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Linhas temáticas:
Representação do contemporâneo
Análise por Estrofes
Fere-me esta idolatria mais do que todos os crimes:
Tanto fervor desviado e perdido!
Tanta gente ajoelhando à passagem do tempo
e tão poucos lutando para lhe abrir caminho!
Perífrase Antítese
«...no pano verde imenso «Matem essa gente
das campinas do mundo.» para salvar a Vida!»
Quem a Tem Ser Metamorfose
Cansada expectativa tão ansiosa Ao pé dos cardos sobre a areia fina
Não hei-de morrer sem saber qual a que ser só eu na minha vida espalha!
que o vento a pouco e pouco amontoara
contra o seu corpo (mal se distinguia
cor da liberdade. Na longa noite em que se tece a tal como as plantas entre a areia arfando)
um deus dormia. Há quanto tempo? Há quanto?
malha E um deus ou deusa? Quantos sóis e chuvas,
Eu não posso senão ser desta terra do que não serei nunca, fervorosa quantos luares nas águas ou nas nuvens,
tisnado haviam essa pele tão lisa
em que nasci: minha presença rútila e curiosa em que a penugem tinha areia esparsa?
Negros cabelos se espalhavam onde
Embora ao mundo pertença e sempre arde sombria como um arder de nos braços recruzados se escondia o rosto.
a verdade vença, qual será ser livre palha,
E os olhos? Abertos ou fechados? Verdes ou castanhos
no breve espaço em que o seu bafo ardia?
aqui, não hei-de morrer sem saber. curiosa apenas de saber se goza Mas respirava? Ou só uma luz difusa
se demorava no seu dorso ondeante
o voar das cinzas quando o vento que de tão nu e antigo se vestia
Trocaram tudo em maldade, calha da confiada ausência em que dormia?
Mas dormiria? As pernas estendidas,
é quase um crime viver. lá onde o levantá-las é verdade. com um pé sobre outro pé e os calcanhares
Mas, embora escondam tudo e me Inutilmente se mistura tudo,
um pouco soerguidos na lembrança de asas;
as nádegas suaves, as espáduas curvas
queiram cego e mudo, não hei-de que a mesma ansiedade, já esquecida, e na tão leve sombra das axilas
adivinhados pêlos... Deus ou deusa?
morrer sem saber qual a cor da Há quanto tempo ali dormia? Há quanto?
de novo recomeça. Mas quem há-de
liberdade. Ou não dormia? Ou não estaria ali?
contrariá-la? Eu não, que não me Ao pé dos cardos, junto à solidão
que quase lhe tocava do areal imenso,
iludo: do imenso mundo, e as águas sussurrando -
Viver é isto, quando se é só vida. -ou não estaria ali?... E um deus ou deusa?
Imagem, só lembrança, aspiração?
De perto ou longe não se distinguia.