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9 e estratificação
capítulo
Todas as sociedades humanas se organizam de alguma maneira, ou seja,
criam e desenvolvem uma estrutura social por meio da qual definem os tipos
de relações possíveis entre seus membros.
Assim, arranjos históricos, políticos, jurídicos, econômicos, culturais e sociais
são montados para que as estruturas sociais ganhem força e solidez e se tornem
capazes de oferecer confiabilidade e segurança aos indivíduos, aos grupos e às
classes sociais nelas interiorizados.
Nesse sentido, vale destacar que há uma história que rege toda comunidade
e a ela oferece tradições e costumes; há também uma economia, sustentada
por um sistema de produção, circulação e troca de produtos, ideias e serviços
entre seus membros; existem formas de representação dos interesses materiais
e espirituais, ou seja, uma arquitetura política; para garantir a eficácia dos valores
econômicos, das prerrogativas políticas, das formas de associação familiar, de
trabalho e muitas outras, bem como o conjunto da produção cultural e de seus
diversos significados, ergue-se uma esfera jurídica, com instituições que promovem
e defendem leis, aceitando e difundindo práticas e concepções de vida que sejam
consideradas por determinada sociedade moralmente justas ou injustas, decentes
ou indecentes, louváveis ou reprováveis.
A relação entre essas diversas esferas particulariza cada sociedade e define
sua estrutura social, condicionando a maneira como os indivíduos vivem em seu
dia a dia. Uma das características da estrutura de uma sociedade, a estratificação
social, ou seja, a maneira como os diferentes grupos são classificados em estratos
(camadas) sociais, merece uma análise mais atenta.
A estratificação em diferentes sociedades foi analisada pelo sociólogo brasileiro
Octavio Ianni (1926-2004) na introdução ao livro Teorias da estratificação social.
Para ele, ao estudar a estratificação em cada sociedade, é necessário verificar
como se organizam:
• as estruturas de apropriação (econômica), isto é, como cada estrato ou camada
participa da riqueza gerada pela sociedade;
• as estruturas de dominação (política), isto é, como o poder é exercido e qual
é a participação de cada camada ou estrato na sociedade.
É necessário lembrar, entretanto, que a estratificação não é definida apenas por
esses fatores. As estruturas de apropriação econômica e de dominação política
são atravessadas por outros elementos – como a religião, a etnia, o sexo, a tradição
e a cultura –, que, de formas diferentes, influenciam o processo de divisão social
do trabalho e o processo de hierarquização social.
Além disso, as estratificações sociais são produzidas historicamente, ou
seja, são geradas por situações diversas e se expressam na organização das
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sociedades em sistemas de castas, de estamentos ou de classes. Conforme
declarou Norbert Elias (1897-1990), cada caso precisa ser analisado como uma
configuração histórica particular.
Neste capítulo, serão examinados os sistemas de castas e de estamentos; no
próximo capítulo, o sistema de classes, característico da sociedade capitalista.