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Renascimento

Nota: “Renascença” redireciona para este artigo. direção a um ideal humanista e naturalista. O termo foi
Para outros significados, veja Renascença (desambigua- registrado pela primeira vez por Giorgio Vasari já no sé-
ção). Para outras acepções de Renascimento, veja culo XVI, mas a noção de Renascimento como hoje o en-
Renascimento (desambiguação). tendemos surgiu a partir da publicação do livro de Jacob
Renascimento, Renascença são os termos usados para Burckhardt A Cultura do Renascimento na Itália (1867),
onde ele definia o período como uma época de “desco-
berta do mundo e do homem”.[4]
O Renascimento cultural manifestou-se primeiro na re-
gião italiana da Toscana, tendo como principais centros
as cidades de Florença e Siena, de onde se difundiu para
o resto da península Itálica e depois para praticamente
todos os países da Europa Ocidental, impulsionado pelo
desenvolvimento da imprensa por Johannes Gutenberg.
A Itália permaneceu sempre como o local onde o mo-
vimento apresentou maior expressão, porém manifesta-
ções renascentistas de grande importância também ocor-
reram na Inglaterra, Alemanha, Países Baixos, Portugal
e Espanha. Alguns críticos, porém, consideram, por vá-
rias razões, que o termo “Renascimento” deve ficar cir-
cunscrito à cultura italiana desse período, e que a difusão
europeia dos ideais clássicos italianos pertence com mais
propriedade à esfera do maneirismo. Além disso, estudos
realizados nas últimas décadas têm revisado uma quanti-
dade de opiniões historicamente consagradas a respeito
deste período, considerando-as insubstanciais ou estere-
otipadas, e vendo o Renascimento como uma fase muito
mais complexa, contraditória e imprevisível do que se
supôs ao longo de gerações.[5]

O homem vitruviano de Leonardo da Vinci sintetiza o ideário 1 Ideias principais


renascentista: humanista e clássico.

identificar o período da História da Europa aproxima- Ver artigo principal: Filosofia do Renascimento
damente entre fins do século XIV e o fim do século
XVI[1] . Os estudiosos, contudo, não chegaram a um con- O humanismo pode ser apontado como o principal va-
senso sobre essa cronologia, havendo variações conside- lor cultivado no Renascimento. Baseia-se em diversos
ráveis nas datas conforme o autor.[2] Seja como for, o pe-
conceitos associados: neoplatonismo, antropocentrismo,
ríodo foi marcado por transformações em muitas áreas hedonismo, racionalismo, otimismo e individualismo. O
da vida humana. Apesar destas transformações serem humanismo, antes que um corpo filosófico, foi um mé-
bem evidentes na cultura, sociedade, economia, política todo de aprendizado que passava a dar um maior va-
e religião, caracterizando a transição do feudalismo paralor ao uso da razão individual e à análise das evidências
o capitalismo e significando uma ruptura com as estru- empíricas, ao contrário da escolástica medieval, que se
turas medievais, o termo é mais comumente empregado limitava basicamente à consulta às autoridades do pas-
para descrever seus efeitos nas artes, na filosofia e nas sado, principalmente Aristóteles e os primeiros Padres
ciências.[3] da Igreja, e ao debate das diferenças entre os autores
Chamou-se “Renascimento” em virtude da redescoberta e comentaristas. O humanismo afirma a dignidade do
e revalorização das referências culturais da antiguidade homem e o torna o investigador por excelência da na-
clássica, que nortearam as mudanças deste período em tureza. Na perspectiva do Renascimento, isso envolveu

1
2 1 IDEIAS PRINCIPAIS

a revalorização da cultura clássica antiga e sua filosofia, dividuais de cada um e buscava desenvolver o homem
com uma compreensão fortemente antropocêntrica e ra- num ser completo e integrado, com a plena expressão de
cionalista do mundo, tendo o homem e seu raciocínio suas faculdades espirituais, morais e físicas, nutriam sen-
lógico e sua ciência como árbitros da vida manifesta.[6] timentos novos de liberdade social e individual.[8]
Seu precursor foi Petrarca, que com sua obra De sui ip- Reunindo esse corpus eclético de ideias, os homens do
sius et multorum aliorum ignorantia inaugurou o método Renascimento cunharam ou adaptaram à sua moda al-
clássico de crítica à escolástica.[7] O humanismo se con- guns outros conceitos, dos quais se destacam as teorias
solidou principalmente através dos escritos de Lorenzo da perfectibilidade e do progresso, que na prática impul-
Valla, Leonardo Bruni, Poggio Bracciolini, Marsilio Fi-
sionaram positivamente a ciência de modo a tornar o pe-
cino, Erasmo de Roterdão, Pico della Mirandola, Petrus ríodo em foco como o marco inicial da ciência moderna.
Ramus, Juan Luis Vives, Francis Bacon, Michel de Mon-
Mas como que para contrapô-los surgiu uma percepção
taigne, Bernardino Telesio, Giordano Bruno, Tommaso de que a História é cíclica e tem fases de declínio inevi-
Campanella e Thomas More, entre outros, que escre-
tável, e de que o homem natural é um ser sujeito a forças
veram sobre variados aspectos do mundo natural e da além de seu poder e não tem domínio completo sobre seus
filosofia, incorporando elementos do neoplatonismo, do
pensamentos, capacidades e paixões, nem sobre a dura-
ceticismo, do estoicismo, do epicurismo e do novo mé- ção de sua própria vida. O resultado foi um grande e rico
todo científico, que iniciava sua ascensão. Muitos des- debate teórico, recheado por fatos novos que apareciam
ses autores buscavam uma harmonização entre o conhe- a cada momento, que só teve uma resolução prática no
cimento antigo e as novas descobertas.[6][7] século XVII, com a afirmação da importância da ciência.
Por um lado, alguns daqueles homens se viam como her-
deiros de uma tradição que havia desaparecido por mil
anos, crendo reviver de fato uma grande cultura antiga,
e sentindo-se até um pouco como contemporâneos dos
romanos. Mas havia outros que viam sua própria época
como distinta tanto da Idade Média como da Antigui-
dade, com um estilo de vida até então inédito sobre a
face da Terra, sentimento que era baseado exatamente no
óbvio progresso da ciência. Neste período foram inven-
tados diversos instrumentos científicos, e foram desco-
bertas diversas leis naturais e objetos físicos antes des-
conhecidos; a própria face do planeta se modificou nos
mapas depois dos descobrimentos das grandes navega-
ções, levando consigo a física, a matemática, a medicina,
a astronomia, a filosofia, a engenharia, a filologia e vários
outros ramos do saber a um nível de complexidade, efici-
ência e exatidão sem precedentes, cada qual contribuindo
para um crescimento exponencial do conhecimento total,
o que levou a se conceber a história da humanidade como
uma expansão contínua e sempre para melhor.[9] Talvez
seja esse espírito de confiança na vida e no homem o que
mais liga o Renascimento à Antiguidade Clássica e o que
melhor define a essência do seu legado. O seguinte trecho
de Pantagruel (1532), de François Rabelais, costuma ser
citado para ilustrar o espírito do Renascimento:
Pico della Mirandola.
Todas as disciplinas são agora ressuscitadas, as
O brilhante florescimento cultural e científico renascen- línguas estabelecidas: Grego, sem o conheci-
tista deu origem a sentimentos de otimismo, abrindo po- mento do qual é uma vergonha alguém chamar-
sitivamente o homem para o novo e incentivando seu es- se erudito, Hebraico, Caldeu, Latim [...] O
pírito de pesquisa. O desenvolvimento de uma nova ati- mundo inteiro está cheio de acadêmicos, peda-
tude perante a vida deixava para trás a espiritualidade ex- gogos altamente cultivados, bibliotecas muito ri-
cessiva do gótico e via o mundo material com suas bele- cas, de tal modo que me parece que nem nos
zas naturais e culturais como um local a ser desfrutado, tempos de Platão, de Cícero ou Papiniano, o
com ênfase na experiência individual e nas possibilida- estudo era tão confortável como o que se vê a
des latentes do homem. Além disso, os experimentos nossa volta. [...] Eu vejo que os ladrões de rua,
democráticos italianos, o crescente prestígio do artista os carrascos, os empregados do estábulo hoje
como um erudito e não como um simples artesão, e um em dia são mais eruditos do que os doutores e
novo conceito de educação que valorizava os talentos in- pregadores do meu tempo.
3

o homem”). Esse otimismo se perderia novamente no sé-


culo XVI, com a reaparição do ceticismo, do pessimismo,
da ironia e do pragmatismo em Erasmo, Maquiavel, Ra-
belais e Montaigne, que veneravam a beleza dos ideais do
Classicismo mas tristemente constatavam a impossibili-
dade de sua aplicação prática universal e testemunhavam
o deplorável jogo político, a pobreza e opressão das po-
pulações e outros problemas sociais e morais do homem
real de seu tempo. Cabe notar que muitos pesquisado-
res consideram esta fase final não como uma etapa no
grande ciclo do Renascimento, e a estabeleceram como
um movimento distinto e autônomo, dando-lhe o nome
de Maneirismo.[10]

2 Fases do Renascimento e seu con-


texto

Ver artigo principal: Política do Renascimento,


Economia do Renascimento

Retrato de Erasmo, 1523, por Hans Holbein, o Jovem (Frick


Collection). Costuma-se dividir o Renascimento em três grandes fa-
ses, Trecento, Quattrocento e Cinquecento, corresponden-
O preparo que os humanistas preconizavam para a forma- tes aos séculos XIV, XV e XVI, com um breve interlúdio
ção do homem ideal, são de corpo e espírito, ao mesmo entre as duas últimas chamado de Alta Renascença.
tempo um filósofo, um cientista e um artista, se desenvol-
veu a partir da estrutura de ensino medieval do Trivium
e do Quadrivium, que sistematizavam o conhecimento da
2.1 Trecento
época. A novidade renascentista não foi tanto a ressurrei-
O Trecento representa a preparação para o Renascimento
ção da sabedoria antiga, mas sua ampliação e aprofunda-
e é um fenômeno basicamente italiano, mais especifica-
mento com a criação de novas ciências e disciplinas, de
mente da cidade de Florença, pólo político, econômico e
uma nova visão de mundo e do homem e de um novo con-
[9] cultural da região, embora outros centros também tenham
ceito de ensino e educação. O resultado foi um grande
participado do processo, como Pisa e Siena, tornando-os
e frutífero programa disciplinador e desenvolvedor do in-
a vanguarda da Europa em termos de economia, cultura e
telecto e das habilidades gerais do homem, que tinha ori-
organização social, conduzindo a transformação do mo-
gem na cultura greco-romana e que de fato em parte se
delo medieval para o moderno.
perdera para o ocidente durante a Idade Média. Mas é
preciso lembrar que apesar da ideia que os renascentistas
pudessem fazer de si mesmos, o movimento jamais po-
deria ser uma imitação literal da cultura antiga, por acon-
tecer todo sob o manto do catolicismo, cujos valores e
cosmogonia eram bem diversos dos do antigo paganismo.
Assim, a Renascença foi uma tentativa original e eclética
de harmonização do neoplatonismo pagão com a religião
cristã, do eros com a charitas, junto com influências ori-
entais, judaicas e árabes, e onde o estudo da magia, da
astrologia e do oculto não estavam ausentes.[10]
Ambrogio Lorenzetti: Alegoria do Bom Governo, c. 1328. Pa-
O pensamento medieval tendia a ver o homem como uma lazzo Pubblico, Siena
criatura vil, uma “massa de podridão, pó e cinza”, como se
lê em De laude flagellorum de Pedro Damião, no século A economia era dinamizada pela fundação de grandes ca-
XI. Mas quando se eleva a voz de Pico della Mirandola no sas bancárias, pelo surgimento da noção de livre concor-
século XV o homem já representava o centro do universo, rência e pela forte ênfase no comércio, e cada vez mais
um ser mutante, essencialmente imortal, autônomo, livre, se estruturava em moldes capitalistas e bastante materia-
criativo e poderoso, o que ecoava as vozes mais antigas listas, onde a tradição era sacrificada diante do raciona-
de Hermes Trismegisto (“Grande milagre é o homem”) e lismo, da especulação financeira e do utilitarismo. Ini-
do árabe Abdala (“Não há nada mais maravilhoso do que ciava, desta forma, um período de declínio progressivo
4 2 FASES DO RENASCIMENTO E SEU CONTEXTO

original que conhecemos hoje.[14]

