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SUMÁRIO
NOSSA HISTÓRIA ..................................................................................................................... 2
INTRODUÇÃO............................................................................................................................ 3
1. GLOBALIZAÇÃO ......................................................................................................... 4
2. TUTELA INTERNACIONAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS ............................... 6
3. CONTRATOS INTERNACIONAIS .............................................................................. 8
4.1 A Autonomia da Vontade e a Eleição do Foro .......................................................... 10
4.2 Competência e Jurisdição Internacional ................................................................... 11
4. INTERNATIONAL CHAMBER OF SHIPPING (ICS) ................................................. 12
5.1 International Shipping Federation (Isf) ...................................................................... 14
6.1 Formação dos Contratos ........................................................................................... 16
6.2 Contratos e a Lei........................................................................................................ 17
6. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL ....................................................................................... 22
CONCLUSÃO ........................................................................................................................... 24
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 29
1
NOSSA HISTÓRIA
2
INTRODUÇÃO
3
1. GLOBALIZAÇÃO
4
Dessa forma, explica Cavalcante e Villatore:
O fluxo migratório, entre os países, de pessoas em busca de empregos e de
melhores condições de vida, assumiu proporções inéditas na história da
humanidade e foi intensificado pela internacionalização das corporações
empresariais. [...] (2015, p. 11)
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2. TUTELA INTERNACIONAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
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possam ter acesso a um trabalho decente e produtivo, em condições de
liberdade, equidade, segurança e dignidade. Objetiva estabelecer uma paz
duradoura, por meio da promoção da justiça social; proporcionar a melhoria
das condições de trabalho e de vida por meio da ação internacional e
promover estabilidade econômica e social. Destaca-se seu desempenho na
promoção de um meio ambiente de trabalho sadio e o conceito de trabalho
decente, for- malizado pela OIT em 1999, sintetizando a sua missão de
promover oportunidades para que homens e mulheres possam ter um
trabalho em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade
humana, consideradas fundamentais para a superação da pobreza, a
redução das desigualdades sociais, a garantia da governabilidade
democrática e o desenvolvimento sustentável. (2013, p. 33).
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trabalho. Cavalcante e Villatore relatam:
Para enfrentar as crises políticas entre as relações do capital da indústria e
comércio marítimos com a mão de obra especializada que é a tripulação,
como são aqui, no caso, as empresas de marinha mercante e os marítimos,
a Convenção sobre o Trabalho Marítimo (MLC), de 2006, é o texto normativo
da OIT vigente que envolve os aspectos da proteção dos marítimos nos seus
contratos de trabalho, estabelecendo os padrões mínimos de segurança do
trabalho para que os Estados se empenhem em aplicá-los nos seus
ordenamentos jurídicos trabalhistas e que possam, assim, melhorar as
condições laborais dos marítimos no meio hostil que é o mar, em primeiro
lugar, estabelecendo-se uma cultura de saúde laboral e de segurança do
trabalho, que é prioridade para OIT. (2015, p. 221).
3. CONTRATOS INTERNACIONAIS
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Na atualidade, é tendência as pessoas de nacionalidades diferentes serem
recrutadas por empresas transnacionais. Dessa forma, origina-se o contrato de
trabalho com conexão internacional pelo fato de haver dois ou mais sistemas jurídicos
estrangeiros ligados a uma relação contratual. Assim, Martins informa:
Os contratos internacionais de trabalho fundamentam relação jurídica de
emprego com conexão internacional evidenciada pela presença de elementos
estrangeiros na relação contratual. A presença de elementos estrangeiros ou
de estraneidade nos contratos internacionais de trabalho remete à vinculação
objetiva dos litígios internacionais a dois ou mais sistemas jurídicos
internacionais, ao conflito de normas no espaço e às questões atinentes à
competência jurisdicional internacional. (2013, p. 430).
