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laranjeira
(Paulo Leminsky)
(Paulo Leminsky)
Sina
senão cantá-las?
(Teruko Oda)
(Lívia Natalia)
Do despertar
Cotidiano
tremendamente
(Lívia Natalia) humana.
(Lívia Natalia)
Cotidianos
Medo
Ele tomou para si minha
(Lívia Natalia)
(Lívia Natalia)
A fina, a doce ferida
Oceano Berimbau
(Álvaro de Campos)
Tempo
Que é do
tempo Re: provérbio
que
quem nunca comeu farelos
vivemos,
todo o tempo
não
vivemos?
(Ricardo Aleixo)
Rainha Onça
Sou Elza.
Sou onça. Consolatio
Canto
sem pedir quanta poesia
licença.
(Ricardo Aleixo)
Caindo na Pândega Pequeno Ponto no Mundo
É um fracasso
(Wally Salomão)
(Wally Salomão)
Câmara de ecos
Tiro de Guerra
Cresci sob um teto (epigrama cívico)
sossegado,
(Wally Salomão)
Mar I
SEXTILHA CAMONIANA
para ti queria estar
como convém a deuses Daqui dou o viver já por vivido.
tendo na boca a esperma Quero estar quieta, sozinha agora,
de tua espuma. igual a uma cobra de cabeça chata,
Violenta ou lentamente o mar ficar sentada sobre os meus joelhos
no seu vai-e-vem pulsante como alguém coagulado em outra
ordena vagas me lamberem margem.
Daqui dou o viver já por vivido.
coxas,
seu arremesso me cravando
(Olga Savary)
uma adaga roxa.
(Olga Savary)
rumores ciganos.
(Cacaso)
Ai que saudade que tenho de
meus negros
verdes anos!
(Cacaso)
(Cacaso) (Cacaso)
Jogos Florais I
(Cacaso)
Quando o mar
eu sou manhoso eu sou brasileiro quando o mar tem mais segredo
finjo que vou mas não vou não é quando ele se agita
minha janela é a moldura do luar do nem é quando é tempestade
sertão
nem é quando é ventania
a verde mata nos olhos verdes da
quando o mar tem mais segredo
mulata
é quando é calmaria
quando o amor
sou brasileiro e manhoso por isso
quando o amor tem mais perigo
dentro da noite
e de meu quarto fico cismando na não é quando ele se arrisca
beira de um rio nem é quando ele se ausenta
na imensa solidão de latidos e nem quando eu me desespero
araras quando o amor tem mais perigo
lívido é quando ele é sincero
de medo e de amor
(Cacaso)
(Cacaso)
ante-sonho
O súbito preamar
amor prelúdio
ela quis anuncia.
queria me matar
Inesperadas estrelas
quererá ainda, querida?
silhuetas
que se unem
(Ana Cristina César) ajuntam.
É muito claro
amor
bateu
visita
para ficar
nesta varanda descoberta
Os amantes no quarto.
Não sou divina, não tenho causa Os ratos no muro.
A menina
Não tenho razão de ser nem
Nos longos corredores do colégio.
finalidade própria:
Todos os cães perdidos
Sou a própria lógica circundante Pelos quais tenho sofrido
Tenta-me de novo
(Hilda Hilst)
cintilância.
Antes que o mundo acabe, Túlio, Antes, o cotidiano era um pensar
Deita-te e prova alturas
Esse milagre do gosto Buscando Aquele Outro decantado
Que se fez na minha boca Surdo à minha humana ladradura.
Visgo e suor, pois nunca se faziam.
Enquanto o mundo grita
Hoje, de carne e osso, laborioso,
Belicoso. E ao meu lado
lascivo
Te fazes árabe, me faço israelita
Tomas-me o corpo. E que
E nos cobrimos de beijos
descanso me dás
E de flores Depois das lidas. Sonhei penhascos
(Hilda Hilst)
Passeio
Que este amor não me cegue nem me
De um exílio passado entre a montanha e a ilha
siga.
Vendo o não ser da rocha e a extensão da E de mim mesma nunca se aperceba.
praia. Que me exclua do estar sendo perseguida
De um esperar contínuo de navios e quilhas E do tormento
Revendo a morte e o nascimento de umas De só por ele me saber estar sendo.
vagas. Que o olhar não se perca nas tulipas
De assim tocar as coisas minuciosa e lenta
Pois formas tão perfeitas de beleza
E nem mesmo na dor chegar a compreendê-las.
De saber o cavalo na montanha.
Vêm do fulgor das trevas.
E reclusa E o meu Senhor habita o rutilante escuro
Traduzir a dimensão aérea do seu flanco. De um suposto de heras em alto muro.
De amar como quem morre o que se fez poeta Que este amor só me faça descontente
E entender tão pouco seu corpo sob a pedra. E farta de fadigas. E de fragilidades
E de ter visto um dia uma criança velha tantas
Cantando uma canção, desesperando,
Eu me faça pequena. E diminuta e tenra
É que não sei de mim. Corpo de terra.
Como só soem ser aranhas e formigas.
(Hilda Hilst) Que este amor só me veja de partida.
