no paiz, ia-se de alguma sorte de-
sanimar os pais de familias a mandarem seus filhos estudar nos
cursos jurídicos ; e, em terceiro lugar, creio que se disse que a
resolução era uma traição, que se fazia á classe dos bacharéis for-
mados, a quem se tinha concedido o privilegio de advogar no
Império, fazendo-se entrever um futuro risonho, ao mesmo tempo
2G
#
402 DIKEITO CONSTITUCIONAL BEAZILEIRO
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404 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
Nota V
A" pagina 311, nota :
CONSULTA. 1.° Quaes os direitos que tem o dr. Eduardo Silva pela
Constituição federal, art. 72, § 24, para exercer seu poder curativo,
que consiste na transmissão e exteriorisação dos fluidos por meio
da apposiçâo das mãos sobre o paciente, sem uso de qualquer meio
cirúrgico ou therapeutico ?
2.° Os arts. 156 usque 158 do código criminal não estão, ipso facto,
revogados pela Constituição federal em sua l. a parte?
Alcançam elles ao poder curativo do dr. Silva, caso não estejam
revogados, não dando elle medicamentos nem praticando ramo
algum medico official, etc.?
406 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIKO
—
DIREITO CONSTITUCIONAL BEAZILEIRO 407
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414 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
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41G DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
Ao 1.°
Ao 2 o
Sim, entendo que os arts. 156 usque 158 du cod. crim. estão revo-
gados.
No caso contrario, segundo outros, parece-me que, se o processo
curativo seguido pelo dr. Eduardo Silva tem por base o magnetismo
animal, a elle tem applicação o art. 156.°.
DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIBO 417
Ao 3°
Sim; estão em ANTINOMIA, conforme entendo, á citada disposição
da Constituição federal.
Ao 4o
Não ; como me pareceu, o processo do dr. Eduardo Silva tem por
base o magnetismo animal e nunca vi pessoalmente nem me consta
que elle se servisse de embusterice para armar á credulidade dos
consultantes.
Sob a direcção de um medico exerce magnetismo como outros
applicant duchas e fazem massagens.
S. Paulo, 9 de outubro de 1898.
Assignado : o advogado,
FRANCISCO RANGEL PESTANA.
S"
418 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
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420 DIREITO CONSTITUCIONAL BEAZILEIRO
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428 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
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DIREITO CONSTITUCIONAL BEAZILEIRO 429
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430 DIREITO CONSTITUCIONAL BEAZILEIRO
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432 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
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436 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
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440 DIREITO CONSTITUCIONAL BKAZILEIRO
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442 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
« VENERAVEL JUIZ.
(( E' livre o exercício da profissão de advogado ou procurador judi-
cial. As partes podem figurar em juizo por si, ou por advogados ou
procuradores judiciaes da sua livre escolha e approvação. »
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448 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRÜ
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450 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
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452 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
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454 DIREITO CONSTITUCIONAL BEAZILEIRO
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456 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
Nota X
A' pagina 336, nota l. a :
(( Sessão de 15 de outubro de 1900.
O sr. Alfredo Varela. — Sr. presidente, submetto ao juizo da
Câmara o seguinte
PROJECTO
O Congresso nacional resolve :
Art. 1.° E' vedado á União, como aos Estados, a emissão de bi-
lhetes ou notas ao portador, de curso forçado.
Art. 2.° Poderão emittir bilhetes ao portador os bancos que se fun-
darem com auctorisação do Congresso nacional.
§ único. Qualquer commerciante, sob a responsabilidade de seu
nome individual e sujeito ás disposições e penalidades da presente
lei, pode emittir os títulos de credito que entender, inclusive os de
que trata este artigo.
Art. 3.° Os bilhetes ao portador serão conversíveis á vista, na
moeda que declarem.
458 DIREITO CONSTITUCIONAL BBAZILEIRO
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460 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
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464 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIEO
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466 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
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468 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILElRO
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470 DIKEITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
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472 . DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIEO
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476 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
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478 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIEO
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182 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
&
484 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
vam auctorisados, como a estenderam alem dos seus limites,
exercendo-a em casos em que delia não havia necessidade.
OS GOVERNOS NAO TÊM AUCTORIDADE PARA SE INGERIREM ACTIVA E
DiRECTAMENTE EM NEGÓCIOS DE INDUSTRIA ; esta não precisa de outra
direcçãOi que a do interesse particular, sendo mais intelligente, mais
activo e vigilante que a aucloridade. Quando ha liberdade, a pro-
ducção é sempre a mais interessante á Nação ; as exigências dos
compradores a determinam. O DE QUE OS POVOS PRECISAM É DE QUE
1
SE LHES GUARDEM AS GARANTIAS CONSTITUCIONAES ; que as auetori-
dades os não vexem, que os não expoliem, que se lhes não arran-
quem os seus filhos para com elles se fazerem longínquas guerras :
ISTO E SÓ ISTO RECLAMA A INDUSTRIA.
