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Grilos aos litros

em gritos pego no pé
aflitos da letra
no escuro suscitam levo um coice
fitos na boca
os ritos
da escuridão
Beijo
a
b
folhas voam com o vento c
dias escapam dário
dos galhos do tempo do desejo

pseudáfora
janela aberta uma
com uma metá
estrela flerta falsa
fora

ÓPTICA
este poema Muito se diz do mundo (belo ou horrível)
que se vê, de sua grandiosidade.
pode me ser A paisagem, como é bela... como é!
útil(mo)
Pouco assombro há, no entanto,
no que toca ao próprio ato de ver.
Ver abarca o mundo!

A teia é
a percepção suaves
extra-sensorial suas aves
da aranha asas abertas
salsam zéfiros
perfeição!
o único erro
que procurávamos
corrigir
Desenterrar o sol
como quem arranca da terra
uma Beterraba madura

eu não entendo
Num mundo de leitores não nada mesmo
haveriam campanhas de ou seja, entendo
leitura. mas pouco

O vento varre o gramado Palavras sem significação


pensamentos frescos são todas as que
Despencam do telhado não me dão razão

Pensar é uma brasa pão nosso


década
dia
Céu de bronze
duro como pedra,
se despenca O CAFÉ
é de cedo
quebra. A REUNIÃO
é de tarde
A PIZZA
é de ontem
O PÃO
é de agora
TRÊS
é demais
QUATRO
é depois
NA CAMISA O BOTÃO
é detalhe
TEM COISA QUE
é difícil, por exemplo
EDIFÍCIO

Quanto menor a formiga,


tanto melhor a vista
a noite vence
Com tradições. a armadura ENDURECIDA
do dia

Há tensão
o cachorro late alto
o sono
alimento sólidos ainda mais
lamentos

ver se boto
Hidra de cem cabeças,
eufórica e epiléptica.
o dia a funcionar
Em estado que a noite
de alucinação perpétua.
funciona por conta

a vida é a única
inflamação
da qual não quero sarar
Cá pra nós,
o calor diz-se
é psicológico, a eternidade tem hálito quente
a eternidade caminha devagarinho,
mas pense um sol a eternidade faz a barba vez ou outra.
que tava com um
psicológico forte

aquela tarde
No contorno de algumas poucas horas,
na apertada circunferência dos minutos,
dá pra saber que no estreito anel dos instantes,
é domingo o cinto apertado do tempo
constrange-nos
de olhos fechados

Quem faz sala é pedreiro.


Para o cachorro o osso,
já ressequido, embotado,
sem tutano e sem sabor,
é, a um só tempo, Sabe o que o pato velho disse
promessa, e pro pato moço?
lembrança apetitosa - Quá quá
A claridade do dia rir (de corpo)
é sugestiva inteiro

rir
de fato
Nas lonjuras rir, rir
verdejantes onde mesmo

pastam
meus desejos rir dois
em um
rir assim,
de um jeito
O beijo precede o escarro que...
O afago o estrago pressagia
Entrelaçados sempre estão
O consolo e o desamparo

vejam
o aspecto dos espetos o que diz
circunspectos
engajados no fastidioso
exercício de pingar o teto
sobre a mesa
do tatu
é terra
não amanheço, algo em mim
consegue, num logro fenomenal
persuadir, ludibriar e convencer
a noite o fato, e no máximo névoas níveas,
desanoitece longitudinais, profusas,
plúmbeas, mistas
esparsas, rarefeitas
de contornos tantos
pra adormecer, o sofá de confusas tintas
de vontades raras
a cama pra dormir
arredios
e ariscos ares

luzes evasivas e avessas


acesas queimam de rebeldes arabescos
seus olhos de fimbrias falsas
que abertos recalcitrantes
teimam voragens
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d'evanescentes
paragens

rir com os
olhos
note que
quem de lá no ralo
vem das ilusões
não dá por escoa um rol
si de ideias vis
vintém

não conte
resgate de risco pra ninguém:
tire a alma cotonete
do aprisco

epiderme de cacto
gatos pardos
subcutâneo impacto não perdoam
do compacto,
intacto pardais
emerge
o espinho enfático

viu
vir, verões
dentro e fora
tudo comemora
Grilos aos litros
em gritos
a semana dá pro mês os dias
que recebeu das horas
aflitos
minuto a minuto no escuro suscitam
segundos fiam anos
fitos
os ritos
quase
vivo
da escuridão
sobre
vivo

ris de encontro
ao vento janela aberta
enquanto as rãs com uma estrela
coaxam lento flerta
Cada qual
quando chagas Com seus
asas
Caracol
quando chamas
cegas
sino soa
A teia é a percepção pé sua
extra-sensorial da aranha

Brando é o vento
inconsciente em guarda No laranja dos telhados
contra o Nas tardes de modorra e
sub-reptício suor

cavalo alucinado Dentro do mapa


trotando a estrada estreita Fora do mapa
da escuridão Mapa do dentro
o roçar de ramos dentro do fora
sugere visão Mapa do fora
fora do dentro
do mapa
a brincadeira do som na Nem jamais
palavra se ouviu ou viu
o passeio das imagens
no corrimão da frase
zen %
mais taxa
cada nota do dia sorvida de juros
no caldo da noite
dissolvida
ssosserásserando

Jamais respire Duas vezes


MANHÃS
QUE TECEM
LUZES no céu da boca
QUE A TARDE ardem
FENECEM - aftas
A QUEM estrelas ácidas
PERTENCEM?

