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Urbanismo Modernista
Material Teórico
Le Corbusier: Sobre um Estado da Arquitetura e do Urbanismo
Revisão Textual:
Prof.ª Esp. Kelciane da Rocha Campos
Le Corbusier: Sobre um Estado da
Arquitetura e do Urbanismo
OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Compreender que entre os principais personagens, Le Corbusier acaba sendo destacado em
função de sua contribuição incomensurável para a formatação da arquitetura moderna.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE Le Corbusier: Sobre um Estado
da Arquitetura e do Urbanismo
Le Corbusier e o Problema da
Habitação no Século XX
O tema da habitação é um dos mais discutidos ao longo do século XX, sobretudo
na primeira metade, tendo em vista os conflitos bélicos, entre eles as duas grandes
guerras, que dizimaram cidades europeias e deixaram inúmeras pessoas sem mora-
dia. Se durante séculos o arquiteto esteve por trás de grandes obras, como palácios,
estações ferroviárias, museus, bibliotecas públicas, equipamentos públicos no geral,
os fatos que ocorrem nas primeiras décadas do século XX apontam para o desafio
da tipologia mais elementar: a casa.
Para conhecer mais sobre o debate da habitação no século XX, leia o texto “A habitação
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Figura 1 – Cartaz do II CIAM: A moradia para o mínimo nível de vida
(Die Wohnung für das Existenzminimum, 1929), Hans Leistikow (German, 1892–1962)
Fonte: moma.org
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UNIDADE Le Corbusier: Sobre um Estado
da Arquitetura e do Urbanismo
A intenção não é pormenorizar cada um dos cinco itens, mas traçar um paralelo
de como os pensamentos registrados na declaração de La Sarraz são de suma impor-
tância para o desenvolvimento e amadurecimento de uma concepção projetual que
norteará a produção arquitetônica residencial a partir de meados da década de 1910.
Nesse aspecto, ainda que não tenha participado ativamente da primeira fase dos
congressos, Le Corbusier pode ser considerado um personagem decisivo, que oferece
contribuição inestimável para a formulação do problema da habitação. Já antecipan-
do alguns dos pontos colocados na declaração de La Sarraz, Le Corbusier desenvolve
dois modelos essenciais que irão conduzir a sua pesquisa acerca da moradia.
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de Peter Behrens, onde Le Corbusier aprofunda os seus conhecimentos acerca do
novo material.
O ateliê de Peter Behrens (Hamburgo, 1868 – Berlim, 1940) pode ser considerado um dos
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UNIDADE Le Corbusier: Sobre um Estado
da Arquitetura e do Urbanismo
Maison Citrohan
Convencido por Perret de que o concreto armado é o material do futuro, ao
considerar “a sua natureza monolítica e maleável, a sua economia e durabilidade
intrínsecas” (FRAMPTON, 2003, p. 180), Le Corbusier desenvolve um segundo
modelo, batizado de Maison Citrohan, em 1920.
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O primeiro protótipo dos quatro desenvolvidos para a Maison Citrohan
já explora a racionalização dos espaços internos. O modelo se contrapõe
aos palacetes neoclássicos tanto em relação à distribuição interna, alcança-
da em função daquilo que se conhece por planta livre, quanto em relação
à ausência da ornamentação. Ademais, é possível compreender o modelo
estandardizado, passível de ser reproduzido em série como um automóvel.
A casa é apresentada como uma verdadeira máquina de morar.
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da Arquitetura e do Urbanismo
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É possível ter a experiência de uma máquina de morar da modernidade no filme “Meu tio”
(Mon oncle, 1958), do cineasta francês Jacques Tati. O enredo gira em torno do contraste do
“velho com o novo”, num bairro parisiense que passa por uma transformação abrupta. As
construções tradicionais começam a ceder espaço às construções modernas. Consequente-
mente, as dinâmicas tradicionais são substituídas pela artificialidade das relações contem-
porâneas. Dessa forma, a casa modernista, dotada de aparatos tecnológicos, se torna palco
dos acontecimentos que dão um tom cômico ao filme.
