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SOCIOLOGIA

DA EDUCAÇÃO
AULA 2 –
A FORMAÇÃO DA
SOCIEDADE E SEUS
REFLEXOS NO ESPAÇO
EDUCATIVO BRASILEIRO.

Olá, caro (a) aluno (a)!

O termo sociedade é caracterizado por grupos de membros de


coletivos sujeitos às mesmas leis ou regulamentos, caracterizados por
diferentes períodos correspondentes ao desenvolvimento humano, como
sociedades primitivas, feudais e capitalistas.
Neste capítulo, você estudará os conceitos relativos à sociedade e
suas relações políticas, econômicas, jurídicas e com enfoque no âmbito
educacional. Visualizará que é possível conhecer melhor a sociedade
brasileira em sua economia política. Além disso, vai conhecer a estrutura
social e impactos na educação e relação de educação e sociedade. Por fim,
vai ver uma breve história da educação no Brasil.

Bons estudos!
Ao final deste texto, você deverá apresentar os seguintes
aprendizados:
Nesta aula, você vai conferir os contextos conceituais da psicologia entenderá
• Elucidação
como ela alcançou o seu dos conceitos
estatuto de sociedade;
de cientificidade. Além disso, terá a oportunidade
de conhecer• asCompreensão
três grandesda relação da
doutrinas entre sociedade
psicologia, e educação;psicanálise e
behaviorismo,
Gestalt, e •as áreas
Explanação do processo
de atuação histórico da educação em sociedade;
do psicólogo.

▪ Compreender o conceito de psicologia


▪ Identificar as diferentes áreas de atuação da psicologia
▪ Conhecer as áreas de atuação do psicólogo.
2 SOCIEDADE E SUAS DEFINIÇÕES

A palavra sociedade se caracteriza pelo conjunto de membros de uma


coletividade subordinados às mesmas leis ou preceitos, caracterizado por diversos
períodos correspondes à evolução da espécie humana: sociedade primitiva, feudal,
capitalista.
Para compreendermos a formação da sociedade, Trennepohl (2014) diz que,
primeiro devemos entender a sociedade como algo vivo, em movimento, cuja
dinâmica é desconhecida. A sociedade está em constante mudança e o desafio é
entendê-la nessa complexidade em rápido movimento. É necessário, portanto,
oferecer reflexões voltadas para a construção de uma compreensão das condições
sociais, econômicas, políticas e culturais de nossa época histórica, como um contexto
em constante modificações, resultado de um processo de construção histórica.
É possível conhecer melhor a sociedade brasileira em sua economia política.
Do ponto de vista do que Marx observou (1983, p. 24), “o modo de produção da vida
material condiciona o desenvolvimento da vida social, política e intelectual em geral”.
Diante disso, é necessária uma organização social, econômica, política e cultural.
Ao longo dos séculos, mudanças ocorreram na sociedade brasileira,
onde várias leituras são possíveis. As definições podem variar dependendo da visão
do mundo do pesquisador, porém, é constituído, no caso do Brasil, por
diversidade cultural, um processo contínuo, assim como a composição
por aspectos econômicos e políticos.
A economia afeta diretamente a vida das pessoas, das empresas e dos países.
Assim, o Brasil possui uma estrutura produtiva grande e complexa, em constante
evolução e criação de novas demandas. Cada país deve garantir que sua população
tenha os suprimentos de que necessita. A estrutura econômica inclui 1) processo de
produção, 2) distribuição e 3) consumo de bens e serviços (TRENNEPOHL, 2014).
A política desempenha um papel central na organização e funcionamento da
sociedade e não deve ser confundida simplesmente com a política partidária. Para
entender a organização política brasileira, é necessário identificar algumas de suas
principais características. O primeiro aspecto a considerar também se encontra na
Constituição brasileira, que a trata como uma república federativa composta por vários
estados (26), distritos federais (Brasília) e municípios (mais de 5.000). Todos estão
ligados à União e também são responsáveis por garantir a soberania nacional
(TRENNEPOHL, 2014).
Politicamente, a sociedade brasileira tornou-se uma estrutura complexa,
lembrando que Estado difere de Governo. O que queremos dizer com estado e
governo?
O estado é mais estável e contribui para a organização geral do país.
O Estado desempenha um papel extremamente importante na formação dos
cidadãos. Compete-lhe assegurar os direitos individuais e coletivos, bem como
formular e implementar as políticas públicas necessárias ao atendimento das
necessidades básicas do povo, garantindo-lhe o acesso aos benefícios dele derivado,
desenvolvimento econômico e tecnológico do país (DA COSTA, 2016).