Pinturas sonoras
com a maciez porcelânica Quadros da memória
dos dentes mordiscar-te Pássaros e amoras
em doces frêmitos

Não há determinismos rígidos na


comunicação animal.
Para o pato se fazer 'entendido' pelo gato,
não precisa fazer miau.

tristeza exata
milimétrica
matemática
tipo acento
em "a" de Fátima
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Uns sofrimentos são necessários,


outros inevitáveis e,
outros ainda,
absolutamente opcionais

saber qual é qual


é importante
e nem sempre
tão fácil

tipo olhar
através de águas
turvas
Nada como um bom bocejo pra criar uma o TAL " SUCESSO" na ARTE-
AMBIENTAÇÃO BEM BACANA, LITERATURA!
Bocejos noturnos, Quem gera DIFERENÇA, reforça o
expressivo, mergulha nas singularidades e
Bocejos diurnos, jamais será capturado pelo marketing das
formatações dos reconhecimentos e das
Bocejos vespertinos
ideologias do sucesso que arrastam as
Bocejos matinais estruturas sentimentais do rendável dentro
de um tempo-escravo-cronológico,
Bocejos .. anestesiando os sentidos e o pensamento.
mas nos atenhamos, tão somente, aos
noturnos, especificamente aqueles dados em Relembrando Cézanne e Paul Klee: “em vez
casa). de representar o visível, tornar
Um bocejo bem aplicado pode mudar os
humores de uma casa,
A vontade de sair deu e passou,
acalmar os ânimos, o corpo não respondeu ao gesto já pronto.
A mão invisível que o manteve,
serenar as mentes, sem espasmo ou movimento – inerte.
tem a virtude de transmitir segurança,
A vontade de sair foi um relâmpago.
tranquilidade.
Um espectro projetado nos vestíbulos
da consciência.
Fantasma o gesto que a encarnou.

Não atendeu a sensibilidade,


ao raio diáfano da vontade,
que faiscou nas grutas ocas
do querer.

Onde a polpa carnuda


do ato se enfibra,
ressequiu.

Maça

a mão do dia
dispersa os peixes
do sono

Eu não escrevo,
faço cantar
pneu.
PRA TEU GOVERNO

Crês ter meu governo pedi água


Nessa moldura de terror
Que me desenha
e me deste vinagre
pedi príncipe
Captura-me nessa enquadre e me deste
E faz bom proveito
o sapo
Com ameaças pertinazes
e veladas tencionas
Ganhar-me, PENS
(de)ter-me, (con)ter-me.
A (MENTO)
Intimidações matizadas no diáfano
DES
De um mórbido carnaval TRA
de terríficas nuances
a desfibrilar-me DO
Os nervos

(quase) prendem-me Que são cinco anos?


Para algumas dores,
cinco anos equivalem
Mas contigo vai quadro e moldura a alguns dias,
(garganta adentro!) dois, três atrás.
Captura e capturado
E faz bom proveito. Para outras,
só alguns minutos se passaram.

Tua força instala-se em minha fraqueza Essa é a medida de pertinência


Mas minha fraqueza consegue da vizinhança das dores.
Ser ainda mais forte
Quando sucumbe
INVENTADO
Crês mesmo dar-me contorno?
Sujeito que possui ventos
por dentro.
Leva contigo tudo
capa, rosto e feição,
conteúdo e continente
Ao menos isso
E faz bom proveito!
Você não pode olhar para o sol,
porque cega e ofusca.
Não pode ver as estrelas,
teu bronze já que estão muito distantes.
tua pose A lua é uma forma de não sair
completamente perdendo,
teu estático ser com todo essa privação,
de estrelas sem rosto e
sobre a cama
sóis que nos cegam, - em certa medida –
sem que possamos vê-los.
Ela parada, redonda estou a pensar em regionalismos da
e reluzente, antártica, ou do pólo norte.
Como a face de um planeta
Sertões abaixo de zero.
pálido.
Ali, Tipico do ártico. Poesia polar. essas viagens
não completamente de doce.... Estou com um frame mental
ao alcance. inteirinho do Grandes Sertões "se passando"
Mas, no pólo sul. Escrito por um Guimarães
nem tão longínqua
esquimó. Cada detalinho de estilo, cada de
e arisca
pormenor composicional.
quanto uma estrela.
Esquadrinha-se-lhe os contornos Vastos Sertões - Veredas Polares.
e a silhueta,
sem necessitar de uma luneta. Ai a galera vai entender o que é dar um gelo
Tudo aquilo
a que o sol se nega
- o rosto. Estático inseto
Na parede imóvel
Não anoiteça; Do poema sólido
que eu não quero. Poeta vitrificado
Segura firme aí, De retinas órfãs
essa barra do horizonte. Em observação pétrea
Não anoiteça, não ainda.
Que eu não quero Memórias em pó,
batidas com leite ou água.
Planeta mundo, Solubilidade: do real e da memória
sociedade Brasil-país, Esfarelação perene...
ao vivo e a cores! De permanente apenas: o corrosivo
Latitude e longitude variável... dos dias que se sucedem em cascata
variável, sempre... e o ácido da diluição.
variável...!

que são velhas estéticas?


que alvoreceres esmaecentes full gases
desmaiados esses moments

o papa é pop
mas o Pinhão não
[esse é recluso]
soturno
enfiado na pinha
disfarçado de espinho
visível o invisível”, evitar os arquétipos, os
Pois é, Os Sertões é coisa regionalista protótipos da percepção que estão ao
serviço da utilidade, do entretenimento, da
normopatia, das maiorias, do sensório-
motor e do interesse objectivado pelo
mercadejo e pelo poder. A arte-literatura
têm sim um pacto com a VIDA e com o
IMPENSÁVEL, ou seja, com o
PARADOXAL, com as SENSAÇÕES, com
o RITMO, com o ACÓSMICO, com o
VAZIO e com o SUBLIME…o resto apenas
alimenta a vida-besta e o
sobrevivencialismo: como nos disse Walter
Benjamin: a MAIORIA é a morte.

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