Complemente o filme com o seguinte texto: ÁBALOS, I. A máquina de morar de Jacques Tati:
a casa positivista. In.: __________. A boa vida: visita guiada às casas da modernidade.
Barcelona: Gustavo Gili, 2001.
O nome Citrohan não é em vão. Como uma metáfora à famosa fábrica de auto-
móveis, Le Corbusier compreende que a casa deve ser tão padronizada quanto um
carro. Baker (1998, p. 90) revela que o arquiteto presta homenagem à Citroen ao
batizar o seu modelo de residência “porque acreditava ser esta tão eficiente quanto
as novas máquinas que estavam transformando a vida no século vinte”.
No capítulo “Olhos que não veem... os automóveis”, de seu livro “Por uma arqui-
tetura”, publicado pela primeira vez na década de 1920, Le Corbusier enfatiza que
“é necessário tender para o estabelecimento de padrões para enfrentar o problema
da perfeição” (2009, p. 87).
[...]
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Figuras 5 e 6 – Bairros modernos Frugès em Bordeaux-Pessac, Le Corbusier, 1924
Fonte: Wikimedia Commons
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O nível de acesso se dá, portanto, no primeiro pavimento por duas escadas: uma
social, que conduz o espectador a um terraço e deste para o acesso que o leva ao
estar; outra escada, um tanto mais restrita, que possibilita o deslocamento do aque-
cimento ou porão no térreo para a área íntima na parte posterior da casa.
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Figuras 7 e 8 – Casa Citrohan Mark II, Le Corbusier, 1922
Fonte: Citrohan Mark II, Le Corbusier, 1922
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Villa Besnus
No mesmo ano em que desenvolve o modelo Citrohan Mark II, Le Corbusier
realiza dois projetos: a Villa Besnus e o Apartamento-ateliê Ozenfant.
Dessa forma, a casa é constituída por dois volumes articulados pela marquise de
acesso, que funciona como um balcão no piso superior. Uma vez que o espectador
acessa o pavimento térreo da residência, no mesmo nível da rua principal, à esquer-
da se encontra a escada e à direita depósito, aquecimento e garagem.
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É reveladora a forma como Le Corbusier experimenta composições mais dis-
tintas para as duas grandes fachadas principais na Villa Besnus. De acordo com
a análise de Baker, em seu livro “Le Corbusier: uma análise da forma”, a fachada
frontal pode ser lida em três momentos: a verticalidade marcada pelo plano de vi-
dro sobreposto ao acesso principal; a variedade em função das pequenas aberturas
redondas no nível térreo; e o impacto, gerado pela simetria de aberturas verticais
e horizontais. Já a fachada posterior implica uma horizontalidade predominante,
tanto no primeiro quanto no segundo pavimentos.
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Apartamento-ateliê Ozenfant
O apartamento-ateliê é uma encomenda de Amédée Ozenfant a Le Corbusier.
Localizado em Paris, o programa implica uma habitação para solteiro com um ate-
liê num pequeno terreno na esquina da Avenue Reille.
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Dessa forma, a circulação e a iluminação naturais se tornam elementos funda-
mentais para a adoção de algumas das estratégias projetuais visando ao êxito do
projeto, bem como a atender a principal exigência do proprietário, que é um ateliê
de pintura bem iluminado.
Os acessos mais importantes são realizados pela rua lateral, que culmina na
Avenue Reille, o principal eixo de circulação. Um interstício é estrategicamente pro-
posto nessa lateral, de modo a receber uma das escadas, que conduz o espectador
do térreo ao primeiro pavimento. Essa escada externa acaba assumindo um caráter
escultórico, de modo que a sua forma sinuosa contrasta com a rigidez formal do
volume monolítico da residência. Uma vez dentro da residência, o espectador tem
acesso a uma outra escada, que o leva de volta ao térreo, ou ao segundo pavimen-
to. No segundo pavimento, como já pontuado anteriormente, há outras escadas que
garantem acesso aos mezaninos e à cobertura para devida manutenção dos sheds.
