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Nota: “Renascença” redireciona para este artigo. direção a um ideal humanista e naturalista. O termo foi
Para outros significados, veja Renascença (desambigua- registrado pela primeira vez por Giorgio Vasari já no sé-
ção). Para outras acepções de Renascimento, veja culo XVI, mas a noção de Renascimento como hoje o en-
Renascimento (desambiguação). tendemos surgiu a partir da publicação do livro de Jacob
Renascimento, Renascença são os termos usados para Burckhardt A Cultura do Renascimento na Itália (1867),
onde ele definia o período como uma época de “desco-
berta do mundo e do homem”.[4]
O Renascimento cultural manifestou-se primeiro na re-
gião italiana da Toscana, tendo como principais centros
as cidades de Florença e Siena, de onde se difundiu para
o resto da península Itálica e depois para praticamente
todos os países da Europa Ocidental, impulsionado pelo
desenvolvimento da imprensa por Johannes Gutenberg.
A Itália permaneceu sempre como o local onde o mo-
vimento apresentou maior expressão, porém manifesta-
ções renascentistas de grande importância também ocor-
reram na Inglaterra, Alemanha, Países Baixos, Portugal
e Espanha. Alguns críticos, porém, consideram, por vá-
rias razões, que o termo “Renascimento” deve ficar cir-
cunscrito à cultura italiana desse período, e que a difusão
europeia dos ideais clássicos italianos pertence com mais
propriedade à esfera do maneirismo. Além disso, estudos
realizados nas últimas décadas têm revisado uma quanti-
dade de opiniões historicamente consagradas a respeito
deste período, considerando-as insubstanciais ou estere-
otipadas, e vendo o Renascimento como uma fase muito
mais complexa, contraditória e imprevisível do que se
supôs ao longo de gerações.[5]
identificar o período da História da Europa aproxima- Ver artigo principal: Filosofia do Renascimento
damente entre fins do século XIV e o fim do século
XVI[1] . Os estudiosos, contudo, não chegaram a um con- O humanismo pode ser apontado como o principal va-
senso sobre essa cronologia, havendo variações conside- lor cultivado no Renascimento. Baseia-se em diversos
ráveis nas datas conforme o autor.[2] Seja como for, o pe-
conceitos associados: neoplatonismo, antropocentrismo,
ríodo foi marcado por transformações em muitas áreas hedonismo, racionalismo, otimismo e individualismo. O
da vida humana. Apesar destas transformações serem humanismo, antes que um corpo filosófico, foi um mé-
bem evidentes na cultura, sociedade, economia, política todo de aprendizado que passava a dar um maior va-
e religião, caracterizando a transição do feudalismo paralor ao uso da razão individual e à análise das evidências
o capitalismo e significando uma ruptura com as estru- empíricas, ao contrário da escolástica medieval, que se
turas medievais, o termo é mais comumente empregado limitava basicamente à consulta às autoridades do pas-
para descrever seus efeitos nas artes, na filosofia e nas sado, principalmente Aristóteles e os primeiros Padres
ciências.[3] da Igreja, e ao debate das diferenças entre os autores
Chamou-se “Renascimento” em virtude da redescoberta e comentaristas. O humanismo afirma a dignidade do
e revalorização das referências culturais da antiguidade homem e o torna o investigador por excelência da na-
clássica, que nortearam as mudanças deste período em tureza. Na perspectiva do Renascimento, isso envolveu
1
2 1 IDEIAS PRINCIPAIS
a revalorização da cultura clássica antiga e sua filosofia, dividuais de cada um e buscava desenvolver o homem
com uma compreensão fortemente antropocêntrica e ra- num ser completo e integrado, com a plena expressão de
cionalista do mundo, tendo o homem e seu raciocínio suas faculdades espirituais, morais e físicas, nutriam sen-
lógico e sua ciência como árbitros da vida manifesta.[6] timentos novos de liberdade social e individual.[8]
Seu precursor foi Petrarca, que com sua obra De sui ip- Reunindo esse corpus eclético de ideias, os homens do
sius et multorum aliorum ignorantia inaugurou o método Renascimento cunharam ou adaptaram à sua moda al-
clássico de crítica à escolástica.[7] O humanismo se con- guns outros conceitos, dos quais se destacam as teorias
solidou principalmente através dos escritos de Lorenzo da perfectibilidade e do progresso, que na prática impul-
Valla, Leonardo Bruni, Poggio Bracciolini, Marsilio Fi-
sionaram positivamente a ciência de modo a tornar o pe-
cino, Erasmo de Roterdão, Pico della Mirandola, Petrus ríodo em foco como o marco inicial da ciência moderna.