2.2 Quattrocento

Simone Martini: Guidoriccio da Fogliano no assédio de Monte-


massi, 1328. Palazzo Pubblico, Siena

na capacidade da Igreja de prover um modelo unificado


de cultura e sociedade.[6] O sistema de produção desen-
volvia novos métodos, com uma nova divisão de trabalho
organizada pelas guildas e uma progressiva mecanização,
mas levando a uma despersonalização da atividade arte-
sanal. A Itália nesta época era um mosaico de pequenos
países e cidades independentes. O regime republicano
com base no racionalismo fora adotado por vários daque-
les Estados, e a sociedade via crescer uma classe média
emancipada intelectual e financeiramente que se tornaria
um dos principais pilares do poder e um dos sustentáculos Retrato de Luca Pacioli com um aluno, por Jacopo de' Barbari
de um novo mercado de arte e cultura.[11]
O início do século viveu intensas lutas de classes, com
prejuízo para os trabalhadores não vinculados às guildas,
e como consequência instalou-se grave crise econômica,
que teve um ponto culminante na bancarrota das famílias
Bardi e Peruzzi em torno de 1328-38, gerando uma fase
de estagnação que não obstante levaria a pequena burgue-
sia pela primeira vez ao poder. Esta situação foi comen-
tada depreciativamente pelos poetas célebres da época —
Boccaccio e Villani — mas constituiu a primeira experi-
ência democrática em Florença, durando cerca de qua-
renta anos. Tumultos políticos e militares, além de duas
devastadoras epidemias de peste bubônica, provocaram
períodos de fome e desalento, com revoltas populares
que tentaram modificar o equilíbrio político e social, mas Jorge de Trebizonda: página do seu Comentário sobre o
só conseguiram assegurar a permanência dos burgueses Almagesto
à testa do governo. Os Médici, banqueiros plebeus, as-
sumiram a liderança da classe mas logo se revestiram da O chamado Quattrocento (século XV) viu o Renasci-
dignidade da nobreza, e um sistema oligárquico voltou mento atingir sua era dourada. O Humanismo ama-
a dominar a cena política, muitas vezes se valendo da durecia e se espalhava pela Europa através de Fi-
corrupção para atingir seus fins, mas também iniciando cino, Rodolphus Agricola, Erasmo de Roterdão, Miran-
um costume de mecenato das artes que seria fundamen- dola e Thomas More. Leonardo Bruni inaugurava a
tal para a evolução do classicismo no século seguinte.[12]historiografia moderna e a ciência e a filosofia progre-
[13]
diam com Luca Pacioli, János Vitéz, Nicolas Chuquet,
Na religião a mudança foi assinalada pela busca, ampa- Regiomontanus, Nicolau de Cusa e Georg von Peuerbach,
rada pela ciência, de explicações racionais para os fenô- entre muitos outros.
menos da natureza; por uma nova forma de ver as relações Ao mesmo tempo, um novo interesse pela história an-
entre Deus e o homem, e pela ideia de que o mundo não tiga levou humanistas como Niccolò de' Niccoli e Poggio
deveria ser renegado, mas vivenciado plenamente, e que a Bracciolini a vasculharem as bibliotecas da Europa em
salvação poderia ser conquistada também através do ser- busca de livros perdidos de autores clássicos. Mui-
viço público e do embelezamento das cidades e igrejas tos documentos importantes, de fato, foram encontra-
com obras de arte, além da prática de outras ações virtu- dos, como o tratado De architectura, de Vitrúvio, dis-
osas. Deve-se frisar que mesmo com a crescente influên- cursos de Cícero, Institutos de Oratória, de Quintiliano,
cia clássica, que era toda pagã na origem, o cristianismo Argonáutica, de Valério Flaco, e De Rerum Natura,
jamais foi posto em xeque e permaneceu como um pano de Lucrécio.[15][16] A reconquista da Península Ibérica
de fundo ao longo de todo o período, criando-se a síntese aos mouros também disponibilizou para os eruditos
2.3 Alta Renascença 5

europeus um grande acervo de textos de Aristóteles, momento de grande prosperidade econômica e conquis-
Euclides, Ptolomeu e Plotino, preservados em tradu- tando também a primazia política em toda a região, ape-
ções árabes e desconhecidos na Europa, e de obras mu- sar de Milão e Nápoles serem rivais perigosos e constan-
çulmanas de Avicena, Geber e Averróis, contribuindo tes. A opulência da sua oligarquia burguesa, que então
de modo marcante para um novo florescimento na fi- monopolizava todo o sistema bancário europeu e adqui-
losofia, matemática, medicina e outras especialidades ria um brilho aristocrático e grande cultura, se entregava à
científicas.[17][18][19] O aperfeiçoamento da imprensa por “bela vida” e enchia seus palácios e capelas de obras clas-
Johannes Gutenberg em meados do século facilitou e ba- sicistas, gerou descontentamento na classe média, mate-
rateou imenso a divulgação do conhecimento para um pú- rializada numa reversão ao idealismo místico do estilo gó-
blico maior. O mesmo interesse pela cultura e ciência tico. Estas duas tendências opostas marcaram a primeira
fez com que se fundassem grandes bibliotecas na Itália, metade deste século, até que a pequena burguesia abando-
e se procurasse restaurar o latim, que havia se transfor- nou suas resistências, possibilitando uma primeira grande
mado em um dialeto multiforme, para sua pureza clás- síntese estética que viria a transbordar de Florença para
sica, tornando-o a nova língua franca da Europa. A res- quase todo o território italiano, definida pela primazia do
tauração do latim derivou da necessidade prática de se racionalismo e dos valores clássicos. Foi o século dos
gerir intelectualmente essa nova biblioteca renascentista. Medici, destacando-se principalmente Lorenzo de' Me-
Paralelamente, teve o efeito de revolucionar a pedagogia, dici, grande mecenas, e o interesse pela arte se difundia
além de fornecer um substancial novo corpus de estru- para círculos cada vez maiores.[13][24]
turas sintáticas e vocabulário para uso dos humanistas e
literatos, que assim revestiam seus próprios escritos com
a autoridade dos antigos.[19] Também foi importante o
interesse das elites pelo colecionismo de arte antiga, es- 2.3 Alta Renascença
timulando estudos e escavações que levaram ao desco-
brimento de diversas obras de arte, impulsionando com
A Alta Renascença cronologicamente engloba os anos fi-
isso o desenvolvimento da arqueologia e influenciando as
nais do Quattrocento e as primeiras décadas do Cinque-
artes visuais.[20]
cento, sendo delimitada aproximadamente pelas obras de
Um vigor adicional nesse processo foi injetado pelo eru- maturidade de Leonardo da Vinci (a partir de c. 1480) e
dito grego Manuel Crisolaras, que entre 1397 e 1415 rein- o Saque de Roma em 1527. Foi a fase de culminação do
troduziu na Itália o estudo da língua grega, e com o fim Renascimento, que se dissipou mal foi atingida, mas seu
do Império Bizantino em 1453 muitos outros intelectuais, reconhecimento é importante porque ali se cristalizaram
como Demétrio Calcondilas, Jorge de Trebizonda, João ideais que caracterizam todo o movimento renascentista:
Argirópulo, Teodoro Gaza e Barlaão de Seminara, emi- o humanismo, a noção de autonomia da arte, a emancipa-
graram para a península Itálica e outras partes da Europa, ção do artista de sua condição de artesão e equiparação ao
divulgando textos clássicos de filosofia e instruindo os hu- cientista e ao erudito, a busca pela fidelidade à natureza, e
manistas na arte da exegese. Grande proporção do que o conceito de gênio, tão perfeitamente encarnado em Da
hoje se conhece de literatura e legislação greco-romanas Vinci, Rafael e Michelangelo. Se a passagem da Idade
nos foi preservado pelo Império Bizantino, e esse novo Média para a Idade Moderna não estava ainda completa,
conhecimento dos textos clássicos originais, bem como pelo menos estava assegurada sem retorno possível.[20][25]
de suas traduções, foi, no entender de Luiz Marques, Eventos como a descoberta da América e a Reforma Pro-
“uma das maiores operações de apropriação de uma cul- testante, e técnicas como a imprensa de tipos móveis,
tura por outra, comparável em certa medida à da Gré- transformaram a cultura e a visão de mundo dos euro-
cia pela Roma dos Cipiões no século II a.C. Ela reflete, peus, ao mesmo tempo em que a atenção de toda a Europa
além disso, a passagem, crucial para a história do Quat- se voltava para a Itália e seus progressos, com as grandes
trocento, da hegemonia intelectual de Aristóteles para a de potências da França, Espanha e Alemanha desejando sua
Platão e de Plotino. Nesse grande influxo de idéias foi partilha e fazendo dela um campo de batalhas e pilhagens.
reintroduzida na Itália toda a estrutura da antiga Paideia, Com as invasões que se seguiram a arte italiana espalhou
um corpo de princípios éticos, sociais, culturais e peda- sua influência por uma vasta região do continente.[26][27]
gógicos concebido pelos gregos e destinado a formar um
cidadão modelar.[19][21][22] As novas informações e co-
nhecimentos e a concomitante transformação em todas as
áreas da cultura levaram os intelectuais a perceberem que
se achavam em meio a uma fase de renovação comparável
às fases brilhantes das civilizações antigas, em oposição à
Idade Média anterior, que passou a ser considerada uma
era de obscuridade e ignorância.[8][23]
Ao longo do Quattrocento Florença se manteve como o
maior centro cultural do Renascimento, atravessando um • Michelangelo: David, 1504. Galleria
dell’Accademia
6 2 FASES DO RENASCIMENTO E SEU CONTEXTO