2.1 Estrutura social e impactos na educação.

De acordo com os impactos em sociedade descritos no tópico anterior, pode-


se dizer que no âmbito educacional não é diferente, a sociedade está intrinsecamente
relacionada com o processo de escolarização. De acordo com Dias e Pinto (2019) a
educação, pela sua origem, finalidade e função, é um fenômeno social, associado ao
contexto político, econômico, científico e cultural de uma determinada sociedade. O
ato de educar é um processo contínuo na história de todas as sociedades, não é o
mesmo em todos os tempos e lugares, é, em essência, um processo social. Além
disso, educação e sociedade estão correlacionadas porque a primeira tem forte
influência nas mudanças que ocorrem na segunda.
Ao consideramos a estrutura social, as escolas não estão imunes as
determinações presentes nela. Nesse sentido, qualquer estrutura social inclui fatores
econômicos, ideológicos, jurídicos e políticos, formando um todo (OLIVEIRA, P.S. DE,
2005, P. 35).
Existem dois conceitos básicos - estrutura social e organização social. A
estrutura diz respeito aos atores sociais no desempenho de seus papéis sociais, e a
organização social trata do próprio funcionamento do chamado corpo social. Podemos
também concluir que a estrutura social acaba por nos dar uma ideia, uma visão do
estático - é o presente. Por outro lado, a organização social dá-nos uma ideia de
desempenho, na medida em que estão envolvidos os atores sociais e as relações que
estabelecem. A escola é um espaço multidimensional no qual os atores sociais se
situam (OLIVEIRA, P. S. DE, 2005). Para Nery (2013):
Pensar na estrutura social é também pensar no modo de produção que
constitui a estrutura. É importante que retomemos a concepção marxista
acerca da estrutura social. Temos aí claramente a formação social composta
da infra e da superestrutura social. É importante que vejamos a relação entre
essas duas “forças” que formam a sociedade. À infraestrutura, em que se
encontram as bases econômicas da sociedade, as relações de produção,
determina a superestrutura, isto é, a forma como os homens se organizam
para produzir os bens de que necessitam (modo de produção) é a base infra
estrutural de toda e qualquer sociedade. A superestrutura, por sua vez, é
composta das instâncias ideológica, jurídica e política. (NERY, p. 73, 2013).

Na Instância Ideológica encontra todas as instituições - escolas, igrejas,


partidos políticos, etc, que de alguma forma veiculam os valores, costumes,
conhecimentos e crenças existentes na sociedade. São alguns dos exemplos
ideológicos de formação social, a instância jurídica que está relacionada com a lei e
também instância política que identifica as relações de poder que se formam nas
instituições estatais no contexto da sociedade contemporânea.
Como podemos ver, a educação faz parte da ideologia, capaz de transmitir
todos os valores, hábitos e crenças existentes na sociedade. Se a sociedade é
desigual, a educação pode transmitir os valores da classe dominante. Assim, a
educação em uma sociedade desigual, as desigualdades se estabelecem no tecido
social, fazendo com que indivíduos e grupos adotem os valores de quem domina e
exerce o poder dentro da estrutura da sociedade. Segundo Marx, podemos dizer que,
no quadro de uma sociedade de classes, a educação transmitirá os valores da classe
dominante.
A educação depende do modo de viver total de uma sociedade. Assim, a
espécie de educação difere de acordo com os tipos de sociedade [...]. Por
isso, não só são diversos os sistemas educativos e as instituições
educacionais, assim como cada sociedade tem seus próprios tipos ideais de
homens e heróis culturais, que os jovens seguem como exemplo. [..] O modo
de produção da sociedade determina não só o sistema de estratificação social
(castas, estamentos ou classes sociais) e de educação, como também o
modo de pensar e agir dos indivíduos na sociedade. No entanto, esta
determinação não é absoluta. A educação, dada dentro de uma determinada
sociedade, muda com o correr do tempo, à medida que a sociedade muda.
Só a partir do surgimento e consolidação do modo de produção capitalista é
que a educação se desenvolveu em complexos sistemas de ensino.
(OLIVEIRA, P.S. DE, 2005, P. 50-51)
2.2 Educação e sociedade