Ramus, Juan Luis Vives, Francis Bacon, Michel de Mon-
Mas como que para contrapô-los surgiu uma percepção
taigne, Bernardino Telesio, Giordano Bruno, Tommaso de que a História é cíclica e tem fases de declínio inevi-
Campanella e Thomas More, entre outros, que escre-
tável, e de que o homem natural é um ser sujeito a forças
veram sobre variados aspectos do mundo natural e da além de seu poder e não tem domínio completo sobre seus
filosofia, incorporando elementos do neoplatonismo, do
pensamentos, capacidades e paixões, nem sobre a dura-
ceticismo, do estoicismo, do epicurismo e do novo mé- ção de sua própria vida. O resultado foi um grande e rico
todo científico, que iniciava sua ascensão. Muitos des- debate teórico, recheado por fatos novos que apareciam
ses autores buscavam uma harmonização entre o conhe- a cada momento, que só teve uma resolução prática no
cimento antigo e as novas descobertas.[6][7] século XVII, com a afirmação da importância da ciência.
Por um lado, alguns daqueles homens se viam como her-
deiros de uma tradição que havia desaparecido por mil
anos, crendo reviver de fato uma grande cultura antiga,
e sentindo-se até um pouco como contemporâneos dos
romanos. Mas havia outros que viam sua própria época
como distinta tanto da Idade Média como da Antigui-
dade, com um estilo de vida até então inédito sobre a
face da Terra, sentimento que era baseado exatamente no
óbvio progresso da ciência. Neste período foram inven-
tados diversos instrumentos científicos, e foram desco-
bertas diversas leis naturais e objetos físicos antes des-
conhecidos; a própria face do planeta se modificou nos
mapas depois dos descobrimentos das grandes navega-
ções, levando consigo a física, a matemática, a medicina,
a astronomia, a filosofia, a engenharia, a filologia e vários
outros ramos do saber a um nível de complexidade, efici-
ência e exatidão sem precedentes, cada qual contribuindo
para um crescimento exponencial do conhecimento total,
o que levou a se conceber a história da humanidade como
uma expansão contínua e sempre para melhor.[9] Talvez
seja esse espírito de confiança na vida e no homem o que
mais liga o Renascimento à Antiguidade Clássica e o que
melhor define a essência do seu legado. O seguinte trecho
de Pantagruel (1532), de François Rabelais, costuma ser
citado para ilustrar o espírito do Renascimento:
Pico della Mirandola.
Todas as disciplinas são agora ressuscitadas, as
O brilhante florescimento cultural e científico renascen- línguas estabelecidas: Grego, sem o conheci-
tista deu origem a sentimentos de otimismo, abrindo po- mento do qual é uma vergonha alguém chamar-
sitivamente o homem para o novo e incentivando seu es- se erudito, Hebraico, Caldeu, Latim [...] O
pírito de pesquisa. O desenvolvimento de uma nova ati- mundo inteiro está cheio de acadêmicos, peda-
tude perante a vida deixava para trás a espiritualidade ex- gogos altamente cultivados, bibliotecas muito ri-
cessiva do gótico e via o mundo material com suas bele- cas, de tal modo que me parece que nem nos
zas naturais e culturais como um local a ser desfrutado, tempos de Platão, de Cícero ou Papiniano, o
com ênfase na experiência individual e nas possibilida- estudo era tão confortável como o que se vê a
des latentes do homem. Além disso, os experimentos nossa volta. [...] Eu vejo que os ladrões de rua,
democráticos italianos, o crescente prestígio do artista os carrascos, os empregados do estábulo hoje
como um erudito e não como um simples artesão, e um em dia são mais eruditos do que os doutores e
novo conceito de educação que valorizava os talentos in- pregadores do meu tempo.