• Rafael: Madonna Cowper,


1504/1505. National Gallery of Art, Washington

Giovanni Bellini: Sacra conversazione, 1505-1510. Chiesa di


San Zaccaria, Veneza
• Leonardo da Vinci: A Virgem das
Rochas, versão de Londres, 1503-1506. National
Gallery esta arte nova, os profetas, apósto-
los, mártires e santos são persona-
lidades ideais, livres, grandes, po-
derosas e dignificadas, graves e so-
lenes, uma raça heróica, no pleno
florescimento de uma beleza ma-
dura e enternecedora. Na obra
de Leonardo encontramos ainda ti-
pos da vida comum, ao lado destas
• Bramante: O Tempietto na igreja nobres figuras, mas gradualmente
de San Pietro in Montorio, 1502. Roma nada que não seja grande e sublime
parece digno de representação artís-
Foi na Alta Renascença que a arte atingiu a perfeição e tica”.[28]
o equilíbrio classicistas perseguidos durante todo o pro-
cesso anterior, especialmente no que diz respeito à pin-
tura e à escultura. Pela primeira vez a Antiguidade era Apesar desse código de ética, era uma sociedade agitada
compreendida como um todo unificado e não como uma por mudanças políticas, sociais e religiosas importantes
sequência de eventos isolados, levando a arte a descar- em que a liberdade anterior desapareceu, e o autorita-
tar a simples imitação decorativa do antigo e troca de rismo e a dissimulação se ocultavam por trás das nor-
uma emulação mais completa, mais essencial e também mas de boa educação e da disciplina, como se lê em O
mais erudita.[20] Porém esse classicismo, embora maduro Príncipe, de Maquiavel, um manual de governo que dizia
e rico, conseguindo plasmar obras de grande pujança, que “não existem boas leis sem boas armas”, não distin-
comparáveis à arte antiga, tinha forte carga formalista, guindo poder de autoridade e legitimando o uso da força
espelhando o código de ética artificial, cosmopolita e abs- para controle do cidadão, livro que foi uma referência
trato que se impunha entre os círculos ilustrados e que fundamental do pensamento político renascentista em sua
prescrevia a moderação, autocontrole, dignidade e poli- fase final e uma inspiração decisiva para a construção do
dez em tudo, e que teve na pintura de Rafael e na música Estado moderno. Assim, a grande diferença de mentali-
de Palestrina seus mais perfeitos representantes artísti- dade entre o Quattrocento e o Cinquecento é que enquanto
cos, e no livro O Cortesão de Baldassare Castiglione sua naquele a forma é um fim, neste é um começo; enquanto
súmula teórica.[28] O idealismo que foi intensamente cul- naquele a natureza fornecia os padrões que a arte imi-
tivado na Antigüidade Clássica encontrava uma atualiza- tava, neste a sociedade precisará da arte para provar que
ção e, segundo Hauser, existem tais padrões. Rafael resumiu os opostos em seu
famoso afresco A Escola de Atenas, uma das mais impor-
“De acordo com os pressupostos tantes pinturas da Alta Renascença, realizada na primeira
desta arte, pareceria inconcebível, década do Cinquecento, que ressuscitou o diálogo filosó-
por exemplo, que os apóstolos fos- fico entre Platão e Aristóteles, ou seja, entre o idealismo
sem representados como campone- e o empirismo.[29] Nesse período se observou o paula-
ses vulgares e artesãos comuns, tino deslocamento do maior centro cultural renascentista
como o eram tão frequentemente e de Florença para Roma, com a proteção do papado e o
com tanto sabor, no século XV. Para crescente afluxo de artistas de outras partes.[20]
2.4 O Cinquecento e o maneirismo italiano 7

2.4 O Cinquecento e o maneirismo italiano ção da autoridade papal pelos Protestantes o equilíbrio
político do continente se alterou e sua estrutura socio-
Ver artigo principal: Maneirismo cultural foi abalada, com consequências negativas princi-
O Cinquecento (século XVI) é a derradeira fase da Renas- palmente para a Itália, que além de tudo deixava de ser
o centro comercial da Europa enquanto novas rotas de
comércio eram abertas pelas grandes navegações. Todo
o panorama mudava de figura, declinando a influência
católica, perdendo-se a unidade cultural e artística recém
conquistada na Alta Renascença e surgindo sentimentos
de pessimismo, insegurança e alheação que caracterizam
a atmosfera do maneirismo.[30][31] Apareceram escolas
regionais nitidamente diferenciadas em Roma, Florença,
Ferrara, Nápoles, Milão, Veneza, e o Renascimento se
espalhou então definitivamente por toda a Europa, dando
frutos em especial na França, Espanha e Alemanha, tingi-
dos pelos históricos locais específicos. A arte de longevos
como Michelangelo e Ticiano registrou em grande estilo
a transição de uma era de certezas e clareza para outra de
dúvidas e drama que viu aparecer a Contrarreforma e se
dirigia para o Barroco do século XVII.[30]

Pontormo: A Deposição da Cruz, 1525-1528. Santa Felicita,


Florença

cença, quando o movimento se transforma, se expande


para outras partes da Europa e Roma sobrepuja definiti-
vamente Florença como centro cultural, especialmente a
partir do pontificado de Júlio II. Roma até então não ha-
Lutero aos 46 anos (Lucas Cranach, o Velho, 1529)
via produzido grandes artistas renascentistas, e o classi-
cismo havia sido plantado através da presença temporária
Um dos impactos mais importantes da Reforma Protes-
de artistas de outras partes. Mas com a fixação na cidade
tante sobre a arte renascentista foi a condenação das ima-
de mestres do porte de Rafael, Michelangelo e Bramante
gens sagradas, o que despovoou os templos do norte de
formou-se uma escola local, tornando a cidade o mais rico
representações pictóricas e escultóricas de santos e per-
repositório da arte da Alta Renascença e da sua continua-
sonagens divinos, e muitas obras de arte foram destruídas
ção cinquecentesca, onde a política cultural do papado deu
em ondas de fúria iconoclasta. Com isso as artes repre-
uma feição característica a toda esta fase. Boa parte dessa
sentativas sob influência reformista se voltaram para os
nova influência romana derivou do desejo de reconstituir
personagens profanos e a natureza. O papado, porém,
a grandeza e a virtude cívica da Roma Antiga, o que se
logo percebeu que a arte podia ser uma arma eficiente
refletiu na intensificação do mecenato e na recriação de
contra os protestantes, auxiliando em uma evangelização
práticas sociais e simbólicas que imitavam as da Anti-
mais ampla e mais sedutora para as grandes massas do
guidade, como os grandes cortejos de triunfo, as festas
povo, e durante a Contrarreforma foram sistematizados
públicas suntuosas, as representações plásticas e teatrais
uma nova série de preceitos baseados na teologia con-
grandiloquentes, cheias de figuras históricas, mitológicas
trarreformista, que determinavam em detalhe como o ar-
e alegóricas.[20] tista deveria criar sua obra de tema religioso. Mas as-
Na sequência do saque de Roma de 1527 e da contesta- sim, se por um lado a Contrarreforma deu origem a mais
8 3 AS ARTES NO RENASCIMENTO

encomendas de arte sacra pela Igreja Católica, a antiga via, a fim de ser bem representada, passar por uma tra-
liberdade de expressão artística que se verificara em fa- dução que a organizava sob uma óptica racional e ma-
ses anteriores desapareceu, uma liberdade que permitira temática, num período marcado por uma matematização
a Michelangelo decorar seu enorme painel do Juízo Fi- de todos os fenômenos naturais. Na pintura a maior con-
nal, pintado no coração do Vaticano, com uma multidão quista da busca por esse “naturalismo organizado” foi a
de corpos nus de grande sensualidade, ainda que o campo recuperação da perspectiva, representando a paisagem,
profano permanecesse pouco afetado pelas novas regras, as arquiteturas e o ser humano através de relações essen-
que eram bastante dogmáticas e moralistas.[32][33] Ape- cialmente geométricas e criando uma eficiente impres-
sar disso, as aquisições intelectuais e artísticas da Alta são de espaço tridimensional; na música foi a consolida-
Renascença que ainda estavam frescas e resplandeciam ção do sistema tonal, possibilitando uma ilustração mais
diante dos olhos não poderiam ser esquecidas de pronto, convincente das emoções e do movimento; na arquite-
mesmo que seu substrato filosófico já não pudesse per- tura foi a redução das construções para uma dimensão
manecer válido diante dos novos fatos políticos, religio- mais humana, abandonando-se as alturas transcendentais
sos e sociais. A nova arte que se fez, ainda que inspi- das catedrais góticas; na literatura, a introdução de um
rada na fonte do classicismo, o traduziu em formas inqui- personagem que estruturava em torno de si a narrativa e
etas, ansiosas, distorcidas, agitadas, ambivalentes, ape- mimetizava até onde possível a noção de sujeito.[36]
gadas a preciosismos intelectualistas, características que
refletiam os dilemas do século.[30]
3.1 Pintura
O maneirismo, que cobre os dois terços finais do século
XVI e depois se confunde com o Barroco, foi um movi-
Ver artigo principal: Pintura do renascimento, Pintura
mento que tem gerado historicamente muito debate en-
da Renascença Italiana
tre os historiadores da arte. Depois do século XVII ele
Sucintamente, a contribuição maior da pintura do Re-
passou a ser encarado com desprezo, como uma degene-
ração mórbida e afetada dos ideais clássicos autênticos.
Nos dias de hoje, porém, essa visão já não permanece,
tendo sido revisada através de duas vertentes da crítica.
Para uns ele se manifestou em uma área geográfica tão
vasta e de maneira tão polimorfa e tão distinta do Quat-
trocento e da Alta Renascença, que se tornou um dilema
inconciliável descrevê-lo como parte do fenômeno origi-
nal, basicamente classicista e italiano, pois parece-lhes
que em muitos sentidos ele constitui uma completa an-
títese dos princípios clássicos de proporção equilibrada,
unidade formal, clareza, lógica e naturalismo, tão preza-
dos pelas fases anteriores e que definiriam o “verdadeiro”
Renascimento. A consequência foi estabelecer o manei-
rismo como um movimento independente, reconhecendo
uma nova e vigorosa forma de expressão no que se chegou
a ver como decadência e distorção, tendo sua importância
realçada por esses traços fazerem dele a primeira escola
moderna de arte. A outra vertente crítica, contudo, o ana-
lisa como um aprofundamento e um enriquecimento dos Giotto: Deposição de Cristo, ciclo de afrescos na Capela Scro-
pressupostos clássicos e como uma legítima conclusão do vegni (1304-1306), Pádua
ciclo do Renascimento; não tanto uma negação ou des-
virtuamento daqueles princípios, mas uma reflexão sobre
sua aplicabilidade prática naquele momento histórico e
uma adaptação - às vezes dolorosa mas em geral criativa
e bem sucedida - às circunstâncias da época.[31][34][35]

3 As artes no Renascimento
Nas artes o Renascimento se caracterizou, em linhas
muito gerais, pela inspiração nos antigos gregos e roma- Masaccio: Cristo e o tributo, 1425-1428. Capela Scrovegni
nos, e pela concepção de arte como uma imitação da na-
tureza, tendo o homem nesse panorama um lugar privi- nascimento foi sua nova maneira de representar a natu-
legiado. Mas mais do que uma imitação, a natureza de- reza, através de domínio tal sobre a técnica pictórica e a
3.1 Pintura 9

