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EXTENSÃO DA BEIRA

FACULDADE DE LETRAS E HUMANIDADES


LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA

Sociologias das classes e estratificação social

Sistema de Castas

Beira

2023
Acelia Gedito
Catija Aziro Arice
Fátima Luís Miguel
Suzana Rebeca
Wilcar Amelia

Sistema de Castas

Trabalho a ser apresentado no Curso de


Sociologia, na faculdade de Letras e
humanidades da Universidade Licungo para
a avaliação.

Docente: Dra. Judite

Beira
2023

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Indice
2023............................................................................................................................................... 1

Capitulo I. Introdução ................................................................................................................... 4

1.1. Procedimentos Metodológicos ....................................................................................... 4

1.2. Objectivos....................................................................................................................... 4

1.2.1. Geral ........................................................................................................................ 4

1.2.2. Específicos .............................................................................................................. 4

Capitulo II. Fundamentação Teórica............................................................................................. 5

2. Sistema de Castas ...................................................................................................................... 5

2.1. Conceitos ........................................................................................................................ 5

2.2. Tipos de Castas............................................................................................................... 6

2.3. A origem hinduísta das castas ........................................................................................ 7

2.4. Preconceito entre castas ................................................................................................. 8

2.5. Características das castas hindús .................................................................................... 8

2.6. Com funcionam as castas sociais ................................................................................... 9

2.7. A importância do sistema de castas no crescimento socioeconômico da índia ........... 10

2.8. Diferenças entre castas e classes sociais ...................................................................... 11

Capitulo III. Conclusão ............................................................................................................... 13

Capitulo IV. Referencias Bibliográficas ..................................................................................... 14

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Capitulo I. Introdução
O presente trabalho cujo tema e o sistema das castas, será apresentado na universidade Licungo
na extensão da beira, no curso de sociologia, concretamente na disciplina de sociologias das
classes e estratificação social.

O mesmo estará dividido em quatro partes distintas, a introdução, o desenvolvimento a conclusão


e as referencias Bibliográficas.

As castas são uma forma tradicional de estratificação social, ou seja, uma maneira de dividir os
indivíduos em grupos dentro de uma sociedade. A estratificação social é comum na maioria das
sociedades, e podem ser feitas baseadas em preceitos econômicos, culturais, religiosos, entre
outros. Em uma sociedade organizada em castas sociais, o indivíduo ao nascer é destinado à casta
que a sua família pertence e não há a possibilidade de mudança de casta.

1.1. Procedimentos Metodológicos


A metodologia usada para elaboração deste trabalho baseou-se na pesquisa bibliográfica-
documental, onde foram feitas várias consultas em diversos artigos, livros e material publico na
internet e com auxílio de alguns relatórios, que tem como importância nos reencaminhar no
desenvolver de informações solidas em torno do tema, o compartilhamento de informações,
conhecimentos, interesses e esforços em busca de objetivos comum.

1.2. Objectivos
Segundo (LAKATOS & MARCONI, 2009) “toda pesquisa deve ter um objectivo determinado
para saber o que se vai procurar e o que se pretende alcançar”. O objectivo torna explícito o
problema, aumentando o conhecimento sobre determinado assunto. Neste projecto o objectivo
subdivide-se em geral e específicos.

1.2.1. Geral
 Pretende-se com este estudo fazer uma análise entorno dos sistemas de castas.

1.2.2. Específicos
 Analisar os diferentes tipos de castas indianas;
 Identificar a origem das castas;
 Verificar as funcionalidades das castas.
.

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Capitulo II. Fundamentação Teórica

2. Sistema de Castas
2.1. Conceitos
As castas são uma forma tradicional ou modelo de estratificação social, ou seja, uma maneira de
dividir os indivíduos em grupo dentro de uma sociedade.

As castas são, antes de tudo, realidades sociais: família, língua,


ofício, profissão, território. São uma ideologia: uma religião,
uma mitologia, uma ética, um sistema de parentesco e uma
dietética. São um fenômeno: não é explicável a não ser dentro
e a partir da visão hindu do mundo e dos homens. (PAZ,
Octavio, 1995)

A estratificação social é comum na maioria das sociedades, e pode ser feitas baseada em
preconceitos económicos, culturais, religiosos, entre outros.

É uma sociedade organizada em castas sociais, o indivíduo ao nascer é destinado a casta que a
sua família pertence e não há possibilidade de mudança de casta.

“Na Índia, você pode mudar o seu nome, a sua religião, e a sua
nacionalidade. Mas não a sua casta. É algo que nasce e morre com
você e o segue até sua morte. Não há escapatória” (COSTA, 2012,
p.19). Todo mundo tem uma casta, imutável, mantida por meio do
casamento de pessoas que compõem a mesma casta, sendo proibido
o casamento com pessoas de castas diferentes. (AMBEDKAR,
1917).