3
2.2 Quattrocento
europeus um grande acervo de textos de Aristóteles, momento de grande prosperidade econômica e conquis-
Euclides, Ptolomeu e Plotino, preservados em tradu- tando também a primazia política em toda a região, ape-
ções árabes e desconhecidos na Europa, e de obras mu- sar de Milão e Nápoles serem rivais perigosos e constan-
çulmanas de Avicena, Geber e Averróis, contribuindo tes. A opulência da sua oligarquia burguesa, que então
de modo marcante para um novo florescimento na fi- monopolizava todo o sistema bancário europeu e adqui-
losofia, matemática, medicina e outras especialidades ria um brilho aristocrático e grande cultura, se entregava à
científicas.[17][18][19] O aperfeiçoamento da imprensa por “bela vida” e enchia seus palácios e capelas de obras clas-
Johannes Gutenberg em meados do século facilitou e ba- sicistas, gerou descontentamento na classe média, mate-
rateou imenso a divulgação do conhecimento para um pú- rializada numa reversão ao idealismo místico do estilo gó-
blico maior. O mesmo interesse pela cultura e ciência tico. Estas duas tendências opostas marcaram a primeira
fez com que se fundassem grandes bibliotecas na Itália, metade deste século, até que a pequena burguesia abando-
e se procurasse restaurar o latim, que havia se transfor- nou suas resistências, possibilitando uma primeira grande
mado em um dialeto multiforme, para sua pureza clás- síntese estética que viria a transbordar de Florença para
sica, tornando-o a nova língua franca da Europa. A res- quase todo o território italiano, definida pela primazia do
tauração do latim derivou da necessidade prática de se racionalismo e dos valores clássicos. Foi o século dos
gerir intelectualmente essa nova biblioteca renascentista. Medici, destacando-se principalmente Lorenzo de' Me-
Paralelamente, teve o efeito de revolucionar a pedagogia, dici, grande mecenas, e o interesse pela arte se difundia
além de fornecer um substancial novo corpus de estru- para círculos cada vez maiores.[13][24]
turas sintáticas e vocabulário para uso dos humanistas e
literatos, que assim revestiam seus próprios escritos com
a autoridade dos antigos.[19] Também foi importante o
interesse das elites pelo colecionismo de arte antiga, es- 2.3 Alta Renascença
timulando estudos e escavações que levaram ao desco-
brimento de diversas obras de arte, impulsionando com
A Alta Renascença cronologicamente engloba os anos fi-
isso o desenvolvimento da arqueologia e influenciando as
nais do Quattrocento e as primeiras décadas do Cinque-
artes visuais.[20]
cento, sendo delimitada aproximadamente pelas obras de
Um vigor adicional nesse processo foi injetado pelo eru- maturidade de Leonardo da Vinci (a partir de c. 1480) e
dito grego Manuel Crisolaras, que entre 1397 e 1415 rein- o Saque de Roma em 1527. Foi a fase de culminação do
troduziu na Itália o estudo da língua grega, e com o fim Renascimento, que se dissipou mal foi atingida, mas seu
do Império Bizantino em 1453 muitos outros intelectuais, reconhecimento é importante porque ali se cristalizaram
como Demétrio Calcondilas, Jorge de Trebizonda, João ideais que caracterizam todo o movimento renascentista:
Argirópulo, Teodoro Gaza e Barlaão de Seminara, emi- o humanismo, a noção de autonomia da arte, a emancipa-
graram para a península Itálica e outras partes da Europa, ção do artista de sua condição de artesão e equiparação ao
divulgando textos clássicos de filosofia e instruindo os hu- cientista e ao erudito, a busca pela fidelidade à natureza, e
manistas na arte da exegese. Grande proporção do que o conceito de gênio, tão perfeitamente encarnado em Da
hoje se conhece de literatura e legislação greco-romanas Vinci, Rafael e Michelangelo. Se a passagem da Idade
nos foi preservado pelo Império Bizantino, e esse novo Média para a Idade Moderna não estava ainda completa,
conhecimento dos textos clássicos originais, bem como pelo menos estava assegurada sem retorno possível.[20][25]
de suas traduções, foi, no entender de Luiz Marques, Eventos como a descoberta da América e a Reforma Pro-
“uma das maiores operações de apropriação de uma cul- testante, e técnicas como a imprensa de tipos móveis,
tura por outra, comparável em certa medida à da Gré- transformaram a cultura e a visão de mundo dos euro-
cia pela Roma dos Cipiões no século II a.C. Ela reflete, peus, ao mesmo tempo em que a atenção de toda a Europa
além disso, a passagem, crucial para a história do Quat- se voltava para a Itália e seus progressos, com as grandes
trocento, da hegemonia intelectual de Aristóteles para a de potências da França, Espanha e Alemanha desejando sua
Platão e de Plotino. Nesse grande influxo de idéias foi partilha e fazendo dela um campo de batalhas e pilhagens.