Giotto, contudo, representava a vanguarda na visualidade


desta fase, e se difundiu para Siena, que por um tempo
passou à frente de Florença nos avanços artísticos. Dali
se estendeu para o norte da Itália.[37]
No Quattrocento as representações da figura humana ad-
quiriram solidez, majestade e poder, refletindo o senti-
mento de autoconfiança de uma sociedade que se tornava
muito rica e complexa, com vários níveis sociais, de vari-
ada educação e referenciais, que dela participavam ativa-
mente, formando um painel multifacetado de tendências
e influências. Mas, ao longo de quase todo o século, a
arte revelaria o embate entre os derradeiros ecos do gó-
tico espiritual e abstrato, exemplificado por Fra Ange-
lico, Paolo Uccello, Benozzo Gozzoli e Lorenzo Monaco,
Rafael: A Escola de Atenas, 1509. Vaticano
e as novas forças organizadoras, naturalistas e racionais
do classicismo, representadas por Botticelli, Pollaiuolo,
perspectiva de ponto central, que foi capaz de criar uma Piero della Francesca e Ghirlandaio. Nesse sentido, de-
eficiente ilusão de espaço tridimensional em uma super- pois de Giotto, o próximo marco evolutivo foi Masaccio,
fície plana. Tal conquista significou um afastamento ra- em cujas obras o homem tem um aspecto nitidamente
dical em relação ao sistema medieval de representação, enobrecido e cuja presença visual é decididamente con-
com sua estaticidade, seu espaço sem profundidade e seu creta, com eficiente uso dos efeitos de volume e espaço
sistema de proporções simbólico - onde os personagens tridimensional. Dele se disse que foi “o primeiro que
maiores tinham maior importância numa escala que ia soube pintar homens que realmente tocavam seus pés na
do homem até Deus - estabelecendo um novo parâme- terra”.[37]
tro cujo fundamento era matemático, no que se pode ver Junto com Florença, Veneza representa a vanguarda ar-
um reflexo da popularização dos princípios filosóficos do tística européia no Quattrocento, dispondo de um grupo
racionalismo, antropocentrismo e do humanismo. A lin- de artistas ilustres, como Jacopo Bellini, Giovanni Bel-
guagem visual formulada pelos pintores renascentistas foi lini, Vittore Carpaccio, Mauro Codussi e Antonello da
tão bem sucedida que permanece válida até hoje.[19][37] Messina. Siena, que já fizera parte da vanguarda em
O cânone greco-romano de proporções voltava a determi- anos anteriores, agora hesitava entre o apelo espiritual
nar a construção da figura humana; também voltava o cul- do gótico e o fascínio profano do classicismo, e perdia
tivo do Belo tipicamente clássico. A pintura renascentista ímpeto. Enquanto isso também outras regiões do norte
é em essência linear; o desenho era agora considerado o da Itália começavam a conhecer o classicismo, através
alicerce de todas as artes visuais e seu domínio, um pré- de Perugino em Perugia; Francesco Laurana em Urbino;
requisito para todo artista. Para tanto, foi de grande uti- Pinturicchio, Masaccio, Melozzo da Forli, e Giuliano da
lidade o estudo das esculturas e relevos da Antiguidade, Sangallo em Roma, e Mantegna em Pádua e Mântua.[39]
que deram a base para o desenvolvimento de um grande Também deve-se lembrar a influência renovadora sobre
repertório de temas e de gestos e posturas do corpo. Na os pintores italianos da técnica da pintura a óleo, que no
construção da pintura, a linha convencionalmente consti- Quattrocento estava sendo desenvolvida nos Países Baixos
tuía o elemento demonstrativo e lógico, e a cor indicava e atingira elevado nível de refinamento, possibilitando a
os estados afetivos ou qualidades específicas. Outro dife- criação de imagens muito mais precisas e nítidas e com
rencial em relação à arte da Idade Média foi a introdução um sombreado muito mais sutil do que o que era con-
de maior dinamismo nas cenas e gestos, e a descoberta seguido com o afresco, a encáustica e a têmpera. As te-
do sombreado, ou claro-escuro, como recurso plástico e las flamengas eram muitíssimo apreciadas na Itália exata-
mimético.[20][37] mente por essas qualidades, e uma grande quantidade de-
las foi importada, copiada ou emulada pelos italianos.[19]
Giotto, atuando entre os séculos XIII e XIV, foi o maior
pintor da primeira Renascença italiana e o pioneiro dos Mais adiante, na Alta Renascença, com Leonardo da
naturalistas em pintura. Sua obra revolucionária, em con- Vinci, a técnica do óleo se refinou e penetrou no terreno
traste com a produção de mestres do gótico tardio como do sugestivo, ao mesmo tempo em que aliava fortemente
Cimabue e Duccio, causou forte impressão em seus con- arte e ciência. Com Rafael o sistema classicista de re-
temporâneos e dominaria toda a pintura italiana do Tre- presentação visual chegou a um apogeu, e se revelou a
cento, por sua lógica, simplicidade, precisão e fidelidade doçura, a grandeza solene e a perfeita harmonia. Mas
à natureza.[38] Ambrogio Lorenzetti e Taddeo Gaddi con- essa fase, de grande equilíbrio formal, não durou muito,
tinuaram a linha de Giotto sem inovar, embora em outros logo seria transformada profundamente, dando lugar ao
características progressistas se mesclassem com elemen- Maneirismo. Aqui Michelangelo, coroando o processo
tos do gótico ainda forte, como se vê na obra de Simone de exaltação do homem, levou-o a uma nova dimensão, a
Martini e Orcagna. O estilo naturalista e expressivo de do sobre-humano, abrindo-lhe também as portas do trá-
10 3 AS ARTES NO RENASCIMENTO

gico e do patético. Com os maneiristas toda a noção de


espaço foi então alterada, a perspectiva se fragmentou
em múltiplos pontos de vista, e as proporções da figura
humana foram distorcias com finalidades expressivas ou
meramente estéticas, formulando-se uma linguagem vi-
sual mais dinâmica, vibrátil, subjetiva, dramática e so-
fisticada. Pontormo, Paolo Veronese, Giulio Romano,
Tintoretto, Bronzino, e Michelangelo em sua fase ma- • Michelangelo: O Juízo Final,
dura foram exemplos típicos do Maneirismo plenamente 1534-41. Capela Sistina
manifesto. Giorgio Vasari, um pintor e arquiteto manei-
rista de mérito secundário, também deve ser lembrado
por sua importância como biógrafo e historiador da arte,
um dos primeiros a reconhecer todo o ciclo renascentista
como uma fase de renovação cultural e o primeiro a usar
o termo “Renascimento” na bibliografia, em sua enciclo-
pédica Le Vite de' più Eccellenti Pittori, Scultori e Archi-
tettori, uma das fontes primárias para o estudo da vida e • Bronzino: Alegoria do triunfo de
obra de muitos artistas do período. Vênus, 1540-1545. National Gallery of London

• Fra Angelico: Anunciação,


c. 1440. Museu Nacional de São Marcos, Florença
• Federico Barocci: A Madonna do
povo, 1579. Uffizi

3.2 Escultura
• Piero della Francesca: Fla-
gelação de Cristo, 1460. Galleria Nazionale delle Ver artigo principal: Escultura do Renascimento,
Marche, Urbino Escultura do Renascimento italiano

Na escultura os sinais de uma revalorização de uma esté-


tica classicista são mais antigos, datando do século XIII.
Nicola Pisano em torno de 1260 produziu um púlpito
para o Batistério de Pisa que é considerado a manifes-
• Pietro Perugino: O batismo tação precursora da Renascença em escultura. Na passa-
de Cristo, ca. 1481-83. Capela Sistina gem do século XIII para o século XIV seu filho Giovanni
Pisano levaria seu estilo mais longe e dominaria a cena
em Florença no primeiro terço do século, e seria um dos
introdutores de um gênero novo, o dos cruxifixi dolo-
rosi, de grande dramaticidade e larga influência, até en-
tão incomum na Toscana. Seu talento versátil daria ori-
• Botticelli: O nascimento de gem a outras obras de suma elegância e austeridade, de
Vênus, 1485. Uffizi linhas limpas e puras, como o retrato de Enrico Scro-
vegni. Suas Madonnas, relevos e o púlpito da Catedral
de Pisa são, por outro lado, muito mais movimentados e
graciosos, com elementos góticos mesclados a um novo
senso de proporção e espaço que infere seu estudo dos
clássicos.[40][41] Contemporâneos como Tino di Camaino
seguem aproximadamente a mesma linha de trabalho,
num cruzamento de correntes que seria típico de todo o
Trecento.[42] Em meados do século Andrea Pisano se tor-
• Parmigianino: Madonna do pescoço naria um dos escultores mais importantes da Itália, autor
longo, 1534-40. Uffizi dos relevos da porta sul do Batistério de Florença e sendo
3.2 Escultura 11

nomeado arquiteto da Catedral de Orvieto.[43] Foi mes-


tre de Orcagna, cujo tabernáculo em Orsanmichele é uma
das obras-primas do período, e de Giovanni di Balducci,
autor de um requintado e complexo monumento funerá-
rio na Capela Portinari de Milão.[44][45]
Apesar dos avanços dos mestres citados acima, sua obra
ainda reflete o embate entre as tendências antigas e mo- • Nicola Pisano: Adão, púlpito do
dernas, e elementos góticos ainda são nitidamente visíveis Batistério de Pisa
em todos eles. Para o fim do Trecento surge em Florença a
figura de Lorenzo Ghiberti, autor de relevos no Batistério
de São João, onde os modelos clássicos são recupera-
dos por completo. Logo em seguida Donatello conduz os
avanços em várias frentes. Nas suas obras principais figu-
ram as estátuas de profetas do Antigo Testamento. Deles
talvez o Habacuc seja a mais impressionante, uma ima-
gem cujo porte lembra fortemente um romano com sua
toga, quase extraído diretamente da retratística da Roma • Giovanni Pisano: Retrato de Enrico Scro-
republicana. Ousou ao modelar a primeira figura de nu vegni, Capela Scrovegni, Pádua (Cópia do Museu
de grandes dimensões em volume completo desde a anti- Pushkin)
guidade, o David de 1430. Também inovou na estatuá-
ria equestre, criando o monumento a Gattamelata, a mais
importante obra em seu gênero desde o Marco Aurélio
romano do Capitólio. Por fim, sua descarnada Madalena
penitente, em madeira, de 1453, é uma imagem de dor,
austeridade e transfiguração que não teve paralelos em
sua época, reintroduzindo um pungente senso de drama e
realidade na estatuária que só se viu no helenismo.[46]
• Agostino di Duccio: Madonna, sé-
Na geração seguinte, Verrocchio se destaca pela teatra- culo XV. Museo dell'Opera di Santa Maria del Fiore
lidade e dinamismo das composições. Seu Cristo e São
Tomé tem grande realismo e poesia. Compôs um Jo-
vem com um golfinho para a fonte de Netuno em Flo-
rença que é o protótipo da figura serpentinata, que se-
ria o modelo formal mais prestigiado pelo maneirismo
e barroco. Sua obra maior, o monumento equestre a
Bartolommeo Colleoni é uma expresão de poder e força
mais impressionante que o Gattamelata. Desiderio da
Settignano e Antonio Rosselino também merecem lem- • Ghiberti: A história de José,
brança. Florença continuou o centro da evolução até o painel da Porta do Paraíso, Batistério de São João
aparecimento de Michelangelo, que trabalhou em Roma
para os papas - e também em Florença para os Medici -
e foi o maior nome da escultura desde a Alta Renascença
até meados do Cinquecento. Sua obra passou do classi-
cismo puro do David, do Baco, e chegou ao maneirismo,
expresso em obras veementes como os Escravos, o Moi-
sés, e os nus da Capela dos Médici em Florença. Artis-
tas como Baccio Bandinelli, Agostino di Duccio e Tullio
Lombardo também deixaram obras de grande maestria, • Donatello: Habacuc. Museo
como o Adão deste último. Encerram o ciclo renascen- dell'Opera del Duomo
tista Giambologna, Francesco da Sangallo, Jacopo Sanso-
vino e Benvenuto Cellini, com um estilo de grande dina-
mismo e expressividade, tipificado no Rapto das Sabinas,
de Giambologna. Artistas importantes em outros países
da Europa já iniciavam a trabalhar em linhas claramente
italianas, como Adriaen de Vries no norte e Germain Pi-
lon na França, espalhando o gosto italiano por uma grande
área geográfica e dando origem a várias formulações sin-
créticas com escolas regionais.[46] • Verrocchio: São Tomé e
Cristo, 1466-83, Orsanmichele, Florença
12 3 AS ARTES NO RENASCIMENTO