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No Brasil, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) tem uma seção
exclusiva para determinar as normas especiais que devem ser aplicadas aos
contratos de trabalho, com visto anteriormente. Basicamente, esta seção
cuida tão somente de jornada de trabalho e deveres simples da tripulação,
tendo sua regulamentação infralegal na NR30 – Norma Regulamentadora de
Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário – com Anexos I e II, que tem
como objetivo a proteção e a regulamentação das condições de segurança e
saúde dos trabalhadores aquaviários. O anexo I aplica-se à atividade de
pesca e o Anexo II ao trabalho em plataformas e instalações de apoio. (2015,
p. 227)
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juízes pelo fato de envolver dois ou mais sistemas jurídicos alienígenas por se tratar
da área do direito público, cujo qual faz parte a atividade jurisdicional, e pela questão
da soberania do Estado. (Dolinger; Tiburcio, 2017, p. 578)
A escolha da lei aplicável e a escolha do foro não têm entendimento pacífico na
doutrina e na jurisprudência. O risco que uma das partes contratantes corre é que seja
escolhido o foro ou uma lei menos protecionista justamente para se favorecer.
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Entretanto, a soberania estendida do país costeiro ao mar territorial e
flexibilizada quando houver a passagem inocente de um navio estrangeiro. Varella
apresenta:
O direito de passagem inocente é uma regra internacionalmente aceita. Trata-
se de um direito costumeiro, amplamente reconhecido, positivado pela
Convenção de Montego Bay, em 1982. No entanto, o conceito de passagem
inocente é restrito, em favor do Estado que permite a passagem, sendo
possível mesmo nas águas arquipelágicas ou nos estreitos. Considera-se
inocente a passagem “que não é prejudicial à paz, ao bem ou à segurança do
Estado costeiro”, que ocorre de forma contínua e rápida pelo mar territorial.
[...] (2016, p. 240)
A passagem inocente, reconhecida como o direito da livre passagem, também
e assegurada aos países sem litoral. Menezes declara:
O direito ou liberdade de navegação e seguramente a mais clássica das
liberdades do alto-mar, inclusive garantida para Estados sem litoral [...] (2015, p. 115-
116)
Reconhecida a passagem inocente no mar territorial, a soberania do país
litorâneo é flexibilizada, estendendo-se a sua jurisdição nessa área. Em alto-mar, ou
mar internacional, cujo qual e o espaço de tráfego comum a todos os navios
estrangeiros, a identificação se faz a partir da Lei do Pavilhão (Lei da Bandeira).
A problemática a ser enfrentada é que pela Lei do Pavilhão, a legislação que
rege o contrato de trabalho marítimo é a lei do país que o navio foi registrado. Nesse
caso, o armador, tentando fraudar a legislação trabalhista brasileira, pode registar o
navio em um país cuja legislação seja menos protecionista, ocorrendo assim, a fraude.
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A ICS é a principal associação internacional que congrega os transportadores
marítimos e compreende associações nacionais de armadores que representam 66 %
da tonelagem da frota mercante mundial. Ressalte- -se que o Brasil e o Panamá,
dentre outros países, não fazem parte da mesma. Criada em 1921, a ICS se preocupa
com todas as questões técnicas, jurídicas e políticas que possuem impacto no
transporte marítimo internacional.
O Secretariado da ICS é exercido pela Maritime International Secretariat
Services Limited (Marisec), que pertence ao ICS e sua organização parceira
International Shipping Federation (ISF), adiante tratada. A ICS é engajada ativamente
nos seguintes organismos internacionais: International Maritime Organization (IMO),
United Nations Division of Ocean Affairs and the Law of the Sea (DOALOS), United
Nations Conference on International Trade Law (UNCITRAL), Organization for
Economic Co-operation and Development (OECD), World Customs Organization
(WCO) e World Trade Organization (WTO).(ICS, 2009).
Além disso, a ICS possui um relacionamento estreito com autoridades
marítimas nacionais e com relevantes departamentos e agências da União Europeia.