reintroduzida na Itália toda a estrutura da antiga Paideia, Com as invasões que se seguiram a arte italiana espalhou
um corpo de princípios éticos, sociais, culturais e peda- sua influência por uma vasta região do continente.[26][27]
gógicos concebido pelos gregos e destinado a formar um
cidadão modelar.[19][21][22] As novas informações e co-
nhecimentos e a concomitante transformação em todas as
áreas da cultura levaram os intelectuais a perceberem que
se achavam em meio a uma fase de renovação comparável
às fases brilhantes das civilizações antigas, em oposição à
Idade Média anterior, que passou a ser considerada uma
era de obscuridade e ignorância.[8][23]
Ao longo do Quattrocento Florença se manteve como o
maior centro cultural do Renascimento, atravessando um • Michelangelo: David, 1504. Galleria
dell’Accademia
6 2 FASES DO RENASCIMENTO E SEU CONTEXTO
2.4 O Cinquecento e o maneirismo italiano ção da autoridade papal pelos Protestantes o equilíbrio
político do continente se alterou e sua estrutura socio-
Ver artigo principal: Maneirismo cultural foi abalada, com consequências negativas princi-
O Cinquecento (século XVI) é a derradeira fase da Renas- palmente para a Itália, que além de tudo deixava de ser
o centro comercial da Europa enquanto novas rotas de
comércio eram abertas pelas grandes navegações. Todo
o panorama mudava de figura, declinando a influência
católica, perdendo-se a unidade cultural e artística recém
conquistada na Alta Renascença e surgindo sentimentos
de pessimismo, insegurança e alheação que caracterizam
a atmosfera do maneirismo.[30][31] Apareceram escolas
regionais nitidamente diferenciadas em Roma, Florença,
Ferrara, Nápoles, Milão, Veneza, e o Renascimento se
espalhou então definitivamente por toda a Europa, dando
frutos em especial na França, Espanha e Alemanha, tingi-
dos pelos históricos locais específicos. A arte de longevos
como Michelangelo e Ticiano registrou em grande estilo
a transição de uma era de certezas e clareza para outra de
dúvidas e drama que viu aparecer a Contrarreforma e se
dirigia para o Barroco do século XVII.[30]
encomendas de arte sacra pela Igreja Católica, a antiga via, a fim de ser bem representada, passar por uma tra-
liberdade de expressão artística que se verificara em fa- dução que a organizava sob uma óptica racional e ma-
ses anteriores desapareceu, uma liberdade que permitira temática, num período marcado por uma matematização
a Michelangelo decorar seu enorme painel do Juízo Fi- de todos os fenômenos naturais. Na pintura a maior con-
nal, pintado no coração do Vaticano, com uma multidão quista da busca por esse “naturalismo organizado” foi a
de corpos nus de grande sensualidade, ainda que o campo recuperação da perspectiva, representando a paisagem,
profano permanecesse pouco afetado pelas novas regras, as arquiteturas e o ser humano através de relações essen-
que eram bastante dogmáticas e moralistas.[32][33] Ape- cialmente geométricas e criando uma eficiente impres-
sar disso, as aquisições intelectuais e artísticas da Alta são de espaço tridimensional; na música foi a consolida-
Renascença que ainda estavam frescas e resplandeciam ção do sistema tonal, possibilitando uma ilustração mais
diante dos olhos não poderiam ser esquecidas de pronto, convincente das emoções e do movimento; na arquite-
mesmo que seu substrato filosófico já não pudesse per- tura foi a redução das construções para uma dimensão
manecer válido diante dos novos fatos políticos, religio- mais humana, abandonando-se as alturas transcendentais
sos e sociais. A nova arte que se fez, ainda que inspi- das catedrais góticas; na literatura, a introdução de um
rada na fonte do classicismo, o traduziu em formas inqui- personagem que estruturava em torno de si a narrativa e
etas, ansiosas, distorcidas, agitadas, ambivalentes, ape- mimetizava até onde possível a noção de sujeito.[36]
gadas a preciosismos intelectualistas, características que
refletiam os dilemas do século.[30]
3.1 Pintura
O maneirismo, que cobre os dois terços finais do século
XVI e depois se confunde com o Barroco, foi um movi-
Ver artigo principal: Pintura do renascimento, Pintura
mento que tem gerado historicamente muito debate en-
da Renascença Italiana
tre os historiadores da arte. Depois do século XVII ele
Sucintamente, a contribuição maior da pintura do Re-
passou a ser encarado com desprezo, como uma degene-
ração mórbida e afetada dos ideais clássicos autênticos.