• Michelangelo: Baco, Museu del Bar-


gello

• Giambologna: O rapto da sabina,


1581-82. Loggia dei Lanzi, Florença

3.3 Música
Iluminura do Codex Squarcialupi mostrando Francesco Landini
tocando um organetto
Ver artigo principal: Música do Renascimento

Em linhas gerais, a música do Renascimento não ofe-


rece um panorama de quebras abruptas de continuidade,
e todo o longo período pode ser considerado o terreno
da lenta transformação do universo modal para o tonal, e
da polifonia horizontal para a harmonia vertical. O Re-
nascimento foi também um período de grande renovação
no tratamento da voz e na orquestração, no instrumental
e na consolidação dos gêneros e formas puramente ins-
trumentais com as suítes de danças para bailes, havendo
grande demanda por animação musical em todo festejo
ou cerimônia, público ou privado.[47]
Na técnica compositiva a polifonia melismática dos
órganons, derivada diretamente do canto gregoriano, é
abandonada em favor de uma escrita mais enxuta, com
vozes tratadas de maneira cada vez mais equilibrada. No
início do período o movimento paralelo é usado com mo-
deração, acidentes são raros mas as dissonâncias duras
são comuns. Mais adiante a escrita a três vozes começa Luca della Robbia: Relevo para um coro, 1431-38. Museo
a apresentar tríades, dando uma impressão de tonalidade. dell'Opera del Duomo, Florença
Tenta-se pela primeira vez escrever música descritiva ou
programática, os rígidos modos rítmicos cedem lugar à
isorritmia e a formas mais livres e dinâmicas como a pouco chegou a nós, embora se saiba que a atividade era
balada, a chanson e o madrigal. Na música sacra a forma intensa e quase toda no terreno profano, sendo as princi-
da missa se torna a mais prestigiada. A notação evolui pais fontes de partituras o Codex Rossi, o Codex Squar-
para adoção de notas de menor valor, e mais para o final cialupi e o Codex Panciatichi. Entre seus representantes
do período passa a ser aceito o intervalo de terça como estão Matteo da Perugia, Donato da Cascia, Johannes Ci-
consonância, quando antes apenas a quinta, a oitava e o conia e sobretudo Francesco Landini. Somente no Cin-
uníssono o eram.[48][49] quecento a música italiana começou a desenvolver carac-
Os precursores desta transformação não foram italianos, terísticas próprias e originais, sendo [49]
até então muito de-
mas franceses como Guillaume de Machaut, autor da pendente da escola franco-flamenga.
maior realização musical do Trecento em toda Europa, a O predomínio de influências do norte não significa que o
Missa de Notre Dame, e Philippe de Vitry, muito elogiado interesse italiano pela música fosse pequeno. Na ausência
por Petrarca. Da música italiana dessa fase inicial muito de exemplos musicais da Antiguidade para serem emu-
3.4 Arquitetura 13

lados, filósofos italianos como Ficino se voltaram para 3.4 Arquitetura


textos clássicos de Platão e Aristóteles em busca de refe-
rências para que se pudesse criar uma música digna dos
antigos. Nesse processo um significativo papel foi de- Ver artigo principal: Arquitetura do Renascimento
sempenhado por Lorenzo de' Medici em Florença, que
fundou uma academia musical e atraiu diversos músi- A permanência de muitos vestígios da Roma antiga em
cos europeus,[13] e por Isabella d'Este, cuja pequena mas solo italiano jamais deixou de influir na plástica edifi-
brilhante corte em Mântua atraiu poetas que escreviam catória local, seja na utilização de elementos estruturais
em italiano poemas simples para serem musicados, e lá ou materiais usados pelos romanos, seja mantendo viva
a récita de poesia, assim como em outros centros italia- a memória das formas clássicas.[50] Mesmo assim, no
nos, era geralmente acompanhada de música. O gênero Trecento o gótico continua a linha dominante e o clas-
preferido era a frottola, que já mostrava uma estrutura sicismo só viria a emergir com força no século seguinte,
harmônica tonal bem definida e contribuiria para renovar em meio a um novo interesse pelas grandes realizações
o madrigal, com sua típica fidelidade ao texto e aos afetos. do passado. Esse interesse foi estimulado pela redesco-
Outros gêneros polifônicos como a missa e o moteto fa- berta de bibliografia clássica dada como perdida, como
zem a esta altura pleno uso da imitação entre as vozes e to- o De Architectura de Vitrúvio, encontrado na biblioteca
das são tratadas de um modo semelhante. Compositores da Abadia do Monte Cassino em 1414 ou 1415. Nele o
flamengos importantes trabalham na Itália, como Adriaen autor exaltava o círculo como forma perfeita, e elaborava
Willaert e Jacob Arcadelt, mas as figuras mais célebres sobre proporções ideais da edificação e da figura humana,
do século são Giovanni da Palestrina, italiano, e Orlande e sobre simetria e relações da arquitetura com o homem.
de Lassus, flamengo, que estabelecem um padrão de para Suas ideias seriam então desenvolvidas por outros arqui-
a música coral que seria seguido em todo o continente, tetos, como o primeiro grande expoente do classicismo
com uma escrita melodiosa e rica, de grande equilíbrio arquitetônico, Filippo Brunelleschi, que tirou sua inspi-
formal e nobre expressividade, preservando a inteligibi- ração também das ruínas que estudara em Roma. Foi
lidade do texto, aspecto que no período anterior muitas o primeiro a usar modernamente as ordens arquitetôni-
vezes era secundário e se perdia na intrincada complexi- cas de maneira coerente, instaurando um novo sistema de
dade do contraponto. A impressão de sua música se equi- proporções baseado na escala humana.[50][51] Também se
para à grandeza idealista da Alta Renascença, florescendo deve a ele o uso precursor da perspectiva para represen-
em uma fase em que o maneirismo já se manifestava com tação ilusionística do espaço tridimensional em um plano
força em outras artes como a pintura e escultura. No final bidimensional, uma técnica que seria aprofundada enor-
do século aparecem três grandes figuras, Carlo Gesualdo, memente nos séculos vindouros e definiria todo o estilo
Giovanni Gabrieli e Claudio Monteverdi, que introduzi- da arte futura, inaugurando uma fertilíssima associação
riam avanços na harmonia e um senso de cor e timbre que entre a arte e a ciência. Leon Battista Alberti é outro ar-
enriqueceriam a música dando-lhe uma expressividade e quiteto de grande importância, considerado um perfeito
dramatismo maneiristas e a preparariam para o Barroco. exemplo do “homem universal” renascentista, versátil em
Monteverdi em especial é importante por ser o primeiro várias especialidades. Foi o autor do tratado De re aedi-
grande operista da história, e suas óperas L'Orfeo (1607) ficatoria, que se tornaria canônico. Outros arquitetos, ar-
e L'Arianna (1608, perdida, só resta uma famosa ária, o tistas e filósofos acrescentaram à discussão, como Luca
Lamento) representam o nobre ocaso da música renascen- Pacioli em seu De Divina Proportione, Leonardo com
tista e os primeiros grandes marcos do barroco musical seus desenhos de igrejas centradas e Francesco di Giorgio
[49]
com o Trattato di architettura, ingegneria e arte militare.
Dentre as características mais notáveis da arquitetura re-
Exemplos musicais nascentista está a retomada do modelo centralizado de
templo, desenhado sobre uma cruz grega e coroado por
uma cúpula, espelhando a popularização de conceitos da

cosmologia neoplatônica e com a inspiração concomi-
tante de edifícios-relíquias como o Panteão de Roma. O
• primeiro desse gênero a ser edificado na Renascença foi
talvez San Sebastiano, em Mântua, obra de Alberti de
• 1460, mas deixado inconcluso. Este modelo tinha como
base uma escala mais humana, abandonando o intenso
• verticalismo das igrejas góticas e tendo na cúpula o co-
roamento de uma composição que primava pela inteligi-
• bilidade. Especialmente no que toca à estrutura e téc-
nicas construtivas da cúpula, grandes conquistas foram
• feitas no Renascimento. Das mais importantes são a cú-
pula octogonal da Catedral de Florença, de Brunelleschi,
• que não usou andaimes apoiados no solo ou concreto na
14 3 AS ARTES NO RENASCIMENTO

das linguagens arquitetônicas. Ele abriu caminho, pelo


imenso prestígio que desfrutava entre os seus, para que a
nova geração de criadores realizasse um sem-número de
experimentações a partir do cânone clássico de arquite-
tura, tornando esta arte independente dos antigos - ainda
que largamente devedora deles. Alguns dos mais notá-
veis nomes desta época foram Della Porta, Sansovino,
Palladio, Fontana, Peruzzi e Vignola. Entre as modifi-
cações que esse grupo introduziu estavam a flexibiliza-
ção da estrutura do frontispício e a anulação das hierar-
quias das ordens antigas, com grande liberdade para o
emprego de soluções não ortodoxas e o desenvolvimento
do gosto por um jogo puramente plástico com as formas,
dando muito mais dinamismo aos espaços internos e às
fachadas.[52] De todos os derradeiros renascentistas Pal-
ladio foi o mais influente, e ainda hoje é o arquiteto mais
estudado em todo o mundo.[53] Foi criador de uma fértil
escola, chamada palladianismo, que perdurou, com altos
e baixos, até o século XX.[52]