A Câmara dos srs. deputados, sempre fiel aos seus deveres, en-
tendeu que o maior serviço que podia prestar ao Brazil era o de
abolir a maior parte das leis regulamentares da industria, e é do
que ella não se desviou. Eis aqui tendes, senhores, em resumo, as
leis que fez nestas primeiras sessões.
Nous soutenons donc que, ni pour limiter la sortie de l'or, ni pour empê-
cher l'émission excessive de billets de banque, le Législateur n'a le droit
d'intervenir. Que le gouvernement exécute promptement la loi contre les
débiteurs en faute! L'intérêt des banquiers fera le reste... » Immixtion de
l'État dans le commerce de l'argent et des banques, pag. 293 e 294.
DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO 485
1^
486 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
* « C'est donc une opération de commerce au même titre que les autres,
diz muito bem A. W. Bouché. Elle ne présente pas plus de risques que
l'escompte lui-môme, à une condition, bien entendu, c'est que le billet de
banque soit toujours remboursable aux guichets de la banque qui l'a émis. »
— Dictionnaire du commerce, de l'industrie et de la banque, publié par
Yves Guyot e Raffalovieh, palavra banco.
2
Vide Horn, La liberté des banques; Courcelle Seneuil, La banque libre,
e Opérations de banque ; Paul Coq, Les circulations en banque ; Coquelin
et Guillaumin, Dictionnaire d'économie politique, artigo sobre bancos ;
Levi, Delia riforma nelle banche; Yves Guyot, La science économique.
3
La libre émission, pag. 20.
DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO 487
N o t a final
Reproduzimos aqui um nosso projecto constitucional, com o fim
de que se possa estudar em um plano orgânico acabado e com-
pleto, as idéas deste livro.
O projecto relativo á reforma da Constituição federal que o auctor
vae apresentar á Câmara, não pode figurar na presente publicação;
por isso apparece a reforma districtal : mutatis mutandis, uma cor-
responde á outra.
Projecto n. 152 de 1901.
O Congresso nacional resolve adoptar a presente Lei orgânica
fundamental do Districto federal :
TITULO I
DO DISTRICTO FEDERAL.
-
DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO 495
c iracter local incumbem exclusivamente á auctoridade municipal.
(Constituição federal, art 67.°)
TITULO II
DO GOVERNO DO DISTRICTO.
CAPITULO I
PRIMEIRA PARTE.
Do Prefeito.
Art. 4.° O Prefeito será conservado no desempenho de suas fun-
cções, emquanto bem servir. (Lei orgânica de 23 de dezembro
de 1898.)
Art, 5.° Será destituído :
I. Em virtude de condemnação em processo de responsabilidade.
II. Em virtude de votação popular.
§ 1.° Para o effeito do disposto em o numero II, é mister um
décimo dos eleitores municipaes requeira ao Conselho convoque
o povo a comícios, para dizer se quer a destituição do Prefeito.
§ 2.° Recebida a petição, o Conselho, se estiver funccionando,
marcará dentro do praso de 48 horas o dia para o comicio, e, no
caso contrario, o presidente do Conselho procederá á sua immediata
convocação.
§ 3.° A consulta popular de que reea o § 1.° só terá lugar depois
do primeiro biennio governativo.
§ 4.° O Presidente da Republica, em mensagem motivada, tam-
bém poderá reclamar do Conselho se faça a dita consulta.
Art. 6.° A escolha do substituto do Prefeito será feita pelo povo,
da fôrma seguinte. O Prefeito em exercício, com acquiescencia do
Presidente da Republica, apresentará aos eleitores o candidato que
lhe pareça mais digno de merecer os suffragios. Não poderá indicar
pessoa de sua família, qualquer que seja a natureza e grau do
parentesco.
••.
496 . DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
1
DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO 497
podendo ser augmentado ou diminuído em virtude de proposta assi-
gnada por um terço dos membros do Conselho e que obtenha a
maioria de dous terços dos votos destes.
Art. 12.° Ao tomar posse do cargo, o Prefeito, e da mesma sorte
o Vice-prefeito, prestará perante o Conselho o seguinte juramento :
K Juro por minha honra cumprir fielmente os deveres do cargo em
que sou investido, inspiran lo-me sempre no bem geral c gloria da
Republica. »
SEGUNDA PARTE.
I
198 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
TERCEIRA PARTE.
Da responsabilidade do Prefeito.
Art. 14.° Nos crimes de responsabilidade, o Prefeito será proces-
sado e julgado pela Corte de appellação, na conformidade das leis
que definem e regulam a responsabilidade dos ministros de Estado.