O termo escola vem da palavra grega scholé que significa “lazer, tempo de
recreação”. O termo é usado para se referir a instituições educacionais porque a
tradição greco-romana não dava muita importância à formação profissional e ao
trabalho manual. Treinar homens da classe dominante era o ideal da educação grega.
Os professores não eram formados de acordo com seu próprio conceito, mas
deveriam seguir as necessidades da sociedade, formando líderes, pessoas que
ocuparão altos cargos no futuro.
Como surgiu a educação? A educação é uma invenção humana. Se existe a
ideia de uma educação ser feita, é porque existe a necessidade de ensinar algo a
alguém por um determinado motivo. Educar é ter algum controle sobre o ambiente
externo e considerar que é possível transformá-lo. Ou seja, quando falamos de cultura,
predizemos um esforço educativo. Quando o homem se tornar o agente da própria
história, passa-se a ter os primeiros esforços para educar os indivíduos e os grupos
aos quais ele pertence. Os humanos primitivos estavam sujeitos ao tempo, como os
animais, não compreendendo sistematicamente o ontem e o amanhã. Para Paulo
Freire, o homem primitivo, como os animais, vivia sob esmagadora eternidade. Só
quando “teve consciência do tempo, se historicizou” (FREIRE, 1999, p. 31).
As transformações causadas pelo próprio homem, fazem dele o construtor de
sua própria história. Como disse Paulo Freire, “na medida em que os homens, dentro
de sua sociedade, vão respondendo aos desafios do mundo, vão temporalizando os
espaços geográficos e vão fazendo história pela sua própria atividade criadora” (1999,
p. 33). Se o homem consegue transformar e criar história, então ele pode aprender e
ensinar seus semelhantes. Mas por muito tempo, no que aqui chamamos de
sociedades primitivas, as pessoas atribuíram esse poder transformador a uma
percepção mágica da realidade. Mitos ou interpretações mágicas da realidade eram
uma importante forma de compartilhamento de poder em grupos sociais. A divisão do
poder e a divisão do trabalho andavam de mãos dadas, pois poucos indivíduos eram
capazes de conhecer os mistérios dos fenômenos naturais e, assim, controlar a
produção e controlar os indivíduos (BATISTA; FREIRE, 2014).
Observamos que os seres humanos que vivem em sociedade produzem um
fenômeno social que chamamos de educação. Pensar a educação das diferentes
sociedades ao longo da história significa compreender as diferentes formas de
organização social destinadas a garantir a sobrevivência das populações humanas.
As primeiras e posteriores civilizações agrícolas que se formaram ao longo dos rios e
consolidaram assentamentos sedentários criaram uma divisão do trabalho entre
homens e mulheres, entre produtores e lavradores, dedicando-se ao sagrado e
protegendo o grupo, entre os governantes e dominados. Era necessário conhecer
verbalmente os mitos que explicam os fenômenos naturais associados ao poder dos
deuses. Os deuses representavam a forma racionalizada de tentar explicar o
significado e a complexidade da vida. Batista e Freire (2014) afirmam que:
Nas sociedades anteriores à escrita não havia escolas nem professores. A
educação se resumia à prática e às experiências diretamente ligadas à
interpretação mágica da natureza. Os rituais auxiliavam a entender o ciclo da
vida e o caráter divino da natureza. Nos chamados homens pré-históricos
encontramos os rituais de iniciação (BATISTA; FREIRE, p. 52, 2014).
Quando as pessoas começaram a produzir não apenas para sobreviver no dia
a dia, mas para obter um excedente, a propriedade tornou-se um valor social
importante e tivemos a escravidão. A escravidão foi criada para controlar a produção
excedente e garantir a produção com o trabalho de terceiros. Exemplos de escravidão
antiga são as sociedades grega e romana. Um dos elementos mais marcantes da
história cultural é a divisão entre o trabalho físico e o mental que, nas primeiras
civilizações, realmente traçou as linhas entre governantes e governados. No caso
grego, temos uma oposição entre aristoi (excelente) e demo (povo), que logicamente
se refletirá na educação (BATISTA; FREIRE, 2014).
Segundo Batista e Freire, os representantes aristocráticos têm uma educação
anti-tecnologia que aliena todas as formas de trabalho manual. Para o dominante, a
educação é dedicada ao estudo cuidadoso do uso da linguagem e do raciocínio.
Assim, desde os gregos, existe um dualismo educacional que tem em vista educar
crianças e jovens para perpetuar a segregação de classes, voltado para pessoas
comuns, com foco nas coisas. O que resta é uma educação que não se limita a obras,
mas em um espaço dedicado a instrumentos e obras. Embora possamos concordar
que as sociedades e culturas carecem de imobilidade, sociedades pré-históricas,
sociedades antigas como Grécia e Roma, e mesmo sociedades feudais eram
comparativamente esparsas em comparação com as revoluções artísticas e
científicas pós-renascentistas, podem ser consideradas estáticas. Seja pela rigidez de
seu dualismo de classe, seja pelo longo período histórico em que essa rigidez
prevaleceu. Entretanto, algumas mudanças podem ser observadas das sociedades
pré-históricas para as chamadas sociedades tradicionais, caracterizadas pela longa
duração de suas estruturas. Vejamos a tabela comparativa abaixo:

Fonte: Batista e Freire, 2014.