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Obtenha mais informações sobre o Apartamento-ateliê Ozenfant com a leitura do artigo “A
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Villas La Roche-Jeanneret
Em 1923, Le Corbusier recebe duas novas encomendas. O colecionador de
arte Raoul La Roche e Lotti Raaf, que se casaria com o irmão de Le Corbusier,
Albert Jeanneret, solicitam duas casas ao arquiteto. De acordo com Baker (1998,
p. 136), as casas La Roche-Jeanneret foram a primeira sinfonia arquitetônica de Le
Corbusier, de modo que o arquiteto inaugura uma nova linguagem arquitetônica e
dá início a uma nova fase, fundada no Purismo.
Aprofunde-se mais sobre o movimento artístico Purista lendo um breve conteúdo no link a
Explor
seguir: http://bit.ly/2AaEH7o
O terreno está localizado num miolo de quadra cujo único acesso se dá pela
Square du Docteur Blanche, uma rua sem saída em um bairro parisiense. A im-
plantação se dá, justamente, no fim dessa rua, numa condição de terreno limitada
e confinada, cuja resultante é o envolvimento do final da rua com uma configuração
da construção em L.
O programa para duas casas situadas numa rua sem saída, num miolo de
quadra em um bairro parisiense, é um desafio para o arquiteto, que, com
esses projetos, inaugura uma nova fase em sua carreira, mais madura, fun-
damentada no Purismo. Diante da complexidade do contexto, as casas são
implantadas em L no fim do principal eixo, que garante acesso às constru-
ções de modo que elas o abraçam.
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UNIDADE Le Corbusier: Sobre um Estado
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É criado um terceiro volume que articula os dois iniciais. É justamente por essa
rótula que se dá o acesso à casa La Roche. Esse volume de articulação organiza a
casa La Roche em duas zonas distintas: a primeira, o pavilhão curvo e o volume
adjacente; e a segunda parte do bloco linear paralelo ao eixo da rua de acesso.
Logo, o restante do bloco linear é reservado à casa Jeanneret.
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volume que se dá o acesso à casa e também a circulação vertical. A casa
Jeanneret (em laranja, à direita) se concentra numa parcela do bloco maior.
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As duas escadas são conectadas por uma passarela, que unifica as duas zonas da
casa La Roche. Essa passarela se localiza justamente em um dos recuos existentes
nesse volume de articulação. Da face desse recuo que marca o acesso à residência,
é possível desfrutar da paisagem externa, enquadrada pela grande caixilharia, que
permite a entrada de luz natural no saguão de pé-direito alto. O outro recuo tem
por objetivo abraçar uma árvore existente no lote.
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Figuras 21 – Villas La Roche-Jeanneret, Le Corbusier, Paris, 1923-25
Fonte: Villas La Roche-Jeanneret, Le Corbusier, Paris, 1923-25
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A escada que dá acesso à biblioteca possui um balcão que rompe o plano in-
terno da construção ao se projetar em direção ao saguão da casa La Roche.
No mesmo nível do balcão, há uma passarela que conecta as duas zonas da
residência, de modo que o espectador se depara com um grande plano de
vidro, que emoldura a paisagem externa e também permite iluminação em
abundância no saguão de pé-direito elevado.
