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"espaços de configuração", dos quais o espaço sensível não passa, no fundo, de um pobre
exemplo. p. 07
E, para mostrar que o processo de abstração não é uniforme, chegaremos até a usar um tom
polêmico ao insistir sobre o caráter de obstáculo que tem toda experiência que se pretende
concreta e real, natural e imediata. p. 09
Pensamento interessante: É imensa a distância entre o livro impresso e o livro lido, entre o
livro lido e o livro compreendido, assimilado, sabido! p.10
É preciso passar primeiro da imagem para a forma geométrica e, depois, da forma geométrica
para a forma abstrata, ou seja, seguir a via psicológica normal do pensamento científico.
1. DA IMAGEM PARA A FORMA GEOMÉTRICA
2. DA FORMA GEOMÉTRICA PARA A FORMA ABSTRATA
a. Imagem
b. Geometria
c. Forma abstrata
Observação, Espinosa: Esta tríplice visão da ética Espinosana se compreende na linha das
formas de conhecimento por ele advogados: o empírico, o racional, e o da ciência intuitiva.
1. O estado concreto
2. O estado concreto-abstrato
3. O estado abstrato
O pensamento científico é então levado para "construções" mais metafóricas que reais para
"espaços de configuração", dos quais o espaço sensível não passa, no fundo, de um pobre
exemplo.
Já que a primeira
representação geométrica dos fenômenos é essencialmente
uma ordenação, essa primeira ordenação abre-nos as perspectivas
de uma abstração alerta e conquistadora, que nos levará
a organizar racionalmente1 a fenomenologia como teoria da
ordem pura. Então, nem a desordem será chamada ordem desconhecida,
nem a ordem uma simples concordância entre nossos
esquemas e os objetos, como poderia ser o caso no campo
dos dados imediatos da consciência. Quando se trata de experiências sugeridas ou construídas
pela razão, a ordem é uma verdade, e a desordem, um erro.
A ordem abstrata é, portanto, uma ordem provada, que não fica sujeita às críticas bergsonianas
da ordem achada.
Obs:
1
Parece defender uma organização racional dos fenômenos.
Forneceremos essas provas ao estudar mais de perto as dificuldades das abstrações corretas,
ao assinalar a insuficiência dos primeiros esboços, o peso dos primeiros esquemas, ao sublinhar
também o caráter discursivo da coerência abstrata e essencial, que nunca alcança seu objetivo de
um só golpe. E, para mostrar que o processo de abstração não é uniforme, chegaremos até a usar
um tom polêmico ao insistir sobre o caráter de obstáculo que tem toda experiência que se
pretende concreta e real, natural e imediata. P. 09
Nossa proposta, neste livro, é mostrar o grandioso destino do pensamento científico abstrato.
Só os eixos
racionais permitem essa reconstrução.
2
Alma professoral, ciosa de seu dogmatismo, imóvel na sua
primeira abstração, fixada para sempre nos êxitos escolares
da juventude, repetindo ano após ano o seu saber, impondo
suas demonstrações, voltada para o interesse dedutivo, sustentáculo
tão cômodo da autoridade, ensinando seu empregado
como fazia Descartes, ou dando aula a qualquer burguês
como faz o professor concursado.
Contra o utilitarismo
Em todo caso, a tarefa da filosofia científica é muito nítida:
psicanalisar o interesse, derrubar qualquer utilitarismo por
mais disfarçado que seja, por mais elevado que se julgue, voltar
o espírito do real para o artificial, do natural para o humano,
da representação para a abstração.
O autor faz distinção entre Representação e Abstração (que muitas vezes é irrepresentável, não
devemos confundir com a transposição do abstrato formalizando o conhecimento obtido pela
abstração). Pra ele A ciência é a estética da inteligência.
Pelo que estou percebendo o autor não se coloca do lado da Intuição, nem tampouco da
experiência dos sentidos. Porém, mostra-se um adepto do conhecimento racional, obtido
pela razão. (intelecto?? Inteligência?? )
O conhecimento do real é luz que sempre projeta algumas sombras. Nunca é imediato
e pleno.
Em toda a sua obra, Bergson opõe o observador científico ao personagem filosófico que
"passa" pela duração; e sobretudo tenta mostrar que o primeiro supõe o segundo, não
somente na física newtoniana (Données immédiates, cap. III), mas na Relatividade (Durée et
simultanéité).
A idéia de partir de zero para fundamentar e aumentar o próprio acervo só pode vingar em
culturas de simples justaposição, em que um fato conhecido é imediatamente uma riqueza.
E, digam o que disserem, na vida científica os problemas não se formulam de modo espontâneo.