A planta centrada de Bramante para a Basílica de São Pedro

• Filippo Brunelleschi:
Spedale degli Innocenti
construção, e a da Basílica de São Pedro, em Roma, de
Michelangelo, já do século XVI.[50]
No lado profano aristocratas como os Medici, os Strozzi,
os Pazzi, asseguram seu status ordenando a construção
de palácios de grande imponência e originalidade, como
o Palácio Pitti (Brunelleschi), o Palazzo Medici Riccardi • Alberti: Fachada de Santa
(Michelozzo), o Palazzo Rucellai (Alberti) e o Palazzo Maria Novella
Strozzi (Maiano), todos transformando o mesmo modelo
dos palácios medievais italianos, de corpo mais ou me-
nos cúbico, pavimentos de alto pé-direito, estruturado em
torno de um pátio interno, de fachada rústica e coroado
por grande cornija, o que lhes confere um aspecto de soli-
dez e invencibilidade. Formas mais puramente clássicas
• Michelozzo Michelozzi: Pa-
são exemplificadas na Vila Medici, de Giuliano da San-
lazzo Medici-Riccardi
gallo. Variações interessantes deste modelo são encon-
tradas em Veneza, dadas as características alagadas do
terreno.[50]
Depois da figura principal de Donato Bramante na Alta
Renascença, trazendo o centro do interesse arquitetônico
de Florença para Roma, e sendo o autor de um dos edifí- • Giuliano da Sangallo: Vila
cios sacros mais modelares de sua geração, o Tempietto, Medici
encontramos o próprio Michelangelo, tido como o inven-
tor da ordem colossal e por algum tempo arquiteto das
obras da Basílica de São Pedro. Michelangelo, na vi-
são dos seus próprios contemporâneos, foi o primeiro a
desafiar as regras até então consagradas da arquitetura
classicista, desenvolvendo um estilo pessoal, pois fora se-
gundo Vasari o primeiro a abrir-se para a verdadeira li-
berdade criativa. Ele representa, então, o fim do “classi-
cismo coletivo”, bastante homogêneo em suas soluções, e • Michelangelo: A cúpula de São Pe-
o início de uma fase de individualização e multiplicação dro
4.1 França 15

VIII em 1494. O período se estende até cerca de 1610,


mas seu final é tumultuado com as guerras de religião en-
tre católicos e huguenotes, que devastaram e enfraque-
ceram o país. Durante sua vigência a França inicia o
• Palladio: Villa Capra desenvolvimento do absolutismo e se expande pelo mar
explorando a América. O centro focal se estabelece em
Fontainebleau, sede da corte, e ali se forma a Escola de
Fontainebleau, integrada por franceses e italianos como
Rosso, Primaticcio, Dell'Abbate e Toussaint Dubreuil,
sendo uma referência para outros como François Clouet,
Jean Clouet, Jean Goujon, Germain Pilon e Pierre Les-
• Della Porta: Villa Aldobran-
dini cot. Leonardo também esteve presente ali.
Na música houve um enorme florescimento através da
Escola da Borgonha, que dominou a cena musical eu-
ropéia durante o século XV e daria origem à Escola
franco-flamenga, que produziria mestres como Josquin
des Prez, Clément Janequin e Claude Le Jeune. A chan-
son francesa do século XVI teria um papel na formação da
• Vignola: Palazzo Farnese
canzona italiana, e sua Musique mesurée estabeleceria um
padrão de escrita vocal declamatória na tentativa de recri-
ação da música do teatro grego, e favoreceria a evolução
4 A italianização da Europa para a plena tonalidade. Também apareceu um gênero
de música sacra distinto de seus modelos italianos, co-
Com o crescente movimento de artistas, humanistas e nhecido como chanson spirituelle. Na arquitetura foram
professores entre as cidades ao norte dos Alpes e a deixados monumentos ímpares como o Castelo de Cham-
península Itálica, e com a grande circulação de textos im- bord e o Château d'Amboise. Na literatura se destacam
pressos e obras de arte através de reproduções em gra- Rabelais, um precursor do gênero fantástico, Montaigne,
vura, o classicismo iniciou em meados do século XV popularizador do gênero ensaio onde é até hoje um dos
uma etapa de difusão por todo o continente. Mas foram maiores nomes, e o grupo integrante da Plêiade, com
Francisco I da França e Carlos V, Sacro Imperador Ro- Pierre de Ronsard, Joachim du Bellay e Jean-Antoine de
mano, que logo reconheceram o potencial da Renascença Baïf, que buscavam um atualização vernácula da litera-
italiana para promover suas imagens régias através de for- tura greco-romana, a emulação de formas específicas e a
mas clássicas, os agentes decisivos para a divulgação in- criação de neologismos baseados no latim e no grego.
tensiva da arte italiana além dos Alpes. Mas isso aconte-
ceu apenas por volta do início do século XVI, quando o
ciclo renascentista já tinha pelo menos duzentos anos de Exemplo musical
amadurecimento na Itália, já chegara a uma culminação e
já estava em sua fase maneirista. Destarte, cabe advertir
que não houve nada como um Quattrocento ou uma Alta •
Renascença no restante da Europa, pois nela não houve
um lento e orgânico processo de classicização como o ita-
liano, foi em muito um resultado de eventos políticos que
ocorreram em um curto espaço de tempo, mas que tive-
ram repercussão continental. Como resultado, como se se
abrissem de repente as comportas de uma represa, o vasto
derrame de cultura italiana para o norte e o oeste depois
das invasões na Itália gerou em cada região ou país uma
original mescla de raízes locais góticas com o classicismo
italiano tardio. • Jean Clouet: Retrato de Francisco
I, 1525. Louvre

4.1 França

A influência renascentista via Flandres e a Borgonha já


existia desde o século XV, como se nota na produção de
Jean Fouquet, mas a Guerra dos Cem Anos e as epide-
mias de peste atrasaram seu florescimento, que ocorre
somente a partir da invasão francesa da Itália por Carlos • O Castelo de Chambord
16 4 A ITALIANIZAÇÃO DA EUROPA

• François Clouet: O banho de


Diana, c. 1559. Museu de Arte de São Paulo

• Dürer: Altar Landauer, 1511.


Kunsthistorisches Museum

4.2 Países Baixos e Alemanha

Ver também: Renascimento alemão

Os flamengos estavam em contato com a Itália desde o


século XV, mas somente no século XVI o contexto se
transforma e se caracteriza como renascentista, tendo
Auto-retrato de Albrecht Dürer
uma vida relativamente curta. Nesta fase a região enri-
quece, a Reforma Protestante se torna uma força deci-
siva, oposta à dominação católica de Carlos V, levando
a conflitos sérios que dividiriam a área. As cidades co- seu rico passado gótico com os elementos italianos e fla-
merciais de Bruxelas, Gante e Bruges estreitam os conta- mengos. Um de seus primeiros mestres foi Konrad Witz,
tos com o norte da Itália e encomendam obras ou atraem seguindo-se Albrecht Altdorfer e Albrecht Dürer, que es-
artistas italianos, como os arquitetos Tommaso Vincidor teve em Veneza duas vezes e foi lá profundamente influ-
e Alessandro Pasqualini, que passaram a maior parte de enciado, lamentando ter de voltar para o norte. Junto com
suas vida ali. O amor pela gravura trouxe para a região o erudito Johann Reuchlin, Dürer foi uma das maiores in-
inúmeras reproduções de obras italianas, Dürer deixou fluências para disseminação do Renascimento no centro
uma marca indelével quando passou por lá, Erasmo man- da Europa e também nos Países Baixos, onde suas cé-
tinha aceso o Humanismo e Rafael mandava executar ta- lebres gravuras foram altamente elogiadas por Erasmo,
peçarias em Bruxelas. Vesálio faz avanços importantes que o chamou de “o Apeles das linhas negras”. A es-
na Anatomia, Mercator na Cartografia e a nova imprensa cola romana foi um elemento importante para a formação
encontra em Antuérpia e Leuven condições para a funda- do estilo de Hans Burgkmair e Hans Holbein, ambos de
ção de editoras de larga influência. Augsburgo, visitada por Ticiano.[8][54] Na música basta
a menção a Orlande de Lassus, um integrante da Escola
Na música os Países Baixos, junto com o noroeste da franco-flamenga radicado em Munique que se tornaria o
França, se tornam o centro principal para toda a Europa compositor mais célebre da Europa em sua geração, a
através da Escola franco-flamenga. A pintura desenvolve ponto de ser nobilitado pelo imperador Maximiliano II
uma escola original, que popularizou a pintura a óleo e e tornado cavaleiro pelo papa Gregório XIII, algo extre-
dava enorme atenção ao detalhe e à linha, mantendo-se mamente raro para um músico.
muito fiel à temática sacra e incorporando sua tradição
gótica às inovações maneiristas italianas. Teve em Jan
van Eyck, Rogier van der Weyden e Hieronymus Bosch
seus precursores no século XV, e logo a região daria sua
contribuição própria à arte européia consolidando o pai-
sagismo através de Joachim Patinir e a pintura de gênero
com Pieter Brueghel o velho e Pieter Aertsen. Outros
nomes notáveis são Mabuse, Maarten van Heemskerck,
Quentin Matsys, Lucas van Leyden, Frans Floris, Adriaen
Isenbrandt e Joos van Cleve. • Gregor Erhart: Madalena,
A Alemanha impulsionou seu Renascimento fundindo século XV. Louvre
4.3 Portugal 17

Renascimento italiano tenha tido um impacto modesto na


arte, os portugueses foram influentes no alargamento da
visão do mundo dos europeus, estimulando a curiosidade
humanista.[55]
• Hans Burgkmair: Altar de Como pioneiro da exploração europeia, Portugal flores-
São João, 1518. Alte Pinakothek ceu no final do século XV com as navegações para o ori-
ente, auferindo lucros imensos que fizeram crescer a bur-
guesia comercial e enriquecer a nobreza, permitindo lu-
xos e o cultivar do espírito. O contacto com o Renas-
cimento chegou através da influência de ricos mercado-
res italianos e flamengos que investiam no comércio ma-
• Cornelis Floris de Vriendt: rítimo. O contato comercial com a França, Espanha e
Prefeitura de Antuérpia Inglaterra era assíduo, e o intercâmbio cultural se inten-
sificou.
Como principal potência naval, atraiu especialistas em
matemática, astronomia e tecnologia naval, como Pedro
Nunes e Abraão Zacuto; os cartógrafos Pedro Reinel,
Lopo Homem, Estevão Gomes e Diogo Ribeiro, que fi-
zeram avanços cruciais para mapear o mundo. E envia-
dos ao oriente, como o boticário Tomé Pires e o médico
Garcia de Orta, recolheram e publicaram trabalhos sobre
• Quentin Massys: Retrato de um
as novas plantas e medicamentos locais.
notário, início do século XVI. National Gallery of
Scotland Na arquitetura, os lucros do comércio de especiarias das
primeiras décadas do século XVI financiaram um estilo
sumptuoso de transição, que mescla elementos marinhos
4.3 Portugal com o gótico, o manuelino.[56] O Mosteiro dos Jerônimos,
a Torre de Belém e a janela do Capítulo do Convento de
Cristo, em Tomar são os mais conhecidos, Diogo Boi-
taca e Francisco de Arruda os arquitectos. Na pintura
destacam-se Nuno Gonçalves, Gregório Lopes e Vasco
Fernandes. Na música, Pedro de Escobar e Duarte Lobo,
além de quatro cancioneiros, entre os quais o Cancioneiro
de Elvas e o Cancioneiro de Paris.
Na literatura Sá de Miranda introduziu as formas de verso
italianas; Garcia de Resende compilou o Cancioneiro
Geral em 1516 e Bernardim Ribeiro foi pioneiro no
bucolismo. Gil Vicente fundiu-os com a cultura popular,
relatando a mudança dos tempos e Luís de Camões ins-
creveu os feitos dos portugueses no poema épico Os Lu-
síadas. Em especial a literatura de viagem floresceu: João
de Barros, Castanheda, António Galvão, Gaspar Correia,
Duarte Barbosa, Fernão Mendes Pinto, entre outros, des-
creveram novas terras e foram traduzidos e divulgados
pela nova imprensa. Após participar na exploração por-
tuguesa do Brasil, em 1500, Amerigo Vespucci, agente
dos Medici, cunhou o termo Novo Mundo.
O intenso intercâmbio internacional produziu vários es-
tudiosos humanistas e cosmopolitas: Francisco de Ho-
landa, André de Resende e Damião de Góis, amigo de
Erasmus, que escreveu com independência rara no rei-
nado de D. Manuel I; Diogo e André de Gouveia, que fi-
zeram importantes reformas no ensino via França. Rela-
“Terra Brasilis”, 1519, mapa por Pedro Reinel e Lopo Homem,
tos e produtos exóticos na Feitoria Portuguesa de Antuér-
Atlas Miller, Biblioteca Nacional de Paris
pia, atrairam o interesse de Thomas More e Durer para o
mundo mais vasto.[57] Em Antuérpia, os lucros e conheci-
A influência do Renascimento em Portugal estende-se de
mento portugueses ajudaram a alimentar o renascimento
meados do século XV a finais do século XVI. Embora o
18 4 A ITALIANIZAÇÃO DA EUROPA

