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espirito cientifico
Física
Universidade Estadual do Ceará (UECE)
20 pag.
Capítulo 1:
A noção de obstáculo epistemológico – plano de obras
Neste primeiro capítulo ele diz que, é em termos de obstáculos que o problema do
conhecimento científico deve ser colocado. A noção de obstáculo epistemológico pode ser
estudada no desenvolvimento histórico do pensamento científico e na prática da educação.
Capítulo 2:
O primeiro obstáculo: a experiência primeira.
Na formação do espírito científico, o primeiro obstáculo é a experiência primeira, a
experiência colocada antes e acima da crítica. A experiência primeira não constitui, de
forma alguma, uma base segura. O espírito científico deve forma-se contra a natureza,
contra o que é, em nós e em fora de nós, o impulso e a informação da natureza, contra o
arrebatamento natural, contra o fato colorido e corriqueiro.
Capítulo 3:
O conhecimento geral como obstáculo ao conhecimento científico
Nada prejudicou tanto o progresso do conhecimento científico quanto a falsa doutrina do
geral. Vamos procurar mostrar que a ciência do geral sempre é uma suspensão da
experiência, um fracasso do empirismo inventivo. Conhecer o fenômeno geral, valer-se
dele para tudo compreender, não será semelhante a outra decadência.
Capítulo 4:
Exemplo de obstáculo verbal: a esponja. Extensão abusiva das imagens usuais
Bachelard aborda ainda o obstáculo verbal. A partir do exemplo de como se explicavam os
fenômenos elétricos por intermédio da imagem da esponja no início da ciência clássica,
mostra como se construía, com imagens pueris, um saber sem futuro.
Capítulo 5:
O conhecimento unitário e pragmático como obstáculo ao conhecimento científico.
Capítulo 7:
Psicanálise do realista
Para bem caracterizar o fascínio da idéia de substância, será preciso procurar-lhe o
princípio até no inconsciente, no qual se formam as preferências indestrutíveis. De fato, a
convicção primeira do realismo não é discutida, como nem chega a ser ensinada, de forma
que o realismo pode, com razão, ser considerado a única filosofia inata.
Capítulo 8:
O obstáculo animista
O que mostra com mais clareza o caráter mal colocado do fenômeno biológico é a
importância conferida à noção dos três reinos da natureza e o lugar preponderante que é
dado aos reinos vegetal e animal em comparação com o reino mineral.
Capítulo 9:
O mito da digestão
A digestão é uma função privilegiada, poema ou drama, fonte de êxtase ou de sacrifício,
torna-se, pois, para o inconsciente um tema explicativo cuja valorização é imediata e
sólida. A digestão corresponde de fato a uma tomada de posse bem evidente, de inatacável
segurança.
Capítulo 10:
Libido e conhecimento objetivo
Não é possível pensar durante muito tempo num mistério, num enigma, numa quimera, sem
evocar, de modo mais ou menos encoberto, seus aspectos sexuais. Por muito tempo ainda,
senão para sempre, a leitura vai exigir temas misteriosos, precisa ter diante de si uma zona
de elemento desconhecido. É preciso também que o mistério seja humano. Enfim, toda
cultura fica romanceada. O próprio espírito científico é atingido.
Capítulo 11:
Os obstáculos do conhecimento quantitativo
Seria enganoso pensar que o conhecimento quantitativo escapa, em princípio, aos perigos
do conhecimento qualitativo. A grandeza não é automaticamente objetiva, e basta dar as
costas aos objetos usuais para que se admitam as determinações geométricas mais
esquisitas, as determinações quantitativas mais fantasiosas.
Capítulo 12:
Objetividade científica e psicanálise
A psicanálise do conhecimento, portanto, não tem a função de ligar os interesses da vida
aos do espírito; tem a função de distinguir os interesses do espírito dos interesses vitais.
Tem a função de sobrepor ao caminho da vida - com seu passado e presente afetivo e
Tema central: Gaston Bachelard, filósofo e poeta francês, nascido em 1884 e falecido em
1962, tratou em sua obra “A Formação do Espírito Científico”, basicamente do objeto do
presente trabalho: obstáculos epistemológicos.