Nos últimos trinta e cinco anos, a ICS tem exercido um papel influente no
desenvolvimento, implementação e subsequentes revisões do SOLAS (The
International Convention for the Safety of Life at Sea) e da MARPOL (The International
Convention for the Prevention of Pollution from Ships) e dos seus Anexos e Códigos,
bem como do ISM e dos ISPS, e de toda a regulação adotada pela IMO. Mencione-
se, aindaque a ICS possui forte relação com o IACS, seguradoras, o Grupo
Internacional de Clubes de P&I e outras agências especializadas marítimas, bem
como organizações não governamentais cujas políticas e procedimentos possuem
impacto no transporte marítimo. (ICS, 2009).
A ICS representa todos os setores da indústria global de transporte marítimo
nas discussões dos foros internacionais, especialmente na IMO e proporciona:
a) orientação nos desenvolvimentos da regulação e efetividade das normas do setor;
b) promoção das melhores práticas, incluindo a produção de publicações
especializadas, para a maioria dos países marítimos;
c) a participação da sua associação de classe nacional como membro da ICS é como
se fosse a participação automática do país na IMO e indica um sério envolvimento do
país no transporte marítimo global. (ICS, 2009).
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5.1 International Shipping Federation (Isf)
5. TIPOS DE CONTRATOS
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A indústria internacional de transporte marítimo opera através de diversos tipos
de contrato. Os contratos mais praticados são:
a) Contratos de afretamento por viagem;
b) Contratos de afretamento por período;
c) Contratos de afretamento a casco nu;
d) Contrato de tonelagem; e
e) Contrato de transporte.
Antes de conceituar tais contratos, é oportuno lembrar que recaem sobre uma
embarcação os atributos da propriedade de coisas, a saber: os direitos de usar, fruir
e dispor.
O direito de usar se associa ao direito de ter a posse da embarcação, e,
consequentemente, o direito de exercer a gestão náutica. A gestão náutica do navio
consiste em dotar o navio com comando, tripulação adequada, combustível, provisões
e todas as demais providências necessárias para que o navio se lance ao mar. O
direito de fruir a embarcação consiste na obtenção dos benefícios decorrentes do
emprego comercial do navio, o qual se dá através de contratos de afretamento ou
transporte.
O direito de dispor da embarcação é aquele que dá ao proprietário o direito de
alienar a embarcação a terceiros, ou até mesmo alterá-la ou desmanchá-la. A partir
destes conceitos, podemos definir os contratos de afretamento como sendo aqueles
em que o fretador transfere ao afretador, por certo período, o direito de fruir e, no caso
do afretamento a casco nu, é transferido, também, o direito de usar a embarcação. No
afretamento por viagem, a duração do contrato é delimitada pela rota que o navio irá
cumprir, começando no porto de carga e terminando no porto de descarga. Em inglês,
este tipo de contrato é conhecido como Voyage Charter Party (VCP).
No afretamento por período, a duração do contrato é definida por um período
medido cronologicamente (meses ou anos). Em inglês, este contrato é conhecido
como Time Charter Party (TCP). Os direitos de fruir a embarcação são, na prática,
concedidos de forma mais ampla nos afretamentos por período do que nos
afretamentos por viagem. No contrato de afretamento a casco nu, é transferido para o
afretador, além do direito de fruir, o direito de usar a embarcação.
Por esta razão, neste tipo de contrato, o afretador toma posse da embarcação
sendo, portanto,contratualmente responsável pela gestão náutica do navio,
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diferentemente dos afretamentos por viagem e período, que em sentido inverso, a
posse e gestão náutica do navio permanecem com o fretador. Ressalte-se que, por
razões de ordem econômica e prática, a duração de um contrato de afretamento a
casco nu é sempre em anos. Em inglês, estes contratos são conhecidos como
Bareboat Charter Party (BCP ou BBC).
Contrato de tonelagem é aquele em que o fretador (ou transportador) se obriga
a transportar determinado volume de carga, em um determinado período, em navios
previamente nomeados no contrato. Em inglês, este contrato é conhecido como
Contract of Afreightment (COA). Cada viagem do COA é tratada como um VCP.
Desse modo, um COA é um conjunto de VCPs que tem entre si um vínculo
comum. O contrato de transporte tem como objeto o transporte de mercadorias de um
porto a outro. Estes diferem dos contratos de afretamento, pois neste último o objeto
não é transporte, mas sim a disponibilidade do navio para o exercício de suas funções.