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Vale destacar que a escada que garante acesso à biblioteca possui um balcão
que se projeta em direção ao saguão. Esse balcão se invoca como um elemento
escultórico, cuja intenção é fazer com que o espectador usufrua da arquitetura mi-
nuciosamente projetada por Le Corbusier.
seus projetos. O arquiteto resgata aquilo que se chama de caminho arquitetural (promenade
architecturale, em francês) e se utiliza da dinâmica dos deslocamentos como uma estratégia
projetual. Nesse sentido, o deslocamento por entre os espaços não cumpre apenas a função
de circulação, mas também funciona como uma maneira de o espectador usufruir do espaço
arquitetônico. Para tal, Le Corbusier se utiliza de formas diversificadas de circulação vertical
simultaneamente, como no caso das residências, em que há não somente escadas, mas tam-
bém rampas. A rampa, por sua vez, se destaca como um elemento essencial para garantir
a percepção do espaço através do deslocamento, tendo em vista o caminhar de maneira
natural, diferentemente do deslocamento por escadas, ainda que nesse caso as escadas pro-
jetadas por Le Corbusier, em alguns momentos, tornem-se elementos também escultóricos.
Para se aprofundar mais sobre o conceito de promenade architecturale, leia o artigo “Ques-
tões de movimento na arte e na arquitetura: interfaces possíveis”, de Maria Paula Piazza
Recena. Disponível em: http://bit.ly/2Ad5Bvl
Villa Stein-de-Monzie
Um ano após a construção das casas La Roche-Jeanneret ser concluída,
Le Corbusier inicia o projeto da casa Stein-de-Monzie (1926-29), em Vaucresson,
subúrbio da capital francesa, para Michael e Sarah Stein.
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Figuras 25 – Villa Stein-de-Monzie, Le Corbusier, Paris, 1926-29
Fonte: Villa Stein-de-Monzie, Le Corbusier, Paris, 1926-29
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residência, e o pequeno balcão, que sugere a entrada de serviços ao lado da
garagem à esquerda.
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Figuras 30 – Planta do primeiro pavimento. Fachada sul.
Villa Stein-de-Monzie, Le Corbusier, Paris, 1926-29
Fonte: Villa Stein-de-Monzie, Le Corbusier, Paris, 1926-29
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Seguindo para o segundo pavimento, cujo acesso é garantido apenas pela es-
cada secundária, que conecta o nível dos serviços no térreo inferior à cobertura, o
espectador tem acesso à área privada, composta por três dormitórios conjugados
a seus respectivos boudoirs. O eixo da escada é estendido até a fachada norte,
concentrando um dos espaçosos banheiros. No outro sentido, o corredor garante
acesso a outro dormitório. Este, por sua vez, tem a sua laje estendida em direção
ao grande terraço do primeiro pavimento.
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Figuras 32 – Planta do segundo pavimento. Terraços.
Villa Stein-de-Monzie, Le Corbusier, Paris, 1926-29
Fonte: Villa Stein-de-Monzie, Le Corbusier, Paris, 1926-29
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Figuras 35 – Planta do segundo pavimento. Terraços.
Villa Stein-de-Monzie, Le Corbusier, Paris, 1926-29
Fonte: Villa Stein-de-Monzie, Le Corbusier, Paris, 1926-29
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compositivas, elabora aquilo que veio a ser conhecido como “Os cinco pontos da
arquitetura moderna”.