Sentido desse tema na obra analisada: Este livro é um prato cheio para quem quer saber
um pouco mais sobre o desenvolvimento histórico e psicológico do pensamento científico.
Partindo de uma grande quantidade de textos dos séculos XVII e XVIII (o índice
onomástico lista mais de 200 autores!), Bachelard faz uma verdadeira autópsia naquilo que
ele determina "espírito pré-científico", incluindo aí os vícios epistemológicos de
alquimistas, físicos, filósofos e naturalistas. Desde a valorização subjetiva do objeto de
estudo até a generalização gratuita e absurda, o autor faz uma lista dos principais
obstáculos ao conhecimento científico, analisando cada um em profundidade. No final,
concluímos com o autor que o conhecimento científico só emerge nas mentes e nas
sociedades quando finalmente conseguimos abrir mão das imagens primeiras, das
impressões iniciais que temos de um fenômeno, e passamos a um caminho de abstração
crescente, distante do dado claro e aparentemente explícito (p. 29):
FICHAMENTO DO AUTOR
Como foi possível fazer com que a intuição da vida, cujo caráter invasor vamos
mostrar, ficasse restrita ao seu próprio campo? Em especial, como as ciências físicas se
livraram das lições animistas? Como a hierarquia do saber foi restabelecida, ao afastar a
consideração primitiva desse objeto privilegiado que é o nosso corpo? É como obstáculo à
objetividade da fenomenologia física que os conhecimentos biológicos devem chamar
nossa atenção. Sobre essa intuição fundamenta-se, em seguida, uma ciência geral, confiante
na unidade de seu objeto; essa ciência chama – apoio lamentável – a biologia nascente em
socorro de uma química e de uma física que já obtiveram resultados positivos.
O que mostra com mais clareza o caráter mal colocado do fenômeno biológico é a
importância conferida à noção dos três reinos da natureza e o lugar preponderante que é
dado aos reinos vegetal e animal em comparação com o reino mineral. Tudo o que se baseia
na analogia dos três reinos sempre deprecia o reino mineral, e na passagem de um para
Outro momento do segundo capítulo do livro em destaque, que vale ressaltar, é quando o
autor trata da dificuldade que aqueles que praticavam a alquimia(que em última análise é a
experiência primeira da química), tiveram em serem reconhecidas suas posições
ideológicas, tanto é que no século XIX, enquanto os historiadores reconheciam que a
moderna química havia surgido do trabalho dos alquimistas, os químicos resistiram a esta
idéia. E não podendo deixar de referir-se também aos literatos, que viam, segundo
Bachelard, o alquimista “como uma mente perturbada a serviço de um coração voraz .”
Bachelard, diferentemente destes, parecendo até que apaixonadamente, entende a alquimia
como uma iniciação, nem tanto intelectual, mas sim, moral, devendo os alquimistas serem
julgados subjetivamente, por meio da psicanálise, chegando até a dizer que a compreensão
da alquimia passa pela “intimidade do sujeito, na experiência psicologicamente concreta ”.
E ainda:
“A alquimia reina num tempo em que o homem mais ama do que utiliza a Natureza. A
palavra Amor traz tudo. É a senha entre a obra e o operário. Não é possível, sem doçura e
amor, estudar a psicologia das crianças. Exatamente no mesmo sentido, não é possível, sem
doçura e amor, estudar o nascimento e o comportamento das substâncias químicas .”
Passa então Bachelard, a analisar, no capítulo terceiro de seu aludido livro, a interessante
idéia do “conhecimento geral como obstáculo ao conhecimento científico ”, e começa
ressaltando que: “Nada prejudicou tanto o progresso do conhecimento científico quanto a
falsa doutrina do geral, que dominou de Aristóteles a Bacon, inclusive, e que continua
sendo, para muitos, uma doutrina fundamental do saber .” Assim o autor propõe a discussão
de como a generalidade pode obstaculizar o avanço científico, pois muitos professores ao
invés de aprofundar seu estudo, analisando o maior número possível de probabilidades,
realizando uma quantidade suficiente de experimentos, podem chegar, e na maioria das
vezes chegam, a resultados equivocados porque simplesmente generalizaram o
conhecimento daquilo que estavam a estudar.