Vale destacar que o contrato de afretamento por viagem é comumente
empregado no transporte de mercadorias, sendo, por esta razão, que há o
entendimento de que a sua natureza jurídica é a mesma do contrato de transporte.
A dinâmica dos negócios faz com que o tempo disponibilizado para se negociar
um afretamento seja exíguo demais, não havendo assim, tempo suficiente para se
negociar cada cláusula e seu respectivo texto.
Por esta razão a indústria lança mão de formulários ou contratos-padrão, os
quais servirão de base para a celebração do contrato. Os termos dos formulários já
são de amplo conhecimento e aceitação dos players do mercado, não havendo, por
isso, necessidade de negociá-los.
Além disso, os formulários, por serem muito usados, já tiveram diversas de suas
cláusulas discutidas nas principais cortes, sobretudo a inglesa e americana, que são
os principais foros adotados nos contratos de afretamento.
As decisões sobre estes casos formam uma extensa base jurisprudencial, que
traz ampla segurança jurídica sobre a aplicação das cláusulas nos mais variados
casos in concreto. Os formulários são especializados para os diversos setores da
indústria, sendo que para um mesmo setor pode haver mais de um formulário adotado.
Na indústria do transporte de petróleo e derivados, por exemplo, existem, entre outros,
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os formulários Shellvoy, Exxonvoy, BPvoy e Asbatankvoy para os afretamentos por
viagem e os formulários Shelltime, BPTime e Exxontime para o afretamento por
período.
Em regra, quem escolhe o formulário é o afretador. A adequada escolha do
formulário deverá levar em conta os seguintes aspectos:
a) Aspecto comercial: o formulário deverá ter ampla aceitação pelos fretadores;
b) Aspecto técnico-operacional: o formulário deverá preencher as práticas
operacionais (técnica e comercial) do afretador;
c) Aspectos jurídicos: o formulário deverá ter tradição nas cortes e arbitragens.
Todo contrato deve ser regido por um sistema legal. Quando o contrato não
mencionar o sistema legal regente haverá disputa sobre esta definição. Este problema
se agrava quando o contrato tem natureza internacional.
Os critérios de definição da lei regente podem ter as seguintes origens:
a) Nacionalidade (domicílio) das partes;
b) Local da prestação dos serviços; e
c) Livre escolha das partes.
É oportuno citar que a lei brasileira de arbitragem (Lei 9.307/1996) admite a
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eleição de lei estrangeira para reger contratos que envolvam empresas brasileiras. As
funções da lei no contrato são:
a) Assegurar o pacta sunt servanda (o contrato faz lei entre as partes). Este importante
princípio contratual é o que traz a necessária segurança jurídica para que os negócios
possam prosperar;
b) Orientar o modo de interpretar os contratos;
c) Suprir as lacunas do texto contratual, uma vez que não existe contrato com redação
perfeita;
d) Garantir a execução de sentenças judiciais ou laudos arbitrais que determinem a
uma parte contratante prestar obrigação a outra.
O contrato também deve definir de que forma as disputas contratuais serão
resolvidas. As disputas podem ser resolvidas pelo Poder Judiciário (poder estatal) ou
por Arbitragem (sistema privado).
Em qualquer dos casos, deve-se especificar o nome da corte que solucionará
a disputa. Quando o contrato não mencionar o foro (se estatal ou privado), haverá
disputa sobre esta definição, devendo-se observar que não há presunção de
arbitragem. Em geral o foro (estatal ou arbitral) tem a mesma nacionalidade da lei,
mas nem sempre. Pelas razões expostas acima, as cláusulas de lei e foro são as
pedras fundamentais dos contratos de afretamento e transporte. A lei inglesa é a mais
adotada nos contratos de afretamento e transporte do mundo inteiro, tendo em vista o
vasto arcabouço legal que aborda o tema. Além disso, há nas cortes inglesas varas
especializadas em assuntos marítimos.