Saiba mais sobre os cinco pontos da arquitetura moderna no capítulo “O plano da casa mo-
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Nos modelos Citrohan, já há uma insinuação da planta livre, uma vez que o ar-
ranjo do programa de necessidades independe da estrutura. Essa estratégia é apri-
morada nos projetos subsequentes. Uma vez que os planos verticais, tanto internos
quanto os que envolvem a construção, não são mais predominantemente estrutu-
rais, há a possibilidade de uma diagramação da fachada de maneira a explorar mais
a sua composição. Nesse sentido, tanto a Citrohan Mark II quanto a Citrohan de
1927 ousam nos grandes planos de vidro, seguindo uma certa coerência. Entretan-
to, é no apartamento-ateliê para Ozenfant que a diagramação da fachada, voltada
para a Avenue Reille, segue as diretrizes dos “traçados reguladores”. Associada à
fachada livre, a longa janela corrediça horizontal só é possível graças à indepen-
dência estrutural. Nesse sentido, a casa Besnus exprime esse elemento na fachada
posterior. A longa janela corrediça horizontal irá aparecer com maior notoriedade
nos projetos do apartamento-ateliê, nas casas La Roche-Jeanneret e também Stein-
-de-Monzie. Os pilotis, atrelados a uma ossatura estrutural, são investigados ainda
no modelo da Maison Dom-ino e aparecem timidamente na Citrohan Mark II, anos
mais tarde, quando elevam a massa da edificação da superfície. Entretanto, assu-
mem uma concepção estética nas casas La Roche-Jeanneret e Stein-de-Monzie
quando começam a participar da composição dos ambientes internos. Por fim, o
terraço-jardim, cujo princípio é “devolver à construção” a área de convívio “usur-
pada” pelo térreo, destinado a usos de serviços, como garagem e depósito. Nesse
sentido, a ideia de uma laje de cobertura plana com algum uso já é ensaiada no
primeiro modelo Citrohan, sendo aperfeiçoada nos projetos seguintes.
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A casa está implantada num sítio delimitado por árvores no alto de uma colina.
Mesmo com a abundância das árvores, há uma vista privilegiada em direção aos
campos e vales de Île de France a norte. Encontra-se exatamente no meio de uma
campina, e assim como um templo grego, o volume branco emerge à superfície em
sua pureza compositiva, podendo ser cultuado pelas suas quatro fachadas. Ainda
que a construção se isole no meio do terreno, Giedion (2004, p. 553) destaca o
esforço contínuo de Le Corbusier “por abrir a casa, criar novas possibilidades de
conexão entre o interior e o exterior, e dentro do próprio interior”. Esse raciocínio
é complementado pela análise de Curtis (2008, p. 277): “Aos poucos começamos
a entender que a vila não está tão solta quanto parece. Ela foi esculpida e escavada
de modo a permitir que o entorno entrasse nela e suas energias formais irradiassem
até os limites do sítio e o horizonte longínquo”.
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Figuras 38 e 39 – Villa Savoye, Le Corbusier, Paris, 1928-31
Fonte: Villa Savoye, Le Corbusier, Paris, 1928-31
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interior-exterior ocorre de maneira íntima, uma vez que as amplas janelas
horizontais, ora com, ora sem vidro, são meticulosamente posicionadas com
a finalidade de enquadrar as paisagens imediata e longínqua.
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No último nível, está localizado o solarium, composto por superfícies curvas
e floreiras, assumindo a função de guarda-corpos.
Para saber mais sobre a Villa Savoye, leia o capítulo “A imagem e a ideia da Vila Savoye de
Explor
Le Corbusier em Poissy” em: CURTIS, W. J. R. Arquitetura moderna desde 1900. Porto Alegre:
Bookman, 2008. E também o artigo “Villa Savoye: arquitetura e manifesto”, de Carlos Alber-
to Maciel. Disponível em: http://bit.ly/2AeAFuP
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Introdução à Arquitetura Moderna Parte 01 | Arquiteta Gabriela Bastos
https://youtu.be/L1Bppcjbk58
Introdução à Arquitetura Moderna Parte 02 | Arquiteta Gabriela Bastos
https://youtu.be/C1pTqkPco1U
Clean lines, open spaces. A view of mid-century modern architecture
https://youtu.be/K_YZbp-MmEo
Kenneth Frampton – A Genealogy of Modern Architecture
https://youtu.be/FkaqK-1wO0c
La máquina de habitar – Casa Curutchet, Le Corbusier
https://youtu.be/K4I0lQ7AzCs
Le Corbusier
https://youtu.be/cTTnpEC-KmE
Filmes
Meu tio (Mon oncle)
Meu tio (Mon oncle), direção de Jacques Tati, 1958.
https://youtu.be/NHJcwMrqnJo
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Referências
BAKER, G, H. Le Corbusier: uma análise da forma. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
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