(Hilda Hilst)
(Yassu Nocguchi)
(Yassu Noguchi)
(Yassu Noguchi)
Haicai do amor I Haicai de Fossa I
(Marcela Tavares)
Passou a dor no peito
(Marcela Tavares)
Fiz um haicai,
Que bicho te mordeu? Nele te digo tudo:
Pergunto à menina
Esse é o fim do nosso mundo.
Que por amor sofreu
(Marcela Tavares)
(Marcela Tavares)
POEMA DO AVISO FINAL
(Torquato Neto)
quando eu nasci
um anjo louco muito louco
veio ler a minha mão
Haikai 1
não era um anjo barroco
(Torquato Neto)
Pra Dizer Adeus
Go Back
adeus
pronome
pessoal intransferível foi um beijo onde não importava a
do homem que iniciei boca
na medida do impossível só tuas mãos quentes me
apertando pelas costas
eu sou eu sou
nada estava acontecendo na
agora
sem grandes segredos dantes minha frente
sem novos segredos dentes e a ansiedade que havia não era
nesta hora pouca
teus dedos perguntavam pra
eu sou como eu sou
minha blusa
presente
se meu corpo acolheria um
desferrolhado indecente delinquente
feito um pedaço de mim descoladas as línguas um instante
eu sou como eu sou minha resposta saiu um tanto
vidente
rouca
e vivo tranquilamente
todas as horas do fim..
(Marhta Medeiros)
(Torquato Neto)
Sou Uma Gata Nem Velas Nem Molho
Branco
sou uma gata
logo fica
jogo a toalha de renda no
engatado chão me rendo
(Martha Medeiros)
mulher de posses NÃO SEI FAZER POEMAS SOBRE
GATOS
em comum com o mestre zen
que quebrou a sua xícara Não sei fazer poemas sobre gatos
porque a ela se apegava se tento logo fogem
esta mulher não tem nada furtivas
as palavras
por outro lado tem
soltam-se ou
aparelho completo de chá
saltam
e faqueiro vindo de solingen
não capturam do gato
nunca ofereceu
nem a cauda
um chá que fosse sobre a mesa
e jantares, quando houve quieta e quente
só usaram tramontina a folha recém-impressa
mas nada pretende vender página branca com manchas
e se é uma arte perderdesolée, negras:
não a domina eis o meu poema sobre gatos
REPAROS RELÂMPAGOS
(Ana Martins Marques)
(Ana Martins Marques)
Momento Fragmento
Um jeito
A formalística
(Adélia Prado)
(Adélia Prado)
Nem vem
Desde pequena
Brincar de estátua
Não é comigo sexualidade ou imensidão
É por isso
Elegia
(Cecília Meireles)
Retrato
(Bruna Escaleira)
Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil:
— Em que espelho ficou perdida
a minha face?
(Cecília Meireles)
(Bruna Escaleira)
(Helena Kolody)
O Amor de Dudu nas Águas
de maturidade
ainda assim me sinto parida agora
Não quero ser o grande rio
tenra, maçã nova
caudaloso
nova Eva novo pecado.
Que figura nos mapas. Tudo gira e eu renasço menina
Quero ser o cristalino fio d’água vestido curto na alma de dentro...
Que canta e murmura Deixo no mar os velhos adereços
Na mata silenciosa. a velha cristaleira, os velhos vícios
as caducas mágoas.
(Helena Kolody) Nasce a mulher-menina de se amar
com água no ventre e no olhar.
Nasce a Doudou das Águas.
(Elisa Lucinda)
Zumbi Saldo
NAVEGANTE
Zumbi, meu Zumbi.
senzala Bamenrindus
E o mundo que viu
Presa definitivamente
não era o que imaginou.
Presa absolutamente
(Elisa Lucinda)
Meu Bem
Cantar os desconcertantes
Não é aquela borboleta
Mistérios com asas escuras na mata,
Que brincam em ti, menos ainda é um túmulo
Mas teus contornos me com estrelas douradas.
Escapolem.
só a origem da claridade.
(Conceição Evaristo)
(Deborah Brennand)
O sono
suas crinas douradas
Ah!
Tão leve se lustra a água Esta América Ladina
na medida exata As três caravelas pintaram destinos
que os rebanhos bebem Santa Maria, nada teve a ver comigo
junto às raposas Pinta, roubou-me o colorido natural
de ser eu mesma
Nina, enfiou-me pela goela
sem temor selvagem.
mamadeira de sangue, sal e urina
(Miriam Alves)
(Deborah Brennand)
Enigma Diamante
Sic
Então humano
O fim da vida esse que abandona
(Fabio Soriano)
CORAÇÃO SELVAGEM
quando o sonho pousa
(Claudia Kras)
(Claudia Kras)
(Claudia Kras)
RIO
(Cachal)
pelas curvas desse rio
(Cachal)
O POEMA DIGITAL
a cor na imagem
primeiro nasce o poema.
(Chacal)
Mulher proletária
Mulher da vida
(Jorge de Lima)
(Cora Coralina)
Sem Título
Os deslimites da palavra