O sistema de arbitragem inglês também é largamente usado nos contratos, por
haver tradição, competência e eficiência no julgamento das lides. Outros países,
igualmente, dispõem de juízos e arbitragens especializados em causas marítimas
(Estados Unidos, Cingapura, Panamá etc.).
O Contrato de transporte marítimo é o instrumento pelo qual um empresário
transportador se obriga, mediante remuneração, a transportar por mar, de um porto
para outro, certa quantidade de mercadoria que lhe foi entregue pelo embarcador e a
entregá-la a um destinatário.
Nesse tipo de contrato, figuram como principais partes contratantes:
a) o transportador ou condutor é a parte que, contra pagamento do frete, realiza o
transporte da mercadoria, conforme convencionado no contrato. O transportador nem
sempre será o proprietário ou armador do navio.
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b) o embarcador ou expedidor — é a parte que contrata o transporte de mercadorias
e as fornece para o transportador.
c) o consignatário — é aquele que recebe as mercadorias transportadas.
É importante destacar também a figura do armador que é a pessoa ou empresa
que explora comercialmente as capacidades do navio. Ressalte-se que, muito embora
seja uma espécie de contrato de utilização de navio, o contrato de transporte marítimo
não se confunde com o contrato de fretamento. A diferença entre esses contratos
reside essencialmente no objeto de cada um deles.
O primeiro tem como objeto o transporte da carga de um ponto ao outro,
enquanto o segundo visa à exploração comercial e utilização do próprio navio, ou seja,
tem como finalidade a disponibilidade do navio para exercer determinada função.
Em geral, os contratos de transporte marítimo são regidos pelas regras comuns
aos contratos de transporte de mercadoria (Código Civil e Código Comercial) e por
algumas regras especiais quando no plano internacional, dentre as quais se destacam
as Regras de Haia, Regras de Haia-Visby e as Regras de Hamburgo, que serão
oportunamente estudadas.
Contrato de transporte por viagem O Contrato de Transporte por Viagem
(Voyage Charterparty) é aquele em que o transportador se obriga a pôr à disposição
do embarcador um navio, ou parte dele, para que este o utilize numa ou mais viagens,
única ou consecutivas, previamente fixadas para o transporte de determinadas
mercadorias.
Trata-se de um verdadeiro contrato de depósito, sendo facultado ao contratante
fretar todo o navio (full cargo), parte do navio (part cargo) ou apenas um espaço do
navio (space charter).
Neste caso, tanto a gestão náutica, quanto a gestão comercial do navio ficarão
a cargo do transportador. Todavia, cabe observar que a contratação do transporte por
viagem não implica arrendamento do navio pelo afretador. Muito embora figure como
a modalidade menos utilizada, o transporte por viagem representa algumas vantagens
comerciais para o embarcador, na medida em que este não ficará sujeito às
instabilidades do mercado.
Contrato de transporte por conhecimento
Por meio do contrato de transporte por conhecimento, o embarcador inicia uma
relação jurídica com o transportador marítimo, para o transporte de uma mercadoria
de um porto a outro. Esta relação será evidenciada por meio de um Conhecimento de
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Embarque (Bill of Lading — BL), também chamado de Conhecimento de Transporte
ou de Carga. No cenário do transporte marítimo mundial destacam-se três tipos de
contratos-padrão: Conlinebill, Bimco e Viscombill.
Vale dizer que, diferentemente do que ocorre nos contratos de transporte por
viagem, aqui o embarcador não contrata toda ou parte da capacidade do navio, mas
sim, apenas, o transporte de sua mercadoria de um porto a outro.
Em geral, neste tipo de contrato, a carga poderá ser transportada solta no porão
do navio, como carga geral, ou unitizada em contêineres, cujo frete será calculado
com base no peso ou volume da carga transportada (ad rem), podendo, ainda, ser
calculado com base no valor declarado da mercadoria transportada (ad valorem).