Sucumbindo aos ideais do universo cristão, a cultivo greco-romana obviamente


deixou raízes profundas no quão entendemos por educação. Mas o desmoronamento
do Império Romano e a oficialização do cristianismo provocaram mudanças
importantes na forma de supor e realizar a educação. Foi uma revolução na mente e
na forma de se compor a sociedade, com ideais muito diversos daqueles quão haviam
norteado a Antiguidade. Essa nova mentalidade terá implicações de longo alcance
para instituições, políticas e educação. Se a escola é uma invenção mais recente,
então a educação das crianças e dos jovens realiza-se prioritariamente no âmbito
familiar. A família é o primeiro lugar de socialização. O espaço da mulher é o espaço
da família, ainda que socialmente invisível e necessariamente subordinada. A mulher
fora do espaço doméstico encontrava-se em posição vulnerável. As crianças também
estavam nesta área vulnerável e tentavam sobreviver a doenças, negligência,
violência de todos os tipos no local de trabalho (BATISTA, FREIRE, 2014).
É esse espírito cristão, justificado pela Igreja, que estabeleceu muito do que hoje
consideramos como o mundo ocidental. Essa mentalidade moldou os ideais políticos,
as normas econômicas e a imaginação social. A dualidade social e educacional da
antiguidade continuou na Idade Média. O mundo medieval deixou-nos uma herança
educativa do espírito cristão, mesmo inserido num contexto secular. Além disso,
práticas educacionais voltadas para recompensa ou punição e organização de
pesquisas, ainda hoje encontradas em muitas instituições educacionais (BATISTA,
FREIRE, 2014).
A modernidade vem com uma revolução pedagógica (OLIVEIRA, 2014). A
infância, quando aparece nos escritos filosóficos contemporâneos, é apresentada
como um aluno conduzido por um professor. Assim é nos Ensaios de Montaigne
(1580), Didactica Magna de Comenius (1631), e também em Emile de Rousseau
(1762). A invenção da infância na modernidade é sobretudo o ideal de ir à escola.
É axiomático que as mudanças que ocorrem na Modernidade estão relacionadas
com as descobertas geográficas devido ao renascimento do comércio, ao crescimento
das cidades, à mobilidade social e à expansão da navegação. Mas não esqueçamos
que esta era moderna está relacionada com a criação de estados-nação que
governam toda a sociedade e suas políticas, e a educação realmente aparece como
uma ferramenta importante para realizar essa tarefa.
Gradualmente, as escolas que concebemos hoje foram moldadas pelos ideais
da ciência e da razão. Por que educação desde a modernidade? Pode-se dizer que
seu objetivo mudou, buscando formar indivíduos ativos na sociedade, ansiosos por
romper com as velhas formas de ordem social baseadas em tradições e laços
familiares, e ansiosos por combinar fé e razão. Se os lugares privilegiados para a
educação das crianças são o lar e a igreja, então a modernidade se forma na oficina,
e o exército e a escola se fortalecem.
Outras instituições de controle social também se sofisticaram: hospitais, asilos,
prisões. Em outras palavras, toda revolução tem seus limites: os limites do
desenvolvimento seguro dos meios de produção e as condições de produção do
sistema capitalista emergente. A base do surgimento da ideologia burguesa na
modernidade partia dos pressupostos de formar cidadãos e produtores, libertar as
pessoas dos grilhões da ignorância e da superstição, mas também tornar as pessoas
produtivas e integradas ao novo sistema.