holandês e a Idade de Ouro dos Países Baixos, especial- ornamentação luxuriante se torna típica do estilo que se
mente após a chegada da comunidade judaica culta e rica conhece como plateresco, uma síntese única de influên-
expulsa de Portugal. cias góticas, mouriscas e renascentistas. A Universidade
de Salamanca, cujo ensino tinha moldes humanistas, mais
a fixação de italianos como Pellegrino Tibaldi, Leone Le-
oni e Pompeo Leoni injetaram uma força adicional no
processo [54][58]
O último Renascimento chega a cruzar o oceano e se en-
raizar na América e no oriente, onde ainda hoje sobrevi-
vem muitos mosteiros e igrejas fundados pelos coloniza-
dores espanhóis em centros do México e do Peru, e pelos
• Painéis de São Vicente de Fora, Nuno portugueses no Brasil, em Macau e Goa, alguns deles hoje
Gonçalves, c.1480, Lisboa Patrimônio da Humanidade.

Exemplo musical

• Detalhe do São Pedro pontí-


fice, Vasco Fernandes, c.1506, Museu Grão Vasco,
Viseu

• El Greco: Cristo espoliado, 1577-


1579. Catedral de Toledo

• Francisco de Arruda: Torre


de Belém, Francisco Arruda, c.1514, Lisboa

• Altar plateresco da Igreja de Santa


Maria, Valtierra

• Casa dos Bicos, 1523, Lis-


boa

4.4 Espanha • Pedro Machuca: Palácio de


Carlos V, c. 1527.
Na Espanha, as circunstâncias foram em vários pontos
semelhantes. A reconquista do território espanhol aos
árabes e o fantástico afluxo de riquezas das colônias ame-
ricanas, com o intenso intercâmbio comercial e cultural
associado, sustentaram uma fase de expansão e enrique-
cimento sem precedentes da arte local. Artistas como
Alonso Berruguete, Diego de Siloé, Tomás Luis de Vito-
ria, El Greco, Pedro Machuca, Juan Bautista de Toledo, • Frontispício da Catedral de Lima,
Cristóbal de Morales, Garcilaso de la Vega, Juan de Her- Peru
rera, Miguel de Cervantes e muitos mais deixaram obra
notável em estilo clássico ou maneirista, mais dramático
do que seus modelos italianos, já que o espírito da Contra- 4.5 Inglaterra
Reforma ali tinha um baluarte e, em escritores sacros
como Teresa de Ávila, Inácio de Loyola e João da Cruz, Na Inglaterra, o Renascimento coincide com a chamada
grandes representantes. Particularmente na arquitetura a Era Elisabetana, de grande expansão marítima e de re-
19

lativa estabilidade interna depois da devastação da longa


Guerra das Rosas, quando se tornou possível pensar em
cultura e arte. Como na maior parte dos outros países
da Europa, a herança gótica ainda viva mesclou-se com
referências da Renascença tardia, mas suas característi-
cas distintivas são o predomínio da literatura e da música
sobre as outras artes, e sua vigência até cerca de 1620.
Poetas como John Donne e John Milton pesquisam novas • Nicholas Hilliard: Retrato de um jovem
formas de compreender a fé cristã, e dramaturgos como com uma rosa, c. 1588. Victoria and Albert Mu-
Shakespeare e Marlowe se movem com desenvoltura en- seum
tre temas centrais da vida humana - a traição, a trans-
cendência, a honra, o amor, a morte - em tragédias céle-
bres como Romeu e Julieta, Macbeth, Otelo, o Mouro de
Veneza (Shakespeare), e Doutor Fausto (Marlowe), bem
como sobre seus aspectos mais prosaicos e ligeiros em
fábulas encantadoras como Sonho de uma noite de verão
(Shakespeare). Filósofos como Francis Bacon descorti-
nam novos limites para o pensamento abstrato e refletem • William Segar: Retrato de Elisa-
sobre uma sociedade ideal, e na música a escola madriga- beth I, Hatfield House
lesca italiana é assimilada por Thomas Morley, Thomas
Weelkes, Orlando Gibbons e muitos outros, adquire um
sabor inconfundivelmente local e cria uma tradição que Exemplos musicais
permanece viva até hoje, ao lado de grandes polifonistas
sacros como John Taverner, William Byrd e Thomas Tal- •
lis, este deixando o famoso moteto Spem in alium, para
quarenta vozes divididas em oito coros, uma composi- •
ção sem paralelos em sua época pela maestria no manejo
de enormes massas vocais. Na arquitetura se destaca-
ram Robert Smythson e os palladianistas Richard Boyle,
Edward Lovett Pearce e Inigo Jones, cuja obra repercutiu 5 Críticas
até na América do Norte, fazendo discípulos em George
Berkeley, James Hoban, Peter Harrison e Thomas Jeffer- Boa parte do debate moderno em torno do Renasci-
son.[59] Na pintura o Renascimento foi recebido princi- mento tem procurado determinar se ele representou de
palmente através da Alemanha e dos Países Baixos, com fato uma melhoria em relação à Idade Média. Seus
a figura maior de Hans Holbein, florescendo depois com primeiros comentadores, como Michelet e Burckhardt
William Segar, William Scrots, Nicholas Hilliard e vários não hesitaram em se posicionar favoravelmente e em
outros mestres da Escola Tudor.[60] considerá-lo uma fase decisiva em direção à moderni-
dade, comparando-o à remoção de um véu dos olhos da
humanidade, permitindo-lhe ver claramente [61]

• Robert Smythson: Wollaton


Hall

Execução de Savonarola na Piazza della Signoria, em Florença,


• Inigo Jones: Queen’s House 1498. Museu Nacional de São Marcos
20 6 LEGADO

Por outro lado, um grupo de historiadores modernos res- vem sendo reafirmado como um período de enorme im-
saltou que muitos dos fatores sociais negativos comu- portância na história da arte e da cultura ocidental. A
mente associados à Idade Média - pobreza, perseguições quantidade de estudos sobre o tema, que vem aumen-
religiosas e políticas - parecem ter piorado nesta era que tando a cada dia, seja a que conclusões tenha chegado,
viu nascerem Maquiavel, as guerras de religião, a cor- somente pelo seu volume evidencia que o Renascimento
rupção do papado e a intensificação da caça às bruxas no é uma polêmica ainda muito viva, e que é rico o bastante
século XVI. Muitas pessoas que viveram na Renascença para continuar atraindo a atenção da crítica e do público
não a tinham como a “Idade Dourada” que os intelectu- ininterruptamente desde sua fundação [5][31][70]
ais do século XIX imaginaram, mas estavam cientes dos
graves problemas sociais e morais, como Savonarola, que
desencadeou um dramático revivalismo religioso no fim 6 Legado
do século XV que causou a destruição de inúmeras obras
de arte e enfim o levou à morte na fogueira, e Filipe II
da Espanha, que censurou obras de arte florentinas.[5][62]
Mesmo assim, os intelectuais, artistas e patronos da época
que estavam envolvidos na movimentação cultural re-
almente acreditavam que estavam testemunhando uma
nova era que constituía uma ruptura nítida com a idade
anterior.[63]
Alguns historiadores marxistas preferiram descrever o
Renascimento em termos materialistas, sustentando que
as mudanças em arte, literatura e filosofia eram apenas
uma parte da tendência geral de distanciamento da soci- Michelangelo: A criação de Adão, Capela Sistina
edade feudalista em direção ao capitalismo, que resultou
no aparecimento de uma classe burguesa que dispunha Mesmo com opiniões divergentes sobre aspectos particu-
de tempo para se devotar às artes.[64] Também se aven- lares, hoje parece ser um consenso que o Renascimento
tou que o recurso aos referenciais clássicos foi naquela foi um período em que muitas crenças arraigadas e to-
época muitas vezes um pretexto para a legitimação dos madas como verdadeiras foram postas em discussão e
propósitos da elite, e a inspiração na Roma republicana testadas através de métodos científicos de investigação,
e principalmente na Roma imperial teria dado margem inaugurando uma fase em que o predomínio da religião e
à formação de um espírito de competitividade e merce- seus dogmas deixou de ser absoluto e abriu caminho para
narismo que os arrivistas usaram para sua escalada social o desenvolvimento da ciência e da tecnologia como hoje
tantas vezes inescrupulosa.[65] Johan Huizinga reconhe- as conhecemos. Os filósofos renascentistas foram buscar
ceu a existência da Renascença mas questionou se ela re- na Antiguidade precedentes para defender o regime re-
presentou uma mudança positiva. Em seu livro The Wa- publicano e a liberdade humana, atualizando ideias que
ning of the Middle Ages ele argumentou que o Renasci- tiveram um impacto na jurisprudência e teoria constitu-
mento foi um período de declínio em relação à Idade Mé- cional atuais, e o pensamento político da época pode ter
dia, destruindo muitas coisas que eram importantes.[66] sido uma inspiração importante para a formação de Esta-
Por exemplo, o latim havia conseguido evoluir e manter- dos modernos como a Inglaterra e o Estados Unidos.[71]
se bastante vivo até lá, mas a obsessão pela pureza clás- No campo das artes visuais foram desenvolvidos recursos
sica interrompeu este processo natural e o fez reverter à que possibilitaram um salto imenso em relação à Idade
sua forma clássica. Robert Lopez declarou que a fase foi Média em termos de capacidade de representação do es-
de grande recessão econômica,[67] enquanto que Eugenio paço, da natureza e do corpo humano, ressuscitando téc-
Garin, Lynn Thorndike e vários outros consideram que nicas que haviam sido perdidas desde a Antiguidade e cri-
talvez o progresso científico realizado tenha sido na ver- ando outras inéditas a partir dali. A linguagem arquitetô-
dade bem menos original do que se supõe.[31][68] Desta nica dos palácios, igrejas e grandes monumentos que foi
forma, muitos historiadores começaram a pensar que o estabelecida a partir da herança clássica ainda hoje per-
termo Renascimento vinha sendo por demais sobrecarre- manece válida e é empregada quando se deseja emprestar
gado com uma apreciação positiva, automaticamente des- dignidade e importância à edificação moderna. Na litera-
valorizando a Idade Média, e propuseram o uso do termo tura as línguas vernáculas se tornaram dignas de veicular
substituto “Primeira Modernidade”, de caráter mais neu- cultura e conhecimento, e o estudo dos textos dos filóso-
tro e que o estabelecia como uma passagem da Idade Mé- fos greco-romanos disseminou máximas ainda hoje pre-
dia para Idade Moderna.[31][69] Mas esses próprios estu- sentes na voz popular e que incentivam valores elevados
dos foram objeto de controvérsia, levando a que se cha- como o heroísmo, o espírito público e o altruísmo, que
masse o Renascimento de “a criança mais intratável da são peças fundamentais para a construção de uma soci-
historiografia”. Depois do que hoje parece ter ido ape- edade mais justa e livre para todos. A reverência pelo
nas uma fase de saudáveis questionamentos de conceitos passado clássico e pelos seus melhores valores criou uma
consagrados mas pouco aprofundados, o Renascimento nova visão sobre a história e fundou a historiografia mo-
21

derna, e proveu as bases para a formação de um sistema 8 Referências


de ensino que na época se estendeu para além das eli-
tes e ainda hoje estrutura o currículo escolar de grande [1] The Editors of The Encyclopædia Britannica.
parte do ocidente e sustenta sua ordem social e seus siste- «Renaissance Art». The Encyclopædia Britannica.
mas de governo. Por fim, a fantástica produção artística Consultado em 30 de Janeiro de 2016
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continua a atrair multidões de todas as partes do mundo
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9 Ligações externas
• AP European History - Glossary (em inglês)
• Renaissance Connection - Interativo (em inglês)