O Conhecimento de Transporte é um documento emitido pelo transportador e
assinado pelo comandante do navio ou pela agência marítima responsável pelo
transporte, que confirma o recebimento da mercadoria a bordo. Por ocasião do
embarque das mercadorias, é realizada normalmente a emissão de três vias do
Conhecimento de Transporte, que acobertará a cargatransportada e contém as
cláusulas que regerão o transporte contratado, sendo a primeira entregue ao
Embarcador, a segunda permanece com o Transportador e a terceira via original é
remetida pelo Embarcador ao Consignatário da mercadoria, para que este possa
apresentá-la e receber sua carga no porto de destino.
Este documento, portanto, faz prova não somente do recebimento da
mercadoria a bordo do navio pelo Capitão, como também constitui a própria evidência
do contrato de transporte, cabendo ao transportador, conforme determina o artigo 754
do Código Civil, a obrigação de entregar a carga ao consignatário no porto de destino,
mediante a apresentação de sua respectiva via original do conhecimento de transporte
a ele consignado ou endossado.
É comum que, antes da emissão do conhecimento do transporte, seja emitido
outros documentos, geralmente o mate’s receipt, o booking note e o tally clerk’s
receipt. O mate’s receipt é o recibo provisório do embarque da mercadoria.
O booking note é conhecido como a reserva de espaço em uma determinada
embarcação para o transporte de mercadoria. Já o tally clerk’s receipt tem a função
de documentar o carregamento e o descarregamento da mercadoria na embarcação.
Assim, o conhecimento de transporte adquire características de evidência do
contrato, recibo e de título de crédito, já que a sua posse e apresentação por parte do
Consignatário o legitima junto ao Capitão do navio como proprietário da mercadoria
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nele descrita. Neste sentido, o ilustre maritimista Theóphilo de Azeredo Santos ensina
que “o conhecimento tem dupla natureza: inicialmente, consubstancia a prova do
contrato de transporte e, uma vez criado, passa a valer como título de crédito ”.
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6. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL
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novos conceitos, práticas e costumes do comércio marítimo internacional e integrado
com outros modais.
Os dispositivos das Regras de Roterdã procuram atender tanto aos interesses
da “carga” como dos “armadores”, servindo como instrumento de regulamentação
para uma maior harmonia no mundo globalizado e estabelecendo regras
contemporâneas e uniformes para o transporte de mercadorias pelo mar, conectando
ao transporte terrestre, assim como para o desenvolvimento do comércio eletrônico
no transporte marítimo. No entanto, é importante ressaltar que, apesar de ter sido
signatário das regras de Hamburgo, o Brasil não ratificou nenhuma convenção
internacional neste sentido, prevalecendo as normas internas comuns aos contratos
de transporte em geral.
Em vista disso, percebe-se que não obstante o esforço desempenhado por
diversos países na busca pela uniformização das normas atinentes aos contratos de
transporte marítimo, até hoje não se vislumbra a total sistematização da
regulamentação desses contratos no cenário mundial.
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CONCLUSÃO
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adequada aplicável no caso de conflitos de leis trabalhistas no espaço, acerca dos
empregados que trabalham a bordo de navios em alto-mar, se a Lei da Bandeira (Lei
do Pavilhão), ou a Lei da Bandeira de Conveniência ou ainda, a norma mais benéfica.
O Direito do Trabalho brasileiro, pelo Principio da Proteção, em conjunto com a
Lei nº 7.064/82, garantem os direitos fundamentais e sociais aos empregados que
trabalham a bordo de navios, sempre que mais benéfica, afastando-se assim, a Lei do
Pavilhão.
Os contratos internacionais de seguro marítimo de mercadorias colocam em
pauta uma crescente preocupação na segurança não só da estrutura física dos navios,
mas também das mercadorias nele existente, pois aqui se fala em milhões de dólares
em produtos, relações comerciais e meses de trabalho para realização de uma
negociação.
Será a partir da legislação inglesa que se encontrará a pedra fundamental para
a construção dos contratos internacionais uma vez que ela possui maturidade nesse
campo. Mesmo possuindo peculiaridades a legislação brasileira utiliza grande parte
dos conhecimentos elaborados pelos ingleses para formular seus contratos de seguro
marítimo.
