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DA EDUCAÇÃO
AULA 2 –
A FORMAÇÃO DA
SOCIEDADE E SEUS
REFLEXOS NO ESPAÇO
EDUCATIVO BRASILEIRO.
Bons estudos!
Ao final deste texto, você deverá apresentar os seguintes
aprendizados:
Nesta aula, você vai conferir os contextos conceituais da psicologia entenderá
• Elucidação
como ela alcançou o seu dos conceitos
estatuto de sociedade;
de cientificidade. Além disso, terá a oportunidade
de conhecer• asCompreensão
três grandesda relação da
doutrinas entre sociedade
psicologia, e educação;psicanálise e
behaviorismo,
Gestalt, e •as áreas
Explanação do processo
de atuação histórico da educação em sociedade;
do psicólogo.
O termo escola vem da palavra grega scholé que significa “lazer, tempo de
recreação”. O termo é usado para se referir a instituições educacionais porque a
tradição greco-romana não dava muita importância à formação profissional e ao
trabalho manual. Treinar homens da classe dominante era o ideal da educação grega.
Os professores não eram formados de acordo com seu próprio conceito, mas
deveriam seguir as necessidades da sociedade, formando líderes, pessoas que
ocuparão altos cargos no futuro.
Como surgiu a educação? A educação é uma invenção humana. Se existe a
ideia de uma educação ser feita, é porque existe a necessidade de ensinar algo a
alguém por um determinado motivo. Educar é ter algum controle sobre o ambiente
externo e considerar que é possível transformá-lo. Ou seja, quando falamos de cultura,
predizemos um esforço educativo. Quando o homem se tornar o agente da própria
história, passa-se a ter os primeiros esforços para educar os indivíduos e os grupos
aos quais ele pertence. Os humanos primitivos estavam sujeitos ao tempo, como os
animais, não compreendendo sistematicamente o ontem e o amanhã. Para Paulo
Freire, o homem primitivo, como os animais, vivia sob esmagadora eternidade. Só
quando “teve consciência do tempo, se historicizou” (FREIRE, 1999, p. 31).
As transformações causadas pelo próprio homem, fazem dele o construtor de
sua própria história. Como disse Paulo Freire, “na medida em que os homens, dentro
de sua sociedade, vão respondendo aos desafios do mundo, vão temporalizando os
espaços geográficos e vão fazendo história pela sua própria atividade criadora” (1999,
p. 33). Se o homem consegue transformar e criar história, então ele pode aprender e
ensinar seus semelhantes. Mas por muito tempo, no que aqui chamamos de
sociedades primitivas, as pessoas atribuíram esse poder transformador a uma
percepção mágica da realidade. Mitos ou interpretações mágicas da realidade eram
uma importante forma de compartilhamento de poder em grupos sociais. A divisão do
poder e a divisão do trabalho andavam de mãos dadas, pois poucos indivíduos eram
capazes de conhecer os mistérios dos fenômenos naturais e, assim, controlar a
produção e controlar os indivíduos (BATISTA; FREIRE, 2014).
Observamos que os seres humanos que vivem em sociedade produzem um
fenômeno social que chamamos de educação. Pensar a educação das diferentes
sociedades ao longo da história significa compreender as diferentes formas de
organização social destinadas a garantir a sobrevivência das populações humanas.
As primeiras e posteriores civilizações agrícolas que se formaram ao longo dos rios e
consolidaram assentamentos sedentários criaram uma divisão do trabalho entre
homens e mulheres, entre produtores e lavradores, dedicando-se ao sagrado e
protegendo o grupo, entre os governantes e dominados. Era necessário conhecer
verbalmente os mitos que explicam os fenômenos naturais associados ao poder dos
deuses. Os deuses representavam a forma racionalizada de tentar explicar o
significado e a complexidade da vida. Batista e Freire (2014) afirmam que:
Nas sociedades anteriores à escrita não havia escolas nem professores. A
educação se resumia à prática e às experiências diretamente ligadas à
interpretação mágica da natureza. Os rituais auxiliavam a entender o ciclo da
vida e o caráter divino da natureza. Nos chamados homens pré-históricos
encontramos os rituais de iniciação (BATISTA; FREIRE, p. 52, 2014).
Quando as pessoas começaram a produzir não apenas para sobreviver no dia
a dia, mas para obter um excedente, a propriedade tornou-se um valor social
importante e tivemos a escravidão. A escravidão foi criada para controlar a produção
excedente e garantir a produção com o trabalho de terceiros. Exemplos de escravidão
antiga são as sociedades grega e romana. Um dos elementos mais marcantes da
história cultural é a divisão entre o trabalho físico e o mental que, nas primeiras
civilizações, realmente traçou as linhas entre governantes e governados. No caso
grego, temos uma oposição entre aristoi (excelente) e demo (povo), que logicamente
se refletirá na educação (BATISTA; FREIRE, 2014).
Segundo Batista e Freire, os representantes aristocráticos têm uma educação
anti-tecnologia que aliena todas as formas de trabalho manual. Para o dominante, a
educação é dedicada ao estudo cuidadoso do uso da linguagem e do raciocínio.
Assim, desde os gregos, existe um dualismo educacional que tem em vista educar
crianças e jovens para perpetuar a segregação de classes, voltado para pessoas
comuns, com foco nas coisas. O que resta é uma educação que não se limita a obras,
mas em um espaço dedicado a instrumentos e obras. Embora possamos concordar
que as sociedades e culturas carecem de imobilidade, sociedades pré-históricas,
sociedades antigas como Grécia e Roma, e mesmo sociedades feudais eram
comparativamente esparsas em comparação com as revoluções artísticas e
científicas pós-renascentistas, podem ser consideradas estáticas. Seja pela rigidez de
seu dualismo de classe, seja pelo longo período histórico em que essa rigidez
prevaleceu. Entretanto, algumas mudanças podem ser observadas das sociedades
pré-históricas para as chamadas sociedades tradicionais, caracterizadas pela longa
duração de suas estruturas. Vejamos a tabela comparativa abaixo:
HANSEN, J. A. A civilização pela palavra. In: LOPES, E. M. T.; VEIGA, C. G.; FARIA,
L. M. (Orgs.). 500 anos de educação no Brasil. Belo Horizonte: Autêntica, 2000. p. 19-
42.
OLIVEIRA, P.S. de. Introdução à sociologia da educação. São Paulo: Ática, 2005.