Nos dias de hoje, porém, essa visão já não permanece,
tendo sido revisada através de duas vertentes da crítica.
Para uns ele se manifestou em uma área geográfica tão
vasta e de maneira tão polimorfa e tão distinta do Quat-
trocento e da Alta Renascença, que se tornou um dilema
inconciliável descrevê-lo como parte do fenômeno origi-
nal, basicamente classicista e italiano, pois parece-lhes
que em muitos sentidos ele constitui uma completa an-
títese dos princípios clássicos de proporção equilibrada,
unidade formal, clareza, lógica e naturalismo, tão preza-
dos pelas fases anteriores e que definiriam o “verdadeiro”
Renascimento. A consequência foi estabelecer o manei-
rismo como um movimento independente, reconhecendo
uma nova e vigorosa forma de expressão no que se chegou
a ver como decadência e distorção, tendo sua importância
realçada por esses traços fazerem dele a primeira escola
moderna de arte. A outra vertente crítica, contudo, o ana-
lisa como um aprofundamento e um enriquecimento dos Giotto: Deposição de Cristo, ciclo de afrescos na Capela Scro-
pressupostos clássicos e como uma legítima conclusão do vegni (1304-1306), Pádua
ciclo do Renascimento; não tanto uma negação ou des-
virtuamento daqueles princípios, mas uma reflexão sobre
sua aplicabilidade prática naquele momento histórico e
uma adaptação - às vezes dolorosa mas em geral criativa
e bem sucedida - às circunstâncias da época.[31][34][35]
3 As artes no Renascimento
Nas artes o Renascimento se caracterizou, em linhas
muito gerais, pela inspiração nos antigos gregos e roma- Masaccio: Cristo e o tributo, 1425-1428. Capela Scrovegni
nos, e pela concepção de arte como uma imitação da na-
tureza, tendo o homem nesse panorama um lugar privi- nascimento foi sua nova maneira de representar a natu-
legiado. Mas mais do que uma imitação, a natureza de- reza, através de domínio tal sobre a técnica pictórica e a
3.1 Pintura 9
3.2 Escultura
• Piero della Francesca: Fla-
gelação de Cristo, 1460. Galleria Nazionale delle Ver artigo principal: Escultura do Renascimento,
Marche, Urbino Escultura do Renascimento italiano
3.3 Música
Iluminura do Codex Squarcialupi mostrando Francesco Landini
tocando um organetto
Ver artigo principal: Música do Renascimento
• Filippo Brunelleschi:
Spedale degli Innocenti
construção, e a da Basílica de São Pedro, em Roma, de
Michelangelo, já do século XVI.[50]
No lado profano aristocratas como os Medici, os Strozzi,
os Pazzi, asseguram seu status ordenando a construção
de palácios de grande imponência e originalidade, como
o Palácio Pitti (Brunelleschi), o Palazzo Medici Riccardi • Alberti: Fachada de Santa
(Michelozzo), o Palazzo Rucellai (Alberti) e o Palazzo Maria Novella
Strozzi (Maiano), todos transformando o mesmo modelo
dos palácios medievais italianos, de corpo mais ou me-
nos cúbico, pavimentos de alto pé-direito, estruturado em
torno de um pátio interno, de fachada rústica e coroado
por grande cornija, o que lhes confere um aspecto de soli-
dez e invencibilidade. Formas mais puramente clássicas
• Michelozzo Michelozzi: Pa-
são exemplificadas na Vila Medici, de Giuliano da San-
lazzo Medici-Riccardi
gallo. Variações interessantes deste modelo são encon-
tradas em Veneza, dadas as características alagadas do
terreno.[50]
Depois da figura principal de Donato Bramante na Alta
Renascença, trazendo o centro do interesse arquitetônico
de Florença para Roma, e sendo o autor de um dos edifí- • Giuliano da Sangallo: Vila
cios sacros mais modelares de sua geração, o Tempietto, Medici
encontramos o próprio Michelangelo, tido como o inven-
tor da ordem colossal e por algum tempo arquiteto das