CAPITULO II
DAS LEIS MUNICIPAES.
CAPITULO III
PRIMEIRA PARTE.
Do Conselho districtal.
Art. 20.° O Conselho compor-se-á de 15 membros eleitos por suf-
fragio directo dos eleitores do Districto.
Art. 21.° O Conselho reunir-se-á annualmente, sem depender de
convocação, no dia de 7 de setembro, e funccionará por dois mezes.
contados do dia da abertura, podendo ser prorogada ou convocada
extraordinariamente a sua reunião.
§ 1.° O primeiro mez será consagrado á votação da receita e des-
peza, e o segundo ao exame das despezas realisadas e á adopção de
qualquer medida da compentencia do Conselho.
§ 2,° O mandato durará cinco annos. Três mezes antes de findar o
500 DIREITO CONSTITUCIONAL E-RAZILEIRO
CAPITULO IV
DA MAGISTRATURA DO DISTRICTO FEDERAL.
Art. 33.° Uma lei especial decretada na fôrma do titulo II, capi-
tulo II, sob proposta do Prefeito, organisará a justiça do Districto.
As nomeações dos juizes serão da competência do Prefeito, com
approvação do Presidente da Republica.
TITULO III
DAS E L E I Ç Õ E S .
TITULO IV
DISPOSIÇÕES GERAES.
T$\
504 DIREITO CONSTITUCIONAL BKAZILEIRO
l&
506 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
Discurso preambular 3
Livro I. — Reformas contitutionaes no Brazil 21
— II. — Da organisação federal 39
— III. — Base material da União 63
— IV. — Do poder publico federal 99
— V. — Do systema eleitoral 145
— VI. — A questão da estabilidade governativa 1G7
— VII. — Da decretação das leis 201
— VIII. — Dos juizes 229
— IX. — Da cidadania 243
— X. — Da liberdade 257
— XI. — A questão da defeza social 347
Appendice 357
OPINIÕES DA IMPRENSA
Direito constitucional
IT
520 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
Livros novos
Direito constitucional brazüeiro é o titulo de uma obra de autor
nacional, que temos sob as vistas e que, por signal, espera ha mezes
o nosso juizo sobre o seu valor juridico-philosophico.
E' autor desse trabalho um joven e illustre riograndense, que vive
entre nós na mais modesta das obscuridades c que entretanto vale
como um exemplar de soberbo caracter, servido por uma intelligen-
cia de élite. O nome desse notável publicista é ALFREDO VARELA ; e
só quem não conhece os seus trabalhos de geographia e politica
sobre o seu Estado natal é que poderá ter duvidas a respeito do va-
lor desse valente pensador, cheio de idéas sãs e de coragem civica.
Tendo estreado com uns magnificos estudos sobre a Constituição
riograndense e sobre a geographia physica e politica da terra em
que viu a luz, Alfredo Varela apparece-nos agora com um livro que
o põe na primeira linha dos nossos publicistas.
Este livro é, como já deixámos dito, intitulado Direito constitucio-
nal brazüeiro e têm um sub-titulo o que se inscreve deste modo : —
Reforma das instituições nacionaes.
Não se infira, porém, desta segunda rubrica da obra que o autor
é um derrocador irreflectido das instituições lançadas pela revolu-
ção de 15 de Novembro.
Muito ao contrario, Alfredo Varela é um defensor ardente do regi-
men republicano, de que foi, desde estudante no Recife, enthusiasta
fervoroso.
O que significam o titulo e o sub-titulo da obra do joven riogran-
dense é que elle deseja ver estudado devidamente o nosso estatuto
fundamental, para o fim de ser elle perfeito e definitivamente adap-
tado ás necessidades theoricas que o fizeram nascer e ás condições
praticas a que elle deve subordinar-se. E tal ponto de vista, em vez
DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO 521
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522 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
I. Alfredo Varela — eis aqui um autor cujo nome não vem prece-
dido de fama retumbante nem é repetido todos os dias com encomios
desmedidos, como os de certos escriptores muito amigos da fôrma
e do efleito a produzir, mas que não obstante, com dous ou três li-
vros que fez apparecer no mundo das lettras, já é considerado um
dos maiores pensadores políticos do Brazil.
Ha cinco annos atraz, quando no Congresso nacional oradores
fluentes e apregoados sábios em direito constitucional, tanto do
velho, como do novo regimen, fulminavam do alto de suas tribu-
nas intangíveis a Constituição Riograndense, appareceu em campo
Alfredo Varela, ainda quasi desconhecido, e publicou no O Paiz uma
524 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
(O 14 de Julho, de Uruguayana).
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532 DIREITO CONSTITUCIONAL BRAZILEIRO
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