Todo o contrato internacional de seguro de mercadorias realizado entre o
segurado e segurador tem como objetivo proteger a carga contra danos inesperados,
mas que possam ocasionar problemas homéricos nas relações. Em regra, nem todos
estão obrigados a contratar os seguros de mercadorias uma vez que o mesmo surgirá
em decorrência dos Incoterms acordados. Entretanto, a sua realização amenizará os
impactos negativos gerados por possíveis avarias.
Dessa forma, é necessário que se inicie os estudos por sua fonte primária – a
legislação Inglesa. A Inglaterra possui um ordenamento jurídico basicamente
originário da chamada Common Law (Lei Comum), ou seja, um direito costumeiro, de
convenções constitucionais, casos práticos e jurisprudenciais. A elaboração de uma
legislação Marítima, no que tange assuntos de seguro, ocorreu a partir de 1690
quando foi fundada a inglesa “Lloyd´s”, a mais tradicional companhia de seguros do
mundo nos assuntos marítimos. O transatlântico TITANIC contratou os seus serviços.
Nesse contexto, a legislação Inglesa adotaria, anos depois, como regra para os
Seguros Marítimos, o English Marine Insurance Act 1906 (MIA 1906), ou Seguros
Marítimos Inglês - Ato de 1906. Esse ato regularizou ações no campo dos seguros
marítimos com uma codificação de mais de 200 anos de decisões judiciais. Essa
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legislação é também conhecida por ser “the mother ofall marine insurance statutes”
ou a mãe de todos os estatutos de seguros marítimos.
O Ato de 1906 é o meio principal para regularizar as relações contratuais no
âmbito marítimo quando realizados ou por navios ingleses ou, havendo ausência de
acordos das partes em contrário, utilize-se a legislação inglesa como fonte. Todos os
contratos marítimos de seguro subscritos na Inglaterra estão governados por vários
conjuntos de cláusulas conhecidos por Standard Marine Clauses onde, muitas vezes,
eliminam o poder dos pressupostos estabelecidos pela lei.
Alguns estudos trazem a ideia de abolição do MIA 1906, tendo em conta o
estabelecimento de um código mais moderno. Entretanto, codificar novas regras não
é tarefa fácil para um país que tem como Lei-mãe a Common Law. O funcionamento
real desta Lei tem sido bastante satisfatório dado que muitas das questões de fato
suscitadas são resolvidas por referência à evidência do mercado e também devido ao
fato dos tribunais desempenharem um importante papel ao esclarecer as lides sem
dispor da lei.
Os tribunais já estão conseguindo desenvolver princípios para situações novas
aplicando a lei de forma mais flexível e que reflita as tendências do mercado. Assim,
verifica-se que os ingleses conseguiram, através de suas decisões, modernizarem o
direito marítimo de seguros.
O mercado de Londres - Joint Hull Committee - formando pela Lloyd’’s
Underwriters’’ Association- Associação de Seguradores Marítimos de Loyd’s em
consulta com as associações de armadores, seguradoras e corretores, desenvolveu
a International Hull Clauses (IHC)- cláusulas internacionais do casco, como um novo
conjunto de cláusulas. O IHC entrou em vigor em 1 de Novembro de 2002.
As cláusulas da Internacional Hull são divididas em três partes sendo uma que
contém as principais condições de seguro; a segunda parte apresenta uma série de
cláusulas adicionais que foram exigidos pelos assegurados e adicionado ao ITC
(Institute Time Clauses) separadamente; e a terceira contém provisões para sinistros
e define os direitos e responsabilidades dos seguradores e assegurados.
Nesse escopo, a partir dos estudos comparativos de contratos das duas
nações, a legislação brasileira ainda se utiliza da união interpretativa do código civil e
o código comercial que regulamentarão, especificamente, a aplicação das leis
securitárias marítimas. Contudo, o Código Comercial em seu título III ficará totalmente
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dedicado às normas que regem a formulação de um seguro marítimo definindo desde
a estrutura de formação de um contrato até peculiaridades que devem ser atentadas.
Será o artigo 9, caput, da Lei de Introdução do Código Civil, que se encontrarão
as regras aplicáveis aos contratos internacionais. Esse artigo legisla que as partes
envolvidas se submeterão às leis do país de celebração do contrato mesmo que haja
disposição específica ou a omissão da lei aplicável.