obras da Basílica de São Pedro. Michelangelo, na vi-
são dos seus próprios contemporâneos, foi o primeiro a
desafiar as regras até então consagradas da arquitetura
classicista, desenvolvendo um estilo pessoal, pois fora se-
gundo Vasari o primeiro a abrir-se para a verdadeira li-
berdade criativa. Ele representa, então, o fim do “classi-
cismo coletivo”, bastante homogêneo em suas soluções, e • Michelangelo: A cúpula de São Pe-
o início de uma fase de individualização e multiplicação dro
4.1 França 15
4.1 França
holandês e a Idade de Ouro dos Países Baixos, especial- ornamentação luxuriante se torna típica do estilo que se
mente após a chegada da comunidade judaica culta e rica conhece como plateresco, uma síntese única de influên-
expulsa de Portugal. cias góticas, mouriscas e renascentistas. A Universidade
de Salamanca, cujo ensino tinha moldes humanistas, mais
a fixação de italianos como Pellegrino Tibaldi, Leone Le-
oni e Pompeo Leoni injetaram uma força adicional no
processo [54][58]
O último Renascimento chega a cruzar o oceano e se en-
raizar na América e no oriente, onde ainda hoje sobrevi-
vem muitos mosteiros e igrejas fundados pelos coloniza-
dores espanhóis em centros do México e do Peru, e pelos
• Painéis de São Vicente de Fora, Nuno portugueses no Brasil, em Macau e Goa, alguns deles hoje
Gonçalves, c.1480, Lisboa Patrimônio da Humanidade.
Exemplo musical
Por outro lado, um grupo de historiadores modernos res- vem sendo reafirmado como um período de enorme im-
saltou que muitos dos fatores sociais negativos comu- portância na história da arte e da cultura ocidental. A
mente associados à Idade Média - pobreza, perseguições quantidade de estudos sobre o tema, que vem aumen-
religiosas e políticas - parecem ter piorado nesta era que tando a cada dia, seja a que conclusões tenha chegado,
viu nascerem Maquiavel, as guerras de religião, a cor- somente pelo seu volume evidencia que o Renascimento
rupção do papado e a intensificação da caça às bruxas no é uma polêmica ainda muito viva, e que é rico o bastante
século XVI. Muitas pessoas que viveram na Renascença para continuar atraindo a atenção da crítica e do público
não a tinham como a “Idade Dourada” que os intelectu- ininterruptamente desde sua fundação [5][31][70]
ais do século XIX imaginaram, mas estavam cientes dos
graves problemas sociais e morais, como Savonarola, que
desencadeou um dramático revivalismo religioso no fim 6 Legado
do século XV que causou a destruição de inúmeras obras
de arte e enfim o levou à morte na fogueira, e Filipe II
da Espanha, que censurou obras de arte florentinas.[5][62]
Mesmo assim, os intelectuais, artistas e patronos da época
que estavam envolvidos na movimentação cultural re-
almente acreditavam que estavam testemunhando uma
nova era que constituía uma ruptura nítida com a idade
anterior.[63]
Alguns historiadores marxistas preferiram descrever o
Renascimento em termos materialistas, sustentando que
as mudanças em arte, literatura e filosofia eram apenas
uma parte da tendência geral de distanciamento da soci- Michelangelo: A criação de Adão, Capela Sistina
edade feudalista em direção ao capitalismo, que resultou
no aparecimento de uma classe burguesa que dispunha Mesmo com opiniões divergentes sobre aspectos particu-
de tempo para se devotar às artes.[64] Também se aven- lares, hoje parece ser um consenso que o Renascimento
tou que o recurso aos referenciais clássicos foi naquela foi um período em que muitas crenças arraigadas e to-
época muitas vezes um pretexto para a legitimação dos madas como verdadeiras foram postas em discussão e
propósitos da elite, e a inspiração na Roma republicana testadas através de métodos científicos de investigação,
