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Principais temas da filosofia medieval

• A criação do mundo por Deus (o entendimento de Deus concebe as ideias das coisas e a vontade
divina as cria, fazendo-as existir).

• A diferença e separação entre infinito (Deus) e finito (homem, mundo).


• A diferença entre razão e fé (a primeira deve subordinar-se à segunda).
• A diferença entre natural e sobrenatural (as revelações divinas e os milagres).
• A separação entre corpo (matéria) e alma (espírito).
• O universo como uma hierarquia de seres, pela qual os superiores (Deus, serafins, querubins, arcan-
jos, anjos, almas humanas) dominam e governam os inferiores (corpo humano, animais, vegetais,
minerais).

• A subordinação do poder temporal dos reis e dos nobres ao poder espiritual de papas e bispos.

Leituras filosóficas
O saber e a iluminação divina
Nosso saber consta de coisas que vemos e coisas em que acreditamos; das primei-
ras, somos testemunhas diretas, das segundas, temos o testemunho idôneo de outros
que nos fazem crer porque, por meio de palavras e escritos, nos oferecem sinais dessas
coisas que não vemos. Podemos com razão dizer que há saber quando cremos em
algo com certeza e dizemos que vemos com a mente essas coisas nas quais cre-
mos, ainda que não estejam presentes aos nossos órgãos dos sentidos [...].. Re-
almente, a fé vê com a mente [...].. Por isso o apóstolo Pedro diz: "Aquele em quem
agora crês, não o vês"; e disse o Senhor: "Bem-aventurados os que não viram e
creram". [...] Terás, assim, reconhecido a diferença entre ver com os olhos do
corpo e com os olhos da mente [...].. Crer se realiza com a mente e vê com a men-
te e as coisas em que com essa fé cremos distam do olhar de nossos olhos. Por
isso vejo a minha fé, mas não posso ver a tua, assim como tu vês a tua fé e não
A. C. Jones/Shutterstock

podes ver a minha, pois ninguém sabe o que se passa no espírito que está em
cada homem até que venha o Senhor e ilumine os segredos das trevas e mani-
feste os pensamentos do coração para que cada um possa ver não somente os
seus, mas também os alheios.
Santo Agostinho, em
SANTO AGOSTINHO. Carta a Paulina. In: FERNÁNDEZ,
Clemente (Org.). Los filósofos medievales. Selección de textos. representação na fachada da
Madri: Editorial Católica, 1979. p. 493-494. Texto traduzido. catedral de Lichfield, Inglaterra.

• Após a leitura do trecho, responda, por escrito, às seguintes questões:


a) Quais são as fontes do saber, de acordo com o autor?
b) Agostinho afirma: "Podemos com razão dizer que há saber quando cremos em algo com certeza e
dizemos que vemos com a mente essas coisas nas quais cremos, ainda que não estejam presentes aos
nossos órgãos dos sentidos". Em que aspectos esse trecho se aproxima e em que aspectos se distancia
do que vimos sobre o pensamento de Sócrates e Platão no Capítulo 4?

Principais períodos da história da filosofia 61

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