No caso da legislação inglesa, a sua estrutura, por mais que esteja fomentada
em demais leis e casos práticos, se limitará a um único estatuto o MIA 1906. A partir
dessa análise, pode-se verificar que, mesmo existindo para cada legislação uma
peculiaridade e forma estrutural, ambas tratarão de pontos em comum.
O ordenamento jurídico brasileiro legisla sobre informações necessárias para
se compor um contrato internacional de seguro marítimo de mercadorias e, para isso,
é importante que haja a descrição completa da mercadoria, a sua natureza, peso,
embalagem, valor, número de volumes, locais de embarque e desembarque, riscos,
veículo de transporte, valor do seguro e outras informações relevantes. Tudo isso é
parte de uma burocracia que ao mesmo tempo protegerá os interesses do segurador,
do segurado e de terceiro interessado na carga.
O Decreto-lei n 73 de 21 de novembro de 1966, juntamente com o Código Civil
vigente, em seus artigos 757 a 802 e o Código Comercial entre os artigos 666 e 730
formam a base da legislação brasileira de seguros marítimos. Criou-se, portanto,
sociedades anônimas e cooperativas de seguro através dos órgãos integrantes do
Sistema Nacional de Seguros Privados como: Conselho Nacional de Seguros
Privados (CNSP); Superintendência de Seguros Privados (Susep) e o Instituto de
Resseguros do Brasil (IRB), que controlam e disciplinam o mercado.
Em regra, o seguro passa a vigorar a partir do momento que a carga deixar o
cais para integrar o navio e cessa quando for colocada em terra no porto final. Outra
cláusula padrão será quanto ao prazo que se estipula para o tempo que o navio pode
ficar atracado ao porto de origem e o tempo que se pode aguardar no local de destino
que é de 30 dias. Essa seria uma regra geral, o que não impede que contratos
adicionais sejam realizados entre as partes para a extensão de sua validade.
O proprietário, seu representante legal, ou armadores em geral de
embarcações com bandeiras nacional ou internacional, que farão suas inscrições ou
registros nas Capitanias dos Portos e órgãos subordinados - bem como as já inscritas
e registradas-, estão obrigados a contratar “o seguro obrigatório de danos pessoais
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causados por embarcações ou por suas cargas” (DPEM- Seguro obrigatório de Danos
Pessoais Causados por Embarcações ou por suas Cargas).
A necessidade de adotar seguros para prevenir quanto aos riscos que o
transporte propicia e o interesse de buscar o melhor custo benefício remete os futuros
segurados a contratarem empresas sem consultar a sua idoneidade o que colocará
em risco toda a mercadoria existente. Com o aumento de empresas que buscam
lucros rápidos num mercado em franca expansão, os interesses se voltam a contratos
mal formulados e sem nenhum conhecimento quanto às leis a serem aplicadas.
É na legislação Inglesa que se encontrará a lei mãe para os seguros de
mercadoria marítima e é nela que demais países se influenciarão de modo a legislar
sobre o tema.
Tanto uma quanto outra legislação possuem suas peculiaridades, mas ambas
surgem com propósitos na harmonização dos negócios. O meio de transporte
marítimo destaca-se como sendo os primeiros passos para a expansão e
industrialização dos países. Por esse motivo, os contratos internacionais de seguro
das mercadorias surgem como garantia para as relações comerciais entre as partes.
O comércio marítimo em todos os países do mundo é o grande colaborador para o
amadurecimento econômico e a sua segurança viabiliza amenizar possíveis entraves
que ainda existem nesse mar jurídico globalizado.
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REFERÊNCIAS
CASTRO, Luiz Augusto de Araújo. O Brasil e o novo direito do mar: mar territorial e
zona econômica exclusiva. Brasília: Fundação Alexandre Gusmão, 1989.
GIBERTONI, Carla Adriana Comitre. Teoria Prática do Direito Marítimo. 2 ed. Rio de
Janeiro: Renovar, 2005.
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