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Urbanismo Modernista
Material Teórico
A Modernidade na América Latina
Revisão Textual:
Prof. Esp. Claudio Pereira do Nascimento
A Modernidade na América Latina
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Apresentar alguns dos principais arquitetos latino-americanos que exploraram as premis-
sas do Movimento Moderno em suas obras;
• Chamar a atenção para o fato desses arquitetos pertencerem a gerações posteriores a dos
mestres da modernidade, como Le Corbusier e Wright, da mesma forma que, em alguns
países tanto da América Central quanto da América do Sul, o Movimento Moderno se esta-
belece tardiamente já em meados do século passado;
• Compreender como a estética modernista se adequa a condições geográficas, culturais, polí-
ticas e econômicas distintas do contexto do velho continente. Para tal, serão analisadas obras
de arquitetos de diferentes nacionalidades, incluindo desde o México até a Argentina.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
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oferece uma contribuição ímpar à associação ao ministrar uma série de palestras
em uma de suas passagens pela América do Sul no ano de 1929.
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O regionalismo crítico deve ser entendido como uma prática marginal que,
embora crítica acerca da modernização, ainda assim se recusa a abandonar
os aspectos emancipatórios e progressistas do legado moderno. [...]
[...] enfatiza certos fatores específicos do lugar, que variam desde a topo-
grafia, vista como uma matriz tridimensional à qual a estrutura se amolda
até o jogo variado da luz local que sobre ela incide. [..] Tende a tratar todas
as aberturas como zonas delicadas de transição com capacidade de reagir
às condições específicas impostas pelo lugar, pelo clima e pela luz.
[...] enfatiza tanto o tátil quanto o visual. [...] É sensível a percepções com-
plementares como os níveis variáveis de iluminação, as sensações de ca-
lor, frio, umidade e deslocamento dos aromas e sons produzidos pelos
materiais diferentes em diferentes volumes, e até mesmo às sensações
variadas induzidas pelos acabamentos de pisos [...]
Algumas dessas estratégias serão vistas nas obras a seguir, oriundas de diferen-
tes países, o que reafirma a ideia de um modernismo regionalista.
Brasil
No Brasil, os primeiros sinais da modernidade começam a se estabelecer nos
primeiros anos da década de 1920, com a Semana de Arte Moderna. Mesmo não
exercendo influência direta na arquitetura, a Semana de 1922 estrutura um territó-
rio propício para a exploração de uma nova estética que se contrapõe à linguagem
conservadora da Escola de Belas Artes.
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Entende-se que o eixo São Paulo – Rio de Janeiro é de extrema importância
para a implantação da linguagem moderna no território brasileiro. Na escola
carioca de arquitetura, arquitetos como Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy
ao lado da engenheira Carmen Portinho, os irmãos Roberto, entre outros, irão
deixar um legado ímpar tanto na capital carioca quanto em outras cidades brasi-
leiras e até internacionais.
Vista aérea da Casa do Baile. (Belo Horizonte, 1942-44), Oscar Niemeyer: http://bit.ly/2NjieLM
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Num terreno bastante acidentado localizado numa encosta voltada para o ocea-
no, Niemeyer organiza a casa em dois níveis, sendo o térreo sinalizado sutilmente
por uma laje de concreto plana e sinuosa que repousa leve e livremente sobre a
superfície. O arquiteto oferece todos os indícios necessários para que a casa possa
ser lida de tal maneira que há clareza da relação do espaço construído com a na-
tureza circundante. Esse vínculo se estabelece a partir do momento que Niemeyer
reconhece uma grande rocha no terreno que é incorporada à casa.
Uma das estratégias adotadas por Niemeyer para a Casa das Canoas é a inser-
ção de uma laje de concreto plana e sinuosa que se insere sutilmente na paisagem
natural. Natureza e construção se tornam protagonistas numa relação compositiva
bastante harmoniosa tendo em vista a curva como elemento estético fundamental.
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pilares que sustentam parte desta. Nesse nível de acesso à casa, estão localizados
os ambientes sociais, como salas de estar e jantar, cozinha e lavabo, além de uma
área externa coberta, resultando em um vazio que complementa o interior da cons-
trução. As áreas íntimas localizadas no nível inferior usufruem da paisagem da
mesma forma que o pavimento térreo.