2.3 História da educação no Brasil

Em um breve histórico das cronologias educacionais, observamos que os


contextos culturais são muito complexos e podem ser abordados a partir de diversas
perspectivas antropológicas, históricas, sociológicas, econômicas e políticas, e cada
uma delas é uma forma de evidenciar o caráter irredutível da cultura a priori sobre a
estrutura humana, as relações humanas na sociedade e a reflexão humana no espaço
educacional.
A história da educação no Brasil remonta ao século XVI, com os jesuítas,
nossos primeiros educadores e responsáveis pelas bases do sistema educacional
daquele período. Os jesuítas desempenharam esse papel por quase dois séculos;
nesse ciclo, a educação é baseada no ensino do catecismo indígena e, segundo
Azevedo (1963, p. 93), “quase na sua integridade, o patrimônio de uma cultura
homogênea, a mesma língua, a mesma religião, a mesma concepção de vida e os
mesmos ideais de homem culto”. A educação jesuíta para os filhos da classe
dominante e dos índios. Escravos, pobres e mulheres eram excluídos.
Os jesuítas que vieram para o Brasil foram treinados em pregação, liturgia e
prática sacramental (HANSEN, 2000, P. 23). Esses educadores foram formados na
Europa, com o apoio dos clássicos da época, valendo-se deles para educar os nativos
brasileiros. Com ênfase na retórica, acredita-se que é possível tornar o índio mais
"viril" desenvolvendo sua memória e inteligência.
O conflito de interesses entre o Estado e a Igreja, representada pelos jesuítas,
levou ao fim da era jesuíta na educação portuguesa. Preocupado com a dominação
social exercida pela Igreja Católica por meio dos jesuítas, o Marquês de Pombal
decidiu instaurar um Estado laico e expulsá-los não só de Portugal, mas também das
demais seitas de seus territórios, inclusive do Brasil (MACIEL; SHIGUNOV NETO,
2006). Com a saída dos jesuítas, o governo teve que estabelecer novas linhas
educacionais que regeriam esse instrumento de formação, uma vez que a cultura
científica estava subordinada à Constituição do Estado. O Marquês de Pombal foi o
responsável por promover essas mudanças, com pequenas reformas de pesquisa
(BARBOSA; FILHO, 2013). Até então, a educação estava sob o controle da Igreja
Católica e os professores eram frequentemente associados a uma ordem religiosa.
Com a chegada do século XVIII, o governo percebeu que através da educação poderia
controlar o povo e para isso demitiu os jesuítas. Desde então, pela primeira vez, foi
preciso formalizar a profissão docente e prepará-la para atuar em um novo modelo de
ensino, sob gestão do Estado.
Com a chegada da realeza e da corte portuguesas ao Brasil, em 1808, diversas
medidas educativas foram adotadas para atender aos interesses dos nobres que aqui
vinham. Nasceram as primeiras instituições culturais e científicas, de ensino técnico e
de ensino superior. Nas outras classes, não existe essa preocupação; são
preferencialmente fornecidos por iniciativa pessoal, delegando à família a
responsabilidade pelo ensino da leitura e da escrita (ROMANELLI, 2002).
Até a Primeira Guerra Mundial, a inércia da economia brasileira permitia a
sustentação necessária de um sistema dualista que, sobretudo, servia à elite e em
grande parte à classe média; a classe trabalhadora não tinha acesso à escola
(TEIXEIRA, 1977). Após a guerra, especialmente na década de 1920, houve uma
onda de protestos contra as mudanças na sociedade em geral. Nessa época, surgiu
um grande movimento de implantação da Escola Nova no Brasil, elaborado por
grandes educadores, como Anísio Teixeira, Almeida Júnior e Lourenço Filho, que
lideraram o movimento e redigiram o Manifesto dos Pioneiros em 1932, documento
que redefiniu o papel do Estado na educação e cujo objetivo primordial era lutar pela
expansão das escolas públicas, laicas e liberais, pelo direito à liberdade, maior
apropriação da função educativa e descentralização da educação (SAVIANI, 2004),
que seria o único meio de combate à desigualdade social no Brasil.
Em um salto histórico muito importante para a educação podemos considerar
a criação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB nº 9.394/96), gerando
esperanças de que o problema da formação de professores em nosso país será
resolvido, mas essas expectativas ainda não foram satisfeitas. Os institutos de ensino
superior e as escolas comuns superiores têm sido aceitos como opção de cursos
pedagógicos e de bacharelado. A LDB veio atualizar os equipamentos que a
Constituição de 1988 promulgou. A lei atual, que trouxe uma série de mudanças no
setor educacional, é a lei mais abrangente já desenvolvida. No entanto, apresenta
falhas passíveis de diversas interpretações, que não garantem avanços substanciais
e qualidade educacional. As dificuldades encontradas na educação pública brasileira
são consequência da falta de designação efetiva das mudanças propostas pela LDB,
como problemas como baixos salários e formação inadequada de professores
(SOUZA; MIRANDA; SOUSA, 2018).
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