• Florence: Virtual Travel in the City of the Renais-


sance (em inglês)

• Society for Renaissance Studies (em inglês)


24 10 FONTES DOS TEXTOS E IMAGENS, CONTRIBUIDORES E LICENÇAS

10 Fontes dos textos e imagens, contribuidores e licenças


10.1 Texto
• Renascimento Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Renascimento?oldid=48330855 Contribuidores: Jorge~ptwiki, Luis Dantas, Manuel
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sani, Lusitana, Whooligan, Nuno Tavares, Get It, NTBot, Thiago90ap, RobotQuistnix, Rei-artur, Sturm, Clara C., Epinheiro, Tschulz,
333~ptwiki, Tintazul, João Carvalho, Agil, Giro720, OS2Warp, 555, Adailton, Mateus Hidalgo, Lijealso, Fasouzafreitas, YurikBot, Gda-
masceno, Nunobaton, Tm, FlaBot, Arges, Tilgon, PatríciaR, Armagedon, Jorge Morais, MarioM, Leonardob, LijeBot, Série Roma, Dave-
mustaine, Jaliborc, He7d3r, Reynaldo, FSogumo, Marcelo Victor, Yanguas, Thijs!bot, Jed, Rei-bot, GRS73, AlexSP, Escarbot, Castelo-
branco, Daimore, Pchan, JAnDbot, Alchimista, Luiza Teles, Rodrigo Padula, MarceloB, Bisbis, Rubns17, Barão de Itararé, CommonsDe-
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los28, TXiKiBoT, Tumnus, Gunnex, VolkovBot, SieBot, Miguel Couto, Francisco Leandro, Pedro00, Dcoetzee, Gabriel C, Lechatjaune,
Yone Fernandes, Lando, OTAVIO1981, Teles, Kerr, Vini 175, BotMultichill, AlleborgoBot, Agiesbrecht, Acdallago, X5~ptwiki, GOE,
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Alexandrepastre, Fields, BOTarate, Cafu05, Karn~ptwiki, RadiX, MelM, Marote001, Pietro Roveri, Vini 17bot5, Vitor Mazuco, Maurício
I, Louperibot, ChristianH, Numbo3-bot, Luckas-bot, LinkFA-Bot, Kwjbot, NobbiP, Maus-78, Nallimbot, Wscosta, Eamaral, Millennium
bug, Vanthorn, Salebot, Yonidebot, ArthurBot, Niva Neto, Roberto de Lyra, Nuno Leon, Uxbona, Mobyduck, Xqbot, Gean, Rubinbot,
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Sem Autoridade e Anónimo: 797

10.2 Imagens
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Annunciation, 1437-46 Artista original: carulmare
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Ambrogio_Lorenzetti_Allegory_of_Good_Govt.jpg Licença: Public domain Contribuidores: wikimedia commons Artista original:
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(Italian, 1400–1482)
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10.2 Imagens 25

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Bellini_Sacra_Conversatione.jpg Licença: Public domain Contribuidores: Eigenes Foto Peter Geymayer, 2005, 2007-01-18 (original
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Granada_Alhambra_Palacio_Carlos_V_Exterior.jpg Licença: CC BY-SA 2.0 Contribuidores: Obra do próprio Artista original: Fernando
Martín
• Ficheiro:GraoVasco1.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/3d/GraoVasco1.jpg Licença: Public domain Con-
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at pt.wikipedia Artista original: Grão Vasco
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Pontormo_-_Kreuzabnahme_Christi.jpg Licença: Public domain Contribuidores: Book scan (Manfred Wundram: Renaissance, S. 69,
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Artista original: Leonardo da Vinci and workshop
26 10 FONTES DOS TEXTOS E IMAGENS, CONTRIBUIDORES E LICENÇAS

• Ficheiro:Lima_Cathedral_Main_facade.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/6e/Lima_Cathedral_Main_


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• Ficheiro:Madonna-pagnodilapoportigiani.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/ae/
Madonna-pagnodilapoportigiani.jpg Licença: CC BY-SA 3.0 Contribuidores: taken by Ricardo André Frantz Artista original:
Ricardo André Frantz (User:Tetraktys)
• Ficheiro:Magnifying_glass_01.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/3a/Magnifying_glass_01.svg Licença:
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• Ficheiro:Martin_Luther,_1529.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/f8/Martin_Luther%2C_1529.jpg Li-
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• Ficheiro:Michelangelo_Buonarroti_-_Jugement_dernier.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/c1/
Michelangelo_Buonarroti_-_Jugement_dernier.jpg Licença: Public domain Contribuidores: Obra do próprio, Arnaud 25 Artista original:
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• Ficheiro:Opera_del_duomo_(FI),_donatello,_abacuc_(zuccone),_1423-1435_dettaglio_02.JPG Fonte: https://upload.wikimedia.
org/wikipedia/commons/8/84/Opera_del_duomo_%28FI%29%2C_donatello%2C_abacuc_%28zuccone%29%2C_1423-1435_
dettaglio_02.JPG Licença: CC BY 2.5 Contribuidores: Obra do próprio (my camera) Artista original: sailko
• Ficheiro:Pacioli.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/2a/Pacioli.jpg Licença: Public domain Contribuidores:
Lauwers, Luc & Willekens, Marleen: Five Hundred Years of Bookkeeping: A Portrait of Luca Pacioli (Tijdschrift voor Economie en
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• Ficheiro:Painéis_de_São_Vicente4.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/ab/Pain%C3%A9is_de_S%C3%
A3o_Vicente4.jpg Licença: Public domain Contribuidores: http://www.uc.pt/artes/6spp/n1.html Artista original: Nuno Gonçalves
• Ficheiro:Palazzo_Medici_Riccardi_by_night_01.JPG Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/fc/Palazzo_
Medici_Riccardi_by_night_01.JPG Licença: CC BY 2.5 Contribuidores: Obra do próprio (my camera) Artista original: sailko
• Ficheiro:Parmigianino_-_Madonna_dal_collo_lungo_-_Google_Art_Project.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/
commons/6/6b/Parmigianino_-_Madonna_dal_collo_lungo_-_Google_Art_Project.jpg Licença: Public domain Contribuidores:
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• Ficheiro:Pico_della_mirandola.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/dc/Pico_della_mirandola.jpg Licença:
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Francesca_042_Flagellation.jpg Licença: Public domain Contribuidores: Wikimedia commons Artista original: Piero della Francesca
• Ficheiro:Pietro_Perugino_cat13a.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/ba/Pietro_Perugino_cat13a.jpg Li-
cença: Public domain Contribuidores: Vittoria Garibaldi: Perugino. Silvana, Milano 2004, ISBN 88-8215-813-6 Artista original: Pietro
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• Ficheiro:Pisa,_battistero,_pulpito_di_Nicola_Pisano,_6.JPG Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/40/Pisa%
2C_battistero%2C_pulpito_di_Nicola_Pisano%2C_6.JPG Licença: CC BY 2.5 Contribuidores: Obra do próprio Artista original: Sailko
• Ficheiro:Queens_house_greenwich.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/53/Queens_house_greenwich.jpg
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wikipedia/commons/8/8e/Quentin_Massys_-_Portrait_of_a_Man_-_National_Gallery_of_Scotland.jpg Licença: Public domain Contri-
buidores: The Yorck Project: 10.000 Meisterwerke der Malerei. DVD-ROM, 2002. ISBN 3936122202. Distributed by DIRECTMEDIA
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jpg Licença: Public domain Contribuidores: [1] Artista original: Rafael
• Ficheiro:Raffaello_Madonna_Cowper.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/b1/Raffaello_Madonna_
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• Ficheiro:SaintPierre4.JPG Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/87/SaintPierre4.JPG Licença: Public do-
main Contribuidores: Illustration du livre de Palustre, L'Architecture de la Renaissance, 1892 Artista original: Desconhe-
cido<a href='https://www.wikidata.org/wiki/Q4233718' title='wikidata:Q4233718'><img alt='wikidata:Q4233718' src='https://upload.
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org/wikipedia/commons/thumb/f/ff/Wikidata-logo.svg/40px-Wikidata-logo.svg.png 2x' data-file-width='1050' data-file-height='590'
/></a>
• Ficheiro:Sandro_Botticelli_-_La_nascita_di_Venere_-_Google_Art_Project_-_edited.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/
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tribuidores: Adjusted levels from File:Sandro Botticelli - La nascita di Venere - Google Art Project.jpg, originally from Google Art Project.
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10.3 Licença 27

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CC-BY-SA-3.0 Contribuidores: Sem fonte automaticamente legível. Presume-se que seja obra própria, baseando-se nas informações sobre
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Licença: CC-BY-SA-3.0 Contribuidores: Obra do próprio Artista original: Sailko
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domain Contribuidores: clip of photograph taken by Wolfgang Stuck / de: Quelle: Eigenes Foto Artista original: Wolfgang Stuck / de:
Fotograf: Wolfgang Stuck
• Ficheiro:Tempietto.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/81/Tempietto.jpg Licença: CC BY 2.0 Contribuido-
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• Ficheiro:Torre_Belém_April_2009-4a.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/65/Torre_Bel%C3%A9m_
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Trebizond-George-Commentary-Almagest-1482.jpg Licença: Public domain Contribuidores: Rome Reborn: The Vatican Library &
Renaissance Culture - An Exhibit at the Library of Congress, Washington, DC Artista original: George of Trebizond
• Ficheiro:Valtierra_-_Iglesia_de_Santa_Maria_4.JPG Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/98/Valtierra_-_
Iglesia_de_Santa_Maria_4.JPG Licença: Public domain Contribuidores: Obra do próprio Artista original: Zarateman
• Ficheiro:Verrochioorsanmichelle.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/5c/Verrochioorsanmichelle.jpg Li-
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• Ficheiro:Villa_Rotonda_side(2).jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/aa/Villa_Rotonda_side%282%29.jpg
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