É justamente esse sentido do problema que caracteriza o verdadeiro espírito científico.
Para o espírito científico, todo conhecimento é resposta a uma pergunta. Se não há pergunta,
não pode haver conhecimento científico. Nada é evidente. Nada é gratuito. Tudo é construído.
O que é PERGUNTA??
Chega o momento em que o espírito prefere o que confirma seu saber àquilo que o contradiz,
em que gosta mais de respostas do que de perguntas. O instinto conservativo passa então a
dominar, e cessa o crescimento espiritual.
‘aplicar uma dṛṣṭi’ – literalmente, uma ‘visão’ ou uma ‘teoria’6– ao tattva (‘talidade’), isto é, à
realidade como ela aparece aos despertos (buddhas). Conse-quentemente, a atitude filosófica
‘antimetafísica’ que nestas páginas atribuiremos a Nāgārjuna consiste em uma posição que,
mais especificamente, deve ser entendida como ‘anti-dṛṣṭi’.
Quando o conhecimento empírico se racionaliza,
nunca se pode garantir que valores sensíveis primitivos não
interfiram nos argumentos
De modo visível, pode-se reconhecer que a idéia científica muito usual fica carregada de um
concreto psicológico pesado demais, que ela reúne inúmeras analogias, imagens, metáforas, e
perde aos poucos seu vetor de abstração, sua afiada ponta abstrata.
a inteligência enfim, sancionada por êxitos precoces ou por simples concursos universitários, se
capitaliza qual riqueza material. (Link com Bourdieu – capital simbólico)
Epistemólogo
Muitas vezes, a preocupação com a objetividade, que leva o historiador da ciência a arrolar
todos os textos, não chega até o ponto de medir as variações psicológicas na interpretação de um
determinado texto. Numa mesma época, sob uma mesma palavra, coexistem conceitos
tão diferentes! O que engana é que a mesma palavra tanto designa quanto explica. A designação
é a mesma; a explicação é diferente. Por exemplo, a telefone correspondem conceitos que são
totalmente diferentes para o assinante, a telefonista, o engenheiro, o matemático preocupado
com equações diferenciais da corrente telefônica. O epistemólogo deve, pois, captar os
conceitos científicos em sínteses psicológicas efetivas, isto é, em sínteses psicológicas
progressivas, estabelecendo, a respeito de cada noção, uma escala de conceitos, mostrando
como um conceito deu origem a outro, como está relacionado a outro. Terá, então, alguma
probabilidade de avaliar a eficácia epistemológica. O pensamento científico vai logo aparecer
como dificuldade vencida, como obstáculo superado.
Epistemologia: a relação dos conceitos com os conceitos. A gênese dos conceitos. A história
dos conceitos.
Acho surpreendente que os professores de ciências, mais do que os outros se possível fosse, não
compreendam que alguém não compreenda. Poucos são os que se detiveram
na psicologia do erro, da ignorância e da irreflexão. P. 23
Os professores
de ciências imaginam que o espírito começa como uma aula,
que é sempre possível reconstruir uma cultura falha pela repetição
da lição, que se pode fazer entender uma demonstração
repetindo-a ponto por ponto. Não levam em conta que o adolescente
entra na aula de física com conhecimentos empíricos
já constituídos: não se trata, portanto, de adquirir uma cultura
experimental, mas sim de mudar de cultura experimental,
de derrubar os obstáculos já sedimentados pela vida cotidiana.
Um exemplo: o equilíbrio dos corpos flutuantes é objeto
de uma intuição habitual que é um amontoado de erros. De
modo mais ou menos claro, atribui-se uma atividade ao corpo
que flutua, ou, melhor, ao corpo que nada. Se tentarmos com
a mão afundar um pedaço de pau na água, ele resiste. Não é
costume atribuir-se essa resistência à água. Assim, é difícil explicar
o princípio de Arquimedes, de tão grande simplicidade
matemática, se antes não for criticado e desfeito o impuro
complexo de intuições primeiras. Em particular, sem essa psicanálise
dos erros iniciais, não se conseguirá explicar que o
corpo que emerge e o corpo completamente imerso obedecem
à mesma lei. P. 24
Para que a ciência não se torne em religião, nem em pensamento irrefletido, é necessária a
Filosofia da Ciência. Que irá, não estabelecer as bases do conhecimento, mas questioná-las. À
Filosofia da Ciência cabe questionar as bases em que a ciência se assenta, e a possibilidade de
conhecimento. Não compete à religião o papel de questionar a ciência.
Cultua científica
A primeira experiência ou, para ser mais exato, a observação primeira é sempre um obstáculo
inicial para a cultura científica.