Ambedkar (1917), um estudioso renomado sobre o sistema de castas indianas argumenta que uma
casta é uma classe fechada. Todo indivíduo inserido em uma sociedade é membro de uma classe
e a antiga sociedade indiana não tinha como ser uma exceção a esta regra. É preciso, porém,
determinar qual foi a classe que primeiro se transformou em casta, uma vez que ele entende classe
e casta como conceitos parecidos.

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2.2. Tipos de Castas
Cada casta (explicada teologicamente pelas emanações de Brahma) possui um estatuto próprio.
As obrigações vivenciadas em vida possibilitam a reencarnação em uma casta superior, até a
purificação total da alma, no seu retorno para Brahma. Essas reencarnações são uma espécie de
exigência da justiça. Daí a passividade hindu diante das discriminações das castas. Definem-se
desta forma as subdivisões da sociedade: havia a classe nobre, formada por sacerdotes e
guerreiros, e as classes baixas, pelo povo em geral. (JOHANNS, P. 1997)

Posteriormente, o sistema se desenvolveu de tal forma que, na atualidade, existem mais de três
mil castas, cada uma com características próprias, rituais, regras de parentesco, tabus sexuais e
alimentares. Um dos mistérios que ninguém conseguiu.

Existem quatro castas principais na Índia:

 Brâmanes (brahmins) que são os sacerdotes, intelectuais, letrados, professores.


 Xátrias (kshatriya) que são os militares, guerreiros, políticos, administradores.
 Vaixás (vaishyas) que são os comerciantes, agricultores, pessoas com formação
qualificada.
 Shudras que são os servos, ou seja, operários, artesãos, camponeses, pessoas com
formação média ou baixa.

Os Brâmanes acreditam que nasceram a cabeça do deus Brahma.

Xátrias supostamente eles teriam nascidos brancos do deus Brahma, por isso são considerados
guerreiros.

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Vaixás Que pensam terem nascido das pernas de Brahma e atuam como comerciantes e
mercadores.

Sudras não que teriam vindo dos pés do deus, são operários, artesãos e camponeses.

Além das quatro (4) castas principais, existem também os chamados " dalits" ou " intocáveis" um
grupo de pessoas considerados sem casta e que acaba por realizar trabalhos pesados e de limpeza.

ADalits a parte do sistema de castas estão os intocáveis, também chamados de haridhans, haryans
e, por fim, Dalits. Os indianos acreditam que os Dalits são resultado da poeira dos pés da Brahma.
Esse grupo representa cerca de 16% dos indianos e eles sofrem toda a crueldade imposta pelo
sistema de castas, Só podem usar roupas que foram de cadáveres, não podem beber nas mesmas
fontes de água daqueles protegidos pelo sistema de castas e só podem exercer atividades
consideradas sujas, como o trato com o lixo ou cadáveres.

São considerados impuros, vivem em isolamento e em extrema pobreza. Impedidos de subir


na escala social em consequência da hereditariedade, não chegam a ser considerados seres
humanos. Os Dalits sofrem todo tipo de violência, além da social, física e sexual.

Pirâmide ilustrativa da ordem das castas indianas, das castas consideradas mais altas (no topo)
para as mais baixas (a base): (desenho pirâmide).

2.3. A origem hinduísta das castas


O sistema de castas está presente no importante livro sagrado do hinduísmo, o Manusmriti, que
tem mais de 3000 anos. Segundo a tradição, as quatro castas se originaram do corpo do deus
Brahma (o criador).

Os brâmanes teriam surgido da cabeça do deus. Os xátrias, dos braços. Os vaixás, das
coxas/pernas. E os shudras, dos pés. Já os dalits teriam surgido da poeira dos pés, portanto, não
têm casta.

Além de sua essência cultural e religiosa, o sistema de castas serviu como uma forma de
classificação da sociedade indiana para os colonizadores britânicos. Até aproximadamente o
século XVIII, o sistema de castas baseado unicamente na tradição hinduísta tinha certa
flexibilidade. Entretanto, após o domínio britânico, a segregação foi intensificada.

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2.4. Preconceito entre castas
A divisão entre castas construiu uma forte segregação na Índia. As castas mais baixas,
especialmente os shudras e os dalits, eram discriminadas, enquanto as castas mais altas recebiam
privilégios do estado.

Vilas foram segregadas, inclusive poços de água não podiam ser divididos com castas inferiores.
As castas mais altas não aceitavam bebidas oferecidas por membros de castas baixas,
especialmente os shudras, e tocar um dalit era tido como uma espécie de mau agouro ou azar.

Uma década após a abolição legal das castas, em 1950, o estado indiano passou a oferecer cotas
para as castas mais baixas terem acesso a cargos públicos e instituições de ensino. As cotas
possibilitaram maior acesso das castas inferiores à educação e a tomada de decisão
governamental.