Ainda que a relação da casa com a paisagem seja notória, a Casa das Canoas
também foi objeto de duras críticas. Tanto Ernesto Nathan Rogers quanto Max Bill
reconhecem o projeto de Niemeyer como fruto de grande ousadia. Bill alega “que
a forma livre só se justificava se era funcional”, vendo na Casa das Canoas “apenas
um capricho” (BRUAND, 2003, p.164).
De toda forma, apesar das críticas, a Casa das Canoas é, sem dúvida, ao lado da
Casa da Cascata de Frank Lloyd Wright, da Villa Savoye de Le Corbusier e da Casa
Farnsworth de Mies van der Rohe, uma das obras mais importantes do século vinte.
Por outro lado, em São Paulo, a influência de Vilanova Artigas e Lina Bo Bardi é fundamental
Explor
para a formatação da Escola Paulista de arquitetura. Ainda que Artigas, à época, se destacava
com os seus projetos de residências particulares e grandes obras públicas como as suas escolas e
também o estádio do Morumbi, Lina Bo Bardi vai ganhando espaço com obras de extrema sen-
sibilidade em que a arquiteta estabelece um vínculo entre o novo e o antigo. Casos emblemáti-
cos como o SESC Pompéia em São Paulo ou o Solar do Unhão em Salvador são duas dentre várias
referências da arquiteta que recuperam e mantém a memória de outras épocas em diálogo com
o contemporâneo dentro de uma linguagem exclusivamente moderna.
Argentina e Uruguai
Dentre o cone sul do continente, vale a pena destacar a produção arquitetônica
da Argentina e do Uruguai.
As conferências de Le Corbusier na Asociación de los Amigos del Arte estão transcritas no livro
Explor
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Planta da Casa da Ponte, Amancio Williams, Mar del Plata, 1943-45: http://bit.ly/2pTBYx8
Explor
Corte da Casa da Ponte, Amancio Williams, Mar del Plata, 1943-45: http://bit.ly/2WfsXL9
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No Uruguai, a contribuição do engenheiro Eladio Dieste é fundamental para a
produção de uma arquitetura moderna genuinamente regional. Diferentemente de
Williams na Argentina, Dieste explora um sistema misto em que “associa tijolos e
concreto para criar obras de intensa qualidade escultórica graças à sua maestria de
geometria estrutural” (COHEN, 2016, p.373).
Dieste se destaca com as obras públicas de usos diversos, entre elas numerosos
edifícios ligados ao transporte, mercados e edifícios institucionais. Entre eles, a
Igreja de Cristo Operário em Atlántida merece atenção.
A plasticidade da construção é resultado de um sistema construtivo bastante
arrojado que implica em uma série de abóbodas de concreto armado e tijolos apa-
rentes. Dessa forma, o tijolo constitui o módulo organizador de toda a estrutura.
México
A arquitetura moderna no México é colocada à prova nas primeiras décadas do
século XX. Entre os anos de 1920 e 1930, “desempenha um papel na reforma
pós-revolucionária, quando estética e idealismo social algumas vezes haviam sido
combinados” (CURTIS, 2008, p.493).
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Há autores que abordam a importância do lugar como ferramenta para estabelecer as dire-
Explor
trizes de projeto para a concepção de uma construção. Dentre eles, o arquiteto italiano Aldo
Rossi quando recupera o conceito do “espírito do lugar”, estabelece um ponto de contato
com Christian Norberg-Schulz no texto “A fenomenologia do lugar.” Para compreender um
pouco mais sobre a relação lugar x construção, leia o artigo “O cenário como pretexto” de
Maribel Aliaga Fuentes no link a seguir.
Disponível em: http://bit.ly/3671nUU
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Ainda que o projeto seja arrojado, a casa sugere continuidade estética com as
construções vizinhas, predominantemente de uso residencial unifamiliar e de carac-
terísticas locais. Externamente, a fachada voltada para a rua local mantém a sutileza
do seu entorno; por outro lado, a disposição interna e a fachada posterior, voltada
para o pátio, adotam cores vibrantes e uma composição baseada na intersecção de
primas cartesianas.
