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POEIVIA
19
Silencio de uma noite estrelladae silenciosa. Vigilia.
O POETA Z
Levadas mansamente
Na onda que as envia,
Vaga no espaço a mente
Suspensa na harmonia.
Quem sabe os mil segredos
Das lubricas espheras?
Ou lêr a côr das eras
No musgo dos fraguedos?
O pensamento altivo
Se eleva a Deos, nao para!
Domina a tempestade,
Escuta o côro extranho
De espiritos rebeldes!
Vê despenhar-se a rocha
Ferida pelo raio;
E a flor que desabroxa
A luz do sol de maio.
Ouve o cedro que verga,
E o vento que bafurda,
E a onça que se alverga
Na furna escura, surda.
Escuta o mar que ruge
vERTIGEM Do INFINITO 293
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a Eu n'alma reconcentro
«DO templo as harmonias,
‹‹ Que, amor, de lá me envias,
«Que envias la de dentro.›>
A face empalidece!
Porque? moça e menina
Ao vir do sol me ensina
Do Deos de amor a prece !
insulina Im iumrhulo
MEPHISTOPHELES, apparece:
o POETA z
Mais mundos!
MEPHISTOPHELES 1
o POETA:
MEPHISTOPHELES :
0 POETA:
MEPHISTOPHELES :
_ Insaciavel,
A sêde do infinito te devora!
Prazeres, a sciencia do passado,
A visão do futuro, o absoluto
Ante os teus olhos pávidos puz tudo.
Queria que caindo me adorasses!
Hoje cansado da existencia aéria,
Saturado do esplendido banquete,
Onde tu és o abutre e o cordeiro,
Revoltas-te! Descrês da minha força,
Desprezas-me, como uma va chimera!
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MEPHISTOPHELES 2
E muito.
O POETA Z
A tempestade rebenta com mais ruido-0 furacão imita coroa de ñnados, e á luz
vermelha de um corisco a alampada se apaga. As trevas visíveis
MEPIIISTOPHELES :
O POETA Z
II
Mephlstopheles leva o Poeta para mostrar-lhe Fredenca, uma dozella pura, arrebatadora,
para elle amar.
MEPHIsToPEELEs :
Se a visses a janella
Cuidando em seu bordado!
Pudesses, como eu, vêl-a
De traz do cortinado!
Se a visses pensativa
Com a mao firmada ao rosto,
Ingenua sensitiva
Que é languida ao sol posto!
E os aneis dispersos
Do nítido cabello?
O seio, o mais que em versos
VNão podes tu dizel-o? . . .
0 POETA:
MEPHISTOPHELES :
E se á janella, triste,
Vem pôr sua gaiola?
Se vem deitar alpiste
No comedouro á rola?
0 POETA:
MEPHISTOPHELES, mostrando-a .
O POETA, a Mephistopheles :
O cyclope do dia
No espaço a luz entorna,
Como um martello espalha
Faíscas da bigorna.
Da noite na mortalha
Se envolve moribundo,
Thuribulo que arde,
E em trevas deixa o mundo.
i
308 'roRREN'I'Es
Amor, melancholia
Me inspira sempre esta hora;
Pois que a costura n'ella
Deixaes tambem senhora. . .
E vindes a janella
Radiante de candura,
Como a primeira estrella
Do céo em noite escura.
O POETA 2
Ao gato de Frederica
o POETA:
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vERTIGEM DO INFINITO 311
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312 TORRENTES
III
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314 TORRENTES
MEPHISTQPHELES, rindo:
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E esse o enlgma;
Passaste, e ao achal-o indecifravel,
Ias andando e devorou-te a Sphinge.
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V
FIM.
INDEX
Preliminar. . V _ VIII