As cotas e a educação laica (que não é religiosa) ajudaram a enfraquecer a relevância social das
castas. Casamentos entre castas têm, lentamente, tornando-se mais comuns.

Apesar dos avanços, o sistema de castas ainda é importante, especialmente longe das grandes
cidades. E o sistema de cotas tem sido criticado por ser usado como argumento por políticos para
obter votos de uma casta específica.

2.5. Características das castas hindús


Inicialmente, existem quatro (4) castas bem definidas, mas atualmente, calcula-se que estas
podem chegar até 4 mil. As castas são passadas de pai para filho e cada uma tem seus deuses.
Seu território e seu território.

De mesma forma, a cor da pele era essencial para determinar a casta a qual uma pessoa pertencia.
Indivíduos com o tom de pele mais claro estavam ligados as castas privilegiadas. O sistema de
castas apresenta se dá seguinte forma é determinada a partir da hereditariedade. As castas se
definem de acordo com a posição social que determinadas famílias hindús ocupam. Fator que
estabelece um tipo de "hierarquia" social marcada por privilégios e deveres.

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2.6. Com funcionam as castas sociais
As castas sociais são consideradas uma forma tradicional de divisão social, que tem como base
valores principalmente culturais. As castas são classificadas como um modelo endogâmico de
estratificação social.

Durante séculos, a casta ditou quase todos os aspectos da vida religiosa e social hindu, com cada
grupo ocupando um lugar específico nessa hierarquia complexa.

As comunidades rurais estão organizadas há muito tempo com base nesse sistema.

As castas superiores e inferiores quase sempre viviam em colônias segregadas, poços de água
não eram compartilhados, os brâmanes não aceitavam a bebida dos shudras e só se podia casar
dentro de sua própria casta.

O sistema concedeu muitos privilégios às castas superiores, enquanto permitia a repressão das
castas inferiores pelos grupos privilegiados.

É um sistema muitas vezes criticado por ser injusto e regressivo. E ainda assim permaneceu
virtualmente inalterado por séculos, prendendo pessoas em ordens sociais fixas das quais era
impossível escapar.

No entanto, apesar dos obstáculos, alguns dalits e outros indianos de castas inferiores, como BR
Ambedkar, autor da Constituição indiana, e KR Narayanan, que se tornou o primeiro presidente
dalit do país, passaram a ocupar cargos de prestígio no país. Isso foi possível porque, de acordo
com os historiadores, até o século 18 as distinções formais de castas eram de importância
limitada, as identidades sociais eram muito mais flexíveis e as pessoas podiam facilmente passar
de uma casta para outra.

Um novo estudo revelou que os governantes coloniais britânicos estabeleceram limites rígidos
que tornaram as castas a característica social definidora da Índia quando usaram censos para
simplificar o sistema.

O objetivo era criar uma sociedade única com uma lei comum que pudesse ser facilmente
governada.

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2.7. A importância do sistema de castas no crescimento socioeconômico da índia
Normas sociais são as leis informais da sociedade. A sociedade atua como uma instituição, a qual
cria e executa estas leis e pune aqueles que as infringem. As normas sociais sempre possuem
algum tipo de punição em caso de não cumprimento, o que pode ser em forma de castigo físico,
estigma social, sentimento de não cooperação e culpa. Na Índia, muitas normas sociais
importantes que possuem um imenso impacto direta ou indiretamente na sociedade, estão
relacionadas ao sistema de castas (SINGH, 2012).

As maiores fortunas da Índia concentram-se em apenas 2% da população. Em valores absolutos,


o número total de ricos – os que possuem renda anual acima de USD 100 mil – chega apenas a
20 milhões. A riqueza dos mais ricos é cada vez mais aparente e concentrada. Em 2011 a Índia
possuía 55 bilionários, cuja riqueza somada chegava a 246 bilhões, o equivalente a 17% do PIB
(COSTA, 2012).

Em termos de gastos per capita por núcleo familiar, os indianos de castas altas consomem em
média 63% a mais que os indianos das castas baixas. Em sua pesquisa sobre o bem-estar da
população indiana, os autores destacam que o sistema de castas é reconhecido por moldar
desigualdades socioeconômicas não somente no consumo como também ao acesso à educação,
refletindo profundamente no bem-estar social (FONTAINE; YAMADA, 2014).