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Figura 9 – Ateliê artístico. Residência e estúdio, Luis Barragán, Tacubaya, México, 1947
Fonte: Archdaily
Figura 10 – Planta pavimento Figura 11 – Planta pavimento Figura 12 – Planta cobertura, Luis
térreo, Luis Barragán, superior, Luis Barragán, Barragán, Tacubaya, México, 1947
Tacubaya, México, 1947 Tacubaya, México, 1947 Fonte: Archdaily
Fonte: Archdaily Fonte: Archdaily
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Figura 13 – Corte longitudinal, Luis Barragán, Figura 14 – Corte transversal, Luis Barragán,
Tacubaya, México, 1947 Tacubaya, México, 1947
Fonte: Archdaily Fonte: Archdaily
Venezuela e Colômbia
Além do México, outros países do Caribe que desfrutam de uma produção arqui-
tetônica moderna são Venezuela e Colômbia.
Com formação na École des Beaux-Arts na década de 1930, retorna para Cara-
cas e “tenta dar forma às energias sociais emergentes da Venezuela em uma síntese
das artes – uma fusão entre arquitetura, pintura, escultura e urbanismo modernos”
(CURTIS, 2008, p.502).
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Figura 16 – Aula Magna. Cidade Universitária, Carlos Raúl Villanueva, Caracas, Venezuela, 1950-59
Fonte: Wikimedia Commons
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Explor
Estudo para os painéis de Alexander Calder na Aula Magna. Cidade Universitária, Carlos Raúl
Villanueva, Caracas, Venezuela, 1950-59: http://bit.ly/2WbDjvy
Painéis de Alexander Calder na Aula Magna. Cidade Universitária, Carlos Raúl Villanueva,
Caracas, Venezuela, 1950-59: http://bit.ly/2BKXGX6
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Não obstante, ao considerar a região de topografia acidentada, o arquiteto ex-
plora as aberturas com a intenção de enquadrar a paisagem externa. Evidentemen-
te que as aberturas não permitem apenas o contato do interior com o exterior, mas
a presença do exterior nos ambientes internos através da luz natural é essencial
para a composição volumétrica do projeto.
Leia o artigo Torres del Parque: A apropriação do lugar na obra de Rogelio Salmona, Taís
Explor
Ossani e conheça mais uma obra de Salmona em que o arquiteto explora a materialidade do
tijolo e a relação do ambiente construído com a paisagem local.
Disponível em: http://bit.ly/349R5S5
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Leitura
Em foco: Luis Barragan, Begoña Uribe
http://bit.ly/2JnsEsC
Clássicos da Arquitetura: Casa Luis Barragán / Luis Barragán
http://bit.ly/31NsvF4
Há algo de excepcional... Uma compreensão alternativa da modernidade brasileira, Marcio Cotrim
http://bit.ly/2Nbr3al
Clássicos da Arquitetura: Casa das Canoas / Oscar Niemeyer
http://bit.ly/2BLuUFy
Clássicos da Arquitetura: Casa sobre o arroio / Amancio Williams
http://bit.ly/2MM5jCG
O aparelhamento de tijolos da Igreja Cristo Obrero de Eladio Dieste, sob as lentes de Gonzalo Viramonte
http://bit.ly/2WfPlEb
Centro Cultural Universitário Rogelio Salmona, da Universidade de Caldas (Primeira Etapa) / Rogelio Salmona
http://bit.ly/2WiDup0
Villanueva. Modernidad y trópico
http://bit.ly/2p2tqnT
Rogelio Salmona (1)
http://bit.ly/368fNUQ
Ciudad Universitaria de Caracas: la construcción de una utopía moderna (1)
http://bit.ly/341NgOQ
O cenário como pretexto
http://bit.ly/3671nUU
Bogotá: Torres del Parque
http://bit.ly/2omZ92I
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Referências
COHEN, J. L. O futuro da arquitetura desde 1889: uma história mundial. São
Paulo: Cosac Naify, 2013.
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