e principalmente na Roma imperial teria dado margem inaugurando uma fase em que o predomínio da religião e
à formação de um espírito de competitividade e merce- seus dogmas deixou de ser absoluto e abriu caminho para
narismo que os arrivistas usaram para sua escalada social o desenvolvimento da ciência e da tecnologia como hoje
tantas vezes inescrupulosa.[65] Johan Huizinga reconhe- as conhecemos. Os filósofos renascentistas foram buscar
ceu a existência da Renascença mas questionou se ela re- na Antiguidade precedentes para defender o regime re-
presentou uma mudança positiva. Em seu livro The Wa- publicano e a liberdade humana, atualizando ideias que
ning of the Middle Ages ele argumentou que o Renasci- tiveram um impacto na jurisprudência e teoria constitu-
mento foi um período de declínio em relação à Idade Mé- cional atuais, e o pensamento político da época pode ter
dia, destruindo muitas coisas que eram importantes.[66] sido uma inspiração importante para a formação de Esta-
Por exemplo, o latim havia conseguido evoluir e manter- dos modernos como a Inglaterra e o Estados Unidos.[71]
se bastante vivo até lá, mas a obsessão pela pureza clás- No campo das artes visuais foram desenvolvidos recursos
sica interrompeu este processo natural e o fez reverter à que possibilitaram um salto imenso em relação à Idade
sua forma clássica. Robert Lopez declarou que a fase foi Média em termos de capacidade de representação do es-
de grande recessão econômica,[67] enquanto que Eugenio paço, da natureza e do corpo humano, ressuscitando téc-
Garin, Lynn Thorndike e vários outros consideram que nicas que haviam sido perdidas desde a Antiguidade e cri-
talvez o progresso científico realizado tenha sido na ver- ando outras inéditas a partir dali. A linguagem arquitetô-
dade bem menos original do que se supõe.[31][68] Desta nica dos palácios, igrejas e grandes monumentos que foi
forma, muitos historiadores começaram a pensar que o estabelecida a partir da herança clássica ainda hoje per-
termo Renascimento vinha sendo por demais sobrecarre- manece válida e é empregada quando se deseja emprestar
gado com uma apreciação positiva, automaticamente des- dignidade e importância à edificação moderna. Na litera-
valorizando a Idade Média, e propuseram o uso do termo tura as línguas vernáculas se tornaram dignas de veicular
substituto “Primeira Modernidade”, de caráter mais neu- cultura e conhecimento, e o estudo dos textos dos filóso-
tro e que o estabelecia como uma passagem da Idade Mé- fos greco-romanos disseminou máximas ainda hoje pre-
dia para Idade Moderna.[31][69] Mas esses próprios estu- sentes na voz popular e que incentivam valores elevados
dos foram objeto de controvérsia, levando a que se cha- como o heroísmo, o espírito público e o altruísmo, que
masse o Renascimento de “a criança mais intratável da são peças fundamentais para a construção de uma soci-
historiografia”. Depois do que hoje parece ter ido ape- edade mais justa e livre para todos. A reverência pelo
nas uma fase de saudáveis questionamentos de conceitos passado clássico e pelos seus melhores valores criou uma
consagrados mas pouco aprofundados, o Renascimento nova visão sobre a história e fundou a historiografia mo-
21
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9 Ligações externas
• AP European History - Glossary (em inglês)
• Renaissance Connection - Interativo (em inglês)
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Ambrogio_Lorenzetti_Allegory_of_Good_Govt.jpg Licença: Public domain Contribuidores: wikimedia commons Artista original:
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