Jodhka e Newman (2010) apud Vaid (2014) questionam a forma de recrutamento e seleção
utilizadas pelos Recursos Humanos das empresas, as quais costumam afirmar que a escolha dos
profissionais se dá através da meritocracia, quando o que acontece é uma entrevista em que são
levantados todos os dados familiares do candidato, interrogando o grau de instrução dos pais e
dos irmãos, além de sua casta. Tal método de seleção constitui-se em uma forma explícita de
discriminação, porém ao serem questionados os recrutadores sobre este tipo de inquérito, os
mesmos acham normal e pertinentes a uma forma de recrutamento neutra. O estudo de Fontaine
e Yamada (2014) ratifica esta dura e rígida realidade de estratificação e segregação na Índia, em
que a sociedade baseia-se em um fator exogenamente determinado no nascimento do indivíduo
em determinada casta.

Vaid (2014) em sua pesquisa sobre as transformações na perpetuação do sistema casteísta na


Índia Contemporânea, cita também o estudo realizado por Deshpande e Newman em 2007,
quando ao entrevistar estudantes, constatou-se que enquanto os estudantes não Dalits demoravam

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em média 5.25 meses para conseguirem um emprego, os estudantes Dalits levavam em média 9.6
meses para obter um trabalho (praticamente o dobro do tempo).

Quando se refere a questões macroeconômicas, Trevisan (2006) noticia na Folha de São Paulo
que a Índia possui uma grande distância com relação a China, com a qual divide a posição de
destaque dos países em desenvolvimento:

Além de alcançar maior crescimento, a China foi mais bem-sucedida no combate à pobreza,
problema comum nos dois países, que, juntos, concentram 40% da população mundial – 2,3
bilhões de pessoas.
As reformas chinesas permitiram que 400 milhões de pessoas
deixassem a condição de miseráveis. Apesar de também ter
diminuído a pobreza, a Índia tem um terço de seu 1 bilhão de
habitantes vivendo na miséria absoluta, possui uma infra-estrutura
precária e indicadores sociais alarmantes. O analfabetismo, por
exemplo, é de 40%, comparados a 8% da China. A origem mais
óbvia das diferenças é o fato de a China ter iniciado suas reformas
em 1978, 11 anos antes de a Índia começar a abrir e flexibilizar sua
economia.

O governo indiano possuía a meta de chegar aos dois dígitos de crescimento para combater
seriamente a pobreza, porém o sonho de alcançar o crescimento chinês fora arquivado. Com 17%
da população mundial e apenas 2,8% do PIB global, a Índia possui um terço dos miseráveis do
planeta – 455 milhões de pessoas. A subnutrição endêmica no país é visível e a pobreza e a
riqueza são diferenciadas pelos pobres sendo magros e os ricos sendo gordos, pois a gordura
sempre foi glorificada como sinal de poder. Atualmente, os ricos buscam emagrecer para seguir
os padrões ocidentais de beleza, todavia as favelas indianas continuam abrigando pessoas
ossudas, mais baixas e mais magras do que a média dos que comem bem. Pobre gordo na Índia é
raridade. As crianças que possuem 1 ano de idade e já caminham sozinhas parecem recém-
nascidas a andar precocemente. Existe, assim, duas Índias: a dos magros e a dos gordos (COSTA,
2012).

2.8. Diferenças entre castas e classes sociais


O Brasil, e a maioria das sociedades capitalistas, utiliza as classes sociais para a divisão social.
As classes sociais permitem mobilidade social e estão diretamente relacionadas com as questões

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econômicas (ricos e pobres), o que a difere das castas. Tanto as castas como as classes são formas
de estratificação social.

Nas castas não importam as questões econômicas, somente os valores culturais. Uma família
pode ter uma excelente situação financeira e pertencer a uma casta baixa, ou o contrário, uma
família pobre pode estar entre as castas mais altas.

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Capitulo III. Conclusão
No termino da realização da pesquisa acima que faz referencia as castas indianas constatamos
que as castas indianas são hereditárias: a condição do indivíduo passa de pai para filho e cada
integrante só pode se casar com pessoas do mesmo grupo. As castas também estão relacionadas
com a ocupação profissional de cada família.

A Constituição indiana aboliu o sistema de castas em 1940 e rejeita qualquer discriminação com
base nelas, em consonância com os princípios democráticos que fundamentam o país. Entretanto,
a divisão entre castas permanece na sociedade como um aspecto cultural relevante, especialmente
em vilas e cidades menores.

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Capitulo IV. Referencias Bibliográficas
JOHANNS, P. “General historical survey”. Part I (B.C. 1200 – A.D. 700). In: DE SMET, R.;
NEUNER, J. (ed). Religious Hinduism. Mumbai: St. Pauls, 1997, p. 31.

ABEMDKAR, B. Castes in India: Their Mechanism, Genesis and Development. Indian


Antiquary, Vol. XLI, 1917.

COSTA, F. Os Indianos. Editora Contexto, 2012.

LAKATOS, E. M., & MARCONI, M. d. (2009). Metodologia do Trabalho Científico (7ª edição
ed.). (E. Atlas, Ed.) SA.

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